sexta-feira, 7 de junho de 2013

TEIA AMBIENTAL - INGENUIDADE OU MÁ INTENÇÃO AMBIENTAL




Meus ecológicos leitores:

Vou tratar neste dia 7 de uma bazófia sem fim, que corre o mundo, e é coisa de tecnocratas, criados em salas de universidades com visões cartesianas, ultrapassadas e fora do contexto quântico do futuro.
Estou a me referir a previsões de crescimento, sacadas por especialistas de visão curta, que não conseguem enxergar o contexto, e tiram suas conclusões na regra de cálculo ou em compêndios superados.
Sábias palavras de quem disse que economia não é ciência, mas pura política, e às vezes uma banal politicagem. Acho que li isto num dos livros do físico Fritjof Capra, um sábio estudioso do desenvolvimento sustentável.
A bazófia de que falo, e que não é nem um pouco original, vem de uma entrevista dada por um agrônomo que comanda o lado brasileiro da Itaipu. Ele ataca os que são contra as mega hidrelétricas do tipo Belo Monte e afins. Ironizando os defensores ambientalistas como Al Gore e o cineasta James Cameron, o cidadão todo-poderoso ataca quem é contra o progresso, que ele considera que tem que ser atingido com cada vez mais e maiores hidrelétricas.
Deixo de lado essa opinião pessoal dele, para entrar no que me deixa indignado, pela falta de bom senso desses proclamadores do progresso econômico a qualquer preço. Estou me referindo aos tais crescimentos de 4 a 5% ao ano que o governo brasileiro alardeia já há algum tempo.
Meus sábios, e os nem tanto, sonhadores, todos nós deveríamos saber que não há como crescer a economia nesse índice, pois a natureza não suportaria proporcionar os recursos energéticos necessários.
E, mesmo que atingíssemos esses índices num ano, não teríamos como repeti-los nos anos seguintes. E se crescêssemos tanto assim, certamente que outras nações também estariam crescendo, e não dá para que o mundo cresça nesse padrão como um todo.
Será que os Estados Unidos, a China, o Japão, a União Europeia, a Rússia e os demais países industrializados não gostariam de crescer nesses altos índices? E o que aconteceria com a natureza, diante desse crescimento mundial coletivo? Quem acredita nessa utopia de crescimento só por parte do Brasil?
Quando será que vamos parar de nos enganar, ou de enganar o povo com estas promessas fantasiosas? Encaremos a realidade, que não se pode continuar atribuindo o progresso simplesmente ao crescimento econômico. Isto pode nos levar a desastres ambientais sérios, que se tornarão irreversíveis, se não agirmos com bom senso.
Os nossos rios vão ser desviados e represados, as estações de chuva alteradas, as ocupações das áreas das usinas serão feitas à custa de devastações ambientais. A energia hidráulica é limpa, dizem os técnicos. A construção com a ocupação das áreas é suja, digo eu.
Mais usinas mais energia, mais energia mais indústrias. E as indústrias são limpas e não poluidoras? Onde vamos parar, qual é o limite de ocupação dos nossos mananciais e destruição das florestas? Ninguém tem a menor ideia, pois o crescimento na cabeça dos visionários do progresso ilimitado não tem fim. Eles acreditam que podem explorar toda a energia disponível no planeta, e ordenar à Terra que continue fabricando matéria-prima para os seus desmandos. Loucos, ingênuos ou mal intencionados?
Presidenta, progresso não é esse PIB maluco que os banqueiros estimulam para que se apossem de mais recursos dos que trabalham para eles se tornarem mais ricos. O verdadeiro PIB tem de incluir valores novos, como preservação ambiental, energia limpa, qualidade de vida, segurança urbana, padrão superior de saúde, arte e cultura.
Crescimento industrial é dinheiro no bolso dos ricos e promessa de melhorias na tela de TV dos pobres. Quanto mais rica a nação, mais ricos os ricos e mais bem remediados os pobres. É isto que o Brasil tem a oferecer de exemplo para o mundo? Os nossos pobres são menos pobres. Seria essa a imagem suficiente?
As nossas terras têm de receber nosso povo de volta ao campo, encontrando lá os recursos para que possam viver com conforto e segurança. Nas favelas dos grandes centros, eles podem ter emprego, barraco próprio, carteira assinada, mas falta saúde, segurança e qualidade de vida.
Vamos acabar com esse engodo, de casa própria a juros baixos, UPP que dá proteção, Copa do Mundo e Olimpíadas que geram emprego. E a vida, Presidenta, que tipo de vida o povo pode esperar para a geração futura? E a qualidade de vida, com todo mundo aglomerado nas cidades, e os industriais esbravejando por mais energia e represando rios, a agroindústria derrubando florestas para plantar e exportar, e os banqueiros explorando com juros abusivos, que graça tem isso?
Crescer 4 a 5% ao ano, todos os anos? Que tolice! Será que já combinaram com os outros países industrializados, para permitir esse crescimento? O planeta já não comporta a China e os Estados Unidos crescendo num mesmo ritmo, imaginem os emergentes com a mesma pretensão!
Essa história, de crescer sem combinar com os outros, me faz lembrar o nosso emblemático craque Mané Garrincha, que driblava a todos sem respeitar ninguém, pois para ele todos eram João. Estava ele a receber instruções muito técnicas de como devia fazer, tocando ali e recebendo mais adiante. Dribla para a direita e toca na esquerda, coisas de treinador que sabe falar muito, mas não entende nada na prática.
Mané ouviu tudo meio confuso, e quando foi perguntado se havia entendido, ele respondeu com a pergunta: O senhor já combinou tudo isso com o meu marcador?
E eu faço a mesma pergunta à nossa Presidenta e seus Ministros. Será que já se combinou tudo direitinho com os nossos importadores e investidores? E não se esqueçam de ouvir a Natureza!