quinta-feira, 7 de julho de 2016

TEIA AMBIENTAL - OS MATA-MOSQUITOS AÉREOS


Caros leitores:

Nos meus tempos de criança, os mata-mosquitos chegavam a pé, penduravam uma bandeirinha amarela para sinalizar sua presença e despejavam inseticidas em ralos e monturos de lixos. Com o passar do tempo, e a tecnologia moderna, os mosquitos ganharam um grau mais elevado de combatentes – os aviadores.
Num ato de rara infelicidade, o governo acaba de autorizar o combate aos mosquitos nas cidades, mediante a pulverização de inseticidas, por aviões, como é costume fazer-se nas lavouras. Lendo a notícia, as pessoas de bom senso, que não se deixam levar pelas artimanhas enganosas da Rede Globo, se questionam sobre os perigos de contaminação que tal medida pode provocar.

Os noticiários, a serviço dos grandes anunciantes, os fabricantes de agrotóxicos e inseticidas, não se insurgiram contra a medida, trataram-na como uma atividade emergencial de combate à dengue e à zika. Os órgãos de saúde, bem que protestaram, mas um protesto tímido, como o de todos que comprometidos com o golpe têm medo de se opor aos atos insanos, que se sucedem a cada dia.
Jogar inseticida na nossa cabeça, enquanto estamos na rua ou no quintal de casa? Pulverizar com veneno os reservatórios de água das cidades? Contaminar os rios e lagos, os ares e mares? Espalhar veneno sobre produtos alimentícios expostos em feiras e calçadas? Cobrir de veneno os corpos de crianças e idosos, pegos desprevenidos em filas ou relaxando numa praça pública?

Será que eu entendi direito? Estamos autorizando o envenenamento das cidades, por causa de um bando de mosquitos? Quem está ganhando com isto? – é a pergunta que se faz? O povo não é, disto podemos ter certeza.

A que ponto chegou a ambição humana para ganhar dinheiro a qualquer custo! As empresas de aviões especializadas em pulverizar plantações já se manifestaram a favor do decreto presidencial. Pudera, serão elas uma das grandes beneficiadas!

Os organismos de saúde internacionais relacionam o veneno usado nessas pulverizações com o crescimento de casos de cânceres, nas regiões onde ele é usado e nas pessoas que o manipulam. Houve uma grita geral, entre os sanitaristas que sabem dos riscos seríssimos que as populações das cidades pulverizadas correriam, caso sejam contaminadas por esses voos criminosos.

Onde estamos com a cabeça? Parece que a ambição por dinheiro e poder mexeu com os parafusos das cabeças de governantes e empresários, deixando-os meio frouxos. Quem em sã consciência pode imaginar-se caminhando pela rua da sua cidade, e, de repente, ouvindo sirenes de ataque aéreo, procurar uma estação do metrô para se proteger das bombas de veneno lançadas sobre suas cabeças? Isto é loucura!

O nosso país perdeu o rumo! Não há mais limites para nada, quando o interesse maior seja o dinheiro. Surgirão guarda-chuvas para inseticidas, roupas de proteção antivenenos, protetores de pele, óculos de isolação contra pulverização e um sem número de artigos de ocasião, lucrando com a medida, enquanto os postos de saúde não terão mãos a medir para tratar de tantos casos de contaminação.

Isto, sim, é um golpe, e que golpe! O golpe se configura como tal, quando não há meios ou leis que nos protejam de medidas absurdas e ditatoriais, que se sustentam em pretensos combates contra doenças. Será que já não bastavam as vacinas que matam, os remédios cujos efeitos colaterais são mais perigosos que as próprias doenças e outras drogas que enchem os bolsos dos empresários das doenças?

Era preciso inventar uma desculpa, ainda maior, para envenenar mais do que as frutas, os legumes e as verduras cultivadas na base dos agrotóxicos? Era preciso trazer o inseticida a domicílio? E o pior, lançá-lo diretamente nos reservatórios de água potável!
Estamos vivendo um momento de escuridão, na vida da nação. Ou de cegueira, como diria José Saramago, em seu emblemático ensaio. Todos se calam, com medo do desconhecido. Perdeu-se a noção dos limites permitidos pela Constituição. Só se conhece a pena da Inquisição do Lava Jato, que se tornou a lei maior desta nação.

Vivemos o ressurgimento da caça às bruxas. Todos se encolhem e se calam. Ou se falam, todos se fazem de surdos, como se a população além de cega, tivesse ficado muda. E enquanto o medo se instala na alma do povo, um medo, não menor, percorre as ruas das cidades, de olhos no céu.

E a denúncia em jornais? Não há porque não mais possuímos jornais, ou nunca os tivemos. E as estações de televisão com seus noticiários, não protestam? O Jornal Nacional abafa os demais, afinal quem manda na verdade ainda é a Globo.
As redes até que se esforçam, mas não são suficientemente poderosas para confrontar-se com o Sistema Globo, e acabam criando aquela pequena comunidade, que troca informações entre si, mas nada além que possa criar uma indignação nacional.

Corre-se o risco de acabarmos com a dengue, acabarmos com a zika, e acabarmos com tantas e tantas vidas, se não como nas câmaras de gás nazistas, mas a médio prazo, como ocorre com as contaminações nucleares, que vão matando aos poucos.

E agora, será que se batermos panelas, muda alguma coisa?

A que ponto chegamos!