segunda-feira, 8 de agosto de 2016

TEIA AMBIENTAL - DEFINA LIXO E EXEMPLIFIQUE POLUIÇÃO

Meus caros leitores:
Estamos vivendo num lixão, e não mais nos apercebemos do mundo poluído ao nosso redor. As pessoas não se dão conta do que seja lixo, e não percebem que provocam e promovem a poluição.

O que é lixo? Seriam resíduos de restos inúteis que não queremos ou somos induzidos a não querer mais? Ou seriam coisas velhas, que os meios de comunicação anunciaram estar fora de moda? Ou ainda, tudo que atrai moscas e mosquitos, cheira mal e pode transmitir doenças?

Todas estas afirmações podem e devem ser atribuídas ao lixo, mas as definições omitem o verdadeiro conteúdo do lixo, o desperdício, as mentiras, as hipocrisias, as falsidades e o imprestável. Nestas realidades encontram-se os significados mais próximos do que, de fato, seja o lixo.

Lixo é o desperdício com desvios e superfaturamentos, quando se tem pouco para aplicar pelo bem-estar de um povo. Lixo é o que está por debaixo das aparências honestas das ações políticas e jurídicas. Lixo é elogiar o crime e a mentira, em nome de interesses comerciais. Lixo é o valor recebido pela privatização de nossas riquezas. Lixo é o que está por baixo do tapete dos interesses das grandes corporações.

Muitos dos leitores, talvez, estranhem estas conceituações do lixo, tão distantes do que estão acostumados a ouvir. Elas são, no entanto, as causas que antecedem o lixo físico, que, em nossa ingenuidade, aceitamos como sendo apenas os monturos de dejetos expelidos pela criatura humana, que são visíveis ao olhar humano.

O lixo começa muito antes dos detritos atirados na natureza, da fumaça lançada no ar, por chaminés e canos de descarga, e de lama tóxica que rompe barreiras, como aconteceu em Mariana. O lixo termina, quase sempre, sendo encoberto ou desviado para refúgios, longe dos nossos olhos.

O lixo está nas causas que antecedem a entrada em campo da seleção de futebol. O lixo também antecede o desfile inaugural das Olimpíadas. O lixo está nos locais de honra, nos palácios da política e nos templos da justiça. O lixo está em nossa casa, nas telas da TV e no Face dos nossos computadores.

Nós, seres humanos, somos os fabricantes do lixo e os produtores da poluição. Nós estimulamos as indústrias a sujar, sempre que somos levados pela onda consumista, que é promovida por empresas de marketing a serviço da mentira dos fabricantes, que só querem vender e lucrar com seus produtos, muitos deles inúteis e nocivos.

O lixo também está nas prateleiras das drogarias e dos supermercados, nas vitrines de roupas e sapatos, nos salões das agências de automóveis e nos esgotos que correm por baixo do chão até serem lançados nas águas do rio, que corre para o mar. O lixo está onde não se vê, onde ele é escondido ou queimado pelo fogo.

A poluição está no ar, na fumaça das queimadas e nos congestionamentos do trânsito das grandes cidades. A poluição está na chaminé das fábricas que produzem quantidades imensas de produtos e de fumaças tóxicas. A poluição está nos gabinetes que autorizam os desmatamentos. A poluição está na corrupção que não se vê, porque não é delatada, e não é delatada por ser encoberta, antes que chegue ao conhecimento da população. A poluição está no jornal de notícias que deforma as notícias, em vez de informar.

Estamos, sem dúvida, num mundo dominado pelos produtores do lixo. Eles são os grandes poluidores da natureza. E os que aceitam os seus golpes são seus cúmplices. Aqueles para os quais as propagandas são dirigidas são meros e ingênuos culpados, que trocam as lâmpadas da sua casa, com o intuito de economizar energia, e provocam mais e mais lixo. Enquanto, se julgam heróis por gastar menos luz, os vilões multiplicam seus consumos, com suas fábricas funcionando noite e dia, para produzir mais lixo, para ser consumido por mais cúmplices.

Diria o leitor mais crédulo do que ingênuo, que, para isto, existe justiça. Eu convido a este e a todos que se amparam em ações desse tipo, que olhem em volta, procurem os defensores da lei, da ordem e do progresso, e me digam onde encontrá-los.

Aconselho a todos que sejam seus próprios juízes, não esperando de fora o que deve ser aguardado a partir da consciência de cada um. Se o lixo existe, que ele não seja produzido pelo seu consumismo. Se a poluição está no ar, que não seja da sua chaminé e nem da fogueira do seu quintal. E se a natureza chora, que não sejamos nem vítimas e nem vilões, mas cidadãos responsáveis que, simplesmente, fazemos a nossa parte.

Neste mês 8, publico a Teia Ambiental, não num dia 7, como é tradição, mas, num dia 8, o número que melhor expressa o equilíbrio perfeito entre o mundo material e o espiritual. Não pode haver sucesso material sem o correspondente progresso espiritual. E quem revela esta relação com a mais absoluta clareza pitagórica é o número 8.

Finalizo, alertando a todos que não busquem o lixo somente no chão, e a poluição apenas no ar, mas dentro de cada um de nós, consumistas, comodistas ou egoístas. Como afirmou o índio Seattle, a humanidade branca, um dia, despertará sufocada nos seus próprios dejetos. Será que vamos dar razão a ele?