tag:blogger.com,1999:blog-21089766976042755912024-03-13T23:23:19.746-03:00Alma MaterUma visão espiritual da ciência dos númerosGilberto Gonçalveshttp://www.blogger.com/profile/13146396337468632847noreply@blogger.comBlogger274125tag:blogger.com,1999:blog-2108976697604275591.post-19107177792346970642020-09-05T12:47:00.002-03:002020-09-05T12:51:06.631-03:00OS ASSINTOMÁTICOS<p> </p><p align="justify" class="western" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;"><span><span face=""><span style="font-size: large;"><b>OS
ASSINTOMÁTICOS</b></span></span></span></p>
<p align="justify" class="western" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<span><br />
</span></p>
<p align="justify" class="western" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<span face=""><span style="font-size: large;"><b> Esse
tal de COVID – 19 está cada dia mais famoso, prestando-se a uma
série de analogias, dentre as quais a pior de todas, com a morte.
Com o vírus, aprendemos sobre a morte, mas também sobre a vida.</b></span></span></p>
<p align="justify" class="western" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<span><br />
</span></p>
<p align="justify" class="western" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<span><span face=""><span style="font-size: large;"><b> Estava
refletindo sobre termos novos e atitudes antigas, quando me descobri
diante de uma revelação, que, até então, nunca me dera conta, e
nem daria, não fosse a epidemia. Vivemos cercados de assintomáticos,
correndo os riscos da contaminação, e inocentemente, não seguimos
os protocolos espirituais. </b></span></span>
</span></p>
<p align="justify" class="western" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<span><br />
</span></p>
<p align="justify" class="western" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<span><span face=""><span style="font-size: large;"><b> Sabe
aquela vizinha simpática, que sempre sorri quando lhe encontra no
elevador? Ela é uma assintomática da inveja, sente-a mas não
revela. Contamina por ser energia, mas ninguém pode acusá-la, pois
não manifesta o que sente. </b></span></span>
</span></p>
<p align="justify" class="western" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<span><br />
</span></p>
<p align="justify" class="western" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<span><span face=""><span style="font-size: large;"><b> Existem
as assintomáticas do ódio, que odeiam os que não seguem os seus
padrões de opinião, mas concordam com tudo e com todos, disfarçando
os seus sentimentos. Essas pessoas contaminam mais do que quaisquer
outras assintomáticas, pois o ódio é o sentimento predominante no
mundo de hoje. </b></span></span>
</span></p>
<p align="justify" class="western" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<span><br />
</span></p>
<p align="justify" class="western" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<span><span face=""><span style="font-size: large;"><b> E
não nos esqueçamos dos assintomáticos da violência, os que pregam
a paz e a religião, mas, por não terem coragem de expor os seus
sentimentos violentos, apoiam os mais agressivos e defendem os que
pregam a violência para a solução de todas as divergências. </b></span></span>
</span></p>
<p align="justify" class="western" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<span><br />
</span></p>
<p align="justify" class="western" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<span><span face=""><span style="font-size: large;"><b> Sobre
esses assintomáticos, tivemos há pouco tempo, uma multidão deles,
que apoiaram os discursos e declarações de um presidente que fez
sua campanha defendendo a violência e o direito de matar uma quota
de brasileiros que, na opinião dele, mereciam ser eliminados, só
porque defendiam pontos de vista divergentes dos dele. </b></span></span>
</span></p>
<p align="justify" class="western" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<span><br />
</span></p>
<p align="justify" class="western" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<span face=""><span style="font-size: large;"><b> E
não é que teve pessoas ditas de bem que concordaram com ele, sem
piscar os olhos. E nem quando ele agressivamente ofendeu e humilhou
uma mulher, as mulheres com esse assintomatismo cruel e violente,
foram contra ele.</b></span></span></p>
<p align="justify" class="western" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<span><br />
</span></p>
<p align="justify" class="western" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<span><span face=""><span style="font-size: large;"><b> Agora,
lembrei-me dos assintomáticos da mentira, que abominam os
mentirosos, mas são os maiores dentre todos eles. Eles mentem tanto
que a mentira se torna a sua verdade, e a cada dia ele inventa uma
nova verdade, pelo prazer de enganar o outro, de quem ele ri e
humilha, acusando-o de tolo por sempre acreditar no que ele diz. </b></span></span>
</span></p>
<p align="justify" class="western" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<span><br />
</span></p>
<p align="justify" class="western" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<span face=""><span style="font-size: large;"><b> Não
tenho dúvida que, todos esses assintomáticos conduzem consigo o
vírus de todas essas doenças, pois, sem exceção todas elas são
manifestações doentias. Tudo bem que o mau exemplo vem de cima,
mas, o que fazer se ele é a expressão de todos os vícios, não
tendo vergonha de se comportar desse modo, por entender que foi
escolhido por todos que o apoiam, e que escondem o que possuem de
pior, como assintomáticos que são.</b></span></span></p>
<p align="justify" class="western" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<span><br />
</span></p>
<p align="justify" class="western" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<span><span face=""><span style="font-size: large;"><b> Os
assintomáticos são mais perigosos do que os que manifestam os
sintomas, pois contra estes nos defendemos e nos protegemos, por
nunca esconderem os seus vícios e vírus, enquanto para os outros,
nos expomos por serem ardilosos e falsos. </b></span></span>
</span></p>
<p align="justify" class="western" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<span><br />
</span></p>
<p align="justify" class="western" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<span><br />
</span></p>
<p align="justify" class="western" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<span><span face=""><span style="font-size: large;"><b> Diante
dessas reflexões, parei e pensei, com quantos assintomáticos, eu
tenho convivido ao longo da minha vida. Alguns, talvez, tenham me
enganado, por outros me deixei enganar ou nem percebi as ameaças, e
por muitos me deixei contaminar, adoecendo e manifestando os mesmos
sintomas que eles tão bem souberam esconder, mentindo, fingindo e
disfarçando. </b></span></span>
</span></p>
<p align="justify" class="western" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<span><br />
</span></p>
<p align="justify" class="western" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<span><span face=""><span style="font-size: large;"><b> Os
assintomáticos são assim mesmo, eles têm e carregam em si a
maldade, o disfarce e vão contaminando a muitos por onde passam, sem
que as vítimas percebam que de bondade e de amor, eles não têm
nada, absolutamente nada. Eles são piores que os doentes contagiosos
que expõem os seus vírus, e não escondem as suas doenças. </b></span></span>
</span></p>
<p align="justify" class="western" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<span><br />
</span></p>
<p align="justify" class="western" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<span><span face=""><span style="font-size: large;"><b> Cuidado,
meus amigos, muito cuidado, para não se deixar enganar por aquela
carinha de santa, a humilde senhora que se passa por caridosa e serva
de todos, porque ela pode estar doente e vir a contagiar a sua alma. </b></span></span>
</span></p>
<p align="justify" class="western" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<span><br />
</span></p>
<p align="justify" class="western" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<span><span face=""><span style="font-size: large;"><b> E
jamais esqueça que o mau não tem cara de mau, pois quanto mais
violento e cruel ele for mais falso e fingido ele se comporta. Ele
não manifesta a sua violência, o seu ódio e o seu desejo de
vingança, porque ele procura sempre alguém que o faça por ele. </b></span></span>
</span></p>
<p align="justify" class="western" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<span><br />
</span></p>
<p align="justify" class="western" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<span face=""><span style="font-size: large;"><b> Afinal
de contas, ele não quer que ninguém saiba que ele seja um
assintomático contumaz, quando se trata de vírus perigosos que
podem até matar. Ele é bonzinho, quem faz o mal são os outros, e
ele não tem culpa se outros fazem o que ele não tem coragem de
fazer.</b></span></span></p>
<p align="justify" class="western" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<span><br />
</span></p>
<p align="justify" class="western" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<span><span face=""><span style="font-size: large;"><b> Quantos
assintomáticos convivem conosco, no trabalho, na família e nos
templos, portando vírus perigosos, enquanto sabotam a empresa, geram
conflitos entre os parentes e são hipócritas enquanto oram. </b></span></span>
</span></p>
<p align="justify" class="western" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<span><br />
</span></p>
<p align="justify" class="western" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<span face=""><span style="font-size: large;"><b> Esses
assintomáticos são os portadores dos karmas ocultos, que escondem
seus sintomas ao mudar de nome, dizendo frases de efeito para que os
julguem fiéis a Deus e pondo máscaras para esconder a maldade que
expressam em suas feições.</b></span></span></p>
<p align="justify" class="western" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<span><br />
</span></p>
<p align="justify" class="western" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<span><span face=""><span style="font-size: large;"><b> Os
assintomáticos são muitos, e pelo jeito, em mu</b><b>i</b><b>to
maior número do que podíamos imaginar, antes que o informante
COVID-19 viesse a se infiltrar nos corpos físicos. Não é um acaso,
o vírus ter sido batizado com o número kármico 19, que simboliza a
apropriação indébita, aquele que explora o trabalho alheio e se
apossa dos créditos e lucros. </b></span></span>
</span></p>
<p align="justify" class="western" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<span><br />
</span></p>
<p align="justify" class="western" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<span face=""><span style="font-size: large;"><b>
FIM</b></span></span></p>
<p align="justify" class="western" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<span><br />
</span></p>
<p align="justify" class="western" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<span face=""><span style="font-size: large;"><b> </b></span></span></p>
<p align="justify" class="western" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<span><br />
</span></p>
<p align="justify" class="western" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<span face=""><span style="font-size: large;"><b> </b></span></span></p>
<p align="justify" class="western" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<br />
</p>Gilberto Gonçalveshttp://www.blogger.com/profile/13146396337468632847noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2108976697604275591.post-35399354023714653222019-09-25T12:15:00.001-03:002019-09-25T12:15:30.725-03:00A DOUTRINA SECRETA DESMASCARA O PODER DO CAPITAL
<div align="justify" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div align="justify" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<br />
</div>
<div align="justify" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: Calibri, sans-serif;"><b>Abro
esta bíblia do Ocultismo, esta obra inspirada pelos Mestres da
Hierarquia, A DOUTRINA SECRETA, e, logo na sua Introdução, me
deparo com esta afirmativa inquestionável, “o poder pertence
àquele que sabe”.</b></span></div>
<div align="justify" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<br />
</div>
<div align="justify" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: Calibri, sans-serif;"><b>E
de onde viria o saber? A resposta não espera o parágrafo seguinte,
ela surge numa sequência natural, concedendo ao conhecimento a
origem do saber. </b></span>
</div>
<div align="justify" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: Calibri, sans-serif;"><b>E
como identificar o verdadeiro conhecimento? A resposta não utiliza
subterfúgios, ela é enfática ao afirmar que a prioridade é
compreender a verdade, ao discernir o real do falso.</b></span></div>
<div align="justify" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<br />
</div>
<div align="justify" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: Calibri, sans-serif;"><b>E
como fazer isto, numa época em que o verdadeiro se confunde com o
falso, regido por interesses de grupos, cuja única verdade que
defendem é a que dá acesso ao poder do capital?</b></span></div>
<div align="justify" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: Calibri, sans-serif;"><b>E
a resposta inspirada pelos Mestres, e traduzida em palavras por
Blavatsky, é julgando as obras com isenção, sem se deixar levar
por ideias preconcebidas, extraídas de autores que se fazem
populares, não pela sabedoria e pela verdade, mas por conveniências
e interesses do capital.</b></span></div>
<div align="justify" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<br />
</div>
<div align="justify" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: Calibri, sans-serif;"><b>Em
nome das religiões, as mentiras jorram nos templos e nas pregações
dos seus líderes, tendo no centro de seus conceitos, a mentira
interesseira e interessada em promover o capital.</b></span></div>
<div align="justify" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: Calibri, sans-serif;"><b>Deus
é apresentado como o Pai que vai resolver todas as tragédias e
misérias do mundo, provocadas pela ambição e irracionalidade
humana. </b></span>
</div>
<div align="justify" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<br />
</div>
<div align="justify" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: Calibri, sans-serif;"><b>Enquanto,
esperam sentados nos bancos de suas igrejas, pela intervenção
divina, os gestores do capital internacional estão lá fora
manipulando os tolos que seguem os pregadores da mentira e se deixam
conduzir pelos falsos profetas.</b></span></div>
<div align="justify" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<br />
</div>
<div align="justify" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: Calibri, sans-serif;"><b>A
DOUTRINA SECRETA exalta com todas as letras, a sabedoria e os
conhecimentos ocultos de Pitágoras, não o matemático, mas o Mestre
da Sabedoria, um Cristo que antecedeu Jesus, e que compartilha com
Ele e outros avatares, a autoria da herança sagrada deixada para
seus Iniciados.</b></span></div>
<div align="justify" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: Calibri, sans-serif;"><b>Meus
leitores, não se deixem iludir pela ambição por dinheiro, e pela
luta pelo poder, este é o caminho mais fácil para o sofrimento e o
desespero diante do futuro fracasso.</b></span></div>
<div align="justify" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<br />
</div>
<div align="justify" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: Calibri, sans-serif;"><b>Troquem
as cartilhas do poder econômico, pelas obras do poder espiritual.
Leiam e estudem as ciências ocultas, que deixam de ser ocultas, no
ato de acessar os conhecimentos, e oferecer-lhes a sabedoria.</b></span></div>
<div align="justify" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: Calibri, sans-serif;"><b>Abandonem
as mentiras, que não enganam senão aos próprios mentirosos. Vivam
dos conhecimentos e se tornem sábios. </b></span>
</div>
<div align="justify" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<br />
</div>
<div align="justify" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: Calibri, sans-serif;"><b>Ofereço-lhes
os conhecimentos sagrados da Numerologia da Alma, para guiá-los
pelas estradas da vida, por rotas seguras e reveladoras, longe das
mentiras manipuladoras dos que teimam em lhes tirar o direito da
autodeterminação.</b></span></div>
<div align="justify" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<br />
</div>
<div align="justify" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<br />
</div>
<div align="justify" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<br />
</div>
Gilberto Gonçalveshttp://www.blogger.com/profile/13146396337468632847noreply@blogger.com10tag:blogger.com,1999:blog-2108976697604275591.post-29964788701150882842019-08-12T11:04:00.002-03:002019-08-12T11:04:29.819-03:00A BASE DE UM BOM RELACIONAMENTO - 2ª PARTE - CO0MUNICAÇÃO
<div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Não nos abrindo ao que somos, e forjando falsas imagens,
afastamos os que se interessam em nos conhecer melhor, rejeitando
suas críticas honestas e nos agarramos com mais força ainda aos
conceitos que fazemos de nós mesmos. Só utilizando as nossas
energias com sabedoria, seremos capazes de nos ajudar a descer no
fundo de quem somos de verdade e efetuar as mudanças que precisam
ser realizadas. </b>
</span></div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>O incentivo que recebemos das outras pessoas é muito útil, mas
ainda mais importante é o incentivo que damos a nós mesmos. E,
quando estamos em sintonia com a realidade, nada na vida nos
enfraquece. Em resumo, enquanto não nos conhecermos de verdade,
todos os nossos relacionamentos podem estar sendo realizados partindo
de falsas premissas e, em consequência, sem a menor consistência. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Surge, então, a essência de um relacionamento sólido e durável.
Somente a partir de quando conseguimos apreciar quem realmente nós
somos, é que seremos capazes de apreciar as qualidades das demais
pessoas. Em síntese, se temos autoconfiança, somos capazes de nos
abrirmos para que outras pessoas penetrem em nossas vidas. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Chegamos, então, ao passo seguinte em qualquer relacionamento –
a COMUNICAÇÃO. Este é o tema do capítulo seguinte do livro que
estamos consultando. E não percamos o nosso tempo, vamos logo
analisar o que o autor tem a nos dizer sobre a comunicação. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Interessante a afirmativa com que ele abre o capítulo. A
comunicação é o elo vital entre os projetos que visualizamos e o
apoio necessário para que possam se desenvolver. Portanto, a
comunicação desempenha um papel fundamental no processo contínuo
para o aperfeiçoamento da qualidade de vida. E, retornando ao mesmo tema, pode-se concluir que não se comunicar é
estagnar. E surge com a afirmação uma nova conclusão, sem
relacionamento fica difícil ou quase impossível a comunicação. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Voltamos, portanto, para a importância dos relacionamentos e para
a afirmação do autor que o bom funcionamento dos relacionamentos
depende de uma interação fluente entre todas as partes envolvidas.
Quando valorizamos o trabalho em conjunto, somos capazes de ouvir e
de nos apoiar nas opiniões alheias. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>O relacionamento ganha dessa forma uma nova consistência,
deixando de ser mera atividade coletiva, e assumindo uma consistente
relação interativa de grupo. Sendo sensíveis às mensagens que
recebemos dos nossos pensamentos e sentimentos, tornamo-nos também
sensíveis às pessoas com quem nos relacionamos. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Acontece que a grande maioria das pessoas não está nem aí para
o conhecimento interior que é a verdadeira essência da comunicação.
Em vez de se manter aberta para o que está em seu interior e assim
compartilhar pensamentos e sentimentos, a quase unanimidade da
humanidade fica preocupada em proteger a sua autoimagem. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Por mais que as pessoas busquem a comunicação através de gestos
e expressões dando a impressão que estejam prontas para um
relacionamento verdadeiro, o tom de voz e o ritmo que elas imprimem
às suas ações parecem revelar que não estão dispostas a
compartilhar. E sem compartilhar, os relacionamentos não se mantêm
por muito tempo. Dá-se o famoso “junta e separa” que não tem
mais fim. E isto vale para todo tipo de união e sociedade, incluindo
o casamento.</b></span></div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Quando não temos um real interesse por compartilhar, nenhuma
troca significativa de ideias pode ocorrer. Muitas vezes, revestimos
nossos conceitos de uma linguagem em que poucos conseguem penetrar.
Assim, usamos a comunicação para manipular os outros e não como um
meio para nos abrirmos a eles. As empresas de propaganda e marketing
vivem em função disso, dourando a pílula para fazer crer ao mercado
consumidor que este ou aquele produto é o suprassumo da qualidade ou
do investimento lucrativo. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Assim como se faz na propaganda comercial também ocorre na
propaganda pessoal, em que as pessoas produzem uma autoimagem que é
vendida para promover os relacionamentos, e que não representa a
realidade, provocando separações e rompimentos, quando a realidade
vem a ser descoberta. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>A maioria das pessoas, quando se comunica, está mais preocupada
em expor suas ideias e opiniões do que ouvir o que os outros têm a
dizer. A tendência é interromper o que os outros dizem e persistir
em repetitivas afirmações. Deste modo, não há relacionamento que
perdure, e prevalecem sempre os apegos a valores e conceitos
próprios, desprezando-se a opinião alheia. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Quando nos autoconhecemos, entramos em sintonia com o mundo, e o
mundo em sintonia conosco. A necessidade de mantermos a autoimagem,
então, desaparece, e os outros passam a nos apreciar pelo que
realmente somos. Bons ou maus, nós somos o que somos. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Se algo nos desagrada, devemos mudar de atitudes e assumir novas
posturas que promovam a mudança da nossa imagem, de fato e de
direito. Disfarçar os erros e encobrir fraquezas é o caminho mais
curto para sucessivos fracassos nos negócios e na vida social, em
que se inclui o casamento. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>E aqui chegamos nós à questão dos apegos. Tudo pode começar
com o apego a uma autoimagem tão falsa quanto insustentável. E a
tentativa teimosa de manter a autoimagem corrói todo e qualquer
relacionamento, criando tantos e tamanhos conflitos neste nosso mundo
em permanentes crises. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Como dizia Sidarta aos seus discípulos, a razão da infelicidade
humana está nos apegos. E a superação desses apegos, geradores de
tantas infelicidades, está em nossas mãos, dependendo apenas de
mudanças de atitudes. Soltar o que parece indispensável e deixar o
destino fazer acontecer. Se for necessário voltará a nós, caso
contrário, seguirá seu curso, independente de nossos desejos e
vontades. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>E isto se aplica a emprego, amizade, sentimento, filhos,
residências, bens materiais e tudo que possa provocar atração,
desejo e posse. Se algo deva ficar conosco, não tenhamos dúvida que
ficará. Seja pessoa, sentimento ou objeto. Que cada um faça a sua
parte para obter a conquista, mas que não se apegue a nada como se
fosse uma boia para a sua sobrevivência. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Comentarei a seguir a relação que se deve procurar entre os
fatores que se apresentam prejudiciais aos relacionamentos e os
números kármicos existentes nos mapas. Cada karma pode estar sendo
responsável por um fator dificultador do relacionamento. Será muito
bom que cada um se autoanalise, e após
tirar suas conclusões, possa se sentir mais bem preparado para
analisar outras pessoas. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;">
<br />
</span><br />
</div>
Gilberto Gonçalveshttp://www.blogger.com/profile/13146396337468632847noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-2108976697604275591.post-16625792256510514202019-07-19T21:09:00.003-03:002019-07-19T21:09:52.051-03:00A BASE DE UM BOM RELACIONAMENTO - 1ª PARTE/AUTOCONHECIMENTO
<div style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: large;"><b><span style="font-family: Calibri, sans-serif;">A
BASE DE UM BOM RELACIONAMENTO</span></b></span></div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: large;"><b><span style="font-family: Calibri, sans-serif;">
1ª PARTE: AUTOCONHECIMENTO</span></b></span></div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: large;"><b><br /></b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: large;"><b><span style="font-family: Calibri, sans-serif;"> Decididamente,
diante de tantos absurdos que estamos sendo forçados a testemunhar,
o melhor é explorar todos os aspectos que influem num bom
relacionamento. As pessoas não sabem ou não se importam em se
autoconhecer, antes de se relacionar. O resultado é que não há
relacionamento que se sustente. E, assim, o mundo vagueia entre a
exploração humana e as guerras. </span></b></span></div>
<div align="justify" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: large;"><b><span style="font-family: Calibri, sans-serif;"> </span>
</b></span></div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: large;"><b><span style="font-family: Calibri, sans-serif;"> Confesso-lhes
que tenho recebido comentários e perguntas que me deixam triste e
decepcionado com a criatura humana. Os sentimentos são confusos e
conflitantes, levando muitos a não saber definir o que seja viver
bem, sem as riquezas, sem ter saúde sem remédios e vacinas, amar
sem tomar posse da pessoa amada e se desapegar sem se desvincular.</span></b></span></div>
<div align="justify" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: large;"><b><span style="font-family: Calibri, sans-serif;"> A
humanidade, definitivamente, sucumbiu ao poder dos meios de
comunicação. As falsas verdades chegam pelas ondas da TV ou da
INTERNET. Qualquer idiota, como afirmou Umberto Eco, ocupa as
telinhas e começa a ditar normas e estabelecer regras. Tal qual a
boiada a caminho do matadouro, e julgando-se muito bem informados,
telespectadores e internautas tomam suas decisões seguindo o comando
de um bando de palpiteiros ou espertos manipuladores, que tratam de
temas sobre o que nunca ouviram falar. </span></b></span></div>
<div align="justify" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: large;"><b><span style="font-family: Calibri, sans-serif;"> </span>
</b></span></div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: large;"><b><span style="font-family: Calibri, sans-serif;"> Nós,
estudiosos do ocultismo, não podemos nos deixar levar por essa onda
de falso saber, e nem aceitar verdades que contrariam os nossos
princípios de conhecimentos. A Numerologia da Alma nos proporciona a
leitura dos sagrados mistérios que se fazem presentes na regência
da vida na Terra. Somos instrumentos do trabalho de nossos Mestres
Espirituais, que esperam de cada um de nós o fiel cumprimento de
nossas missões. </span></b></span></div>
<div align="justify" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: large;"><b><span style="font-family: Calibri, sans-serif;"> </span>
</b></span></div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: large;"><b><span style="font-family: Calibri, sans-serif;"> E,
como tudo começa com o ato de se conhecer a si mesmo, achei por bem
trazer, à tona, algumas verdades que nos conduzem ao
AUTOCONHECIMENTO. Ele é a base de um bom relacionamento, pois nos
ensina a reconhecer nossas fortalezas e fraquezas, e a respeitar
nossos interlocutores sem considerá-los opositores ou inimigos. </span></b></span></div>
<div align="justify" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: large;"><b><span style="font-family: Calibri, sans-serif;"> </span>
</b></span></div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: large;"><b><span style="font-family: Calibri, sans-serif;"> Achei
que o melhor caminho para tratar deste assunto seria através do
conceito cristão e budista que, tudo começa com o desapego, como
ensinou Jesus e Sidarta. E, para abordar o tema, escolhi um livro
muito interessante – O CAMINHO DA HABILIDADE, de Tarthang Tulku. </span></b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: large;"><b><span style="font-family: Calibri, sans-serif;"> Desfolhei
o livro, e fui direto ao capítulo que trata do Autoconhecimento, e
lá encontrei a afirmação que o verdadeiro autoconhecimento nos
capacita a orientar nossas vidas em direções saudáveis e
significativas. Saudáveis, porque não há conflitos entre alma e
personalidade, e significativas, por darem sentido e significado à
nossa existência. </span></b></span></div>
<div align="justify" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: large;"><b><span style="font-family: Calibri, sans-serif;"> </span>
</b></span></div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: large;"><b><span style="font-family: Calibri, sans-serif;">
Prossegue o autor, no parágrafo seguinte, afirmando que, o fato de
nos conhecermos leva-nos a uma melhoria na qualidade de nossas vidas.
O autoconhecimento poupa-nos o tempo de sair em busca de nossa
verdadeira identidade, experimentando diversas possibilidades,
fazendo novos amigos ou buscando outras atividades, somente para
satisfazer nossos interesses imediatos. E, como diz o autor, quanto
mais procuramos, mais confusos ficamos. </span></b></span></div>
<div align="justify" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: large;"><b><span style="font-family: Calibri, sans-serif;"> </span>
</b></span></div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: large;"><b><span style="font-family: Calibri, sans-serif;"> Por
que temos tanta dificuldade em saber quem somos? A resposta, sem
rodeios e como um tapa sem luvas, acusa-nos de criar uma falsa
autoimagem, baseada no que pensamos que somos, e como desejamos que
os outros nos vejam. A crença nesta imagem que, invariavelmente, se
revela falsa é que nos afasta das verdadeiras qualidades da nossa
natureza. Essa autoimagem se revela como uma miragem no deserto de
nosso autoconhecimento. </span></b></span></div>
<div align="justify" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: large;"><b><span style="font-family: Calibri, sans-serif;"> </span>
</b></span></div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: large;"><b><span style="font-family: Calibri, sans-serif;"> O
trista dessa autoimagem não é somente a sua falsidade, mas os
falsos valores em que ela se baseia. Ela se investe de um disfarce
diante do que tememos ser, ou de como desejaríamos ser ou como
gostaríamos que o mundo nos visse. E, assim, não somos capazes de
nos enxergar com clareza. E, desta forma, deixamos de reconhecer
tanto as nossas verdadeiras forças, como a maior parte das nossas
fraquezas. </span></b></span></div>
<div align="justify" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: large;"><b><span style="font-family: Calibri, sans-serif;"> </span>
</b></span></div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: large;"><b><span style="font-family: Calibri, sans-serif;"> O
mais triste desta farsa é que nos utilizamos da autoimagem para
evitar olhar para nós próprios com a indispensável honestidade. Ou
criamos uma imagem pessoal cheia de orgulho ou ficamos escondidos por
trás de uma imagem autodepreciativa. E, quando direcionamos nossa
energia para sustentar a nossa autoimagem, também nos impedimos de
nos relacionarmos abertamente com os outros. </span></b></span></div>
<div align="justify" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: large;"><b><span style="font-family: Calibri, sans-serif;"> </span>
</b></span></div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: large;"><b><span style="font-family: Calibri, sans-serif;"> E,
assim, está armado o circo, em que nós somos o malabarista,
tentando não deixar cair as bolas que atiramos para o ar, ou o
palhaço que ri de suas próprias desgraças. Qualquer das duas
hipóteses nos conduz a situações que nos afastam dos
relacionamentos consistentes e duradouros. Tudo não passa de
sucessivos espetáculos que, muitas vezes, pode culminar com passes
de mágica que enganam a plateia e fazem com que possamos esconder a
verdade que não temos coragem de revelar. </span></b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: large;"><b><br /></b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: large;"><b><span style="font-family: Calibri, sans-serif;"> FIM
DA 1ª PARTE </span></b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<br />
</div>
<div align="justify" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: Calibri, sans-serif;"><b> </b></span></div>
Gilberto Gonçalveshttp://www.blogger.com/profile/13146396337468632847noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2108976697604275591.post-87153702111685023492019-06-21T17:10:00.000-03:002019-06-21T17:10:38.802-03:00MÍSTICO OU MÍTICO
<div align="justify" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: large;"><br /></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: large;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEige3kQ24gCsT6LcUkKpVSYB__ay6K_hDjSxUf7A6X2akupePCg8dSkOydvKPyVEe7b1yR9FZYm6A2lxYtxUyKHrUZaMXWe79iO7gD3nrM3Wqlbd6L8WerUPEcg1dNPBWYJLiEeZ6Q47G3I/s1600/Saint+Germain+-+encarnado.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="275" data-original-width="183" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEige3kQ24gCsT6LcUkKpVSYB__ay6K_hDjSxUf7A6X2akupePCg8dSkOydvKPyVEe7b1yR9FZYm6A2lxYtxUyKHrUZaMXWe79iO7gD3nrM3Wqlbd6L8WerUPEcg1dNPBWYJLiEeZ6Q47G3I/s1600/Saint+Germain+-+encarnado.jpg" /></a><span style="font-family: Calibri, sans-serif;"><b> O
místico, o misterioso, o se</b></span><span style="font-family: Calibri, sans-serif;"><b>creto</b></span><span style="font-family: Calibri, sans-serif;"><b>
ocultista. </b></span></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: large;"><b> Surpreendo-me
com o que não sei explicar, e o defino como místico.</b></span></div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: large;"><b> O
estudo do ocultismo me ajuda a decifrá-lo, e me torno um mestre.</b></span></div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: large;"><b> Tudo
tem uma origem, e nela se encontra a revelação.</b></span></div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: large;"><b> Se
nada sei, não posso definir, e surge o mistério.</b></span></div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: large;"><b> O
mistério define o desconhecido, sem compromisso com a realidade.</b></span></div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: large;"><b> O
real se revela no místico, o místico denuncia o oculto.</b></span></div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: large;"><b> Desconhecer
é negar o mistério, que só se explica pelo conhecimento.</b></span></div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: large;"><b> O
místico é a imagem do mistério, que está escondid</b></span><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: large;"><b>o</b></span><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: large;"><b>
da razão.</b></span></div>
<div align="justify" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: large;"><br /></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: large;"><b> </b></span><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: large;"><b>O
mítico, o imaginário, o lendário, o metafórico, o fictício.</b></span></div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: large;"><b> Lendas
revelam o mítico, que se anula diante do fato.</b></span></div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: large;"><b> Conhecer
o fato, desconhecer o falso, anular o mito.</b></span></div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: large;"><b> Denunciar
o fato, o mito desaparece, surge o real.</b></span></div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: large;"><b> O
mítico se sustenta pela imaginação, subverte a razão.</b></span></div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: large;"><b> O
mito surge de uma inconsistência, e desaparece sem resistência.</b></span></div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: large;"><b> Confundi-los,
relega o místico a um ínfimo falso mistério.</b></span></div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: large;"><b> O
místico oculta a verdade, o mítico promove </b></span><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: large;"><b>o
imaginário.</b></span></div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: large;"><b> Crer
num ou no outro define o nível de consciência de cada um.</b></span></div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: large;"><br /></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEilohY3AscVWJUaleGE8f8jLML9KMnwtcgA4DHJfulLUi8nx_iVuZzx8dm2pYUERaeOj_gqZFAjp6R4jjszYgO_gi_j9MZHNL7vSJvi0_BoaHKt0GvQ3ip7FZY7wBu61fpAPcNDp9pqnFue/s1600/Hitler+falso+-+Chaplin.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="168" data-original-width="300" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEilohY3AscVWJUaleGE8f8jLML9KMnwtcgA4DHJfulLUi8nx_iVuZzx8dm2pYUERaeOj_gqZFAjp6R4jjszYgO_gi_j9MZHNL7vSJvi0_BoaHKt0GvQ3ip7FZY7wBu61fpAPcNDp9pqnFue/s1600/Hitler+falso+-+Chaplin.jpg" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<span style="font-size: large;"></span></div>
<div align="justify" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: large;"><b> O
mundo real é místico, o irreal é mítico.</b></span></div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: large;"><b> O
místico existe, mas não aparece. O mítico aparece, mas é falso.</b></span></div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: large;"><b> O
mítico é ilusório, </b></span><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: large;"><b>lenda
que nasce e morre sem nunca ser.</b></span></div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: large;"><b> O
místico é verdadeiro, revelação do que um dia será. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: large;"><b> Os
sábios creem no místico, os tolos, no mítico.</b></span></div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: large;"><b> No
místico, dá-se resposta ao não visto.</b></span></div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: large;"><b> No
mítico, nega-se resposta ao que se vê.</b></span></div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: large;"><b> O
místico é o mestre que transmite conhecimentos.</b></span></div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: large;"><b> O
mítico é um herói que nunca foi e nem será.</b></span></div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: large;"><br /></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: large;"><b> </b></span></div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<br />
</div>
<div align="justify" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: Calibri, sans-serif;"><b> </b></span></div>
<div align="justify" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: Calibri, sans-serif;"><b> </b></span></div>
<div align="justify" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: Calibri, sans-serif;"><b> </b></span></div>
Gilberto Gonçalveshttp://www.blogger.com/profile/13146396337468632847noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2108976697604275591.post-69852790495574178832018-12-28T08:36:00.001-02:002018-12-28T08:36:31.876-02:00OS SEMEADORES DO AMANHÃ - CAPÍTULOS FINAIS
<div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>CAPÍTULO VINTE E CINCO</b></span></div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Gibran defendia suas ideias com entusiasmo, e, vez ou outra, era
interrompido com aplausos de uma plateia atenta e participativa. Os
diretores não se sentiam muito confortáveis, mas nada comparado com
os incômodos das autoridades, que se mexiam nas cadeiras e retorciam
as mãos, denunciando a aflição que lhes ia na alma. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>A escola precisa ser aberta, livre e democrática. O professor tem
que rever seus métodos, e a Secretaria precisa mudar o processo e a
forma de lidar com os alunos. As autoridades não podem continuar
insistindo em passar adiante matérias ultrapassadas, que não mais
correspondem à realidade moderna. Os pais serão forçados a
reconsiderar esta ansiedade de querer fazer de seus filhos senhores
doutores, famosos e ricos, trocando-a por uma visão mais equilibrada
de torná-los sábios e felizes. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>A sociedade precisa parar de medir o valor pessoal pela riqueza,
ou pela fama e poder. Cada qual vale pelo que é, e tem o seu próprio
valor. Temos missões específicas a cumprir, que são nossas, e que
só nós devemos cumpri-las. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Temos de aprender a sintonizar a mente com a Fonte inesgotável de
saber e poder, como fizeram os grandes mestres, em diversas áreas
distintas, como Einstein, Shakespeare, Pitágoras, Platão, Beethoven,
Da Vinci, Wagner, Miguel Ângelo e tantos outros.</b></span></div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>No final de sua fala, Gibran deixou uma pergunta no ar: “até
quando vamos continuar a nos enganar, fazendo de conta que assim como
está vamos atingir um estágio em que as escolas formarão cidadãos
que acabarão com a miséria e a violência?” Todos nós temos o
dever de buscar resposta para esta pergunta, que há de definir o
futuro do nosso país. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Num último arroubo de entusiasmo, ele desafiou os pais a
respeitarem as opiniões de seus filhos, e não os tratarem como
mercadorias que terão um preço quando adultos. “Filhos respeitem
seus pais, pois não é deles a culpa pelo vazio de suas vidas.
Mestres respeitem sua missão, pois nada é mais sagrado do que
mostrar o caminho a um discípulo. Governantes respeitem seus
cidadãos, lembrando que eles não precisam de favores, mas de
oportunidades e de senso de justiça”.</b></span></div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>
– Senhores e senhoras, agradeço a atenção de todos. Não me
cobrem soluções, pois não vim aqui para trazer respostas prontas,
mas para levantar problemas. Espero que se ponham a buscar respostas
para os tantos problemas levantados. Que surjam não as minhas
soluções, nem as suas, nem as deles, mas as nossas, que sejam
ideais comuns de todos nós.</b></span></div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>
– Meditem sobre o que lhes falei, e não se desculpem e nem
acusem. Nós somos a solução, mas também o problema. Nós somos a
mudança, mas também a estagnação e a omissão. Nós somos o
ontem, mas precisamos nos transformar no amanhã. Não somos vítimas
e nem culpados, nós somos os semeadores do amanhã. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b> CAPÍTULO VINTE E SEIS</b></span></div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>A plateia, por alguns segundos, manteve-se em silêncio. As mentes
precisavam de um tempo para se refazer do impacto sofrido pelas
palavras do nosso semeador. A sensação é que o salão, de repente,
ficou vazio, ainda que nele permanecesse todo aquele povo inerte. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Aos poucos, como a um sinal convencionado, começaram os aplausos,
que foram crescendo até se tornarem ensurdecedores. Das alas mais
jovens, vinham gritos e assovios. Os mais adultos contentavam-se em
bater palmas. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>As pessoas, sem cessar os aplausos, começaram a se levantar e
caminhar em direção ao palco. Todos queriam falar, opinar, serem
ouvidas. O palestrante foi cercado e cumprimentado, e, por muitos,
abraçado. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>As autoridades fizeram menção de se levantar, mas a mediadora
reassumiu o comando dos trabalhos, solicitando a todos que voltassem
para seus lugares e permanecessem em silêncio. Ela agradeceu ao
nosso semeador pelo brilhantismo de sua fala e abriu os debates em
torno das questões abordadas. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>As perguntas se sucediam, e eram respondidas com esclarecimentos e
sugestões. A plateia, a cada comentário, aplaudia de pé, enquanto
as autoridades se entreolhavam, sem saber o que fazer. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Os pais de alunos exigiam reformas, o prefeito e seus secretários
preocupavam-se com a próxima eleição. O governante e seu
secretariado contavam os votos, buscando identificar o número de
jovens com mais de 16 anos. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Apreciando aquela cena, os nossos semeadores sorriam, conscientes
que faziam o seu papel de semear ideias em terreno fértil. As
autoridades estampavam um sorriso amarelo, quase que assumindo todos
os erros apontados por Gibran.</b></span></div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>O secretário de educação, convidado a dar o seu parecer, abriu
a boca, mas teria sido melhor se tivesse permanecido calado. Falou
pouco, e desagradou a muitos. Ele deu voltas, rodeou os problemas e
não teve coragem de apontar soluções. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>O corporativismo no serviço público é tão obsessivo que, mesmo
não sendo acusado, o indivíduo se defende. Tudo em nome da classe
política, ou, talvez, do que se convencionou denominar ética
profissional. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>A ética, que tanto se alega, quando se cobra uma opinião de um
governante ou político, não passa de um artifício de quem tem
telhado de vidro, e que tem medo de atirar um cisco que seja no
telhado do vizinho.</b></span></div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Assim fez o nosso Secretário. Desculpou-se como se fosse ele o
acusado. Desculpou, da mesma forma, o Prefeito. E, por fim, quis
tirar a culpa das autoridades responsáveis pelo ensino no país.
Ora, então quem deve ser chamado às falas? Quem deve responder aos
reclamos populares?</b></span></div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Enquanto nos ocupamos dessas divagações, o Prefeito pediu a
palavra. E, naquele tom discursivo, típico de campanhas e palanques,
prometeu uma reforma municipal no ensino. O povo gritou o seu nome, e
ele acenou para a plateia. Os nossos semeadores sorriram, certos que
no dia seguinte a promessa cairia no esquecimento. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Havia chegado a hora dos agradecimentos finais e das despedidas. A
plateia aplaudiu com toda educação a todas autoridades, mas
reservou um entusiasmo maior para os nossos semeadores. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Muitos saíram-lhe ao encalço, mal eles deram os primeiros passos
em direção à rua. No outro canto, o prefeito e sua trupe saíam de
mansinho, quase sem ser notados. Com eles, lá se foram a
incompetência administrativa e as tramoias políticas. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Nossos semeadores trataram de adubar a semente que haviam acabado
de plantar, indo em direção ao Prefeito, estendendo-lhe a mão e
parabenizando-o pela atitude corajosa de assumir publicamente a
reforma no ensino da cidade. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>O Prefeito agradeceu, o Secretário de Educação se encolheu. No
agradecimento de um e no silêncio do outro escondiam-se os segredos
das promessas e das incompetências para cumpri-las. Muitas ações
não se concretizavam por absoluta falta de vontade política, que
pode ser entendida como desconhecimento ou descaso pelos interesses
do cidadão. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>O perfil do político é este mesmo, ele só tem olhos para sua
própria imagem, que costuma projetar num espelho mental, diante do
qual vive a se admirar. E quando algo não ocorre ao jeito dele, é
um tal de articulações, acordos, manipulações e especulações,
em busca de manter o poder a qualquer custo.</b></span></div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>O que importava é que as sementes haviam sido lançadas em
terreno fértil, levando os alunos a cercarem o casal, com ideias e
propostas de mudanças. Os diretores e professores, inspirados
naquelas propostas, começaram a projetar planos a serem discutidos
no dia seguinte. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Os fatos se repetem, de tempos em tempos. Os governantes perdem o
trem da história, só preocupados com votos, eleição e distorcidos
princípios de fidelidade partidária. Enquanto isto, a sociedade
traça o seu destino, e deixa para os políticos a conta a ser paga. </b></span>
</div>
<div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b><br /></b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b> CAPÍTULO XXVII</b></span></div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>No ano seguinte, um novo Prefeito foi eleito, graças a
compromissos sérios, estabelecidos por pressão do eleitorado. Por
trás da relação de cobranças, encontrava-se o casal de
semeadores, assessorando a população e orientando todos os
candidatos a assumirem compromissos que dessem novas esperanças aos
seus eleitores.</b></span></div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Não podemos dizer que venceu o melhor, mas pode-se afirmar que os
três candidatos mostraram-se conscientes dos compromissos assumidos
em seus discursos, deixando para o povo a escolha de sua preferência.</b></span></div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Nos quatro anos seguintes, a cidade progrediu como nenhuma outra
no país, tornando-se referência como padrão de administração
pública. A educação municipal passou a ser seguida pelos quatro
cantos do país, os novos métodos de assistência social e os
elevados padrões de saúde foram copiados pelas capitais dos
estados, chegando a Brasília e aos Ministérios. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>As autoridades queriam saber o que acontecera com aquela pequena
cidade, e quem fora responsável pelos novos métodos de
administração pública. Mas, quando procuraram os semeadores, não
os localizaram. Eles desapareceram, e ninguém sabia informar o
destino que haviam tomado.</b></span></div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>A história daquela cidade virou uma lenda, que inspirou as demais
a seguirem seus passos. Os inspiradores dos novos métodos não foram
mencionados, pois os políticos tomaram seus espaços, e se
vangloriavam de suas capacidades administrativas. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Quem se importava com um casal simples, que não almejava
distinção e glórias? Quem seria capaz de mencionar seus nomes,
como verdadeiros responsáveis por todas as benfeitorias celebradas
pelas lideranças políticas? O bom senso e os interesses políticos
recomendavam o silêncio, e logo tudo caiu no esquecimento.</b></span></div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b> CAPÍTULO XXVIII</b></span></div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Gibran e Helga haviam cumprido a primeira parte de sua missão, no
Brasil. Muito mais havia a realizar, e eles não podiam perder
tempo. Assim, embarcaram no tempo.</b></span></div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b> CAPÍTULO XXIX</b></span></div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Quando se procura relatar a história da nação brasileira, há
um vazio no preâmbulo que trata do momento exato e das razões que
fizeram com que a nação desse um salto para o futuro. Milagre
brasileiro, era como as nações estrangeiras tentavam justificar o
ocorrido.</b></span></div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b> CAPÍTULO XXX</b></span></div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Nada de milagres! Nada de mistérios! Um pouco de mistério para
quem não crê no poder dos Mestres, não se pode negar. A verdade,
porém, para quem sabe do poder do casal, além deste narrador, e que
são poucos, é que tudo foi obra dos semeadores do amanhã. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b> FIM</b></span></div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b><br /></b></span>
<span style="font-size: large;"><b><br /></b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b><br /></b></span>
<span style="font-size: large;"><b><br /></b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="center" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>
<br />
</b></span><br />
</div>
Gilberto Gonçalveshttp://www.blogger.com/profile/13146396337468632847noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-2108976697604275591.post-6163908633586868922018-12-21T15:51:00.001-02:002018-12-21T15:51:26.744-02:00OS SEMEADORES DO AMANHÃ - CAPÍTULOS 23 E 24
<div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>CAPÍTULO VINTE E TRÊS</b></span></div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Gibran prosseguiu, alteando o tom da voz, para denunciar e
condenar as transferências de responsabilidade, que seriam, segundo
ele, as maiores responsáveis pela decadência do ensino no país. A
família não pode entregar nas mãos da escola, o destino dos seus
filhos. O Estado não pode exigir do cidadão que apoie o processo
educativo do país, matriculando seus filhos em escolas que não
oferecem segurança e nem os tornem cidadãos. E ninguém pode cobrar
dos alunos assiduidade e interesse pelas aulas, diante da
obsolescência do material didático empregado nas escolas. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Ele continuou acusando as aulas, salvo exceções, de chatas,
desinteressantes e destituídas de qualquer valor. Ele alegou que
todos sabem disto, a começar pelos professores, que preparam suas
aulas, quase sempre, às pressas, de mau humor e má vontade, entre
um compromisso e outro, sempre em busca de complementar sua renda.</b></span></div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>As autoridades fazem vistas grossas, alegando falta de verbas. As
verbas são manipuladas por políticos inescrupulosos, que antes de
pensar na juventude e no futuro da nação, se prendem ao partido
daquele que exerce o poder. E, nessas horas, mais uma vez se faz
presente a conhecida máxima: “aos amigos, tudo, aos inimigos, a
lei”. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>No meio de tantos desmandos, fica o aluno, por sua imaturidade,
agindo de modo indisciplinado, a até agressivo, descarregando nos
professores e colegas toda a sua revolta, por ser obrigado a se
submeter a regras que tentam transformá-lo em marionete, aceitando a
encenação, e sem reclamação. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Numa das pontas, estão os pais, pressionados pelas diretorias de
escolas, acusando e ameaçando seus filhos. Na outra ponta, se
encontram os diretores, coordenadores e professores, perplexos e sem
saber o que fazer, para controlar a insubordinação dos alunos e
controlar a violência que, aos poucos, invade as salas de aula e os
pátios das escolas. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Acusações, ameaças, pressões, protestos, castigos, punições
e reprovações, se não passarem por uma profunda reformulação nos
métodos do ensino, serão tentativas vãs de resolver um problema
que está na essência, e não na forma. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>O alerta que se seguiu foi direcionado para o mundo fora das
quatro paredes das salas de aula. O nosso semeador chamou a atenção
de como está caótico o planeta, num convívio doentio das
violências urbanas com as guerras localizadas, das injustiças
sociais com as agressões à natureza, da corrupção política com a
decadência ética e moral nos órgãos de justiça, dos vícios com
o tráfico. E concluiu, afirmando que o responsável por tudo isto é
o ser humano, ou o que dá no mesmo, somos todos nós. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Será que foi este o mundo sonhado por nossos ancestrais, para
deixar de herança para nós, seus filhos, netos e bisnetos? Será
que foi para isto que, eles e nós mesmos, nascemos? Pensem com calma
e respondam para si mesmos.</b></span></div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Se não era este o ideal sonhado, então, o trem da história
descarrilou e saiu dos trilhos. E, o pior é que está atropelando a
todos nós que, na estação, aguardávamos a hora de embarcar com um
sentimento de esperança de chegar sãos e salvos à nossa sonhada
estação de destino.</b></span></div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>O que fazer para que a escola se torne um destino sonhado pelos
jovens, que integrados aos seus mestres, possam realizar seus sonhos
de aquisição do saber? Como ensinar aos jovens o que seja justo e
correto, se o mundo insiste em maus exemplos? Como pretender
estimular a disciplina, se são os pais, os professores e os
governantes, os maus exemplos de desrespeito às leis e à ordem? </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Mestres e alunos são peças que compõem esse emaranhado
decadente de uma humanidade perdida em seus próprios erros. Não
serão fórmulas velhas que resolverão os velhos problemas. A
humanidade repete sistematicamente as mesmas ações, tentando
encontrar soluções para problemas antigos, que exigem novas
atitudes, mais consistentes e criativas.</b></span></div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Ninguém se pergunta o que posso fazer para mudar esse estado
caótico que promove tantas e tamanhas injustiças. O que eu posso
oferecer ao meu filho, para dar-lhe esperança de um mundo melhor?
Que exemplo eu posso dar? O que as escolas podem oferecer de mais
interessante para prender a atenção dos alunos? O que o Estado pode
oferecer para estimular a qualidade do ensino, com mais qualificação
no modo de transmitir conhecimentos, sem tanta preocupação em
erguer obras físicas? </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Que tal pensarmos menos no dinheiro e bem mais no material humano
disponível, para passar e receber ensinamentos! O dinheiro é
indispensável, sim, mas, se desperdiçarmos menos em futilidades e
mais no professor, os alunos, certamente, agradecerão, e a nação
se beneficiará como um todo. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Pensem comigo, pediu o semeador. Se estivéssemos tratando a
escola como uma empresa, com o que nos preocuparíamos? Na certa,
questionaríamos, durante as reuniões da diretoria: “qual é o
atrativo do produto ensino que devemos usar para atrair os alunos?”
“qual é o estímulo profissional para atrair os melhores
professores para a nossa empresa?” “o que usar como propaganda
para levar as famílias a consumir o produto escola através dos
filhos?” “o que fazer para motivar os alunos a frequentarem a
escola, em vez de ficar em casa ou na rua?”</b></span></div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Se pudéssemos resumir tudo numa questão única que envolvesse
Estado e Escola, perguntaríamos: “O que se pode oferecer, além de
ameaças, castigos e reprovações, para motivar os jovens a querer
aprender mais e a frequentar escolas, que lhes proporcionem ambientes
agradáveis, companheiros felizes e mestres sábios e dedicados?” </b></span>
</div>
<div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><br /></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>CAPÍTULO VINTE E QUATRO</b></span></div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Gibran se calou por um instante e correu os olhos pela plateia. E,
reiniciando a sua fala e alteando, novamente, a voz, conclamou os ouvintes a
adotar novas posturas. Ele se dirigia a pessoas simples como se
estivesse discursando numa assembleia da ONU ou para membros de uma
Academia de Letras.</b></span></div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>As pessoas ouviam-no atentas e entendiam muito bem o que ele
estava procurando explicar. Elas eram ingênuas e pouco
alfabetizadas, mas não eram burras. Elas aplaudiam-no, e mantinham a
atenção fixa nele, para não perder a concentração na mensagem.</b></span></div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Ele dizia que estava na hora de repensarmos os caminhos da
educação, e não só no Brasil, mas no mundo inteiro. Era preciso
buscar um novo modelo que transformasse o ato de aprender e ensinar
numa ação prazerosa, em que frequentar a escola fosse um sonhado
prêmio para qualquer criança. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Hoje em dia, a porta da escola é um ponto de venda de drogas. Nos
corredores das escolas as drogas circulam, conduzidas por
consumidores e jovens representantes do tráfico. Professores usam
drogas, pais de alunos usam drogas, autoridades usam drogas. Será
que é o traficante o grande vilão?</b></span></div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>As escolas precisam tornar-se templos de sabedoria e exemplos de
ética e moral. E foram transformadas em centros de consumo e vícios.
O que se pode esperar do ensino praticado em locais que têm muito
pouco de bons exemplos a oferecer?</b></span></div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Muitos devem estar horrorizados da minha coragem por fazer estas
acusações dentro de uma escola. Alguém precisa falar a verdade, e
que este alguém seja quem não esteja comprometido com as regras e
padrões do ensino. Eu não sou nada além de um cidadão comum,
igual a qualquer um que esteja sentado na plateia. Não sou
governante e nem pertenço a partidos políticos. Assim, não sou
situação e nem oposição.</b></span></div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>O que estou afirmando está estampado nas páginas dos jornais e
nos noticiários da TV. Não adianta tentar encobrir a realidade,
imaginando que as notícias não se referem à nossa cidade, ao nosso
bairro ou à nossa escola. O mundo não está mais dividido em longe
ou perto, todos estão juntos, nós somos aqueles “eles” que,
antes tomavam as culpas. Agora, ou solucionamos os problemas juntos
ou seremos destruídos. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Os governantes estavam encolhidos nas cadeiras, torcendo para que
aquele pesadelo acabasse logo. Eles colocavam as carapuças lançadas
no ar por Gibran. A ingenuidade dos pais de alunos livravam-nos de
assumir culpas. A empáfia dos professores impedia que percebessem a
parcela de culpa que lhes cabia. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Quando os diretores e secretários pensavam que poderiam sair
ilesos das acusações, Gibran afirmou em alto e bom tom que a escola
ensina verdades ultrapassadas, ao passar para seus alunos definições
e afirmações que já não mais são aceitas nos meios científicos.
As pesquisas, segundo ele, avançam na velocidade da luz, enquanto os
livros didáticos andam a passo de burro. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Aproveitando esta deixa, ele acusou as escolas de passarem para os
estudantes conceitos e teorias que não dão certo, como se pode
comprovar pelo fracasso das sociedades mundiais, em constantes
guerras e às voltas com miséria, violência urbana e decadência
moral. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>As universidades formam de um modo geral doutores despreparados
para o exercício de suas funções. A cada ano, são colocados no
mercado de trabalho milhares de doutores, ineptos e despreparados, a
maioria deles, candidatos à condição de desempregados. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>As escolas precisam se tornar templos de saber, como as grandes
escolas filosóficas da Grécia Antiga, que levavam os aprendizes a
refletir e buscar respostas, a partir de meditações e intuições.
Os mestres espirituais ensinavam seus discípulos, obrigando-os a
encontrar respostas por si, e não repetindo ensinamentos que lhes
fossem passados. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>No mundo moderno, as lições repassadas à juventude são quase
sempre viciadas e direcionadas para os interesses das elites
dominantes. Os livros são impregnados de falsas doutrinas, que
enfraquecem, em vez de fortalecer, as mentes. Mentiras são tratadas
como verdades, e se um estudante mais afoito, discordar ou questionar
o ensinamento, é chamado a atenção e ameaçado por um professor
doutrinado pela política universitária.</b></span></div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>A escola precisa voltar a ser um templo de sabedoria, um
laboratório de pesquisa para a juventude, onde se vai buscar a
verdade, e não um conhecimento viciado e empacotado para consumo
rápido e sem discussão. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Está na hora de trocar a punição da reprovação pela
satisfação da conquista do conhecimento. Chega de pressão para
impor o estudo do que não desperta no jovem nenhum interesse. Vamos
trocar a pressão para passar de ano e ser aprovado numa faculdade,
pelo prazer de consumir conhecimentos de fato prazerosos e que sejam
úteis para a vida. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Chega de querer impor verdades inquestionáveis, indiscutíveis,
imutáveis. As certezas de ontem são as dúvidas de hoje, e as
mentiras de amanhã. Elas não eram mentiras engendradas para
enganar, mas, simplesmente, falsas verdades, superadas pelas novas
revelações surgidas com a evolução humana. Elas perderam
consistência com o passar do tempo e cederam espaço para novos
conceitos, que, mais tarde, cederão lugar a outros princípios mais
adequados e mais abrangentes que melhor respondam aos novos
conhecimentos conquistados pela expansão da mente humana.</b></span></div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Todos merecem oportunidades de manifestar seus pensamentos, e não
somente cientistas e especialistas. Segundo Albert Einstein, não era
nos momentos de maior estudo que lhe surgiam as soluções para seus
complexos problemas e infinitas dúvidas, mas nos instantes em que
relaxava e buscava na meditação um contato direto com os mundos
ocultos, onde a verdade estava escondida. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;">
<b>As escolas desconhecem, de um modo geral, esse modo de acessar a
verdade, e insistem em repassar para os alunos as velhas e superadas
fórmulas, arcaicas e decadentes. E querem que os alunos prestem
atenção nas aulas! O padrão está superado, é hora de refazer o
modelo. </b></span>
</div>
<div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
</div>
Gilberto Gonçalveshttp://www.blogger.com/profile/13146396337468632847noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2108976697604275591.post-74830960584830023612018-12-14T19:47:00.001-02:002018-12-14T19:47:52.802-02:00OS SEMEADORES DO AMANHÃ - CAPÍTULOS 21 E 22
<div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>CAPÍTULO VINTE E UM</b></span></div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>A escola lembrava um formigueiro. Era gente por todo canto,
circulando pelo pátio e corredores. Todos aguardavam o início de
mais um Seminário, tendo como palestrantes Gibran e Helga. A
sensação é que o bairro inteiro se espremia no interior da escola.
</b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>As crianças passavam correndo, como é típico das crianças. Os
mais velhos, alunos das turmas mais adiantadas, conversavam pelos
cantos, tentando antecipar e entender os temas que seriam debatidos
no Seminário. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Os pais que raramente cruzavam o portão da escola, agrupavam-se
em diversos grupos, esperando ansiosamente o início dos trabalhos.
Eles desconheciam os motivos que levavam seus filhos a se
interessarem tanto pelo discurso daquele casal. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Nunca qualquer outra atividade despertara tamanho interesse na
comunidade. Nós, porém, sabíamos o que se passava naquele momento,
naquele lugar. Sabíamos e calávamos, pois de nós era esperado mais
o silêncio do que as palavras. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Ouviu-se, de repente, um borborinho crescente, vindo dos grupos
mais próximos do portão. Eram eles que chegavam De mãos dadas,
sorrindo e cumprimentando a todos que lhes abriam passagem,
caminharam em direção à diretora da escola. Esta os aguardava de
pé, junto à entrada do auditório. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Abraçaram-se e trocaram gentis cumprimentos, antes de entrarem no
auditório. Dirigiram-se para a mesa principal, onde haviam duas
cadeiras a eles destinadas. As demais cadeiras seriam ocupadas pelo
prefeito e seus colaboradores.</b></span></div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Com a chegada do Prefeito e do seu secretariado, a mesa foi
composta e deu-se início aos trabalhos. O nosso semeador correu os
olhos pela plateia e sentiu a curiosidade, mais do que qualquer outro
sentimento, estampada no rosto de cada um dos presentes. Em sua
maioria, eram pessoas humildes, sem nenhuma prática de frequentar
reuniões ou palestras. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Os palestrantes, membros do Governo, foram se sucedendo,
desperdiçando boas oportunidades de trazer a público o debate de
assuntos interessantes, e, até mesmo, polêmicos, que faziam parte
do programa elaborado pela coordenação da escola. Cada um cuidava
de não tocar em assuntos que pudessem comprometer a sua posição
política, repetindo o mesmo lenga-lenga de sempre. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>As autoridades já esboçavam os primeiros sinais de impaciência,
enquanto a plateia brindava cada orador com a mais absoluta
desatenção. Uns bocejavam, outros cochichavam e a maioria se mexia
na cadeira, num sinal claro de desconforto. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>De repente, o silêncio tomou conta do ambiente. O último
palestrante encerrou a sua fala e a plateia pressentiu que chegara a
hora reservada aos figurantes principais do Seminário. A mediadora
começou a apresentar Gibran, destacando a sua participação
voluntária nas atividades de ensino da cidade e, em especial,
daquela escola. Na apresentação de Helga, mencionou-se tratar-se de
uma mestra na arte de envolver crianças em atividades de pesquisa,
jardinagem, artísticas e culturais. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Concluindo a apresentação do casal, foi destacada a importância
da presença de ambos no momento em que a cidade buscava novos
caminhos para a motivação da juventude, em relação ao estudo e à
escolha de suas futuras profissões. Eles vinham defendendo novos
caminhos para o ensino e um tratamento mais adequado para a motivação
dos jovens. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>O auditório estava lotado, com os presentes se espalhando pelos
espaços além das cadeiras, ocupando escadas, corredores laterais e
o largo corredor central que levava até o palco. As portas de acesso
ainda davam passagem aos tradicionais retardatários, que sempre
conseguem chegar atrasados. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Gibran olhou a plateia, e assim permaneceu até que se fizesse
silêncio. Durante mais alguns segundos, ele se manteve calado.
Então, ele abriu um sorriso e cumprimentou a todos, agradecendo-lhes
a presença. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Ele começou dirigindo perguntas à plateia. A cada uma delas, o
povo mais se encolhia, com medo, talvez, de ser chamado a
respondê-las. A intenção dele não era obter respostas, senão
deixar dúvidas nas mentes de todos os presentes. Com as dúvidas,
ele pretendia encontrar respostas, à medida que fosse expondo suas
ideias. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>
– Caros pais, o que esperam que uma escola possa fazer por seus
filhos?</b></span></div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>
– Que tipo de ensino seria o melhor para o futuro dos seus
filhos?</b></span></div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>
– O que esperam que seus filhos possam aprender de útil, para
ser usado quando se tornarem adultos?</b></span></div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>
– Qual é o papel da escola na formação dos seus filhos?</b></span></div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>
– O que a escola pode fazer para tornar os seus filhos pessoas
de bem e adultos felizes?</b></span></div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>
– Qual é a influência da escola na família, e da família na
escola?</b></span></div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Aquele autêntico bombardeio de perguntas era lançado sobre a
plateia confusa e intimidada. Alguns arregalavam os olhos, outros
sorriam meio sem graça, a maioria não esboçava nenhuma reação.</b></span></div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Ele dirigiu-se, então, para os mais jovens, e começou uma nova
sequência de perguntas.</b></span></div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>
– Por que frequentam a escola?</b></span></div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>
– O que a escola representa no seu futuro?</b></span></div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>
– O que consideram importante, no que lhes é ensinado nas
aulas?</b></span></div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>
– Acreditam que o que aprendem na escola pode ajudá-los a se
preparar para enfrentar o mundo?</b></span></div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>
– O que está faltando no ensino que a escola está lhes
passando?</b></span></div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>
– O que julgam ser perda de tempo ter de aprender?</b></span></div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>
– O que levam da escola para casa, e o que trazem de casa para
a escola?</b></span></div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>O nosso semeador interrompeu-se e respirou profundamente, como se
quisesse recuperar as energias perdidas. Em algumas perguntas, ele
conseguiu reunir todo o peso da problemática do ensino no país. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Ele olhou serenamente para a plateia admirada e silenciosa, sorriu
em todas as direções, fez um ar de desconsolo e disse:</b></span></div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>
– Eu não sei responder, sinceramente, eu não sei.</b></span></div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>E, prosseguiu:</b></span></div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>
– E por que não sei?</b></span></div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>
– Porque vocês, pais e alunos, também não sabem. E, porque
não sabem, eu não sei, e ninguém sabe. Não sabe o professor, não
sabe o diretor, não sabe o secretário, nem sabe o ministro.</b></span></div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Os seus filhos vêm para a escola como o gado vai para o
matadouro. Eles são obrigados por lei, por tradição, por
condicionamento, enfim, eles só não vêm por serem conscientes da
importância da escola como formadora de cidadania. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>
– E o que é cidadania? O que é ser um cidadão?</b></span></div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Ah, meus amigos, como é difícil exercer um direito, quando se
desconhece para que serve! Como é complicado ter de fazer algo sem
saber porque! Como é triste ser obrigado a aprender coisas, quando
não se tem consciência de como usá-las! </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>E é exatamente isto que está acontecendo nas salas de aula. O
aluno entra na sala, assiste as aulas, copia a matéria, estuda, ou
não, para as provas, passa de ano, ou é reprovado, e, tudo isto,
sem saber porque, nem pra que. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Os pais brigam com os filhos para que estudem, tirem boas notas e
passem de ano. Brigam com os poderes públicos, por mais vagas e por
melhor qualidade de ensino. E, depois, brigam para o acesso dos
filhos às faculdades, sonhando que tenham um futuro brilhante, se
tornem doutores de alguma coisa e fiquem ricos. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Gibran foi refletindo em voz alta, deixando a todos surpresos pela
facilidade com que expunha a realidade de todas aquelas famílias. Se
alguém da plateia fosse chamado a se expressar, não conseguiria ser
mais autêntico, direto e objetivo. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>O semeador continuou exprimindo a sua decepção com o ensino,
afirmando que, daquela forma, todos marcham em direção a coisa
nenhuma, sem se dar conta que seguem por um caminho que não sabem
onde vai chegar.</b></span></div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Até que, um dia, segundo ele, o jovem já formado se depara com a
triste realidade, diante de um mercado de trabalho seletivo e
restritivo, distante de suas aspirações, alegando sua pouca
experiência. A família, triste e revoltada; o jovem, deprimido e
decepcionado, e as autoridades… Estas vão bem obrigado!</b></span></div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b> CAPÍTULO VINTE E DOIS</b></span></div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>O quadro pintado por Gibran era muito triste, mas verdadeiro. A
maioria dos estudantes ali presentes passariam por situação
semelhante, suas famílias sofreriam e se decepcionariam. Os
professores seriam cobrados, as diretoras substituídas e nada
mudaria. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Gibran expôs, sem exagerar nos detalhes, as razões que levaram o
ensino àquela espécie de labirinto, que por mais que se tentasse
novos caminhos, só tornava mais difícil encontrar-se uma saída. As
autoridades ouviam atentas, entre o incômodo com a crítica e o
êxtase com a clareza das explicações. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Ele prosseguiu, lembrando que o mundo caminha para um novo tempo,
quando prevalecerá uma nova ordem, em que, somente, os mais
criativos e conscientes dos direitos e deveres vão obter sucesso.
Cada um terá de assumir e desenvolver o seu poder para fazer ou
deixar de fazer alguma coisa, e só assim alcançar o sucesso. E que
se entenda por sucesso, dizia ele, não a imposição da derrota a um
rival ou concorrente, mas a autoafirmação, o equilíbrio perfeito
das ações de avanços e recuos e a conquista da legítima
sabedoria, e de como usá-la em proveito da humanidade.</b></span></div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Cerrando levemente os olhos, e respirando fundo, ele afirmou com
firmeza e segurança – o futuro há de nos reservar muitas
surpresas quanto ao que chamamos de sucesso, realização pessoal e
prosperidade. O homem saiu da estrada principal que conduz aos nobres
ideais, e tem pautado a sua existência numa busca tresloucada pela
riqueza e pelo poder. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Está chegando a hora de retomar o verdadeiro caminho. Mudanças
sempre impõem muito trabalho e enormes sacrifícios, e essa
retomada não será diferente. Mudanças de postura e uma nova visão
dos valores que importam de fato para a nossa realização pessoal.
Tudo isto, associado a uma profunda revisão dos conceitos
predominantes, refazendo-se os princípios éticos, morais, culturais
e sociais. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Era necessário tomar-se alguma medida já, sem ficar transferindo
a responsabilidade de mãos em mãos. Pouco vale saber quem vai
realizar as mudanças, o que importa mesmo é que as mudanças
precisam ser feitas. Que cada um, dentro de suas limitações, comece
a tomar iniciativas, sem esperar por decisões que venham de cima. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Todos nós temos consciência do que podemos ou devemos fazer,
ainda que não nos seja possível tomar decisões que estejam fora da
nossa alçada. Se não tivermos certos poderes, que tenhamos coragem
de pleitear junto a quem os tem, a aprovação de projetos que deem
aos estudantes uma expectativa maior do seu futuro.</b></span></div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Os jovens perderam a esperança, por conta da falta de
perspectiva, diante do que os adultos impõem como exigências para o
futuro. Ocorre que ninguém pode impingir um futuro aos outros, nem
estabelecer regras e padrões para o sucesso. Ideias ultrapassadas
não serão jamais recebidas com agrado pelos jovens que vivem numa
era de avanços científicos e tecnológicos. A sociedade clama por
mudanças, a começar pela educação.</b></span></div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>
<br />
</b></span><br />
</div>
Gilberto Gonçalveshttp://www.blogger.com/profile/13146396337468632847noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-2108976697604275591.post-17192575752610610122018-12-07T18:52:00.000-02:002018-12-07T18:52:58.707-02:00OS SEMEADORES DO AMANHÃ - CAPÍTULOS 19 E 20
<div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>CAPÍTULO DEZENOVE</b></span></div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Domingo, dia de Globo Rural. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Diante da telinha, o casal de semeadores acompanha as notícias do
campo. Embevecidos, admiram paisagens e se encantam com as áreas
ainda preservadas. Enchem-se de entusiasmo com o perfeito tratamento
das terras para o plantio sem agrotóxicos. Entristecem-se com os
animais aprisionados, para ser sacrificados. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>As imagens surgem e as notícias correm. Eles comentam os fatos,
criticam as atitudes dos homens e sonham com o emprego de novas ações
ambientais. Eles não se conformam com os métodos cruéis de lidar
com a terra e com os animais. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Eles têm a consciência plena de seus papéis de provocar
mudanças, gerar novos comportamentos e transformar antigos
paradigmas. E sofrem, quando se sentem impotentes para evitar tanto
desperdício, agressões, ignorância e pobreza. Eles lamentam
perceber o quanto a humanidade perdeu o rumo do verdadeiro progresso.
</b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>As cenas se sucedem na tela, surgem notícias das misérias do
campo, das injustiças sociais contra os camponeses e dos protestos
dos agricultores reclamando da dificuldade para a liberação da
verba para plantio. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Falta dinheiro, a cotação do produto está em baixa, houve
quebra de produção de certo produto lá fora, e por isto o seu
preço interno cresce. Então, surge o alerta, é hora de plantá-lo.
Mas, se houver uma supersafra, o preço vai baixar. Se isto ocorrer,
não haverá uma saída, o produtor já se endividou. E novos
problemas serão enfrentados. Como evitar essa roleta rural, que gira
a cada ano, à espera de novas apostas. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>É o cassino rural, onde a terra é a roleta, a semente é a
bolinha que desliza sobre os números, que são as vontades da Mãe
Natureza. As fichas são os recursos tomados como empréstimo, o
Estado é o banqueiro e os agricultores, eternos jogadores. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>O resultado desta sacrílega jogatina, jogada sobre o pano verde
da sagrada terra, é o permanente caos, em que até mesmo o
banqueiro, que em outras atividades sempre sai ganhando, aqui, pode
sair perdendo. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Helga se volta para Gibran e afirma com indisfarçável revolta –
“é tudo por causa da ambição”. Ele balança a cabeça
concordando, e completando – “se cada qual plantasse com seus
próprios recursos, se levassem em conta os naturais riscos das
variações climáticas, as perdas seriam mínimas e os prejuízos
irrisórios”.</b></span></div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>As maiores perdas são dos que mais arriscaram. Quando ganham, não
questionam o processo. Quando perdem, atacam as regras do jogo,
buscando responsáveis e se negando a pagar as contas. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>O diálogo dos dois prossegue, à medida que as imagens se
alternam e as notícias se repetem. É tudo previsível, todo ano é
a mesma lenga-lenga. Quem perdeu grita e quem ganhou se cala. Virá um
ano em que as posições se invertem e as atitudes se repetem.</b></span></div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Helga não se conforma e afirma que está tudo errado. Gibran
balança afirmativamente a cabeça. Ela protesta e ele reflete
calado. Em sua mente, surge a pergunta: “Por que o Estado deve
arcar com os prejuízos, se quando acontecem lucros, os dividendos não
são rateados com os contribuintes”? </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Na cabeça de Gibran não tem sentido o Governo ajudar quem perdeu
no jogo agrícola. Quando se entra num jogo ou se ganha ou se perde.
E, afinal de contas, cobrar ajuda do Governo é o mesmo que pedir
ajuda ao povo, que é o legítimo dono do cassino. Por sinal, um dono
que sempre perde, nas mãos do administrador e dos jogadores. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Nos tempos de fartura, os jogadores correm para o mercado em busca
do lucro máximo. Nas épocas de quebras, o protesto e a busca de
vítimas que aceitem assumir as perdas. Como o Governo jamais assume
a condição de vítima, o prejuízo sobra para o contribuinte. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Gibran e Helga ficam indignados com este processo absurdo, que
leva o caos ao campo, sem sinal de solução. Basta uma geada no Sul,
uma seca no Nordeste ou enchentes no Sudeste, e todo o ciclo de
perdas, quebras de safra e ameaça de falências se repetem. E nem
uma vivalma tem a coragem de se insurgir contra essas máquinas que
lucram com o fracasso alheio. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Os “com-terras” reclamam da falta de recursos para plantar, os
“sem-terras”, da falta de terra para plantar. Uns a têm e não
sabem o que fazer com ela; outros sonham em tê-la, sem imaginar o
pesadelo de vir a entregá-la para os bancos credores. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>O homem nunca mais soube conviver com a natureza, depois que
abandonou a vida na floresta e se fixou nas cidades. Ele briga com os
fenômenos naturais, tentando subverter o clima e as estações. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Desviam rios, aterram lagoas e invadem praias, imaginando-se
impunes ao alterar a relação terra-água. Mexer nesses espaços é
o mesmo que alterar o metabolismo do corpo planetário. Depois não
adianta enfrentar as inundações ou estiagens com lamentos e
acusações. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>A chuva, o calor, o frio, o vento, a geada, são reações
instintivas do corpo do planeta, semelhantes ao choro, o riso, o
amor, o rancor, a frieza, do corpo humano. O homem precisa entender a
natureza para interagir com ela, e não enfrentá-la com o intuito de
transformá-la ao seu bel prazer. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Como imaginar que poluindo a terra se possa receber em troca
fertilidade e produtividade! A humanidade apagou da memória que tudo
tem vida, mesmo os objetos inanimados. Uma árvore, uma pedra, um
punhado de terra, um caneco com água, tudo está vivo.</b></span></div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>E o que dizer dos animais, o reino mais próximo do homem? Salvo
raríssimas exceções, quando o homem se deixa ser o melhor amigo do
seu bichinho de estimação, no mais, ele trata a todos com rara
crueldade. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>As criações, as granjas, os animais confinados para satisfazer o
paladar humano. E o que dizer das engordas exageradas, das práticas
desumanas de afastar os filhotes das mães e de manter aves despertas
com o uso de iluminação artificial? </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Até quando a raça humana continuará insistindo com essa
presunçosa teoria de que tudo que existe no planeta foi criado
somente para servi-lo ou satisfazer o seu apetite. Ou, melhor seria,
simplificando a questão, quando se amará ao próximo como a si
mesmo? </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Mas, quem é o meu próximo, Senhor? Os meus pais, meus parentes,
filhos e filhas, marido e esposa? Não somente os irmãos humanos, e
todos, não só os mais próximos, mas também o animal preso no
curral, a planta confinada no seu jardim, a pedra solta no leito do
rio, as aves que voam sobre suas cabeças.</b></span></div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Tudo isto se passa na mente do nosso casal, diante da televisão.
Já não falam mais, só pensam. Os dois se arriscam a trocar algumas
palavras sobre o tempo que está por vir. O caçador e a sua caça
repousarão juntos, às margens do rio da vida. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Eles visualizam os campos plantados, cercados por bosques
preservados. Eles sabem que, dias virão em que o homem não mais
matará para comer, retirando seus alimentos da terra, e só da
terra, fartos e puros. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Os homens viverão em plena harmonia com os demais reinos da
natureza, num encadeamento ecológico perfeito, um servindo o outro.
Nada de violências, guerras ou destruições. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>O êxodo das cidades de volta aos campos, construindo-se belas
agrovilas, está mais próximo do que se possa imaginar. Na cidade ou
no campo, as fábricas anularão seus focos poluidores. O homem terá
de aprender a respeitar o homem, antes de assumir a nova consciência
de conviver em paz com os seres de outros reinos.</b></span></div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Antes de desligar a televisão, surgiu um estimulante alento, com
uma reportagem sobre uma comunidade, localizada em Santa Catarina,
numa rota chamada Estrada Bonita. As pessoas viviam do artesanato e
de produtos caseiros que eram ofertados aos turistas, atraídos pela
beleza da região. Além das compras, os visitantes podiam conviver
com o estilo de vida dos moradores, visitando suas casas e
participando da produção artesanal de tudo que era posto a venda. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>
– É isto, este é o caminho para o amanhã, exclamou Helga.
Cada qual produzindo o que sabe, e em suas próprias casas. Casas em
regiões preservadas, onde as matas nativas são respeitadas e
cultuadas como nossas fontes de vida.</b></span></div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Os compradores serão os viajantes que, enquanto passeiam e se
divertem, entram em contato direto com a vida simples dos artesãos,
adquirindo produtos puros, sem química ou aditivos artificiais. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Ele, sonhando com as agrovilas. Ela, vislumbrando a estrada
bonita, que liga o sonho à realidade. Eles, semeando ideias,
plantando as civilizações do futuro e estabelecendo as premissas do
amanhã. O saco de sementes, aos poucos, estava ficando vazio. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b> CAPÍTULO VINTE</b></span></div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Com o passar do tempo, o nosso casal ia ficando conhecido na sua
comunidade. Suas ideias diferentes e seus hábitos pouco comuns
tornavam-se motivo de curiosidade para grande parte da vizinhança. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Os seus relacionamentos foram se estendendo, incluindo
fazendeiros, médicos, professores, políticos e considerável número
de comerciantes. Com todos, eles mantinham a mesma atitude, semeando
conceitos criativos e simples. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Muitos dos seus vizinhos, pessoas desconfiadas e supersticiosas,
julgavam-nos magos e seguidores de alguma seita misteriosa. Os mais
próximos reconheciam neles princípios cristãos e atitudes
humanitárias. Os mais perspicazes sabiam que eles cultuavam crenças
baseadas em poderes ocultos de uma espiritualidade sagrada, mas sem
religião. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Eles possuíam intensos poderes que dominavam as energias em todos
os ambientes, graças às suas forças mentais. Eles pregavam o
controle sobre ações e reações mediante o uso da vontade e do
poder mental. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>A vida seguia em frente, e o nosso casal de semeadores não perdia
o passo, acelerando quando necessário, e reduzindo a marcha na hora
de refrear certos impulsos inovadores, deixando o tempo fluir. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>O tempo passava, e, a cada dia, eles eram mais conhecidos e
respeitados. As visitas vinham em busca de conselhos sobre como se
relacionar com a natureza ou lidar com doenças por meio de curas
naturais. Alguns desejavam consultá-los sobre os métodos mais
criativos para ensinar e prender a atenção das crianças. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Em meio a tantos visitantes, apareciam os curiosos em busca de
conselhos sobre suas vidas, seus problemas e frustrações. Nenhum
saía sem uma palavra amiga de estímulo, esperança ou conciliação.
A paz e o amor eram ensinados, em todas as situações. Assim, aos
poucos, a comunidade se tornou pacífica e participativa. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>O bairro onde moravam, um dos mais carentes da cidade, foi se
modificando e chamando a atenção das autoridades, pelas novas
posturas do povo. A escola passou a adotar seus métodos pioneiros e
criativos. O posto de saúde do bairro tornou-se o mais dinâmico e
eficiente. Até mesmo, os políticos do bairro passaram a se destacar
nas sessões da Câmara. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Pouco a pouco, o nosso casal passou a ter livre acesso às
instituições locais, chamado para dar palestras sobre os mais
variados temas. Escolas, associações de moradores e fundações de
apoio às crianças eram os principais locais de suas apresentações.
</b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>A escola do bairro realizou um seminário sobre a influência das
relações familiares no aproveitamento escolar dos alunos. O nosso
semeador foi o principal orador, abordando a necessidade de
conscientizar os pais dos alunos sobre a metodologia aplicada na
escola. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Tempos depois, inspirado pelo sucesso da palestra na escola,
ocorreu outro seminário sobre a medicina preventiva e os modernos
métodos alternativos para se evitar doenças. O sucesso repercutiu
de tal forma que mudou a postura da Secretaria de Saúde. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>O próximo passo veio a ocorrer na associação de moradores, que
programou um fórum de debates sobre a inclusão do trabalho de toda
a família, na formação da renda familiar. A ideia parecia
simplória, mas mexeu com a cabeça do povo. A sugestão de preparar
a família para a execução de um trabalho conjunto, em que todos se
dedicariam a tarefas diferentes buscando um objetivo comum. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Aproveitando o sucesso da série de palestras proferidas por
Gibran, a creche municipal convidou Helga para dar uma série de
palestras sobre os cuidados com a natureza e a importância da
preservação de florestas e bosques. Sucesso absoluto! Novos
convites e um sem números de oportunidades para levar os conceitos
ambientais adiante. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>O nosso casal, com tantos convites, vivia ocupado entre salas de
reuniões e atividades na terra, entre o discurso criativo e o
plantio de mudas de árvores, entre a semeadura e a colheita. Era
preciso plantar, sem se descuidar da colheita. Uma e outra tinham de
caminhar juntas, para evitar desperdícios.</b></span></div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Muitos semeavam, e o orgulho com o feito fazia com que se
esquecessem da época da colheita. Outros até que colhiam bons
frutos, mas, a euforia com a boa colheita fazia-os esquecerem da nova
semeadura. E, assim, a continuidade do trabalho se perdia. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Gibran e Helga sabiam que a humanidade vivia um momento de rara
energia, quando tudo deveria ser aproveitado e os maus hábitos de
desperdício, erradicados. Eles estudavam de tudo, já que a
especialização, num futuro próximo, se tornaria um hábito do
passado. Todos precisariam saber de tudo um pouco, ou muito, até
quanto cada um fosse capaz de absorver. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Eles estavam sendo requisitados por diversos setores da sociedade
para que participassem de Associações e Conselhos. A todos
agradeciam a lembrança, antes de declinar do convite. A alegação é
que havia absoluta incompatibilidade entre os seus ideais
reformadores e as ações limitadoras das instituições públicas ou
civis. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Outra recusa permanente era a de empregos públicos, cujos
convites surgiam a todo momento. Os salários eram sedutores, mas
eles não se deixavam seduzir pelos ganhos, impondo como condição a
liberdade de ação, o que não podia ser aceito pelos governantes. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>As pessoas se admiravam com as recusas, por ser algo incomum numa
cidade pequena, onde todos sonham com um emprego público. A surpresa
era ainda maior, quando ouviam as justificativas apresentadas. Eles
preferiam atividades sem remuneração a salário e status de um
cargo público. Ideais, e não dinheiro, moviam o casal semeador. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>O nosso casal de semeadores entendia que somente o trabalho a
favor do coletivo se reflete de modo positivo e definido a favor de
cada um individualmente. Eles se consideravam remunerados pelas
energias de troca com a humanidade, que resultavam em créditos de
energia vital, alimentando-os e deixando-os fortes e sadios. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Os nossos semeadores desprezavam a fama com seus falsos valores.
Eles davam as costas ao poder, por considerá-lo mera ilusão de
controle, que não resultava em progresso para o povo, e somente
retrocesso para a evolução da espécie humana. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>A pergunta que todos faziam era por que eles eram tão diferentes,
tão dignos em meio a tanta indignidade, tão justos, diante de
tamanhas injustiças. E para que estas questões pudessem ser
respondidas e entendidas é que resolvemos contar a história do
casal semeador. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>
<br />
</b></span><br />
</div>
Gilberto Gonçalveshttp://www.blogger.com/profile/13146396337468632847noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-2108976697604275591.post-2406025526192395272018-11-30T19:59:00.001-02:002018-11-30T19:59:09.987-02:00OS SEMEADORES DO AMANHÃ - CAPÍTULOS 16. 17 E 18
<div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>CAPÍTULO DEZESSEIS</b></span></div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Gibran meditava e se deixava transportar para outro tempo. Ele se
via numa terra estranha e falando um idioma estranho. A conversa era
outra, mas os ideais eram os mesmos. Helga de um lado e seus escritos
do outro eram suas únicas companhias naquelas divagações
reflexivas. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Ele se via num local distante, escrevendo e conversando. O seu
Mestre transmitia ondas que se materializavam em partículas,
mensagens de sabedoria resultando em palavras nas folhas em branco à
sua frente. Helga falando de seus canteiros de ervas e colocando
pratos de sopas perfumosas e saborosas à sua frente.</b></span></div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Ele sabia que eram lembranças da última vida. Helga voltara com
ele, e os escritos estavam arquivados em sua memória espiritual. Ela
ajudava-o a relembrar os momentos e a sua memória seduzia-o a
rememorar os conselhos do Mestre.</b></span></div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Imagens fugidias e recomendações esparsas faziam parte do
quebra-cabeça. A casa simples e confortável, o quintal amplo e encanteirado. Ervas nos canteiros e na cozinha, do produtor ao
consumidor. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Palavras soltas no papel, conselhos de sabedoria. Filhos
percorrendo o mundo, muitas saudades. Mão na terra, riacho cortando
as beiras de caminho, regas diárias e colheitas fartas. Iniciação
numa vida, preparação para a outra. Agora, era a vez da outra. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Ideias, ideais e lembranças. Portais ora abertos ora fechados.
Uma fenda no tempo ou o tempo sem fendas nem divisões. Hoje, o
amanhã de ontem da mesma alma, ou, nova vida e outra consciência
cuidando das mesmas tarefas? </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Por momentos, ele parecia ouvir a voz mansa e penetrante do Mestre
ditando-lhe ensinamentos e conhecimentos. De repente, ele se sentia
no passado, noutra terra, noutro corpo e noutra missão. Era preciso
aprender, para saber. Saber o que, perguntava ele, naquela época?
Saber por quê? Não havia resposta.</b></span></div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Agora, ele percebia o quanto ele detinha conhecimentos.
Aprendizado do nada e sem saber como explicar. O Mestre voltara, é
verdade! Novas mensagens, novos conhecimentos. Mas, e as respostas
que surgiam na mente, vindo de lugar nenhum! Eram conhecimentos
passados, eram segredos soprados no ouvido? Quem os soprava? O
Mestre, sem dúvida, o amigo e mestre Saint Germain!</b></span></div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>As verdades que ele tanto defendia não eram ideias dele, ele era
somente o mensageiro. O mensageiro da humanidade, o discípulo a
serviço do Mestre, o fiel escudeiro da Fraternidade Branca. Ele
semeava em solo estéril, enquanto a matéria orgânica não
fertilizava o solo. Helga encontrava um pequeno espaço do terreno
fértil, e ali depositava as suas sementes. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Final da tarde, o frio chegando e as tarefas em dia. Chá ou café?
Sopa ou um chocolate quente? Tudo muito saboroso, pela presença
adorável de Helga e a certeza de que eles nunca estavam sós. O
Mestre envolvia-os de saúde, protegia-os contra tudo e todos. Nada a
temer, nenhum perigo no ar. Amanhã será sempre um novo dia, ou quem
sabe uma nova vida. Que diferença faria, era tudo o mesmo!</b></span></div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-size: large;"><br /></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b> CAPÍTULO DEZESSETE</b></span></div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>O amanhecer de um dia, o nascer de um novo sol, o surgir de novos
conceitos e ideias a defender. Cada dia era uma existência própria
e inteiriça, com início, meio e fim. Tarefas do cotidiano eram
empreitadas espirituais de repercussão mundial. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Gibran e Helga haviam sido inspirados a denunciar a mídia, os
meios de comunicação que conspiravam pelos ricos e pela distorção
da verdade. As notícias veiculadas eram fabricadas em máquinas de
produzir mentiras e retocadas com fios de sedução e tentação. O
resultado era a propaganda enganosa, falsas denúncias, sutis
agressões à honra de criaturas honestas e defesa e exaltação de
corruptos e gananciosos. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Tudo em nome do progresso e das riquezas. Quem acreditasse nessa
falácia, seria mais um tolo a engrossar as fileiras das massas
ingênuas e controladas. Os meios de comunicação serviam o poder. O
poder alimentava uma restrita comunidade de manipuladores da verdade.
Esta comunidade era a responsável por espalhar inverdades e
disseminar o medo nas populações. O medo era a matéria-prima do
poder, a essência que mantinha as massas controladas e dominadas,
sem coragem para reagir. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Gibran não se conformava e reagia contra a mídia. Esta não
estava nem aí para o que Gibran dissesse ou denunciasse. Ele não
acreditava na sua fraqueza, e insistia em denunciar esses
manipuladores de notícias. Notícias eram falsas com um fim
determinado, ou verdadeiras com a intenção de distrair as massas.</b></span></div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Gibran acreditava que nada era em vão, qualquer movimento agia
como onda e se espalhava por todo o planeta. Se alguém começasse a
repetir uma tese, logo ela seria repetida por muitos, e atingiria
terras distantes. Era assim que agiam os partidários da escravidão
pelos meios de comunicação, e ele responderia na mesma moeda. Ele
sabia que nunca estava sozinho, e que tudo que fizesse, por mais
simples que fosse, teria repercussão no mundo. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Gibran e Helga se envolveram em inúmeras atividades na cidade, e
logo se tornaram conhecidos por suas ideias ambientalistas e pela
seriedade com que lidavam com o poder. Eles fundaram uma associação
cultural, e ali procuravam valorizar atividades que despertassem a
consciência do povo para suas origens, para a história de suas
famílias e para o culto às raízes e tradições de Minas.</b></span></div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Vamos encontrá-los na rádio local, sendo entrevistados sobre a
importância da conservação da memória da cidade, mediante a
construção de um museu. Eles nunca perdem tempo ou espaço. Onde
quer que estejam, aproveitam as brechas para semear as suas sementes
do amanhã. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Eles sabem ser convincentes, por usar uma linguagem sincera e
franca, não atacando e nem condenando. Eles apenas defendem e
valorizam as suas ideias. As antigas construções, em sua maioria,
já tinham sido derrubadas. Contra esse descaso do poder público com
a história da cidade, eles mostravam ações, de proteção ao
patrimônio histórico e arquitetônico, ocorridas noutras cidades, e
que resultaram em benefícios para a população. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Alguém alegou que o progresso exigia a construção de novos
prédios e de novas avenidas mais amplas para atender ao crescimento
das cidades. A resposta foi incisiva e imediata, “mas sem destruir
o que já existe e que faz parte da história local”.</b></span></div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>O entrevistador insistiu num progresso de mais prédios para
abrigar mais gente e avenidas mais largas para receber os novos
veículos. Ao ser indagado sobre essa necessidade de expandir o
acesso à moradia e ao transporte, Gibran respondeu com simples
perguntas: “e os espaços livres para as caminhadas, as praças
para os encontros de fim de tarde, a pureza do ar para sentir a
fragrância da floração de primavera e os grandes parques para o
lazer dos jovens”? O que fazer além de se deslocar de automóvel,
escalar enormes espigões dentro de elevadores velozes e furiosos e
ficar trancado dentro de cubículos de concreto? </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>A cidade era pequena, mas progredia vorazmente, em direção ao
destrutivo progresso das grandes cidades. Dentro em breve, novas
avenidas, novos prédios e menos praças e jardins. Gibran prosseguiu
pintando um quadro triste e desolador, calando o interlocutor e dando
um alerta do risco em confundir progresso com ocupação desordenada
do solo. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Ele mencionou outras cidades no mundo em que, a abertura de novas
vias de transporte, logo se mostrou infrutífera, diante do aumento
de veículos em circulação pelas modernas e convidativas vias. O
tráfego piorou com a expectativa de pistas melhores, mais largas e
mais bem sinalizadas, que eram atrativos a mais para serem ocupadas
pelos veículos que, ou ficavam nas garagens, ou ainda estavam nas
agências, à espera de comprador.</b></span></div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Gibran concluiu que não era expandindo as possibilidades de
circulação e ocupação que os problemas urbanos seriam resolvidos,
mas com planejamento e desenvolvimento que privilegiasse a qualidade
de vida. E, como ele costumava dizer, qualidade de vida é pureza no
ar e na água, e segurança nas ruas. O resto vem a reboque.</b></span></div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>O jornalista que o entrevistava gaguejou, antes de reconhecer que,
realmente, mais gente e mais trânsito circulando pela cidade não
podiam ser creditados a favor da qualidade de vida. Gibran defendeu
destinar-se mais ruas somente para pedestres, construir e preservar
praças ajardinadas com pequenas conchas acústicas para recitais e,
ambientes aconchegantes em ruas e largos, para a colocação de mesas
e cadeiras para relaxantes bate-papos regados a café ou chá.</b></span></div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>O casal se despediu dos ouvintes, com um alerta de que tudo que
defendiam não era utopia, mas projeto de vida para um futuro sadio.
Governantes e governados precisavam dar as mãos e planejar a cidade
do futuro. Nada de riquezas e ostentações, mas conforto, beleza
natural e vida saudável. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Aquela volta para casa foi revigorante, num sol morno e a brisa
perfumada. As sementes foram lançadas numa maior quantidade pelas
ondas do rádio. Muitas se perderiam às margens do caminho, outras
seriam tratadas com cuidado, mas por muito pouco tempo. E poucas,
muito poucas germinariam e atingiriam a consciência do povo num
tempo futuro. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-size: large;"><br /></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b> </b></span></div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b> CAPÍTULO DEZOITO</b></span></div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Gibran se esticou na rede, e perguntou a Helga o que ela achou da
entrevista. Ela pensou antes de responder, e disse que não esperava
grande coisa, além de um burburinho entre amigos. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Se as grandes redes noticiassem algo semelhante, em rede nacional,
talvez houvesse alguma repercussão que provocasse mudanças de
comportamentos. Mas, uma entrevista em rádio local, para uma
população pouco esclarecida, não ia influir muito. Ela só
defendeu a iniciativa, para não desprezar uma chance que podia
atingir uma meia dúzia de pessoas. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Gibran aproveitou a deixa para lamentar que a sociedade iludida
entregasse nas mãos dos poderosos da mídia o direito de criar
verdades. O que acabava prevalecendo não era a verdade em si, mas o
mais moderno e as tendências predominantes a partir de pesquisas
manipuladas por interesses econômicos. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Os meios de comunicação divulgam mentiras com sabor de
comprovadas verdades. Os anúncios de televisão são verdadeiros
primores de mentiras oficiais. A qualidade exaltada, a riqueza
ofertada, o cenário fantasioso, tudo conspira para uma perfeita
encenação de verdades fabricadas. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Tem gente que crê em tudo que ouve e que vê. E para justificar
sua ingênua credulidade, essas pessoas afirmam que se não fosse
verdade, a televisão não mostraria daquele jeito. E assim as massas
se deixam manipular, enganadas por falsas notícias e argumentos
enganosos. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Helga lembrou-se da conversa com amigos sobre o livre arbítrio.
Ela protestara, perguntando que livre arbítrio estava sendo alegado.
Livre arbítrio pode ser tudo que se imagine ser, menos livre. As
opiniões são próprias ou conduzidas pelos meios de comunicação?
Quem estuda os temas que são levantados pelos órgãos de imprensa?
Quem avalia as afirmações dos formadores de opinião pública,
antes de dar a sua opinião? </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Dizia Gibran, pensando em voz alta, que o povo parecia um bando de
zumbis, repetindo frases feitas, cantarolando músicas destituídas
de valor e comprando produtos sem antes refletir se querem mesmo ou
se precisam do monte de bugigangas oferecidas a perder de vista. Eles
não passam de robôs comandados pela esperta mídia que mente dentro
da lei. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>A rede televisiva apregoa princípios e padrões, mas, anuncia
bebidas, remédios enganosos e produtos que envenenam o corpo. O que
importa mesmo é a conta milionária que sustenta campanhas
publicitárias. Se o que é anunciado faz bem ou faz mal, ou não
influi e nem contribui, não entra em discussão. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>O telejornal acaba de noticiar uma notícia real, mas no intervalo
uma propagando enganosa confunde a cabeça do cidadão. As notícias
se misturam com as propagandas, dando uma sensação a quem assiste
que uma está integrada à outra, e que pode confiar na mensagem do
intervalo. Tudo enganação! A mentira dita em horário nobre, em
rede global, passa a ser verdade. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Por tudo isto, e muito mais, as pessoas perderam o referencial da
verdade. Ninguém mais se preocupa com o que diz, basta um simples
desmentido e fica o dito pelo não dito. O hábito da mentira gerou o
boato, que é o filho mais novo da mentira, e que já está bem
crescidinho. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>As propagandas enganosas se sucedem, desafiando as leis, enganando
o consumidor e fazendo crescer o faturamento das empresas. As
consequências ficam por conta dos grandes escritórios de advocacia
que minimizam os efeitos com processos longos e inconclusivos, em sua
grande maioria. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Estas reflexões tiram Helga do sério, e deixam Gibran pensativo
e calado. Ela acredita que é preciso fazer alguma coisa, ele confia
e espera, e enquanto espera trabalha. E para consolar Helga, ele
argumenta que as pessoas ficaram acostumadas a serem comandadas, e
não valorizam suas opiniões e não se dão conta que não mais
tomam decisões pessoais. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Longe de se acalmar com a intervenção de Gibran, Helga ataca com
maior indignação os que são levados no cabresto e reclamam de
tudo. Ela ataca a sociedade dos “coitadinhos de mim”, onde todos
resmungam e cobram ajuda, como se os outros, alguns que não eles,
devessem assumir as suas tarefas. Quando esses outros resolvem ajudar
o preço é muito caro, ainda que possa ser pago a médio e longo
prazo, em prestações mensais, nem pequenas e nem suaves. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Gibran intervém, e pede para Helga se acalmar, e promete que tudo
vai mudar com a chegada dos novos tempos. Ela ouve, e ele fala desses
tempos que cobrarão novas atitudes, quando quem não comandar seu
próprio destino não terá motivo para permanecer no mundo. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Helga pergunta: - e os manipuladores, os falsos guardiões da
verdade, as redes globais e os bons mocinhos que douram as notícias
enobrecendo as mentiras? Esses também perderão poderes e serão
reconhecidos como inimigos da humanidade. Novas sementes formarão um
novo campo humanitário, com frutos nobres e sadios, nascidos da
liberdade de um solo fértil e produtivo. Os novos frutos trarão um
sabor diferente à vida na Terra. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Helga olhou com um jeito meio irônico para Gibran, e exclamou:
“Lá vem você com essas imagens de lavoura e campo, como se
vivêssemos numa sociedade rural em outra época e lugar”.</b></span></div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Ele sorriu, balançou a cabeça, e preferiu mergulhar em suas
reflexões. No silêncio de sua mente, ele visualizava uma nova
sociedade, ordeira e hospitaleira, abrindo as portas para os
visitantes e acolhendo no coração os desvalidos e ignorantes. Ela o
acusava de otimista e sonhador, e talvez ela tivesse razão. Mas, ele
tinha os seus motivos para ser assim.</b></span></div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Era melhor sonhar dormindo, pois o corpo pedia repouso. A noite
chegaria trazendo paz ao sítio exterior e ao interior. O frescor da
noite convidava para o aconchego da cama. Dois corpos se aqueceriam,
por dentro e por fora. Mas, isto já faz parte da privacidade do
casal!</b></span></div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-size: large;"><br /></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;">
<br />
</span><br />
</div>
Gilberto Gonçalveshttp://www.blogger.com/profile/13146396337468632847noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-2108976697604275591.post-15879971338300718392018-11-23T18:36:00.004-02:002018-11-23T18:36:53.754-02:00OS SEMEADORES DO AMANHÃ - CAPÍTULOS 13, 14 E 15
<div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>CAPÍTULO TREZE</b></span></div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Agora, vamos encontrar Gibran falando numa Audiência Pública,
que trata da educação como meio de conquista social. Ele afirma
para um público atento que, aquilo que for verdadeiro em qualquer
região da Terra, o é também no resto do mundo. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>A verdade, a sabedoria e a justiça não têm fronteiras e nem
limites. Elas passeiam pelos quatro cantos da Terra, viajam aos
confins do universo, ressoam em todas as galáxias e retornam ao
ponto de partida, intactas, sem quaisquer correções. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Ele dizia com firmeza, por convicção, que essa é a verdade que
vai prevalecer no ensino de amanhã. Não mais terá sentido a
repetição de fórmulas viciadas, que representam pensamentos de
alguns, mas que não servem para todos. Enquanto isso não for
aceito, o ensino prosseguirá decadente e cada vez menos valorizado. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Os jovens não mais se amoldam às antigas formas, e, insubmissos,
eles rejeitam os padrões arcaicos do ensino, e se manifestam, por
rebeldia, protestando e destruindo. Empolgado, ele se inflamava ao
exigir que cessasse essa cansativa e insistente transferência de
valores e sucessão de enganos, que se tornou o ensino nos últimos
tempos. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Gibran acusava a sociedade de estar condicionada a padrões que só
interessam a uma pequena elite, mantendo a grande massa escravizada a
mentiras, impedindo a maioria a ter acesso a uma vida plena e
prazerosa. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Em suas palavras, ele desafiava os governantes a começar uma
profunda reforma no ensino, abolindo-se, definitivamente, o hábito
de só transferir conhecimentos, impostos como exatos e
inquestionáveis, trocando-o por uma profunda busca das verdades
eternas, que vinham sendo sufocadas pela inquisitora ciência
materialista. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Ele afirmava enfático que tudo evolui no universo, sendo a
criatura humana parte desse processo evolutivo, num processo
interior, consciente ou não. Essa evolução tem sido responsável
pela recusa das novas gerações em aceitar as escolas com seus
métodos ultrapassados e inadequados. Era preciso mudar, e mudar já.</b></span></div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Enquanto não se dá a mudança, o nosso casal de semeadores segue
semeando arquétipos futuristas em solo pedregoso. As sementes sutis
e fluídicas não são bloqueadas, elas penetram nas rochas duras e
começam um processo de germinação que amolecerá a pedra e
permitirá o surgimento de embriões dos frutos do futuro. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Helga passava os mais criativos dons das artes e da natureza.
Gibran estimulava novos comportamentos e projetos de educação
inspirados numa sociedade idealista e justa. Eles semeavam a boa
semente em solo fértil. As suas sementes não eram de hoje, eram as
dos frutos de amanhã. Eles também não eram semeadores comuns, eles
eram os semeadores do amanhã. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><br /></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b> CAPÍTULO QUATORZE</b></span></div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Enquanto a maioria se lastima da vida, eles projetam o amanhã e
semeiam. Muitos recorrem aos Bancos e Financiadores de Sonhos, eles
apenas trabalham. A sociedade luta contra as poderosas forças da
natureza, o casal respeita e confia nos Espíritos da Natureza. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Sementes de saúde, de educação, de justiça, de cultura, de
amor, vão sendo espalhadas ao sabor do vento, adubadas pela matéria
orgânica mental e germinam ao se integrar aos solos em que venham a
repousar. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Só quem entende o poder dessas energias é quem confia no futuro
da humanidade. Eu entendo e confio, e eles também, o que, de fato, é
uma coisa só. Paradoxal, enigmático, um koan? Talvez, quem sabe!</b></span></div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Não é simples e nem fácil acompanhar certas imagens que
procuramos projetar em suas telas mentais, algumas hão de dar nó na
cabeça, como a do parágrafo anterior. Tentem relaxar e se deixem
envolver pela essência mágica de nossas palavras que tudo fica bem
mais fácil. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Comecem deixando de lado as exageradas racionalizações que
prevalecem no mundo materialista que governa suas vidas. Se a dor de
cabeça mesmo assim persistir, se recusem a consumir analgésicos e
aprendam a dominá-la por sua força de vontade. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Pensem numa faixa de prata, envolvendo a cabeça, na altura da
testa. Sintam a frieza do metal de encontro com a pele e pressionem
mentalmente os pontos de dor. Imaginem a cabeça envolvida por ondas
de energia de prata, inspirem profundamente e expirem com força,
dando uma ordem mental para que a dor cesse imediatamente. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Não pense mais na dor, que ela logo desaparecerá em obediência
à sua ordem. Se a dorzinha ainda persiste, repita o ritual, com
paciência e maior convicção. Nunca duvide dos seus poderes, eles
são ilimitados, é só acreditar.</b></span></div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Assim agem os nossos semeadores. Eles não temem forças
contrárias, eles sabem trabalhar as suas energias de poder. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Bem que eles tentam passar seus ensinamentos para parentes e
amigos. Eles ouvem e até entendem. Uma coisa, porém, é aceitar e
outra é ser capaz de segui-las. Trocar remédios por práticas
mentais é muito estranho, muito estranho mesmo! Se não dizem,
pensam. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>A maioria não acredita que possa existir poder maior do que seu
remedinho de cabeceira. Assim, perdem excelente oportunidade para
desenvolver suas faculdades psíquicas; esquecidas, desprezadas e tão
subestimadas. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>O nosso casal semeador faz discursos inflamados denunciando o
engodo no tratamento das dores e doenças somente pela ingestão de
remédios alopáticos. Eles esclarecem que, se as drogas químicas
são chamadas de remédios, só pode ser porque não curam, e só
servem para remediar. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Ninguém acredita que, se a causa não for removida, a dor que
sumiu aqui vai reaparecer ali. Os médicos levam tanto tempo
estudando para nos dizer exatamente o contrário, como evitar a
crença em remédios? </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>E se eles receitam remédios para dores e doenças, só pode ser
com a intenção de realizar a cura. Não é verdade? Não, não é.
Ou melhor, sim é, mas não exatamente. Ou quem sabe, melhor seria
dizer que eles pensam que é. É, é esta a resposta correta, eles
pensam estar certos, porque foi assim que estudaram, foi isso que
aprenderam.</b></span></div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Existem alguns médicos que já não pensam dessa forma, mas,
ainda são muito poucos. Estes são os mais experientes que
desenvolveram estudos e participaram de pesquisas que os levaram a
tais conclusões. No Brasil, eles são poucos, mas, nos países mais
desenvolvidos, nem tão poucos. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Eles fazem seus diagnósticos avaliando os aspectos emocionais e
psicológicos dos pacientes, e não somente os sintomas físicos.
Eles receitam práticas e terapias que curam a desarmonia entre corpo
e alma. Assim pensava Hipócrates, o pai da medicina. Assim concluiu
Samuel Hahnemann, o criador da homeopatia. Assim definia saúde, o
Dr. Bach, descobridor das propriedades terapêuticas dos florais.</b></span></div>
<div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
</div>
<div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
</div>
<span style="font-size: large;"><br /></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b> CAPÍTULO QUINZE </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Achei por bem abrir um novo capítulo para dar um enfoque menos
técnico, e mais comercial, sobre a medicina moderna. Fala-se da
máfia de branco, para rotular os médicos que taxam seus serviços
com preços exorbitantes. Eles são acusados de tratar pacientes como
meros objetos, quase não conversando e despachando-os para máquinas
que se encarregarão de diagnosticá-los com algum tipo de doença.
Sim, não há como escapar de algum órgão em mau funcionamento. As
máquinas modernas são detalhistas e não perdoam nada.</b></span></div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>A humanidade está doente. Esta afirmação é encontrada em todos
os estudos mais sérios dos órgãos mundiais de saúde. Se há tanto
remédio, tantos equipamentos e avançadas técnicas de tratamento,
como admitir esse estado caótico da saúde no mundo? E não vale
falar dos povos miseráveis e famintos de algumas regiões da África
e da Ásia.</b></span></div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Culpar os médicos por esse caos é insensato. Mas, absolvê-los
de culpa, talvez não seja uma sentença justa. As causas podem ser
encontradas no modo de vida da população mundial, em especial nos
grandes centros urbanos. Nessas megalópoles, são assustadores os
índices observados de doenças cardíacas, cânceres e outras
doenças degenerativas, sem esquecer os distúrbios psicológicos que
estão levando as sociedades à loucura. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Gibran costuma insistir que as doenças da humanidade têm suas
origens no excesso de comida, e não na fome; no coquetel de
remédios, e jamais na falta de medicamentos e na prevenção
indiscriminada de doenças por meio de vacinas. Na visão oriental, a
solução de qualquer problema não pode ser obtida nem com muito,
nem com pouco, mas com o perfeito equilíbrio entre as partes
envolvidas. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Pensando assim, Gibran, condenava tudo que era demais. Remédios e
vacinas estavam sendo consumidos em excesso, por recomendação
médica, e não por automedicação. As vacinas estão sendo
aplicadas a esmo, com a intenção de barrar as doenças, com isso
fragilizam o sistema imunológico. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Protegido contra umas doenças, o corpo humano, inflacionado de
vacinas, se fragiliza para novas doenças. O sistema imunológico,
aprisionado por tantas vacinas, abre a guarda e não produz os
anticorpos necessários para evitar a invasão de novos vírus. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>A medicina é voltada para a cura de doenças, e não para
preveni-las. A cultura das vacinas foi introduzida pelos laboratórios
internacionais com a cumplicidade do sistema financeiro e a
conivência dos governantes e políticos de, praticamente, todas as
nações. Gibran repetia o seu discurso sem descanso, sem dar trégua
aos interessados ou atoleimados defensores dos métodos de prevenção
por vacinas ou remédios. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Ele afirmava que um corpo sadio dispensa remédios. Se estes são
consumidos, preventivos ou terapêuticos, o corpo ou está doente ou
logo adoecerá. As universidades de medicina não ensinam os médicos
a tratar da saúde, mas somente de doenças. Os efeitos não poderiam
ser outros, vacinas provocando doenças, remédios alimentando
doenças.</b></span></div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Gibran fazia ressalvas, lembrando que não se muda a mentalidade
da humanidade antes que se passem algumas gerações. Enquanto isto,
remediar e não curar seria inevitável. A verdadeira cura é um ato
consciente que vem de dentro de cada criatura. A cura se dá de
dentro para fora, com a mudança de mentalidade e de atitudes. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Gibran trouxe para esta vida muitos dos sábios conceitos
aprendidos na última encarnação, herdando, do seu Mestre
Espiritual, todos os conhecimentos ocultos a serem semeados na vida
seguinte. Ele não se conformava com os desmandos sociais e políticos
que predominavam em todas as nações. Ele se rebelava contra as
absurdas leis que impunham as vontades de uns poucos sobre os
direitos da maioria.</b></span></div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Ele acusava a insana busca do dinheiro e do prazer pela vida
desregrada, cheia de vícios e desprovida de princípios éticos, que
predominava na maioria, senão em quase totalidade das sociedades do
planeta. Ele alertava que o consumismo desvairado era a maléfica
consequência desse sistema monetarista, em que o dinheiro explicava
e justificava tudo. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>A humanidade pagará um preço muito caro por essas práticas
materialistas que prevalecem na vida das famílias, tornando-as
frustradas e fracassadas, vítimas da infelicidade imaginada e
promovida, a partir de conceitos de competição e lucratividade. Ele
escrevia livros, fazia palestras, para poucos, é verdade, e não se
cansava de repetir os cuidados e atenções com o que ele chamava de
efeito futuro. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>O mundo moderno terá de reavaliar seus rumos, e retornar ao
campo. As cidades serão forçadas a se esvaziar para sobreviver. As
terras terão de ser reocupadas de forma pacífica, sem lutas ou
invasões. A lavoura voltará a alimentar, aos poucos, mas de forma
inexorável, a maior parte da população mundial, recuperando os
espaços que tinham sido cedidos para a pecuária. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>No futuro, adubos químicos, nem pensar! Agrotóxicos serão
erradicados e considerados sérias ameaças para o futuro da
humanidade. As pragas serão combatidas por métodos naturais com o
reequilíbrio da cadeia ecológica. A agroindústria se transformará
num empreendimento ambientalmente correto, unindo, de modo
inteligente, a agricultura e a tecnologia. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Quando o assunto se voltava para a preservação da natureza,
Helga não conseguia ficar calada. Ela acusava, provocava e condenava
métodos, técnicas e resultados. “Tudo está errado”, afirmava
com a sua convicção ambientalista. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Quem pensasse que eram arroubos emotivos de uma fanática
desgovernada, logo mudava de ideia, diante dos argumentos calcados em
teses de conceituados estudiosos da natureza como Burle Marx e
Lutzenberger. Helga dominava a matéria, e poucos se habilitavam a
contestá-la. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Os nossos semeadores trabalhavam em dupla, eram afinados no canto
e ritmados nos passos. A abertura das sinfonias ecológicas costuma
ficar a cargo de Gibran, mas os principais solos eram de
responsabilidade de Helga. E, quando ela assumia o seu canto, todos a
ouviam boquiabertos. Ela era perfeita!</b></span></div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Em casa, os dois recordavam suas lutas, e, às vezes, confundiam a
vida de agora com a de outrora, os verdes campos da sua serra com as
florestas das terras onde viveram na última vida. Ele a relembrava
de suas vidas, do seu estudo e dos jardins de ervas que ela cuidava.
E, assim, permaneciam por algumas horas, até que o sono chegasse. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Abraçados, eles sonhavam com o novo dia, que sempre lhes
reservava boas surpresas. Dormiam juntos, sonhavam juntos e se amavam
sempre, pois, para eles, a vida era um sonho de amor. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;">
<br />
</span><br />
</div>
Gilberto Gonçalveshttp://www.blogger.com/profile/13146396337468632847noreply@blogger.com6tag:blogger.com,1999:blog-2108976697604275591.post-2132467423924826172018-11-16T00:04:00.001-02:002018-11-16T00:04:37.788-02:00OS SEMEADORES DO AMANHÃ - CAPÍTULOS 11 E 12
<div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>CAPÍTULO ONZE</b></span></div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>A humanidade desconhece a existência dos semeadores. E se os
conhecesse pouco se importaria com eles. Nem os seus amigos mais
próximos os reconhecem como semeadores, desconhecendo o papel que
desempenham na evolução do planeta. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>A massa tresloucada move-se de um lado para outro, sem saber de
onde veio ou para onde vai. Fala-se de guerras, crises e epidemias.
Comenta-se a decadência da civilização moderna, como se fosse algo
alheio a cada um dos críticos. Ninguém assume responsabilidades, só
se critica tudo e todos. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Uns afirmam, com absoluta isenção, que o mundo não tem mais
jeito. Outros, que as coisas só vão mudar quando acontecer uma
grande catástrofe. Guerras e cataclismos já foram anunciados, não
aconteceram, mas, a vida prosseguiu sem que nada se alterasse diante
das ameaças de fim do mundo. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Entre o medo do fim da vida e a esperança por novos tempos, a
humanidade caminha quase que decepcionada com a ausência das
desgraças contidas nas profecias catastróficas. Todos preocupados
com o seu amanhã, negligenciam o hoje, como seus antepassados
fizeram no longínquo ontem. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Plantavam más sementes, e queriam colher bons frutos. Não
plantam, hoje, e esperam uma colheita farta, amanhã. Falam de
crises, e põem as soluções nas mãos de estranhos. Censuram os
governantes, e não conseguem pôr ordem em casa. Condenam epidemias,
e são incapazes de manter saudáveis os seus pensamentos. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Decadente, a humanidade se debate aflita, temendo o final dos
tempos, enquanto poucos se dispõem a mudar os hábitos. Tentam ser
felizes buscando o progresso a qualquer preço, e encontram doenças
e remédios. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Os laboratórios produzem remédios para os sadios adoecerem, e
serem obrigados a consumir medicamentos, que só enfraquecem seus
organismos já debilitados pela inércia provocada no sistema
imunológico. Os Planos de Saúde são na verdade Planos de Doenças,
pois não há nada que se pareça com planejamento para evitar
doenças. O que existe mesmo é o tratamento de um número cada vez
maior de doenças, com exames caríssimos, não cobertos pelos
Planos. A nossa semeadora, sempre que se depara com situações do
gênero, pergunta com ironia: “Quem está ganhando com isto?”. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Diante de uma humanidade doente, fragilizada pelo excessivo uso de
remédios e vacinas, o nosso casal se recolhe para sorver o seu chá
de ervas, e agradecer aos Mestres por mais um dia saudável. Dia que
começa no coração da terra, passa pela alma das plantas e vibra na
alma da gente. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>O nosso casal de semeadores semeia a saúde com ervas, florais e
homeopatia. Eles vivem aconselhando amigos e conhecidos a buscar,
dentro de si, as fontes de cura. Antes de ir ao médico, é muito
saudável procurar entender o que está ocorrendo com seus corpos.
Eles recomendam que se procure relembrar os últimos acontecimentos,
nos quais estarão as pistas para as doenças. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>A saúde, dizem eles, é algo muito valioso para ser entregue de
mão beijada, nas mãos de estranhos. A maioria não entende bem onde
eles querem chegar, apesar de quase todos concordarem. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>As pessoas admitem que o que eles dizem tem sentido, mas, difícil
mesmo é se controlar, na hora da dor. Sem pensar duas vezes,
corre-se para o médico, se faz exames e se toma remédios. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Os exames dão os diagnósticos, o que os médicos modernos, quase
nunca, são capazes. Os remédios mascaram as doenças, fazendo os
sintomas desaparecer, como se fizessem a cura. Como se desliga um
alarme, sem saber as causas, os sintomas são desligados, sem saber
as origens. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Os pacientes ficam felizes porque não sentem mais dor, e os
médicos lavam as mãos, transferindo as responsabilidades para os
exames e remédios. Até mais tarde, quando voltam a se encontrar,
médico e paciente, para curar uma nova dor, em outro local do corpo.
As antigas causas voltam a disparar o alarme, avisando que não foram
eliminadas, apenas mudaram de lugar. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Mais uma vez, exames e remédios, ou até quem sabe uma cirurgia.
Corta-se e retira-se um órgão, com a mesma sem cerimônia com que
se invadiu o corpo do paciente com uma química inibidora, que
encobre, mas não cura. E a vida fica fora de controle, entregue a
quem passa a ditar as normas e a assumir o futuro do paciente. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>O doutor foi tão bonzinho, e afinal ele estudou para cuidar das
doenças! Mas, não aprendeu a lidar com a saúde. A mente é a força
vital. Tudo começa na mente, passa pelo emocional, até se
manifestar no corpo físico. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>A medicina costuma aceitar a influência do físico na mente, mas,
muitos médicos ainda relutam em admitir o inverso. É ainda a
teimosa ciência materialista, lutando para se manter viva. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Gibran e Helga empregavam o poder mental para suas curas. É claro
que eles tinham seus problemas de saúde! A diferença é que eles
sabiam que suas origens eram psicoemocionais. Quando surgia um
pequeno sintoma, eles percebiam que acontecera alguma distração no
processo de policiar seus pensamentos e emoções. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>A visualização de imagens curativas harmonizava as energias que
estavam em desequilíbrio. Com cores, luz e imagens, eles geravam
processos mentais de cura, e usavam afirmativas para condensar
energias curativas em torno da região atingida. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>A saúde para eles, porém, começava nos hábitos alimentares e
na relação perfeita com a natureza. Eles sabiam que a saúde
dependia do consumo equilibrado de verduras, legumes, raízes, grãos,
fibras e frutas. Não comiam carne, nem vermelha, nem de nenhuma
outra cor. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Atualizados com a forma de criação para o abate, incluindo
estímulos artificiais, eles viviam alertando sobre os sérios riscos
de saúde com o consumo de carne vermelha e aves. Os mares poluídos
desaconselhavam ingestão de peixes. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Aos que moravam nas grandes cidades, eles alertavam sobre a vida
estressante, um veneno que mata com o tempo. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Os nossos semeadores acompanhavam a desgraça que tomava conta da
humanidade. As doenças se sucediam, com nomes novos e causas
antigas. Os organismos se debilitavam pela poluição, estresse e
excesso de remédios, fragilizando o sistema imunológico. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>As drogas eram ingeridas como balinhas inocentes, a qualquer
incômodo ou prevenção. Aspirinas, calmantes, estimulantes eram
inibidores das reações naturais do organismo. As doenças surgiam
como efeitos dos tratamentos de saúde. O organismo se enfraquecia
com os tônicos modernos. Os anticorpos se inibiam pelo uso excessivo
de drogas. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>O casal sabia que a medicina, lá no alto do seu pedestal, não
sabia como evitar os males, só sabendo combatê-los. A cada combate,
um efeito colateral, pior do que a doença. Cortava-se e operava-se,
por qualquer motivo. Alguns poucos médicos arriscavam suas imagens
perante seus pares, para provar que era preciso considerar outros
agentes não físicos, no diagnóstico das doenças. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Os pensamentos, as palavras e as visualizações dos nossos
semeadores recriavam arquétipos, que serviriam para aqueles que os
acessassem em busca de inovações nos métodos de cura. As novas
sementes mentais eram plantadas e replantadas. Os novos conceitos
eram absorvidos e ajudavam a mudar a mentalidade das pessoas. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Diante da televisão, eles balançavam a cabeça, discordando dos
rumos estabelecidos pelas elites do poder que ocupavam os espaços
pagos na mídia. Eles repetiam mentalmente o que desejavam que todos
soubessem – a saúde começa dentro de cada um de nós, e só
existe enquanto cremos possuí-la, e acreditarmos que possamos dispor
dela por nossa exclusiva vontade.</b></span></div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Eles repetiam essa afirmativa, e percebiam que uma forte energia
envolvia-os e se irradiava para locais distantes, onde seria
absorvida por muitos que buscavam respostas para seus questionamentos
de saúde. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Desligavam a televisão, se davam por satisfeitos e iam deitar. No
silêncio da noite, suas palavras ecoavam à distância e semeavam os
solos férteis. Respeitemos seus sonhos, e deixemos que durmam em
paz. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>O saco de sementes, a cada fim de noite, ficava mais leve. Novas
terras foram semeadas. Os frutos viriam com o tempo. Agora, é tempo
de descansar. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b> </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b> CAPÍTULO DOZE</b></span></div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>A nossa semeadora é imprevisível. É comum, ela atingir um alvo
que nem ela visava atingir. É o poder da sua intuição aliado à
sua força de vontade, e que se alimentam do seu senso de iniciativa.
</b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Lá vai ela em direção à escola do bairro. O que está
pretendendo agora? A diretora anda desanimada com tantos problemas
causados pelos alunos. Os professores, às vezes, pensam em entregar
os pontos. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Ela ouve que a escola precisa fazer obras que melhor atendam as
reivindicações dos jovens, mas nunca há verba. Ela dá opiniões,
tenta levantar o ânimo da diretora e volta para casa inconformada
com o que viu e ouviu. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Os alunos reclamavam que a escola não oferece atrativos que
despertem seus interesses. A diretora acusa os alunos de
indisciplinados, mal educados e até violentos. A escola pune, o
aluno se rebela. A escola ameaça, o aluno desafia. A escola suspende
ou expulsa, o aluno troca de escola. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Os que saem por insubordinação, entram na outra escola. De lá,
vêm alunos em situação semelhante, que entram aqui, e o rodízio
se sucede, não resolvendo o problema. Nada é feito para a correção
das causas. E o ensino, que devia ser o foco central, acaba ficando
em segundo plano. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Gibran e Helga criticam o método arcaico do ensino, e recomendam
os métodos de Rudolf Steiner, que vinham tendo êxito no mundo
inteiro. Ninguém sabe do que eles estão falando, ou já ouviram,
mas não fazem ideia do que sejam os tais métodos. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Crianças de alto grau de percepção mental estão nascendo,
demonstrando possuir muito mais conhecimentos do que pais e
professores. Essas crianças estão à frente do seu tempo. Elas já
nascem sabendo o que estão tentando ensinar. E o pior é que o
método é inadequado e os ensinamentos ultrapassados. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>As escolas insistem em usar critérios e ações que não
despertam qualquer interesse nesses jovens. Eles não têm o que
fazer nessas escolas. Eles sabem mais que os professores, ou são bem
mais inteligentes. As matérias são desinteressantes ou simplesmente
inúteis. Quem há de se interessar pelas aulas? </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>A juventude está cansada dessas verdades fabricadas em
laboratório para serem engolidas nas salas de aulas, ditadas por um
professor despreparado para lidar com crianças que já nascem
sabendo. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>O casal vivia repetindo que já era hora da informação ser
substituída pelo despertar espontâneo da sabedoria que todos
trazemos dentro de nós. Na Antiga Grécia, os filósofos, sabendo
disto, reuniam os discípulos e, no lugar de verdades fabricadas,
provocavam-nos com sucessivas perguntas. De pergunta em pergunta, as
verdades adormecidas iam aflorando, com respostas, tão espontâneas
quanto sábias. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>A sociedade teme as manifestações espontâneas, que promovem
verdades fora do controle da elite do poder. Essas fogem do controle,
por serem imprevisíveis. Naquela época antiga, os filósofos gregos
também eram perseguidos sob a acusação de seduzir a juventude com
falsas verdades. Perseguidos e acusados de induzir os jovens a
rebeliões e confrontos, os filósofos eram condenados ao silêncio,
ou, como ocorreu com Sócrates, à morte. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Esta história de segurança nacional é antiga, existindo desde o
início dos tempos. Sob a alegação de proteger o povo, uns poucos
se arvoram de donos da verdade e de protetores da raça. Jamais o
povo armado e nas ruas foi a maior ameaça ao autoritarismo, e sim a
cultura. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Nenhum governo suporta um povo culto e consciente do seu poder
pessoal. Contra armas, o exército, contra a cultura, nada, além do
livre direito de expressão. Mentes sábias cultuam a liberdade e não
são subjugadas pela força. Gandhi deu o maior exemplo desta
verdade, convencendo os ingleses que as armas seriam inúteis, diante
da mensagem que ele passara para o povo indiano. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Gibran alertava os órgãos públicos que ele não se referia à
educação. Ele distinguia a educação da cultura, atribuindo, à
educação, a coleta de informações externas, e à cultura, o
despertar dos conhecimentos interiores, frutos do espírito que
habita tudo que existe no universo. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Pitágoras ensinava a seus seguidores que todos podem ter acesso à
sabedoria universal, quando se é capaz de manter conexão com seu
poder interior. O acesso a esse poder exige certo treinamento e
concentração, o que era ensinado em sua Escola de Mistérios. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Sabedoria responde às perguntas sobre a vida e a natureza, e isto
era considerado a ciência oculta ou espiritual. As questões
relacionadas ao mundo físico eram respondidas pela ciência física,
e, esta, sim, exigia informações externas. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Gibran tentava explicar que os métodos empregados se restringiam
às ciências físicas, desprezando as ciências espirituais. Ele
citava a física quântica, que poucos conheciam, presos que estavam
à física newtoniana, ótima para entender os fenômenos físicos,
mas inadequada para tratar de outras dimensões além da terceira.</b></span></div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Os ouvintes ficavam sem saber o que dizer. Física quântica era o
mesmo que falar grego, e as dimensões além da terceira, estavam
fora da realidade de qualquer educador. A alegação é que o
educador ganhava muito pouco para se preocupar com essas metodologias
que fugiam à regra. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Cultura, senhores, cultura, e não a educação salvará esta
humanidade! A verdade está contida na sabedoria, e não no excesso
de informações. A maioria delas é fabricada com o interesse de
desviar a atenção da sociedade para revelações que não são
importantes para a expansão da consciência. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Os mais bem-educados são os mais bem preparados para projetar
grandes planos de corrupção. Não são os pobres e ignorantes que
assaltam os cofres públicos, mas os doutores, os que possuem
diplomas nos seus históricos escolares. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>A educação sem cultura é uma arma nas mãos dos poderosos.
Educação, simplesmente, não traz a paz e o progresso a uma nação.
Cultura inclui estudos sobre ética, moral, filosofia, história dos
povos, física quântica, literatura, música e artes. E, para ficar
completa, a cultura de qualquer nação precisa unir ciência e
espiritualidade, como fizeram grandes civilizações no passado
distante. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;">
<b>Gibran insistia na antroposofia, mas poucos tinham ouvido falar
dessa técnica educacional. E, ninguém estava a fim de perder seu
tempo em pesquisar do que se tratava. Assim caminhava a humanidade,
reclamando de tudo, mas ninguém querendo fazer a sua parte. </b></span>
</div>
<div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<b> </b></div>
Gilberto Gonçalveshttp://www.blogger.com/profile/13146396337468632847noreply@blogger.com6tag:blogger.com,1999:blog-2108976697604275591.post-34722094624678991502018-11-09T08:29:00.001-02:002018-11-09T08:29:14.799-02:00OS SEMEADORES DO AMANHÃ - CAPÍTULOS 9 E 10
<div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>CAPÍTULO NOVE</b></span></div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>O povo perguntava como seria o progresso anunciado pelo casal?
Como definir esse progresso, diante de tantas carências presentes
nos tempos de hoje? O progresso seria o fator saciador da fome do
povo? Ou o doador das terras, das casas e dos empregos? </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>A sociedade deveria progredir para possuir ou conquistar para
progredir? O progresso vem primeiro e só depois as conquistas
sociais? É assim mesmo? Então, voltemos à pergunta inicial do
povo, e tentemos entender o progresso? Se formos capazes de
entendê-lo, poderemos vislumbrar as conquistas sociais. Caso
contrário, passaremos a vida procurando o caminho para as sonhadas
igualdades sociais, sem jamais encontrá-lo. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>De onde vem o progresso? O que será preciso para atraí-lo? As
pessoas ficam seguindo as notícias, como mariposas em volta da luz.
Elas sabem que existe, mas não conseguem alcançar o que procuram,
sem sucumbir antes de usufruir o seu conteúdo. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Aos poucos, a meta ambicionada vai sendo atingida, sem que se
perceba que ela é o ideal sonhado. O processo é longo e dinâmico.
A meta se transforma, à medida que dela nos aproximamos. Nós
queremos sempre mais e mais, e quando alcançamos o que almejávamos,
já não é mais aquilo que estamos querendo.</b></span></div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>No meio do processo, surgem as interferências comerciais. Novas
projeções são criadas para satisfazer interesses, mas são
maquiadas como novos sonhos de progresso. Terras para todos que não
têm. Casa própria para quem mora de aluguel. Emprego para todos,
com altos salários. Escola de alta qualidade, saúde de verdade,
tudo sem custo, e sem aumento de impostos. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Poderíamos ir desfilando a infinidade de sonhos que são
colocados na cabeça do povo. Promessas e mentiras que custam caro,
pois são promovidas pelos meios de comunicação que cobram muito
dinheiro por elas. Quem paga? Os interessados em enganar o povo e se
beneficiar da ingenuidade e ignorância das pessoas. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Os sonhos são vendidos sem custo, como se fosse possível
adquirir direitos sem deveres. O discurso é sempre o mesmo, que o
pobre já foi muito sacrificado, e não pode continuar pagando a
conta. Só não é dito quem vai pagar. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>O mais rico não abre mão de manter o mais pobre sob o seu
domínio. O pobre sonha, um dia, reverter esta situação, assumindo
o lugar do mais rico, e dominando os outros. E assim caminha a
humanidade, sem sair da zona de conflito. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Os nossos semeadores ficavam horrorizados quando ouviam as
promessas dos políticos de um progresso que traria fartura e riqueza
para todos. Quem, como, quando, onde? As perguntas não se podiam
calar. As respostas não eram ouvidas. Promessas, só promessas. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>O povo cobrava casas populares, os semeadores defendiam o direito
de cada qual poder construir a sua própria casa, com recursos
próprios obtidos com o seu trabalho. Ninguém conseguia entendê-los,
quando diziam que não se deve receber nada de graça. Eles tentavam
explicar que tudo tem um preço, e quando não se declara claramente
o preço do que se recebe, a cobrança virá de uma forma ilícita,
ou o preço será muito maior do que se possa imaginar. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Gibran se exaltava quando defendia suas ideias contra as casas
populares. Ele as considerava estigmas sociais, que discriminavam os
seus moradores e, não raro, privilegiavam uma meia dúzia de
apaniguados. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Da mesma forma, ele esbravejava contra a distribuição de terras,
sempre privilegiando os infratores e os mais agressivos, que usavam
de todos os artifícios violentos para invadir propriedades, armados
e dispostos a atacar quem se pusesse à sua frente. Os mais mansos e
pacatos, mesmo que mais necessitados, eram esquecidos e deixados na
miséria. Esses não davam notícia e não promoviam palanques para
os aproveitadores, sempre em busca de voto. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Gibran defendia reformar casas já existentes, no lugar de
construir aglomerados de casinhas padronizadas, batizadas de
populares. Ele entendia que o pobre que já tem a sua casa construída
em terreno de sua propriedade, só precisa de um financiamento a
juros baixos e de longo prazo, para ter a casa do seu jeito, uma casa
com a cara do dono. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Por que desmatar uma área, quase sempre em encosta de morro, o
que ainda é mais grave, para construir um ajuntamento de casas,
coladas uma na outra? Que situação deprimente, dizia ele, ser
discriminado socialmente como morador de casa popular!</b></span></div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Os custos das reformas seriam muito inferiores aos gastos com
criação de loteamentos e de infraestruturas caras, como acontece
com as casas populares. Os benefícios sociais seriam
incomparavelmente maiores, por não ser necessário remover famílias
para lugares distantes de seus amigos e parentes. Sem contar o fato
de que não haveria a discriminação de pobreza vitalícia, por
residir em conjuntos construídos para pobres. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Helga interferia alegando que o povo devia pedir trabalho, e não
emprego. Mas, esse discurso não agradava muito, pois a maioria não
quer trabalho, mas ganhar dinheiro. Emprego público é melhor ainda,
pois ninguém manda em ninguém. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Helga lembrava aos que pediam mais indústrias, que empregos
nessas grandes empresas são caminhos de mão dupla – festa na
inauguração da fábrica, demissão em massa, na primeira crise. O
povo não estava nem aí para as crises, só pensava em aproveitar as
vagas iniciais. Dali em diante, era ver para crer. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Gibran voltava a insistir no papel do governante, que, como ele
costumava dizer, é eleito para administrar recursos que permitam aos
governados progredir com suas vocações e talentos. A distorção
veio com os vícios administrativos, em que os candidatos prometem
empresas e parques industriais, como geradores de empregos. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>O que ninguém diz é que as indústrias modernas estão
contratando cada vez menos operários, pois, são as máquinas e os
computadores que se encarregam de quase tudo. No futuro, as grandes
indústrias serão as que contratarão menos empregados, produzindo e
faturando mais, e desempregando os iludidos que defenderam e
aplaudiram suas chegadas às suas cidades. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>O trabalho de fábrica, quando exige mão de obra humana, é quase
sempre repetitivo, sendo poucos os operários mais qualificados. Quem
trabalha para si é o dono de sua vida, é livre para criar. O
empregado é submisso às ordens do patrão, e está sempre sujeito a
demissões. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Ninguém pode negar a importância dos patrões para seus
empregados, assim como deles para seus patrões. Quantos reconhecem
essa dependência? Na verdade, são poucos, muito poucos, os patrões
que se dão conta de que devem promover uma harmônica relação
entre patrão e empregado. Em sua maioria, eles são ambiciosos e
egoístas, e quanto maior a empresa, mais se confirma essa afirmação.
Os empregados, também ambiciosos, e só pensando em si, não são
dedicados e fiéis às suas empresas. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>O sindicato de empregados alimenta as insatisfações e põe lenha
na fogueira, ou nas caldeiras. Os sindicatos patronais subvertem o
sistema, omitindo informações, invertendo números e pondo a
sociedade sob a permanente ameaça de crises e demissões. Os
governos, comprometidos política e economicamente com as elites do
poder acabam submetendo-se a elas, permitindo os constantes ciclos
caóticos da humanidade. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b> </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-size: large;"><br /></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b> CAPÍTULO DEZ</b></span></div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Gibran e Helga não se conformavam com tanta politicagem e
comprometimentos, reconhecidos por políticos locais como tramoias.
Eles se lastimavam e acusavam os governantes de serem responsáveis
pelo que de pior estava acontecendo ao planeta e à humanidade. Eles
sabiam que não era justo acusar somente os que governam, e deixar de
fora os governados. No fundo, era tudo farinha do mesmo saco. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Sem vontade própria, manipulado pelas elites e enganado pelos
meios de comunicação, o trabalhador é massa de manobra dos
governantes e de seus financiadores políticos, das associações da
classe empresarial e dos seus próprios sindicatos. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Partidos políticos iludem os trabalhadores e convencem-nos que
são melhores que os outros. Todos são hipócritas, e são
desmascarados assim que assumem o poder. Antes, durante a campanha,
sobram as promessas, depois de eleitos, falta tudo e não há verba
para cumprir o prometido. Mentiras, só mentiras!</b></span></div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>O povo desperdiça, e falta o essencial. Devasta o local onde
ergue sua casa, e a condição ambiental vai de mal a pior. O lixo é
jogado nas ruas, e reclama-se da prefeitura. Concentra-se nos grandes
centros, e protesta-se contra a qualidade de vida nas cidades. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Os governantes fazem vistas grossas às atitudes desleixadas do
seu povo, e assim garantem a reeleição. Não se controlam as
migrações, porque se perde voto. Não se planeja o desenvolvimento
urbano das cidades, pois se perde os currais eleitorais. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Os nossos semeadores visitavam a prefeitura, e tentavam convencer
os administradores a pôr ordem na casa. Não tinham verba, ou não
tinham caráter, não havia diferença. Eles voltavam para casa, e
mais uma vez indignados, armavam seus argumentos para o dia seguinte.
</b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Pobres semeadores, lutando contra solos estéreis. Tristes
sementes, sofrendo o ataque de destrutivas pragas. Pobres solos e
pobres pragas, dificultando e predando sua própria razão de ser.
Povo alienado e governantes atarantados, todos correndo em busca do
progresso, enquanto vão destruindo o que seus antepassados deixaram
pronto. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>O nosso casal não esmorece, e repete, dia a dia, o seu discurso
por esses caminhos hostis. Nessas caminhadas, as hostilidades são
respondidas com compreensão e as resistências com gentil paciência.
</b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Helga, às vezes, se irrita e perde a calma, se o tema é lixo e
devastação das matas. Gibran perde o bom humor com a manipulação
dos pobres inocentes iludidos por eternas promessas. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Nada os abala de verdade, a ponto de fazê-los desistir. Eles
sentem que um dever assumido com a vida precisa ser respeitado.
Alguma coisa parece lembrá-los, a todo instante, que eles estão em
missão, compromisso assumido num passado distante, que eles não
sabem quando. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Quando pensam que ela desistiu, ela aparece tentando convencer as
pessoas a plantar e a cuidar de seus jardins. Revistas debaixo do
braço, argumentos na ponta da língua, ela folheia as seções de
casa e jardim. As pessoas balançam a cabeça concordando, sem saber
com o quê. Elas estão seduzidas pela matéria, e plantas, flores e
jardins não fazem parte do tesouro que perseguem em busca de
riquezas. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>De casa em casa, de esquina em esquina, o casal semeador vai
lançando ao vento suas caprichosas sementes, que insistem em cair
entre os espinhos ou no meio das pedras. Os dois passam o dia
falando, e voltam para casa falando. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Tolos são os que acreditam que eles se cansarão de pregar no
deserto, e desistirão da missão. Quem pensa assim, não sabe do que
um semeador é capaz, quando traz nas costas o saco de sementes
sagradas, que frutificarão nos novos tempos. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-size: large;"><br /></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-size: large;"><br /></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b> </b></span></div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;">
<br />
</span><br />
</div>
Gilberto Gonçalveshttp://www.blogger.com/profile/13146396337468632847noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-2108976697604275591.post-88275844415812133712018-11-02T11:29:00.002-03:002018-11-02T11:32:55.614-03:00OS SEMEADORES DO AMANHÃ - CAPÍTULOS DE 6 A 8<div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm; margin-left: 5cm; text-indent: 1.25cm;">
<span style="font-size: large;"><b>CAPÍTULO SEIS</b></span></div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span>
<div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Em suas sacolas de sementes, nossos semeadores conduziam soluções
simples para velhos e intermináveis problemas. Eles diziam que os
dias de amanhã ressuscitariam a simplicidade. A tecnologia será
desmitificada, e o que se faz com muitos milhões, amanhã será
realizado com alguns míseros centavos. Os tecnocratas perderão seus
privilégios, e todos terão acesso às novas técnicas. A
humanidade, enfim, entenderá que máquinas são criadas para servir
o homem, e nunca para explorá-lo. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span>
<div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>A semeadura, no entanto, ainda encontra resistências. O solo não
está fértil o bastante para as novas sementes. O nosso bravo casal
não esmorece e prossegue no seu trabalho de semear hoje os frutos do
amanhã. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span>
<div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Lá estão eles, preparando as mudas que serão usadas para
reflorestar uma pequena área devastada. Muitos cruzam os braços
diante da devastação criminosa das florestas. O nosso casal planta
as mudas, uma a uma, de forma incansável e entusiástica. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span>
<div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Para muitos, eles não passam de loucos, para nós, eles estão
fazendo a parte deles. Se parecem loucos, é porque são diferentes
da grande maioria. E, num mundo de tantas loucuras, são os nossos
loucos os mais lúcidos. </b></span></div>
<div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span></div>
<span style="font-size: large;"><b><br /></b></span>
<div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b> CAPÍTULO SETE</b></span></div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span>
<div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Enquanto muitos se preocupam com os rituais nos templos, o nosso
casal de semeadores celebra na natureza, o verdadeiro cerimonial
sagrado. Ama a tua Mãe-Terra e o teu Pai-Céu que te tornarás o
Filho-Filha amado e amante, o Cristo renascido e não reconhecido. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span>
<div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>O tempo não para, e Gibran e Helga prosseguem em seu trabalho de
semeadura, recriando arquétipos e descerrando as cortinas do amanhã.
Eles mal se dão conta do que falam ou pensam deles, eles só
trabalham, como se sua obra estivesse atrasada e tivesse que ser
acelerada. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span>
<div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Nós, e só nós, que a tudo vemos, é que podemos reconhecer o
ritual celebrado, que vai atuar em elevados níveis da consciência
planetária. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span>
<div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span>
<div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b><br /></b></span>
<span style="font-size: large;"><b><br /></b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span>
<div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b> CAPÍTULO OITO</b></span></div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span>
<div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Crises, as eternas e repetitivas crises vêm e vão. Antes era a
inflação, agora o consumo. Desempregos, antes, e admissão em
massa, depois. Compras se reduzem e, logo, os novos picos de consumo
aceleram as contratações. A bolsa sobe, e todos compram, a bolsa
desce, e todos vendem. Os mais espertos compram e vendem antes dos
demais, e ganham mais. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span>
<div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Há de existir crises, para alimentar a hipocondria social do
povo. O desemprego, a casa própria, os sem-terra à cata dela, os
sem-teto invadindo prédios inacabados ou interditados. Os gays
protestam, as mulheres são assediadas, os machos agridem, uns
apoiam, outros condenam. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span>
<div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Ideias são aceitas, nem é preciso ser muito criativo, basta
criar fantasmas. E depois de criados, soltá-los nas sombras da noite
escura de almas assustadas e desarmadas. A todo instante, se renovam
os boatos e as ameaças de alguma tragédia, que um boateiro retirou
do fundo da cartola. Povo assustado, boatos valorizados e poderosos
entesourados. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span>
<div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>No meio disso tudo, lá estão os nossos semeadores, abastecendo o
povo com as armas da revolução do amanhã. Quem esperava por
metralhadoras, fuzis e canhões, se surpreende com as inocentes
bombinhas que são detonadas pelos nossos agitadores culturais. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span>
<div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Não esperem por indústrias para dar emprego ao povo, que vão se
cansar de tanto esperar. Casas populares são engodos políticos
para distrair o povo, que é atirado de um canto para outro, sem
poder escolher seu destino. As terras cobradas pelos sem-terra são
conquistadas, não por quem tem direito, mas pelos ativistas mais
violentos e agressivos. E, o enorme grupo de sem-justiça,
sem-cultura, sem-palavra, sem-especialização, como ficam eles? Não
ficam. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span>
<div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Seria sensato induzi-los a invadir e ocupar os objetos do desejo
de cada um? Violência gerando violência, para contrabalançar com a
mentira gerando mentira. As perguntas se sucediam na boca dos nossos
semeadores, e ficavam sem respostas. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span>
<div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Eles mesmos respondiam as questões por eles propostas. O
desemprego é sinal dos novos tempos, com máquinas no lugar do
homem. Estamos no limiar da contra-Revolução Industrial, com
operários retornando aos campos e fábricas informatizando-se ou
fechando. A mão de obra humana sendo substituída pela mão de obra
informatizada. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span>
<div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>O trabalho tomará o lugar do emprego. Carteira de trabalho
assinada se tornará pura demagogia política, de quem não está nem
aí para as consequências das onerações das micro e pequenas
empresas. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span>
<div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>O homem deixará de ser o robô que se transformou com a Revolução
Industrial, voltando às suas habilidades artesanais, como
respeitável criador de obras. As mentes se tornarão mais criativas,
e menos suscetíveis a serem enganadas. Cada obra será assinada
identificando o artista criador. Máquinas continuarão produzindo
produtos sem alma, o homem criará obras com vida. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span>
<div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>As chaminés não mais despejarão fumaça negra sobre as cidades.
O mundo terá de mudar por bem ou por mal. Se não for
espontaneamente, será por doenças e desgraças. A poluição será
erradicada, ou populações serão exterminadas. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span>
<div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>O futuro não admitirá poluição de espécie alguma, nem do ar,
nem do rio e nem do mar. Computadores se ocuparão da purificação
da vida na Terra. Cada família encontrará meios decentes de
sobrevivência, sem depender de esmolas dos governos. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span>
<div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>O empregado submisso a horários, marcando o ponto sob a
vigilância prepotente dos patrões, desaparecerá, dando lugar a
seres independentes e donos dos seus próprios negócios. Os negócios
de família voltarão a florescer e se tornarão microempresas
rentáveis e autossustentáveis. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span>
<div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Gibran se entusiasmava, ao falar dos campos novamente ocupados,
não por lavradores pobres e desnutridos, mas, por famílias de
classe média que, desiludidas com as grandes cidades, retornarão
para as terras, de onde seus ancestrais saíram cheios de esperanças
e ilusões. Os conquistadores das terras não mais serão os
violentos, mas os competentes.</b></span></div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span>
<div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>As terras passarão a ser tratadas com amor e respeito, não mais
invadidas por serras elétricas desmatando florestas, nem por
máquinas agredindo o solo sagrado. As áreas plantadas respeitarão
as matas nativas, como o homem branco deveria ter feito com as terras
indígenas. A sabedoria triunfará sobre a riqueza. Com o triunfo dos
sábios, a justiça redistribuirá os tesouros da Terra. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span>
<div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Este era o teor do discurso do nosso casal de semeadores, semeando
as boas sementes e confundindo os ouvintes. Ninguém conseguia
entender como as sementes frutificariam no amanhã. Não condenamos
os ignorantes, afinal de contas, as sementes não eram deste planeta.
Elas vieram de muito longe através dos tempos, para serem semeadas
no mundo de hoje e darem frutos no de amanhã. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span>
<div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Como cobrar entendimento dos pobres coitados que não entendiam
nada, se os frutos talvez só venham a nascer daqui a décadas,
séculos ou milênios? Ah, o tempo, como é difícil falar do tempo!</b></span></div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span>
<div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>A plateia ouvia os semeadores, e pensava como seria possível
viver sem a terra, sem casa, sem emprego. Afinal, a maioria era
formada de quem é sem quase tudo. Pobre humanidade, quanto
sofrimento diante das falsas formas, em desprezo das verdadeiras
essências!</b></span></div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span>
<div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Gibran dá a mão a Helga, pede licença e, os dois se retiram
calados, e se recolhem a seu templo. Ali, a vida flui sem ouro e nem
hora. O tempo não influi e nem contribui. Lá não existe nem patrão
e nem padrão. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span>
<div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>No mundo dos semeadores, tudo se restaura e tudo se reconstrói, e
nada se perde. As sementes das antigas civilizações dos deuses são
resgatadas na linha do tempo e servem como as boas sementes para os
tempos futuros. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span>
<div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span>
<div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>
<br />
</b></span></div>
Gilberto Gonçalveshttp://www.blogger.com/profile/13146396337468632847noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-2108976697604275591.post-41549602390148767742018-10-26T08:23:00.001-03:002018-10-26T08:23:29.468-03:00OS SEMEADORES DO AMANHÃ - CAPÍTULOS DE 1 A 5<span style="font-size: large;"><b>Aos que acompanharam com vivo interesse, a publicação de Memórias de um Profeta, ofereço, agora, a sequência da história de Gibran e Helga, a que denominei de Os Semeadores do Amanhã.</b></span><br />
<span style="font-size: large;"><b>Boa leitura, é o que desejo a todos.</b></span><br />
<span style="font-size: large;"><b><br /></b></span>
<div class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>OS
SEMEADORES DO AMANHÃ</b></span></div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>
“Eis que um semeador saiu a semear. Quando semeava, uma parte da
semente caiu ao longo do caminho e vieram as aves do céu e
comeram-na. Outra, porém, caiu em lugar pedregoso, onde não havia
muita terra; logo nasceu, porque não tinha profundidade de terra.
Mas, saindo o sol, queimou-se; porque não tinha raiz, secou. Outra
caiu entre os espinhos; cresceram os espinhos e a sufocaram. Outra,
enfim, caiu em boa terra e frutificou …”.</b></span></div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b> (Evangelho Segundo Mateus, 13, 3-9).</b></span></div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b><br /></b></span>
<span style="font-size: large;"><b><br /></b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b> CAPÍTULO UM</b></span></div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Egressos de um passado distante, eles surgem, sem serem
anunciados, para semear o futuro. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Rio de Janeiro. 1990. Gibran e Helga. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>A história começa na cidade do Rio de Janeiro, na década de 90.
O cenário principal logo se transporta para uma cidade qualquer, no
interior do Brasil, nem Norte e nem Sul. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Os dois cresceram, estudaram, amaram e se casaram. Eles não eram
comuns, divergiam das atitudes e costumes da sua época. Esquisitos,
assim eles se definiam, quando queriam justificar o seu modo de vida.
No início, nem tanto; mais tarde, não havia como negar. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Os conceitos e costumes que costumavam defender podiam dar a
impressão de que fossem meio loucos. De louco, no entanto, eles não
tinham nada. Eram duas almas muito à frente do seu tempo. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Conta-nos a história que, num certo momento, sem que nem eles
saibam o porquê, foram levados pelo destino para uma pequena cidade.
E foi lá que a verdadeira missão do casal começou. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Antes disso, nos dois anos que antecederam a mudança, muitos
sinais misteriosos e poucas explicações. Buscas desenfreadas por
respostas levaram-nos a palestras e estudos, que no lugar de soluções
trouxeram novas questões em suas mentes. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Uma conspiração do universo tirou-os, de repente, da vida
centrada que levavam, e arrastou-os para experiências místicas e
mistérios desconexos, que viraram suas vidas de ponta-cabeça. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>No Rio de Janeiro, eles não mais se sentiam à vontade. O rumo
foi traçado pelo destino, e a bússola espiritual apontou que
caminho tomar. Eles partiram numa viagem sem volta, em busca de suas
missões. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>A motivação alegada teria sido o desejo de uma vida simples, sem
as ambições e os vícios das grandes cidades. A verdadeira razão
ficou preservada com os dois, até que, tempos mais tarde, contaram a
verdade. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Conscientes das dificuldades dos primeiros anos, eles de nada
reclamavam. Aceitavam os apertos financeiros e as diferenças
socioculturais de seus novos vizinhos como experiências
indispensáveis à evolução de suas almas. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Amavam a terra como a um ser vivo, e tratavam as árvores e os
animais como irmãos. Admiravam as forças da natureza e cultuavam o
vento como mensageiro dos deuses. Agiam como guardiões das matas, e
vigilantes em defesa da preservação das árvores e da liberdade das
aves. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Moravam num sítio com vasta área de pasto, que pretendiam
reflorestar e transformar em reserva florestal de propriedade
privada. O meio ambiente era o foco central de suas atenções.
Viviam repetindo os alertas sobre o aumento da temperatura e o risco
da escassez de água potável no planeta. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Seus discursos ambientais eram fortes, e convenciam facilmente os
que os ouviam. Alguns, talvez, os achassem meio exagerados, mas não
se atreviam a contestá-los. Havia algo de profético em seus
alertas, como se houvessem recebido alguma mensagem sobre o futuro da
Terra. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Helga tinha como hábito citar notícias dos telejornais, com uma
interpretação toda pessoal, o que dava enorme consistência aos
seus argumentos. Gibran preferia um discurso bem mais político e
social, e talvez espiritual, mas, não menos lógico e consistente.
Eles reconheciam que estavam no mundo, mas não eram do mundo.</b></span></div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>A tarefa deles era árdua e quase solitária. Mudar a consciência
das pessoas não é um desafio fácil de ser vencido. A humanidade
estava condicionada a crenças que foram incutidas, através dos
tempos, pelo poder econômico, e reforçadas, ultimamente, pelos
meios de comunicação. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Não brigavam por dinheiro, apenas usavam-no para sobreviver. Não
lutavam, também, pelo poder, mas acreditavam que poderiam acessá-lo,
à medida que viesse a ser preciso. E, para concluir seus desapegos,
desprezavam a fama, mas zelavam pelo indispensável respeito às suas
palavras e atitudes. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>À primeira vista, poderiam ser censurados como pessoas
esquisitas, ou, talvez, como chegaram a ser chamados, como hippies.
No entanto, eles faziam parte de um raro e diminuto grupo de seres
diferenciados, reconhecidos como precursores de uma nova civilização,
chamados, entre os seus irmãos mais evoluídos, como os semeadores
do amanhã. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b> CAPÍTULO DOIS</b></span></div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>A cada final de ciclo, os hábitos e costumes das civilizações
encontram-se impregnados de vícios que, poucos conseguem mudar suas
crenças e atitudes, por sua repetição contínua e impensada. As
rotinas envolvem e consomem as sociedades, que se repetem sem
questionar nada, desde que não se sintam particularmente
prejudicadas. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Com o passar do tempo, as criaturas humanas vão adquirindo tantos
cacoetes que, num determinado momento de suas vidas, já nem se
recordam como eram antes. Elas repetem frases, seguem os mesmos
caminhos e, quando tentam algo novo, partem das mesmas falsas
premissas, que as levaram aos mesmos erros que tentam corrigir. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Quando os Mestres Avatares nascem entre nós, para trazer uma
mensagem de otimismo e de esperança, encontram os povos lamentando
da vida, chorando seus infortúnios e repetindo, dia após dia, os
mesmos atos que os conduziram àquele estado de miséria e
escravidão. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Em todos os tempos, as pessoas se submetem à vontade dos mais
ricos e poderosos, por se deixarem enganar por promessas e
encantamentos, que vão buscar no convívio com falsos libertadores e
sacerdotes hipócritas. É uma eterna transferência de
responsabilidades, em busca de liberdade e felicidade. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Depois de um ciclo completo, quando se repetem as causas com
efeitos diferentes, surge um Mestre pregando uma nova ordem,
anunciando verdades ocultas e incitando a população a reagir contra
os desmandos dos governantes. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Perseguidos e atacados de todas as formas, esses libertadores da
raça humana, depois de caçados e assassinados, acabam deixando uma
mensagem que repercute nos tempos futuros. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Nos períodos intermediários, entre a visita ao planeta de um e
de outro Mestre, surgem seres que têm a incumbência de despertar a
humanidade para um novo ciclo que se aproxima. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Essas pessoas são cidadãos comuns, ou aparentemente comuns, que
trazem para o mundo conceitos novos, princípios novos e ideias novas
– as sementes do amanhã.</b></span></div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Essas sementes precisam ser plantadas, como precursoras dos frutos
do amanhã. O solo ainda não é fértil para a germinação
espontânea, é preciso adubá-lo para que surjam as primeiras
florações. O adubo é o despojamento, a comunhão e a integração
amorosa dos semeadores, agindo nas mentes e nos corações de cada
criatura.</b></span></div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Os semeadores percorrem as terras, de norte a sul, semeando os
novos ideais. Estes crescerão lentamente, desprezados e recusados
por muitos, que, por desconhecerem sua essência sagrada,
permanecerão presos aos velhos conceitos viciados e reconhecidamente
fracassados. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>O tempo se encarregará de, pouco a pouco, disseminar as novas
ideias e despertar as consciências mais puras, mais suscetíveis às
transformações. À medida que despertam para os novos conceitos, as
criaturas vão assumindo a adubação dos novos campos semeados,
fortalecendo as ideias com a aplicação delas às suas vidas. E, por
fim, surgirão os operários que ceifarão e farão a colheita dos
campos férteis.</b></span></div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Enquanto esses tempos não chegam, acompanhemos os semeadores em
seu trabalho diário. Eles estão sempre produzindo ideias novas e
tentando incuti-las nos hábitos das sociedades a que frequentam. Os
mais desavisados alegarão que é impossível cumprir tal tarefa.
Mas, nada é impossível para os semeadores. Como diria o mestre
Jung, eles não creem, eles sabem. </b></span>
</div>
<div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b> CAPÍTULO TRÊS</b></span></div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>
– Querido, acode aqui, as formigas estão destruindo tudo.</b></span></div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>
– Estou ouvindo barulho de machado, alguém deve estar cortando
árvores, vamos lá ver. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>
– Nossa, os bois derrubaram a cerca outra vez!</b></span></div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Os brados de alerta se repetiam. Ora ele, ora ela, convocava para
a luta contra o inimigo comum – o predador. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Eles nunca podiam imaginar a existência de tantos predadores,
atacando a natureza de todas as formas. Vigilância constante e sem
tréguas. Bastava um simples piscar de olhos, para o predador
destruir a horta, a floresta, as cercas. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>A tentativa de ter uma horta durou pouco. Formigas e pequenos
insetos acabavam com qualquer muda ou semente. O solo arenoso
dificultava a fertilidade da terra. Com o tempo, os canteiros
passaram a receber terra de fora com muito estrume. Uma ou duas
safras foram suficientes; a guerra contra os predadores era maior do
que o trato com a terra. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Eles, depois de diversas tentativas, concentraram-se em pequenos
canteiros com as poucas variedades que não exigiam terra com muitos
nutrientes e pareciam ser imunes aos predadores. Plantaram algumas
frutíferas que se adaptaram bem à terra arenosa, e se deram por
satisfeitos. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>No início, os vizinhos não respeitavam as cercas, agiam como se
fossem donos das terras. Afinal, estavam acostumados a usar toda a
área como pasto! A lenha para os fogões da vizinhança costumava
sair daqueles bosques e capoeiras. O gado derrubava as cercas, que
eram mal construídas, pela inabilidade de Gibran. As formigas
atacavam as plantas e as folhas das verduras, sob o olhar atônito de
Helga. Um caos!</b></span></div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Corre daqui para combater as formigas. Sobe o morro atrás do
lenhador. Atravessa o terreno para espantar a criação. A plantação
serve de alimento para as formigas. O gado pisa os canteiros e come
as folhas de mandioca. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Os nossos semeadores tentam cercar a área, e na falta de toras de
madeira, usam a madeira que restou da obra de construção da casa.
Por economia, trocam o arame farpado por trançados de bambu. A terra
dura dificulta a fixação da madeira, deixando a cerca frágil e
dependente da boa vontade do gado. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Tudo vinha abaixo, ao contato do boi mais afoito com a cerca mal
construída. E lá vinha a boiada atrás do líder, pisoteando tudo
que havia sido plantado, e que lutava para resistir aos ataques das
formigas. Um desastre!</b></span></div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Conversavam com um vizinho, pediam ao outro para controlar sua
criação, e não deixá-la invadir as terras que, agora, têm dono.
Ninguém se nega a ouvi-los, e a prometer ajuda. No dia seguinte,
tudo se repete, como se nada houvesse sido dito ou prometido. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>A criação invade por baixo, o lenhador, por cima. Corre e segura
a cerca. Sobe o morro, e chama a atenção de quem com o machado na
mão alega estar só catando a lenha caída no chão. E lá vem
sermão!</b></span></div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>O homem humilde, com seu machado inerte, houve a preleção e
concorda com tudo que é dito. Sem florestas, a água acaba. Sem
água, não há vida. O problema é que eles precisam da lenha. Como
fazer? E mais sermão! Não derruba o tronco, apara os galhos. Cata a
lenha do chão. Num dia, sim senhor, no outro, o machado volta à
ação, e mais sermão. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Mudança do clima da Terra. Redução das chuvas. Ameaça de
desertificação, proliferação das pragas para a lavoura. O fim do
mundo. Tudo muito triste, horroroso, se vier a acontecer. Mas, e a
lenha, para fazer a comida hoje, e estar vivo amanhã?</b></span></div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>A cada final de dia, os nossos semeadores se sentem esgotados,
desalentados e com vontade de deixar tudo para trás, e sair em busca
de outras terras e de outra gente. O idealismo fala mais forte e, no
dia seguinte, lá estão os dois procurando novas fórmulas para
convencer aquele povo. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b> CAPÍTULO QUATRO</b></span></div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>
– Se não usar fertilizante, a terra não dá nada. Não se
combate as pragas, se não usar veneno. Queima o capim, antes de
plantar, não perde tempo com enxada. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>As frases se repetiam, e os dois as combatiam como perfeitos
esgrimistas diante de inimigos ameaçadores. Eles respondiam aos
ataques falando de matéria orgânica, como nutriente natural do
solo. Ao limpar o terreno, nunca se queima o mato, deixa-se tudo
cobrindo o solo. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Gibran e Helga cansavam de repetir para os vizinhos e para os que
cultivavam o solo que o uso de fertilizantes provoca a esterilidade
da terra e o surgimento de pragas. Ela explicava que o veneno é um
risco para quem o aplica e para quem come os produtos tratados com os
defensivos agrícolas. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Surgiam, então, os sermões ecológicos, falando da ambição do
homem, que trata a terra como inimiga, querendo retirar dela lucros
ilimitados, injetando-lhe química estimulante, que acaba por causar
danos irreparáveis às áreas cultivadas. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Citavam exemplos de culturas naturais que vinham apresentando
excepcionais resultados, como no horto municipal de Cachoeiro de
Itapemirim. Lá, graças ao cultivo de plantas sem agrotóxicos,
estavam sendo alcançados altos índices de fertilidade a custos
irrisórios. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Todos ouviam calados e balançavam a cabeça afirmativamente, mas,
a seguir, repetiam as antigas práticas como se nada fosse. Áreas
extensas eram queimadas e transformadas em pastos, desertificando
grandes extensões de terra. Os nativos chamavam a queimada de
limpeza do pasto, como se a vegetação fosse lixo.</b></span></div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Depois de feita a limpeza, tinha-se a impressão que o homem e a
natureza haviam se enfrentado mais uma vez, e ambos tinham saído
derrotados. Helga não se conformava, e repetia para quem quisesse
ouvir que o meio ambiente deve ser tratado com amor e respeito, pois
é nele que mora o homem. Qual é o nosso meio ambiente, senão o
próprio planeta! O que é o planeta senão a nossa casa, a casa de
todos nós, que o habitamos!</b></span></div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Ela clamava pela preservação da natureza, pelo cuidado com o
planeta, por ser dele que vem o alimento que mata a fome e a água
que sacia a sede. Todos a ouviam com atenção, mas, percebia-se que
não entendiam o que ela estava querendo dizer. Ela sabia que falava
para uma plateia de surdos, mas não deixava de semear, confiante que
uma das sementes encontraria solo fértil, e daria frutos num certo
amanhã.</b></span></div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b> CAPÍTULO CINCO</b></span></div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>
“Continua poluindo a tua cama e hás de morrer uma noite,
sufocado em teus próprios dejetos”. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Esta frase, extraída de uma carta escrita, em 1855, pelo cacique
Seattle ao presidente dos Estados Unidos, Franklin Pierce, resumia
bem o que o nosso casal de semeadores pensava a respeito do
comportamento humano. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Gibran e Helga não se conformavam com o lixo atirado nas ruas,
nos quintais e no entorno das casas pobres. Eles viviam a repetir que
pobreza não é sinônimo de feiura e sujeira. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Os dois viviam a pregar sua doutrina ambientalista nas casas dos
amigos, nas lojas de comércio, em cada esquina onde pudessem ser
ouvidos e, até mesmo, no interior do prédio da Prefeitura. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Eles se irritavam com as desculpas que ouviam, e não se cansavam
de repetir que não era a falta de dinheiro o motivo de tanto lixo,
mas o distanciamento da sociedade moderna dos hábitos simples, que
podem preservar a limpeza e a beleza de uma cidade, sem luxo e sem
obras faraônicas. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Argumentavam com os governantes e com o povo nas ruas, e percebiam
perplexidade nos rostos das pessoas com quem falavam. Todos lhes
davam razão, mas não sabiam o que fazer. A maioria da população
entendia que lixo era um problema do governo e não do povo. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Eles entendiam que não era tão simples assim, mas foram
conversar com o secretário municipal responsável pela coleta do
lixo. Depois de muito conversar, os dois saíram da visita com uma
sensação pior do que quando entraram. A conclusão a que chegaram é
que ninguém tinha controle sobre nada. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>O lixo era recolhido de forma inadequada e perigosa. A quantidade
de lixo crescia de maneira incontrolável. A área destinada ao lixo
já estava saturada. As ocorrências de queima de lixo se
multiplicavam, tornando-se atos criminosos, que já tinham fugido do
controle dos governantes. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Os dois costumavam voltar para casa, ao final da tarde, desolados
e desiludidos. Eles se questionavam sobre o futuro da cidade, com os
riscos de contaminação das águas do rio e do ar enfumaçado pelas
queimadas. A resposta era sempre a mesma “não há recurso para
resolver o problema”. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Quando eles insistiam no emprego de métodos simples, como a
separação do lixo, havendo uma coleta seletiva para garrafas,
latas, plásticos e papel, faltava caminhão e local para a guarda do
lixo reciclável. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Eles sugeriram uma campanha de conscientização da população,
para que todos enterrassem em seus quintais, os restos de alimentos,
que serviriam como adubo. E, para os prédios do centro da cidade,
que ficasse a cargo da Prefeitura criar uma pequena usina de adubo,
com a separação da matéria orgânica do restante do lixo. Eles
alegavam que era um método simples e barato. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>As respostas eram sempre evasivas, pois, ninguém estava disposto
a fazer nada, que não envolvesse muito dinheiro, com verbas de
muitas cifras, vindas do governo federal. Quanto mais dinheiro
envolvido, maiores as chances de desvios e favorecimentos políticos.
</b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Nem para salvar a própria vida, aparecia um voluntário, dentro
do serviço público. Enquanto isso, os cidadãos cruzavam os braços,
esperando que o governo fizesse a sua parte. Como isso não acontecia
ninguém se mexia. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Os dois voltavam desanimados, após as entrevistas com os
secretários de diversas pastas. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>
– Querido, a profecia do cacique Seattle está mais próxima do
que imaginávamos.</b></span></div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>
– Querida, os tempos mudaram, mas os caras-pálidas continuam os
mesmos.</b></span></div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm; margin-left: 5cm; text-indent: 1.25cm;">
<span style="font-size: large;"><b><br /></b></span>
<span style="font-size: large;"><b><br /></b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm; margin-left: 5cm; text-indent: 1.25cm;">
<span style="font-size: large;"><b><br /></b></span>
<span style="font-size: large;"><b><br /></b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm; margin-left: 5cm; text-indent: 1.25cm;">
<span style="font-size: large;"><b><br /></b></span>
<span style="font-size: large;"><b><br /></b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm; margin-left: 5cm; text-indent: 1.25cm;">
<span style="font-size: large;"><b><br /></b></span>
<span style="font-size: large;"><b><br /></b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm; margin-left: 5cm; text-indent: 1.25cm;">
<span style="font-size: large;"><b><br /></b></span>
<span style="font-size: large;"><b><br /></b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm; margin-left: 5cm; text-indent: 1.25cm;">
<span style="font-size: large;"><b><br /></b></span>
<span style="font-size: large;"><b><br /></b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm; margin-left: 5cm; text-indent: 1.25cm;">
<span style="font-size: large;"><b><br /></b></span>
<span style="font-size: large;"><b><br /></b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm; margin-left: 5cm; text-indent: 1.25cm;">
<span style="font-size: large;"><b><br /></b></span>
<span style="font-size: large;"><b><br /></b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm; margin-left: 5cm; text-indent: 1.25cm;">
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><br />
<br />
</div>
<div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm; margin-left: 5cm; text-indent: 1.25cm;">
<br />
<br />
</div>
<div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm; margin-left: 5cm; text-indent: 1.25cm;">
<br />
<br />
</div>
<div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm; margin-left: 5cm; text-indent: 1.25cm;">
<br />
<br />
</div>
<div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm; margin-left: 5cm; text-indent: 1.25cm;">
<br />
<br />
</div>
<div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm; margin-left: 5cm; text-indent: 1.25cm;">
<br />
<br />
</div>
<div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm; margin-left: 5cm; text-indent: 1.25cm;">
<br />
<br />
</div>
<div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm; margin-left: 5cm; text-indent: 1.25cm;">
<br />
<br />
</div>
<div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm; margin-left: 5cm; text-indent: 1.25cm;">
<br />
<br />
</div>
Gilberto Gonçalveshttp://www.blogger.com/profile/13146396337468632847noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-2108976697604275591.post-38098080150601596732018-10-12T14:31:00.000-03:002018-10-12T14:36:55.119-03:00MEMÓRIAS DE UM PROFETA - CAPÍTULOS 35, 36, 37 E 38
<div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>CAPÍTULO TRINTA E CINCO</b></span></div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>O Mestre indicou a data certa para a viagem, dia 11 de agosto, um
dia de mestre. Naquela data, havia um navio que partiria de Hamburgo
para o Brasil, repleto de viajantes ansiosos por participar dos
festejos da independência do Brasil. Gibran pensou consigo mesmo que
o Mestre não escolheria uma data em que não houvesse a previsão de
partida de um navio. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Passagens compradas, providências tomadas e recomendações
distribuídas entre os amigos e os vizinhos, o casal estava pronto
para conhecer a terra onde viveriam a sua próxima encarnação.
Gibran entregou a Wilhelm os manuscritos do livro, cujo título
deixou a cargo do amigo. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Helga surpreendeu Gibran, ao surgir com seus manuscritos sobre
ervas. Wilhelm sorriu e agradeceu a ambos, sem surpresa, pois fora
ele quem sugerira a Helga que reunisse num livro todos os seus
conhecimentos sobre ervas. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Véspera da viagem, malas prontas, cada detalhe revisto e
conferido, despedidas dos amigos em torno da mesa com pratos de sopa
de ervas. No dia seguinte, Wilhelm os transportaria até a estação
de trem. E dali para Hamburgo seria o trecho final em solo alemão. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Casa fechada, portas e janelas trancadas. Abraços nos mais
íntimos e poeira na estrada. Apitos de trens, disparados a tempos
curtos, anunciando os últimos minutos antes das partidas. Um aceno
de mão fechou a cena, deixando o amigo de pé na plataforma,
enquanto Gibran e Helga apertavam as mãos e sorriam sorrisos de quem
sonhavam com aquele momento. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Eles jamais voltariam à Alemanha. E nunca mais ninguém ouviu
falar daquele casal que saiu de Stuttgart para a terra prometida,
onde tinha um encontro marcado com o destino. Os festejos no Brasil
foram imponentes e fotos de construções de rara beleza
arquitetônica percorreram o mundo. Mas, de Gibran e Helga nenhuma
notícia, nenhuma foto, nenhuma lembrança. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>A história dos dois termina assim, sem revelar seus paradeiros.
Gibran e Helga desapareceram sem deixar rastros, assim como, em eras
passadas, Lao-Tzé, que nunca mais foi visto, após deixar o seu
livro que revela Deus, nas mãos de quem lhe pedira o favor de
escrever seus ensinamentos. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Gibran legou para um amigo as suas conversas com o Mestre, e
Helga, os seus segredos sobre as ervas. Do mesmo modo que Lao-Tzé,
cada qual tinha algo a deixar para a humanidade, revelações
sagradas e inspiradas por seres de outros planos. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>O livro de Lao-Tzé tornou-se a bíblia dos taoistas. O que se
tornaria o livro de Gibran e o estudo sobre ervas de autoria de
Helga? A resposta estará num tempo futuro, quando, talvez, nem eles
com suas origens brasileiras poderão testemunhar, por ser cedo ainda
para que as revelações do Mestre sejam confirmadas. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Wilhelm fez a sua parte, encaminhando os manuscritos para o
editor. Este tratou de engavetá-los, e distribuir desculpas e
mentiras, até a sua morte. O amigo não conseguiu resistir por muito
mais tempo após a morte do editor, e desistiu. O livro ficou
esquecido, e o casal, com o tempo, se tornou uma lenda local. Ninguém
mais ouviu falar dos moradores daquela casa abandonada, coberta de
mato e trepadeiras. Até que, em 1980, anos após o livro de Gibran
ter sido publicado por um neto do editor, que descobrira os
manuscritos guardados pelo avô, seu nome começou a ser conhecido em
alguns países, dentre eles a Alemanha. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>A conexão do autor com a cidade de Stuttgart foi o passo decisivo
para despertar o interesse das autoridades locais e da imprensa
naquela casa abandonada. Os vizinhos contavam histórias do casal,
que mais pareciam contos de fadas. Ninguém sabia dizer, exatamente,
de onde as revelações contidas no livro de Gibran tinham saído. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Falava-se de seres estranhos que, à noite, visitavam Gibran, e
que lhe teriam passado conhecimentos secretos, que foram transferidos
para o livro. Inventaram-se mentiras e engendraram-se mistérios em
torno do casal, que separar o falso do verdadeiro tornou-se
impossível. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Justificavam o estranho desaparecimento do casal através de
relatos de acontecimentos assombrosos relacionados a seres alados que
os teriam transportado para o cimo da Floresta Negra, onde teriam
adquirido a imortalidade. Uns falavam de naves no céu que os levaram
para seus mundos de origem. Outros, falavam de anjos e milagres. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>A realidade é que na Alemanha não havia nenhum sinal do casal. A
viagem dos dois para o Brasil foi uma ida sem volta. E, no Brasil,
quem teria alguma informação? Ninguém jamais ouvira falar de um
casal alemão que viera para o Brasil, em 1922, para participar das
festas dos cem anos da independência.</b></span></div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>CAPÍTULO TRINTA E SEIS</b></span></div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>O livro de Gibran surgiu nas livrarias no ano de 1976, provocando
muito interesse naquelas profecias que foram escritas na década de
vinte, e que relatavam acontecimentos que já tinham sido
confirmados. Muitos outros, previstos para dentro de mais cem a cento
e cinquenta anos, tratavam de transformações profundas nas
estruturas sociais. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Lançado sob o título Memórias de um Profeta, o livro ganhou
projeção mundial, sendo traduzido para, praticamente, todos os
idiomas. A discussão em torno do autor, que havia começado no seu
país de origem, logo se deslocou para o Brasil, local mencionado
como o da sua próxima encarnação. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Sem vestígios no Brasil, o que prevaleceu foram os fatos
ocorridos na Alemanha, e assim mesmo distorcidos pelas fantasias dos
que deram seus depoimentos. A obra impressionava pela exatidão dos
acontecimentos e pelas situações relatadas, todas verossímeis, por
se encaixarem com a época em que o livro foi escrito. Do autor,
porém, nada se sabia. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>O navio saiu de Hamburgo e chegou ao porto do Rio de Janeiro.
Entre os passageiros, não constavam os nomes de Gibran e Helga. A
única informação segura, obtida dos descendentes dos amigos do
casal, era a da viagem deles no navio que saíra de Hamburgo em 11 de
agosto. Este navio chegou ao Brasil, e na relação dos passageiros
não havia ninguém com aqueles nomes.</b></span></div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>O livro sobreviveu ao autor, e só não ficou conhecido como obra
de autor desconhecido, porque se lia na capa o nome do autor –
GIBRAN. Nada além do nome próprio, apenas GIBRAN. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>O livro de Gibran se tornou o livro de cabeceira de muita gente
importante. Políticos e cientistas acompanhavam os vaticínios sobre
os novos tempos. Religiosos e espiritualistas mantinham o livro
sempre ao alcance das mãos. Dizem que até mesmo o Papa guardava o
livro na gaveta da sua mesinha de cabeceira. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>O tempo tratou de se ocupar da sua parte, fazendo com que se
esquecesse de questionar sobre a vida e o desaparecimento do autor do
livro. Enquanto isso, as almas de Gibran e Helga viviam as suas novas
vidas, encarnadas em personalidades que também nada sabiam sobre
suas origens. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Nascidos em meados da década de quarenta, ele nasceu logo no
início do ano, e ela no final do ano. O ano de nascimento e os nomes
recebidos estão velados. A cidade do Brasil foi o Rio de Janeiro, a
mesma para onde eles se dirigiram vindos da Alemanha. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Eles demoraram cerca de 20 anos para se reencontrar, e, todo o
processo de aproximação foi comandado por adeptos de Saint Germain,
que supervisionava à distância o comportamento dos seus discípulos.
Habitaram na mesma cidade e no mesmo bairro, estudaram na mesma
escola e tiveram amigos comuns, os gostos semelhantes acabaram por
aproximá-los e as almas, enfim, extravasaram suas paixões. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Da paixão para o amor foi uma jornada tranquila, daí para a
união, um passo seguro e consciente. No início, a luta pela
sobrevivência, os karmas a resgatar, os sofrimentos naturais de quem
precisa passar por experiências e desafios até estar pronto para
reencontrar o Mestre. Este dia chegou, e com ele a mudança de vida,
a nova Iniciação celebrada por Melquizedec, numa comprovação do
nível de evolução das almas. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Mestre Saint Germain reatou seus laços Iniciáticos com ele, e a
Mãe Natureza, com ela. Os dois reassumiram suas rotinas de vida em
tudo semelhantes às de Stuttgart. Ele recebendo e passando
mensagens, ela cuidando da terra.</b></span></div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Ele e o Mestre se tornaram um só. Ela e a Mãe-Terra não tinham
distinção. Ele conversava com o Mestre que mantinha o seu foco
permanentemente centrado na mente dele. Ela recebia a inspiração da
Natureza, e seguida de fadas e elfos passeava pelas alamedas e
canteiros dos jardins. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Ainda nos dias de hoje, eles trabalham pela evolução da
humanidade. Protegidos dos males do mundo e inspirados pelos devas da
Obra, os dois semeiam esperanças nas mentes e nos corações
daqueles com quem convivem.</b></span></div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Eles sabem que são diferentes, que estão no mundo, mas não são
do mundo. Ele veio para a Terra, a serviço da Obra, há vinte e
cinco milhões de anos, trazendo-a consigo. Eles formam um par, há
milhões de anos, e por isso são perfeitas almas gêmeas. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-size: large;"><br /></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>CAPÍTULO TRINTA E SETE</b></span></div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Consta que as almas de Gibran e Helga prosseguem a serviço da
Obra como discípulos de Saint Germain. Sem grandes aparatos ou
ostentações, ambos cumprem suas missões. Exercendo funções de
mestres, cada qual atua numa área diferente, mas agindo em sincronia
perfeita com o Mestre Saint Germain.</b></span></div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Ele, após reencarnar no Brasil, adquiriu o livro de Gibran, assim
que foi lançado no mercado. E ficou encantado com os relatos do
autor, identificando-se, de imediato, com todas as revelações
contidas no livro. Transformou-o em livro de cabeceira, e não deixa
de consultá-lo sempre que ocorre um acontecimento extraordinário em
qualquer lugar do mundo. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Ele tinha a sensação de já ter tomado conhecimento daquelas
revelações, mas não sabia explicar como isso teria acontecido, até
que o Mestre Saint Germain voltou a se conectar. A partir do momento
em que voltou a se repetir sua ligação com o Mestre, ele, enfim, se
reconheceu como a reencarnação de Gibran. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Desta primeira constatação, até identificar Helga como a sua
esposa, foi mera questão de tempo. O livro de Helga também começara
a ganhar destaque, com a divulgação da editora de que se tratava da
esposa de Gibran. As suas informações sobre ervas se tornaram
referências nas cozinhas do mundo inteiro.</b></span></div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Com a mesma simplicidade, de quando encarnara como Gibran, ele
levava uma vida pacata numa pequena cidade do interior. Assim como
Gibran deixara Berlim para viver nos campos de Stuttgart, ele
abandonara o Rio de Janeiro e saíra em busca de paz de espírito e
qualidade de vida. O seu paraíso se assemelhava ao lugar onde Gibran
e Helga tinham habitado em Stuttgart, cercado de verde e num contato
muito íntimo com a natureza. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Do Mestre, ele passou a receber mensagens, conselhos e inspiração,
que aproveitava para pôr em livros e crônicas, publicados em
jornais e revistas, e, mais tarde, através da internet. Tudo que
precisava saber, ele consultava o Mestre, diante de um altar encimado
com a figura de Saint Germain. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>As respostas vinham claras e incisivas, não deixando margens a
dúvidas de que se tratava de uma linguagem sagrada, só encontrada
em Mestres e Seres de Hierarquias Superiores. Logo, ele se habituou
ao linguajar do Mestre, em tudo semelhante ao que ocorrera na
Alemanha com Gibran. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Ele e ela conversavam sobre todas essas maravilhosas ocorrências,
de se sentirem continuadores da obra de Gibran e Helga. Vez por
outra, corriam a consultar o livro, para comparar os acontecimentos
atuais com as precognições contidas na obra de Gibran. Depois de
algum tempo, já não mais se surpreendiam com as confirmações de
tudo que fora profetizado no livro. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Memórias de um Profeta tornou-se uma espécie de bíblia da nova
era. As suas proféticas recomendações começaram a ser adotadas em
diversas regiões do planeta, seguindo minuciosamente tudo que o
Mestre havia transmitido para Gibran.</b></span></div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>As buscas sobre o que acontecera com Gibran e Helga prosseguiam,
tanto na Alemanha como no Brasil. De vez em quando, surgiam notícias
dando conta de uma nova pista sobre o paradeiro do casal, assim que
eles pisaram em terras brasileiras. Mas, os indícios que indicavam
um determinado caminho, logo se mostravam insuficientes para se
chegar a alguma conclusão. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Gibran e Helga saíram de Hamburgo, no dia 11 de agosto de 1922
com o destino traçado por Saint Germain para que chegassem ao Rio de
Janeiro antes do dia 7 de setembro, quando ocorreria a grande festa
dos cem anos de independência. No entanto, não havia registro em
lugar algum, sobre a passagem ou a permanência do casal na cidade. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Todos os recursos vinham sendo usados para que se descobrisse
algum sinal que revelasse o destino do casal, em sua estada no
Brasil. Os descendentes dos amigos de Stuttgart ansiavam por
notícias, e temiam o pior. Mas, o pior para eles, talvez fosse o
melhor para o casal. Afinal, eles estavam sob a proteção do grande
Mestre do ocultismo, que melhor do que ninguém, segundo nos conta a
história, era capaz de desaparecer e ressurgir tempos mais tarde,
sem que se soubesse por onde andara e nem de onde viera. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Tudo levava a crer que os discípulos tinham seguido os passos do
Mestre, e desapareceram da face da Terra, sem direito, porém, a
ressurgir do nada, como era comum ocorrer com o Mestre. Desapareceram
como Gibran e Helga e reapareceram com novas personalidades, ainda
que nelas habitassem as mesmas almas que vinham viajando juntas
através dos tempos.</b></span></div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b> </b></span></div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>CAPÍTULO TRINTA E OITO </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Estamos chegando ao fim da nossa história, deixando para trás as
incertezas de uma sociedade acostumada a só pensar no pior. O medo
ainda prevalece entre os que julgando ter fé e acreditar na sua
religião, veem seu Deus como um ser vingativo e rigoroso, e às
vezes injusto por permitir desgraças e sofrimentos humanos. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Diante de um quadro em que, nem o Todo Poderoso é considerado
justo e confiável, tem se tornado muito difícil manter a
tranquilidade desta humanidade sofrida e amedrontada, que crê, mas
não sabe bem no que acreditar.</b></span></div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>As profecias do Mestre traçam um futuro promissor, que anima os
que leem a obra de Gibran, mas que, logo se desanimam, ao conferir as
notícias do dia. A vida segue o seu rumo, traçado pelo Criador, que
ninguém sabe bem como definir, se um zeloso pai ou um rigoroso
tirano. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Os crentes exaltam o amor do Pai pelos seus filhos, de preferência
pelos que seguem suas religiões. A ciência exalta o seu progresso e
tenta tranquilizar a todos com suas curas miraculosas, ainda que as
epidemias se agravem e as doenças curáveis logo sejam substituídas
por outras aparentemente incuráveis. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>A realidade é que ninguém é capaz de ouvir a mensagem do seu
Mestre, e tentar segui-la, como fez Gibran. A grande maioria só se
interessa pelos ensinamentos que favoreçam seus interesses pessoais.
Deus só é bom quando proporciona riqueza e sucesso. Caso contrário,
muda-se de religião ou entra-se em greve contra Deus. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Num canto qualquer do planeta as almas de Gibran e de Helga
cultivam suas crenças, cada qual ao seu jeito. Ele, seguindo as
palavras do Mestre, que voltou a se comunicar com o discípulo, como
fizera na Alemanha. Ela, amando a Mãe-Natureza, em quem reconhece a
Divindade no seu aspecto físico, e a quem oferece seus rituais
diários. Até quando, não se sabe. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>O Mestre já mandou um recado de que ainda tem muito trabalho a
ser feito, e que conta com os dois para preparar a humanidade para os
novos tempos. Até 2050, eles têm trabalhos programados, não
importando a idade ou o desgaste físico, pois disso cuida o Mestre. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>E depois do Brasil, onde reencarnar? O Mestre já deixou esta
pergunta no ar, sugerindo que ele e ela escolhessem o futuro. O tema
ainda não entrou em pauta nas conversas do casal, mas, um dia, terá
de ser dada uma definição a essa questão. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Reencarnar novamente no Brasil ou em outra região, dentre as
quatro que serão formadas? Reencarnar na Terra ou em outro planeta
mais evoluído para aprender, ou menos evoluído, para ensinar? Ou
não reencarnar, e servir à Obra e aos Mestres nos mundos
invisíveis, como adeptos e guardiões? </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Ele e ela terão algumas boas opções pela frente, afinal têm
servido à Hierarquia com muita dedicação e, até mesmo, com
imensos sacrifícios. Qualquer das escolhas será excelente
oportunidade para que suas almas deem grandes passos evolutivos. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>A condição que ele tem colocado para o Mestre é que, em
qualquer situação, eles querem continuar juntos. O Mestre já
respondeu que nem poderia ser de outra forma, pois os dois formam o
binômio yin e yang perfeito. Separá-los, poderia acarretar grandes
retrocessos no processo de evolução da humanidade. Ele não
entendeu muito bem o motivo alegado pelo Mestre, mas a resposta foi
exatamente a que desejava ouvir. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Se o leitor se interessar pela obra de Gibran, e achá-la muito
fantasiosa, não esqueça que a alma reencarnada de Gibran pode fazer
parte do seu círculo de amizade, e não custa discutir o assunto com
todos os amigos. Quem sabe, numa dessas conversas, ele não se faria
presente e daria o seu testemunho sobre as afirmações do autor.
Muitas vezes, a solução de grandes mistérios está mais próxima
de nós do que somos capazes de perceber. Mistérios só são
mistérios enquanto não são revelados. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Tenho feito o possível para que as memórias do profeta não
caiam no esquecimento ou na descrença popular. O medo da humanidade
tem sido mais forte do que a coragem de aceitar revelações que
contrariam antigos paradigmas. Mas, aos poucos, de boca a ouvido, os
mistérios são passados e as consciências despertam. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b> FIM</b></span></div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b> </b></span></div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;">
<br />
</span><br />
</div>
Gilberto Gonçalveshttp://www.blogger.com/profile/13146396337468632847noreply@blogger.com9tag:blogger.com,1999:blog-2108976697604275591.post-38079507484775223682018-10-05T00:27:00.001-03:002018-10-05T00:27:09.561-03:00MEMÓRIAS DE UM PROFETA - CAPÍTULOS 31, 32, 33 E 34
<div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>CAPÍTULO TRINTA E UM </b>
</span></div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Gibran passou a receber mais visitas, por conta da sua visita a
Rudolf Steiner. Wilhelm, seu amigo e acompanhante, foi o responsável
por espalhar pelas redondezas que Gibran era um gênio, e que tinha
conversado de igual para igual com o famoso filósofo e educador da
Waldorf Astoria.</b></span></div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>O nome de Steiner era muito conceituado na cidade, e diversas
crianças da comunidade estudavam na Escola Experimental da fábrica,
e vinham demonstrando grandes progressos em seu aprendizado. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>As pessoas queriam saber quem era aquele vizinho, que fora
recebido pelo responsável pelos modernos métodos de ensino
introduzidos de forma pioneira em sua cidade. Gibran não se furtou a
receber os vizinhos e, com sua habitual simplicidade, contou como
havia sido sua entrevista com Steiner. As pessoas ouviam-no
admiradas, pois, além dos fatos em si, havia a empatia de Gibran,
que conquistava a todos que dele se aproximavam. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Gibran resumiu para todos os seus atentos ouvintes a conversa que
tivera com o criador do novo método de ensino. A peregrinação à
sua casa durou cerca de um mês, até que as visitas foram se
espaçando, e cessaram tão repentinamente como haviam começado. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Wilhelm estava eufórico, e muito orgulhoso do amigo. Gibran é
que não se perturbava com aqueles tantos elogios e exaltações que
partiam dos lábios afiados do amigo. Aquela confusão vinha
atrapalhando o seu trabalho, e ele estava ansioso para retomar a sua
rotina.</b></span></div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Eis que Wilhelm surgiu com uma ideia fixa, que dormiu e acordou
com ele, indo da véspera ao dia seguinte com tudo pronto, sem dar
chances a Gibran de recusar a honra. Um livro, Gibran teria de pôr
num livro todas as suas ideias e seus conhecimentos. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>A essa altura, o amigo desconhecia que mais do que aprendia em
livros, Gibran recebia orientação, conselhos e mensagens do seu
Mestre Saint Germain. Wilhelm sabia bem de quem se tratava, pois
pertencia à Sociedade Teosófica, e o nome do Mestre era íntimo de
todos os associados que o reverenciavam como o grande Mestre da Nova
Era. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Depois que Gibran foi autorizado pelo Mestre a revelar a verdade
ao amigo, Wilhelm só fez amadurecer o projeto. Procurou um editor
amigo e saiu atrás de recursos para publicar a obra e distribuí-la
por toda a Europa. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Enquanto isso, Gibran recuperou a paz, e voltou a se dedicar a
seus escritos, que já se constituía numa volumosa pilha de papéis,
que precisariam ser organizados e revisados, antes que se pensasse em
transformá-los numa obra literária. E, ainda faltava a autorização
do Mestre, que não se manifestara sobre o assunto.</b></span></div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Gibran preferiu esquecer por uns tempos o audacioso projeto do
amigo, aproveitando que a busca de recursos havia afastado Wilhelm do
convívio com Gibran já havia dois meses. As revelações do Mestre,
nesse meio-tempo, voltaram a se acelerar, produzindo novas dezenas de
folhas de papel, narrando os acontecimentos de um futuro que já
despontava para o mundo.</b></span></div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Certo dia, Gibran pôs-se a meditar, recostado no confortável
divã que mantinha no canto do escritório para seus momentos de
repouso, cada vez mais necessários, diante das horas e horas de
dedicação a escriturar as mensagens do Mestre. Então, projetou-se
em sua mente, o tempo futuro de que o Mestre falava, e se deu conta
de que dali a mais uns 50 anos os fatos narrados nas mensagens iam
acontecer, e ele já teria reencarnado.</b></span></div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Essa sensação causou-lhe um misto de curiosidade e mal estar.
Ele se viu no futuro, mas não se identificou mais com o passado. E o
passado era o atual presente. Ele teria de desencarnar, para
reencarnar no Brasil. Ele ia falar um novo idioma, conviver com novos
hábitos e costumes, e formar uma nova família. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Quais seriam os papéis desempenhados por Helga, Karl e Karine na
sua próxima encarnação? Eles estariam juntos, se relacionariam e
se reconheceriam? Claro que não! Ele mesmo respondeu às suas
perguntas, e não conseguiu controlar a angústia das perdas.</b></span></div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>O Mestre informara que Helga seria sua mulher no Brasil, mas não
mencionara os dois filhos. Ele não se conteve, e pela primeira vez
decidiu fazer perguntas ao Mestre. Sentou-se à mesa, e com papel e
caneta na mão, aguardou as respostas. Durante duas horas, ele
recebeu o silêncio como resposta. Desistiu, e encerrou seus
trabalhos naquele dia. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>A conversa com Helga foi mais dirigida às suas ervas do que às
mensagens. Helga já o conhecia o bastante para não tentar retirar
dele relatos que ele não estava disposto a fazer. Entre um canteiro
e outro, a conversa fluiu. Entre uma colherada de sopa e outra, o
silêncio denunciou que aquela noite acabaria cedo. E foi o que
aconteceu, pois às nove horas, a casa estava em silêncio e as luzes
apagadas. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-size: large;"><br /></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b> CAPÍTULO TRINTA E DOIS </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Gibran despertou cedo, e ficou a recordar suas divagações de
véspera. As lembranças não lhe foram agradáveis, e ele tratou de
pular fora da cama, e foi respirar o ar puro da manhã. A sensação
que estava tendo é que o processo de comunicação com o Mestre
estava chegando ao fim.</b></span></div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Encerrado o desjejum, e após a conversa matinal com Helga, ele se
trancou no escritório, e mal teve tempo de sentar, as mensagens
começaram a jorrar em sua mente. O Mestre parecia apressado, Gibran,
sentindo isto, não se deixou abater, e perseguiu os pensamentos com
a pena em punho. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Os temas do dia começaram versando sobre a educação do futuro,
numa espécie de continuidade do que fora registrado após seu
encontro com Rudolf Steiner. As mensagens falavam das escolas do
terceiro milênio, que deveriam seguir os conceitos de Steiner. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>As universidades, que ganhariam muita força durante a segunda
metade do segundo milênio, começariam a perder sua credibilidade a
partir de 2050. Nos trinta anos seguintes, muitas das mais
tradicionais universidades do mundo fechariam ou mudariam
completamente a sua metodologia de ensino.</b></span></div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Os diplomas serão substituídos por certificados de tendências e
vocações que servirão para orientar Escolas de Formação
Profissional que corresponderão à pós-graduação. Os doutorados e
mestrados serão ministrados em Centros de Filosofia e
Parapsicologia, que prepararão os grandes mestres dos conhecimentos
físicos e metafísicos, responsáveis pela preparação dos futuros
coordenadores do Ensino Mundial. Eles serão os futuros substitutos
dos Mestres da Sabedoria, quando esses se aposentarem, para passar a
ocupar uma cadeira no Conselho de Anciãos.</b></span></div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Gibran demonstrou curiosidade com os novos métodos de ensino a
ser adotados em todas as nações, ele ficou imaginando como as
crianças se preparariam para chegar a funções de tamanha
relevância para a educação e a cultura do planeta.</b></span></div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Imediatamente à sua projeção mental em relação ao assunto,
começou um fluxo de imagens e ideais tratando da formação escolar,
desde os primeiros anos de vida. As respostas à síntese dos
pensamentos de Gibran chegavam ordenadamente, facilitando seus
registros. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>As crianças até os 14 anos de idade somente serão orientadas à
leitura e à escrita, lendo obras literárias consideradas
fundamentais à expansão cultural do povo de cada região. Os temas
das obras versariam sobre a história de cada região, suas raízes e
tradições. As obras clássicas serão divulgadas em todas as
regiões do planeta, e as diversas escolas de filosofia serão
ensinadas por mestres preparados especialmente para a introdução de
princípios filosóficos e espirituais junto à juventude. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Durante esse período inicial de estudos, os aprendizes serão
estimulados para as práticas esportivas e artísticas, que serão
desenvolvidas fora das salas de aula. As Escolas atenderão em
horário integral, pois oferecerão todas as opções de estudo,
lazer e esportes, de modo que, de volta ao lar, não haveria deveres
a fazer e nem diversões que já não houvessem sido preenchidas nos
horários de estudo. Dever e lazer se confundiriam, e não haveria
separação nas suas atividades, estudo e diversão caminhariam
juntos.</b></span></div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>A partir dos 15 anos, os jovens estudantes serão selecionados por
suas aptidões e encaminhados às Escolas Técnicas, quando serão
preparados para o exercício de funções matemáticas, que
incluiriam a física, a química e as ciências divinatórias, como a
numerologia, a astrologia, o tarô e o I Ching. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Os aprendizes com aptidões para tratamentos e curas serão, mais
tarde, encaminhados aos Centros de Prevenção e Terapias da Saúde,
onde serão preparados para se tornar os terapeutas completos, os
agentes de cura em todos os níveis, físico, emocional, mental e
espiritual. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>As mensagens prosseguiam sem dar tempo a Gibran para tomar um gole
d’água. A saúde será tratada de forma preventiva, e existirão
Planos de Saúde elaborados pelo Estado que orientarão sobre a
alimentação ideal, de acordo com cada região. A alimentação
vegetariana será adotada em todas as quatro novas regiões da Terra,
com variações de métodos, de acordo com os hábitos e costumes
locais. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>O mundo estará interligado por redes de televisão e internet,
que oferecerão programas didáticos, informativos, esportivos e
filmes. As notícias serão esclarecedoras e não especulativas. Os
escândalos não serão promovidos nos jornais, pois não haverá
interesse por parte da população por fatos que não tenham
interesse documental e cultural. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Essas mudanças irão acontecendo a partir do ano 2000, e
acelerando após 2050. Em torno de 2100, tudo isso será uma
realidade de vida, e povos de outros planetas começarão a visitar a
Terra em missões de estudo, para aprender os métodos aplicados com
sucesso.</b></span></div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>A descida e a subida de naves provenientes de outras dimensões
serão fatos corriqueiros em todas as partes do mundo, não chamando
a atenção nem dos órgãos de informação e nem da população. A
troca de experiências entre povos de diversas galáxias
proporcionará uma grande aceleração no progresso científico e
espiritual da Terra. A Terra vai ensinar a esses povos como lidar com
a emoção e com o livre arbítrio, práticas pouco conhecidas pela
maioria deles. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>O cansaço fez Gibran pousar a pena, e o Mestre interromper as
mensagens. Era tarde, o cheiro saboroso de uma sopa de ervas “à lá
Helga” invadia o escritório trazendo Gibran, enfim, à realidade.
O corpo físico assumiu os trabalhos, dando descanso à alma de
Gibran. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>A refeição foi servida sob os relatos de Gibran e a atenção de
Helga. A todo instante, ele interrompia a narrativa e dizia para
Helga que estava ficando muito ansioso em conhecer logo esse novo
mundo. Mas, para isso, era preciso reencarnar lá, e antes disso,
morrer. Será que ele estava preparado para deixar seu corpo e sair
atrás do próximo?</b></span></div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Helga perguntou-se o mesmo. Ambos não souberam responder. O
melhor foi mudar o rumo da prosa, e falar das plantações de ervas
que eram sucesso absoluto nas redondezas. Enquanto escrevia, distante
do mundo, Gibran não tomava conhecimento do movimento de visitantes
em busca das ervas, de suas sementes e das instruções de plantio e
consumo. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Agora, era a vez de Helga, e ela falou até bater o sono. Chegou
uma hora que, nem ela conseguia articular mais as palavras, e nem ele
sustentar a cabeça. O sono quase os encontrou no meio do caminho
entre a sala e o quarto. Depois, somente os sonhos poderiam dar
continuidade às narrativas interrompidas.</b></span></div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-size: large;"><br /></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b> CAPÍTULO TRINTA E TRÊS</b></span></div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>As mensagens se aceleravam. Gibran estava ficando cansado de
passar o dia inteiro escrevendo, sem tempo de estender as pernas.
Helga estava corada, pela vida em contacto com a natureza. Gibran
apresentava uma palidez doentia, ainda que se sentisse forte e sadio.
A ausência de luz solar estava a lhe fazer falta. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Helga estava preocupada com a saúde dele. Mas, ele explicou-lhe
que o Mestre garantira que não ia ter qualquer doença. E era
preciso acabar o trabalho que se arrastava há anos, e que teria um
valor inestimável para as civilizações futuras. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Gibran acumulava pilhas e pilhas de papel, narrando os mistérios
dos tempos futuros, que vinham sendo revelados pelo Mestre. Passou-se
mais um ano, ele e Helga comemorariam 81 anos, ele no início do ano
e ela no fim. Era 1922, e o Mestre alertara-o que restava a eles
pouco tempo de vida na Alemanha, pois a contagem regressiva para suas
reencarnações no Brasil já começara. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Gibran não tocou no assunto com Helga, para não deixá-la
preocupada. Ele confiava no Mestre, e sabia que a passagem deles de
uma vida para a outra seria suave e sem qualquer trauma. Ele não
sabia explicar como isso se passaria, mas confiava no Mestre, e isto
era o bastante. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>As últimas profecias vinham tratando das novas estruturas das
cidades do futuro. Aos poucos, os aglomerados de prédios e gente
seriam dissolvidos e reagrupados em áreas que se distanciariam umas
das outras em cerca de 5 km. Os moradores de cada nova cidade seriam
controlados para nunca ultrapassar a quantidade de 5.000 habitantes,
que ocupariam lotes de, no mínimo, 1.000 metros quadrados. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>As cidades seriam projetadas de acordo com as vocações das
famílias que para elas seriam encaminhadas. Umas seriam construídas
para receber profissionais da indústria. Outras seriam habitadas por
gente do comércio. Outras mais se destinariam a técnicos e
profissionais liberais. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Todas, porém, seriam estruturadas para oferecer bem-estar e
qualidade de vida a seus moradores. Praças ajardinadas, em todos os
cruzamentos. Jardineiras nas calçadas e árvores floridas em todas
as ruas. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Gibran pensava e escrevia. A mente questionava aquele
enquadramento das populações em fórmulas padrões, que tirariam a
criatividade dos urbanistas e jardineiros. A mão escrevia a resposta
aos seus pensamentos, descrevendo os projetos urbanísticos
diferenciados, com cada cidade criando os seus próprios parques e
jardins. Até as flores seriam do gosto da população, que teria a
sua representação no Departamento de Parques e Jardins.</b></span></div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>As cidades seriam interligadas por rodovias que cortariam áreas
de florestas e matas nativas. Essas regiões naturais seriam Parques
Municipais, Estaduais ou Federais, de acordo com suas localizações
e extensões. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>As rodovias se encontrariam num grande Centro Urbano, onde
estariam sediados os Poderes Públicos e as Entidades Privadas. As
distâncias entre elas e o Centro Urbano nunca seriam superiores a 5
km. Ali estariam Bancos e Sedes de Empresas, Museus e Teatros,
Rodoviárias Intermunicipais e Aeroportos Regionais. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Os grandes Centros Urbanos Regionais se ligariam aos Centros
Administrativos Estaduais e esses ao Governo Central Federal. Cada
Governo Central estaria integrado a um dos quatro grandes Governos
Continentais. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Gibran não pode conter a crítica a esse controle centralizado,
obrigando todos a aceitar um padrão imposto de cima para baixo.
Imediatamente, ele começou a responder à sua crítica, anotando que
cada decisão será tomada pelos Conselhos das Cidades, e assim
sucessivamente, conforme os interesses em jogo, até que se chegue às
deliberações dos Governos Centrais.</b></span></div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>O dinheiro será mais do que o suficiente para todos os
aperfeiçoamentos administrativos e embelezamentos urbanísticos, com
o que se economizará com o fim das guerras. A economia será
centralizada e administrada pelos quatro grandes Governos
Continentais, sendo os recursos distribuídos de acordo com as
necessidades de cada região do planeta.</b></span></div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Utopia, mera utopia! Assim pensou Gibran. A resposta veio de
imediato. Os deuses estarão de volta para governar a Terra, e os
sonhos se tornarão realidade. Os governantes divinos permanecerão
por novos cem anos entre nós, governando a Terra. De 2050 a 2150,
haverá uma enorme transformação na forma de vida de todos e nada
mais será como antes. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>A partir de 2150, os deuses devolverão o comando aos humanos, e
se retirarão. Daí em diante, só os descendentes dos deuses poderão
assumir o poder. E, no futuro, os seus descendentes sempre se
constituirão nos administradores planetários. Haverá uma nova
descendência real, os sangues violetas, que substituirão os antigos
sangues azuis. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Gibran fez umas rápidas contas, e chegou à conclusão que em
2050 ele já não deveria estar vivo, em sua nova encarnação. A
explicação não demorou o tempo de um piscar de olhos, já cansados
de tanto se concentrar na escrita. Em 2050, ele faria parte da corte
dos novos governantes que seriam descendentes, assim como ele, dos
kumaras venusianos.</b></span></div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>A comunicação com o Mestre se interrompeu abruptamente, e nada
mais chegou à mente de Gibran. Ele também estava exausto, era muita
energia despendida e muita emoção acumulada. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Aquela noite seria farta de novidades, pois o que ele acabara de
saber do Mestre seria passado para Helga com todas as letras e sons.
Ela ia ficar encantada com as novidades, e ao sabor de uma das suas
sopas de ervas, eles entrariam pela noite adentro. E foi o que
aconteceu. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>No dia seguinte, o sol já ia alto, quando resolveram levantar. A
noite foi longa e recheada de sonhos. Helga sonhara com a nova casa
no Brasil e Gibran tivera contatos com seus irmãos kumaras no plano
astral. Era emoção demais, e o desjejum entrou pela tarde. Naquele
dia, nem as ervas e nem a escrita receberam a atenção de costume. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>De mãos dadas, os dois decidiram passear pelo campo. As
redondezas de sua casa ainda mantinham aquele mesmo ar campestre de
quando eles haviam mudado. O dia estava morno e uma brisa de fim de
tarde veio encontrá-los a passear e a fazer planos para a nova vida.
</b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-size: large;"><br /></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b> CAPÍTULO TRINTA E QUATRO</b></span></div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Um dia, Gibran chegou com uma novidade para Helga. O Mestre
esperava-os no Brasil, em corpo físico, durante as comemorações
dos cem anos de independência. Helga quis saber quando isso viria a
ocorrer, e quando viajariam. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>A grande celebração se daria no dia 7 de setembro daquele ano de
1922. E a viagem ocorreria em meados de agosto, para que nenhum
contratempo os impedissem de se fazer presentes no dia aprazado. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Helga fez as contas, e concluiu que tinham pouco mais de dois
meses pela frente, e muitas providências a tomar, antes da partida.
Ela não questionou, nem a viagem e nem a data. E Gibran percebeu que
ela, mesmo dedicada às suas ervas, não se descuidava de acompanhar
os progressos em suas conversas com o Mestre. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Helga sabia que seriam necessários cerca de 20 anos de
preparação, entre a morte dos seus corpos físicos e a reencarnação
no Brasil. Num rápido cálculo, ela deduziu que reencarnariam em
torno de 1945, época bem próxima do final da segunda guerra. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Gibran ouviu-a admirado, e se encantou com a precisão das
informações e com a lembrança dos detalhes que lhe haviam sido
passados já fazia tempo. Helga percebeu o seu ar de assustado, e fez
um sinal com a cabeça para que seguissem em frente, pois havia muito
a ser preparado para a viagem. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Helga, de repente, deu mostras de aguardar aquele dia, há muito
tempo, pelo modo como começou a se organizar para a viagem. Gibran é
que ficou meio aturdido, entre o anúncio da data da viagem e a
naturalidade com que Helga recebeu a notícia. Passado o impacto
inicial, os dois arregaçaram as mangas e se puseram a agendar o
programa que continha todas as providências a serem tomadas, antes
da viagem.</b></span></div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Gibran passou duas semanas trancado no escritório, organizando a
papelada com seus manuscritos e anotações sobre as obras literárias
a que teve acesso, desde que mudaram para Stuttgart. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Helga dedicou-se a preparar a futura colheita de ervas e brotos
que levaria para o Brasil. Ela tinha o pressentimento que não
voltariam para a Alemanha, e não queria deixar para trás suas
plantações de ervas. As que não seriam aproveitadas, ela começou
a distribuir na vizinhança, com direito a recomendações e
instruções de replantio e colheita. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Wilhelm soube que o amigo viajaria para o Brasil, e veio
relembrar-lhe o compromisso de escrever um livro sobre suas conversas
com o Mestre. Gibran garantiu-lhe entregar os manuscritos conferidos
e editados na ordem a ser publicados, uma semana antes da viagem.</b></span></div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Era preciso avisar os filhos, e telegramas foram expedidos para
Paris e para o Tibete, onde se encontravam Karl e Karine. Pouco tempo
depois, chegaram suas respostas, encarando com absoluta naturalidade
a viagem dos pais. Desejos de boa viagem foram suficientes para selar
o contato dos dois com os pais, naquele período que antecedeu a
partida. </b></span></div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;">
<br />
</span><br />
</div>
Gilberto Gonçalveshttp://www.blogger.com/profile/13146396337468632847noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-2108976697604275591.post-26375336493230113042018-09-28T07:09:00.001-03:002018-09-28T07:09:36.310-03:00MEMÓRIAS DE UM PROFETA - CAPÍTULOS 28, 29 E 30
<div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>CAPÍTULO VINTE E OITO</b></span></div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Gibran sentiu uma energia mais intensa e percebeu que a mensagem
que estava chegando tratava de fatos mais próximos, tanto em tempo
como espaço. As mensagens proféticas vinham tomando todo o seu
tempo há cerca de um ano. Ele já se acostumara com o padrão de
vibração daquelas energias que projetavam um mundo futuro.</b></span></div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Agora, não! Eis que ele percebia que a energia era mais intensa,
como se a proximidade do tempo intensificasse o padrão vibratório.
Mal começou a escrever as primeiras linhas, surgiu uma recomendação
do Mestre para que entrasse em contacto com certa pessoa que
revelaria o que seria a educação do futuro. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>O nome lhe era desconhecido, o que não chegava a surpreender,
pois, ele vivia quase que isolado do mundo. Durante os últimos anos,
fosse pela guerra, fosse pelos hábitos, cada dia mais reservados e
restritos a muito trabalho e poucos amigos, Gibran e Helga haviam se
distanciado dos acontecimentos de pós-guerra. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Rudolf Steiner era um nome que nada lhe dizia de novo. E, fora
este nome que surgiu na mensagem do Mestre, com a recomendação de
que fosse procurado, no próximo dia 30 de março. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Gibran não sabia onde encontrar o senhor Steiner, e nem mesmo
quem era e o que teria de aprender com ele. A consulta a um dos
amigos mais chegados, e que sempre se mantinha atualizado com as
notícias do mundo, trouxe ao seu conhecimento que se tratava de um
educador revolucionário que havia fundado junto deles, ali mesmo em
Stuttgart, uma escola diferenciada. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Gibran ouviu algumas informações que lhe despertaram o interesse
em conhecer o tal senhor Steiner. Ele fundara, a pedido dos operários
da fábrica Waldorf Astoria, estimulado pelo proprietário, uma
escola revolucionária que se dedicava a estudar o ser humano em
corpo, alma e espírito. E essa escola era ali pertinho, no centro de
Stuttgart. E, ainda que ela se localizasse na outra extremidade do
mundo, ele visitaria a escola, pois fora esta a recomendação do seu
Mestre. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Em sua mensagem, o Mestre revelou que as tradicionais escolas
ainda sobreviveriam com a sua forma arcaica de ensino até meados do
primeiro século do terceiro milênio. Em torno de 2050, inspiradas
na teoria de Steiner, as novas escolas começariam a se espalhar pelo
mundo, passando a formar cidadãos bem preparados para servir a
humanidade. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Gibran confirmou a data. Era 24 de fevereiro, e o dia 30 de março
ainda estava distante. Ele começou a fazer seus planos para
encontrar Rudolf Steiner, e para isto contou com a ajuda do amigo
Wilhelm. Este era muito bem informado, e tinha boas relações na
sociedade de Stuttgart. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Dois dias depois, Wilhelm confirmou o encontro para o dia 30 do
mês seguinte. O contacto com um dos diretores da fábrica e amigo do
seu proprietário, Emil Molt, foi rápido e direto, e a entrevista
com o Sr. Molt foi cordial e muito bem recebida. Molt ficou muito
interessado na figura de Gibran, enaltecida pelo amigo Wilhelm, como
um sábio e verdadeiro profeta. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Rudolf Steiner tinha marcado uma visita exatamente para o dia 30,
e nela reservou-se uma hora para que Gibran conversasse com aquele
enigmático ícone da nova pedagogia, exaltado por Mestre Saint
Germain como o pai da educação do futuro. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Gibran achou muito interessante a visita de Steiner estar prevista
para o dia em que o Mestre recomendara como o ideal para o encontro.
Interessante, mas não surpreso, pois ele sabia muito bem do poder do
Mestre. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Ele ficou esperando que o Mestre revelasse o que perguntar ou
conversar com Steiner, mas, nos dias que antecederam o encontro,
nenhuma mensagem chegou, nenhuma intuição foi capaz de orientá-lo
ou inspirá-lo para a entrevista. Ele ficou nervoso, com medo de não
ser capaz de manter um diálogo à altura com Steiner, que ele já
havia se informado ser um homem muito culto e inteligente.</b></span></div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>O tempo corria e a data do encontro se aproximava. As mensagens
não se interromperam, mas os assuntos eram outros, e sobre a
educação do futuro, nem sombra. O Mestre entregou nas mãos de
Gibran a empreitada de extrair de Steiner tudo que serviria como base
para o que deveria ficar registrado como a educação do futuro. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Gibran aceitou o desafio, e pôs-se a se informar com o amigo
Wilhelm a respeito de Rudolf Steiner e seus métodos de ensino. O
amigo transferiu suas dúvidas para o Senhor Holt, dono da fábrica
de cigarros Waldorf Astoria, onde o ensino pioneiro de Steiner havia
sido introduzido há bem pouco tempo. E este respondeu a Wilhelm
todas as perguntas que lhe foram encaminhadas, com boa vontade e bom
humor.</b></span></div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>O ano era o de 1922, o filósofo e educador austríaco teria
somente mais três anos de vida. Gibran desconhecia isso, mas, esse
era um dos motivos por que o Mestre acelerou o encontro de Gibran com
Steiner. Urgia extrair dele, nesse pouco espaço de tempo, a
verdadeira essência da sua metodologia. Esta era uma estratégia da
Hierarquia, e caberia a Gibran materializá-la.</b></span></div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b> CAPÍTULO VINTE E NOVE</b></span></div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Gibran despediu-se de Helga, entrou no Opel de seu amigo Wilhelm,
que fez questão de conduzi-lo em seu automóvel, modelo que vinha
fazendo sucesso na Alemanha, muito apreciado pelos médicos por sua
robustez, principalmente em estradas de terra.</b></span></div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>A simplicidade e a lucidez de Rudolf Steiner encantaram Gibran.
Ele procurou entender detalhadamente tudo sobre a pedagogia Waldorf,
como era conhecida a metodologia de Steiner. O filósofo não poupou
informações, passando para Gibran o conceito básico, os princípios
e os objetivos a serem alcançados.</b></span></div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>O sistema estava sendo experimentado há pouco mais de um ano, e
os resultados iniciais vinham sendo muito promissores. O conceito do
sistema era educar com liberdade e responsabilidade. Os princípios
adotados buscavam estimular as crianças a valorizar as relações
humanas, cultivar o respeito ao semelhante e à natureza. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>A conversa foi sendo prolongada, à medida que Gibran pedia uma
explicação mais minuciosa sobre este ou aquele conceito defendido
por Steiner. Wilhelm apreciava a conversa dos dois, em completo
êxtase. Ele não imaginava que seu amigo Gibran possuísse tamanha
cultura e tantos conhecimentos. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>A entrevista durou mais de 3 horas, e só foi encerrada por
interferência de Wilhelm, que lembrou a Gibran que deveriam fazer o
caminho de volta antes do anoitecer. Ele era motorista há pouco
tempo, e não se sentia seguro de dirigir à noite. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Gibran concluiu suas anotações, agradeceu a Steiner com um forte
aperto de mão e recebeu em troca um forte abraço. Os dois pareciam
velhos amigos. Despedidas feitas e endereços postais trocados entre
os dois, o bravo Opel retomou a estrada e se pôs a caminho de casa. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Gibran não se continha, e falava sem parar. Wilhelm tentava
acompanhar o discurso do amigo, mas, muitas das ideias eram perdidas
entre uma curva e outra e sempre que um buraco se aproximava no meio
do caminho. A viagem para Gibran passou sem que ele notasse, enquanto
que, a preocupação com a chegada da noite e com a aproximação de
cada curva da estrada fazia com que a viagem se alongasse.</b></span></div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Enfim, a última curva na estrada e a chegada em casa. Helga
esperava-os no portão, com um sorriso nos lábios e com uma panela
de sopa de ervas no fogão. Entraram, jogaram uma água no rosto,
lavaram as mãos e se sentaram à mesa. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Gibran não sabia se saciava a fome ou a curiosidade de Helga.
Wilhelm livre de semelhante dúvida, já estava na terceira ou quarta
colherada de sopa, quando Gibran concluiu por onde começar. Ele
optou pela sopa, não pela fome, que nem era tanta, mas, para fazer
companhia ao amigo, que se mostrara solícito e gentil, durante toda
a viagem, e paciente, ao longo da entrevista.</b></span></div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Helga controlou a ansiedade, ao perceber que Gibran acompanhava o
amigo no saborear da sopa, e decidiu fazer o mesmo. Calados, sorveram
o conteúdo de cada tigela, até a última gota. Com a desculpa de
cansaço, os amigos se abraçaram e despediram-se, não sem antes se
ouvir muitos agradecimentos, da parte de Gibran e Helga, e
insistentes “deixa pra lá”, dos lábios de Wilhelm. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Mal a porta se fechou, com a saída de Wilhelm, o casal se olhou
e, com o costumeiro olhar de cumplicidade, entregaram-se a relatos e
devaneios, que pareceram não ter fim. Eram duas horas da madrugada,
quando decidiram interromper, para prosseguir no dia seguinte. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Gibran custou a pegar no sono, relembrando as palavras
entusiasmadas de Rudolf Steiner, e já se imaginando pondo tudo no
papel, sob a supervisão do Mestre. O dia seguinte encontrou-o fora
da cama muito cedo, sem demonstrar o menor cansaço pela tarde
comprida da véspera e pelo sono curto da noite. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Helga preparou o desjejum, e aproveitou os primeiros momentos da
manhã para ouvir os derradeiros relatos que ficaram pendentes à
noite. Depois, ela sabia que só voltaria a encontrá-lo à tarde
pelo almoço. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b> CAPÍTULO TRINTA</b></span></div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Gibran registrou detalhadamente o seu encontro com Rudolf Steiner,
preocupando-se em expor com minúcias os princípios da metodologia
do sábio filósofo e educador. Nesta tarefa, ele gastou três dias,
mas elaborou um autêntico compêndio pedagógico. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>O Mestre continuou a acelerar as mensagens, como se houvesse pouco
tempo para concluir toda a empreitada. Gibran desconfiou que para a
aceleração havia alguma razão concreta, mas não se apegou a
ideia, preferiu concentrar suas energias no trabalho.</b></span></div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Os filhos visitaram os pais nos meados daquele ano, e contaram
tudo por que passaram durante o período da guerra. Eles não se viam
desde antes do início do conflito mundial. Os irmãos também não
se viam há muito tempo, e o reencontro foi uma festa. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Gibran sentiu que devia contar aos filhos tudo que vinha se
passando com ele, as mensagens do Mestre e as profecias sobre o
futuro deles, numa encarnação futura. Os filhos ouviram tudo com
interesse, mas logo desviaram a atenção para os fatos da vida
presente, contando suas aventuras e todos os riscos por que passaram.
</b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Helga esteve eufórica, naqueles dez dias de convívio com os
filhos. Cozinhou pratos saborosos e encheu-os de chás de ervas e
pães de cevada, compensando a má alimentação com que estavam
acostumados, em suas andanças pelo mundo. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Gibran aproveitou para se dar um descanso, no que foi apoiado pelo
Mestre, que deixou sua mente sossegada, inteiramente voltada para os
filhos. A despedida foi difícil, tanto que adiaram a partida por
três vezes, até que não houve mais jeito. Abraços, beijos, risos
e choros, se estenderam por mais de uma hora, até que os dois
embarcaram no trem, e os adeuses saíram pela janela e se perderam
muito além da última curva da estação. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Gibran e Helga voltaram tristonhos, e mal abriram a boca durante o
caminho da estação de trem até o portão de casa. Deitaram cedo,
abraçados bem juntinhos, e algumas lágrimas molharam o lençol
durante a noite.</b></span></div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>O dia seguinte encontrou-os despertos bem cedo, ele, saudoso em
retomar seus escritos, e ela, ansiosa em rever seus canteiros. O dia
foi curto, o trabalho acumulado tratou de ocupar todo o tempo dos
dois, sobrando pouco espaço para uma prosa mais longa. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>À noite, no entanto, encontramos os dois à mesa, relembrando os
momentos vividos com os filhos, dando boas risadas, e confidenciando
seus sentimentos e emoções, durante o reencontro. Eles já haviam
chegado aos 80, e se deram ao direito de projetar mais alguns anos de
vida, talvez cinco, dez ou um pouco mais. Afinal, como alegou Helga,
eles estavam sadios e bem-dispostos, e não aparentavam a idade que
tinham. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Karl e Karine também pareciam tão jovens, nos seus cinquenta e
tantos. Será que eles teriam consumido água da fonte de juventude,
e nem se deram conta! Eles caíram na gargalhada e se abraçaram,
antes de seguir para a cama. Estavam cansados, e o sono alcançou-os
mal se acomodavam debaixo das cobertas. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;">
<br />
</span><br />
</div>
Gilberto Gonçalveshttp://www.blogger.com/profile/13146396337468632847noreply@blogger.com8tag:blogger.com,1999:blog-2108976697604275591.post-80485947236922348572018-09-21T12:50:00.003-03:002018-09-21T12:50:40.205-03:00MEMÓRIAS DE UM PROFETA - CAPÍTULOS 25, 26 E 27
<div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<b> <span style="font-size: large;">CAPÍTULO VINTE E CINCO</span></b></div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Gibran tinha a sensação de que havia pouco tempo para concluir
os seus apontamentos sobre os fatos que ia viver em sua futura
encarnação. Era uma intuição, apenas uma intuição, sem causas
nem explicações. Ele tratou de se dedicar ainda mais às mensagens,
reservando a noite para prestar contas a Helga das revelações do
Mestre.</b></span></div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>O Mestre também acelerou o ritmo das revelações, exigindo mais
esforço de Gibran para acompanhá-lo. Com isso, o cansaço ao final
do dia tornou-se maior, e ele passou a sentir os efeitos sobre a
musculação do braço e dos dedos da mão. Helga receitou umas
compressas de ervas que se não faziam desaparecer as dores,
tornavam-nas menos incômodas. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>As folhas de papel se sucediam, e iam repousar sobre os maços que
jaziam nas prateleiras de um armário, contendo todas as mensagens
recebidas, desde o primeiro dia em que teve início a conexão do
discípulo com o Mestre. Todas estavam catalogadas pelas datas e
pelos assuntos abordados. Esta era a recomendação do Mestre, e
Gibran a seguia numa dedicada disciplina. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>As mensagens, a esta altura em que retomamos o contato com Gibran,
já se referiam ao ano de 2012, quando a Terra sairia de um ciclo
sombrio para um ciclo de luz. As profecias, que falavam do aumento do
padrão vibratório, eram confirmadas em todo o mundo. Pessoas
morriam, de repente, de causas ignoradas. Muitas sofriam de crises
psicoemocionais, diagnosticadas como síndrome do pânico, ou como
labirintite, pela tonteira e as náuseas que provocavam. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Os médicos não conseguiam encontrar as causas dos distúrbios
psicossomáticos, pois não se davam conta de que estavam vivendo um
momento inusitado na vida do planeta. O aumento do padrão vibratório
dava zumbido nos ouvidos, zonzeiras, dor muito forte na boca do
estômago e outros sintomas, todos relacionados com modificações no
corpo de energias e que se refletiam no corpo físico. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Os exames nada revelavam de errado com os pacientes, pois, os
sintomas eram momentâneos, passando depois de curto espaço de
tempo, quase sempre inferior a 24 horas. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>O novo padrão energético estava tornando as pessoas menos
densas, menos presas à matéria e aos bens materiais. A intuição
se aperfeiçoava. Os fatos futuros começaram a sofrer as influências
dos pensamentos expressos pelos mais evoluídos espiritualmente.
Muitos passaram a controlar os acontecimentos de suas vidas, bastando
firmar na mente o que desejavam obter no dia seguinte, ou no ano que
vem. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Os chakras estariam sendo reajustados aos novos padrões, e, por
isso, conforme a sensibilidade pessoal, uns sentiam mais incômodos
nuns chakras do que em outros. Em muitas pessoas, o chakra solar
redimensionado teria de se adaptar aos novos padrões, e sofreria
fortes pressões pela subida de kundalini. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>A energia cósmica, fohat, penetrando pelo coronal, iria em
direção ao cardíaco para se unir à energia telúrica, que subindo
pelo chakra raiz, tinha um encontro marcado no centro do coração. A
união perfeita de fohat e kundalini resultaria na iluminação,
tornando, cada iluminado, como um legítimo Buda, que passasse a
semear sabedoria por palavras e atos. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Essas pessoas passariam a perceber seus erros no exato momento em
que os cometessem, podendo corrigi-los antes que provocassem danos
espirituais ao futuro da alma. Os karmas, com isso, seriam
drasticamente reduzidos, só os cometendo os mais resistentes às
mudanças. Esses seriam os mais sujeitos a desencarnar na Terra e
reencarnar num planeta mais denso e num estágio de evolução mais
atrasado. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>O processo se aceleraria até 2025, quando as separações já
deveriam estar encerradas. Com isso, as mudanças de hábitos iam
atingir uma fase mais intensa, tornando o planeta um local mais
preparado para receber uma nova civilização, psicologicamente mais
bem equilibrada e espiritualmente mais consciente de seus propósitos
no mundo. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Gibran estava em êxtase, entusiasmado com o que ele considerava a
confirmação da sua crença de que o mundo tinha salvação. A
separação do joio do trigo seria feita sem maiores traumas, dentro
de um processo reencarnatório natural, só que as almas teriam uma
nova opção para reencarnar. Os mais evoluídos espiritualmente, e
consequentemente mais sutis, reencarnariam na Terra, os resistentes
às mudanças e que permanecessem mais densos, reencarnariam num
planeta mais adequado à forma deles pensarem e sentirem. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Que coisa linda! Exclamou Gibran em voz alta. Helga entrou na
sala, neste exato momento em que Gibran exclamava e parecia falar
sozinho. Ela soltou uma gargalhada, que o assustou. Ela abraçou-o e
eles riram juntos. Que loucura! Eles estavam vivendo com os corpos
numa época, mas com as mentes no futuro. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Abraçados foram fazer a refeição mais substancial do dia, no
meio da tarde, quando tiravam o tempo para pôr ordem na casa e
distribuir as tarefas do final do dia. Comiam alimentos deliciosos e
saudáveis, e mantinham sadios seus corpos octogenários. Quem os
conhecesse não lhes daria mais de sessenta anos. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b> CAPÍTULO VINTE E SEIS</b></span></div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Gibran vivia muito pensativo com tantas mensagens sobre um mundo
novo, que mudaria todas as relações que se acostumara a considerar
normais. Diante das informações que chegavam ao seu conhecimento, a
mudança do que era considerado normal poderia deixar muitas pessoas
enlouquecidas, e sem saber o que fazer de suas vidas. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Helga era menos extremista, entendendo que a raça humana sempre
se acostumou com as mudanças naturais ocorridas ao longo da história
e que, no futuro, não seria diferente. Ela não confessava, mas
estava ansiosa por viver naquela época futura, descrita por Gibran.
Ela confiava na sua capacidade de se adaptar a mudanças, e de se
tornar pioneira em certas áreas, quando surpreenderia a todos com
suas ideias futuristas de tornar a vida mais sadia e mais integrada à
natureza. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>As reflexões de Helga deixaram-na ainda mais convicta de suas
crenças, quando Gibran trouxe à baila, o início do movimento de
migração, nos próximos cento e cinquenta anos, com o retorno das
populações da cidade para o campo. Aquela notícia era a
confirmação, segundo pensava, de tudo que sempre imaginara vir a
acontecer, num futuro distante. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Assim como ela e Gibran saíram do centro urbano de Berlim para
viver nos campos de Stuttgart, muitos fariam o mesmo, quando
percebessem que a vida na cidade estava acabando com sua saúde. Ela
tinha tanta certeza dessa verdade que não se surpreendeu, quando
Gibran afirmou que este seria o futuro da humanidade dentro de
aproximadamente cento e cinquenta anos. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Helga já se imaginou no futuro, ela e suas ervas, ensinando
comunidades rurais a plantar seus próprios remédios e temperos. Ela
ficou tão feliz com esses sentimentos, que passou a sonhar com a sua
nova vida, noite após noite. Ela sonhava que recebia diversas
missões que influiriam nos futuros hábitos da humanidade.</b></span></div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Os sonhos de Helga passaram a ser constantes, transmitindo imagens
de uma época futura, onde ela se via com uma aparência diferente,
com cabelos pretos e falando uma língua estranha que, no entanto,
era capaz de entender perfeitamente tudo que dizia. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Gibran ficou encantado, quando ela lhe contou seus sonhos sobre o
mundo do futuro. Os relatos de Helga coincidiam em diversos aspectos
com as mensagens do Mestre. A sensação é que ele recebia o
roteiro, e Helga, as imagens, de um filme projetado na tela do
futuro. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>A conversa deles passou a ser mais interessante, pois, cada um
falava do que chegava ao seu conhecimento, e juntos editavam script e
imagens, numa história futurista, que parecia um conto de ficção.
Não fosse a certeza que estavam projetando o futuro da humanidade,
com fatos que se confirmariam no tempo certo, eles poderiam
considerar-se escritores inspirados por uma imaginação fértil e
muito criativa.</b></span></div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Gibran ganhou entusiasmo novo com os sonhos de Helga. Ele acordava
e ficava aguardando o despertar de Helga, para que ela contasse seus
sonhos. Os dois, então, procuravam juntar as peças do roteiro
escrito com as imagens, e editavam o filme a ser exibido num futuro
distante. Passavam horas, na edição. Depois, Gibran saía em busca
de novos roteiros.</b></span></div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b> CAPÍTULO VINTE E SETE </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Gibran não descansava na sua lida diária, de copiar os escritos
ditados pelo Mestre. As revelações se sucediam e surpreendiam.
Agora, o Mestre decidiu falar do período entre 2025 e 2050, quando a
imagem da Terra começaria a ser redesenhada e a história reescrita.</b></span></div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Os futuros quatro reinos começariam a se formar, com a destinação
de cerca de 500 milhões de habitantes para cada um deles. E de onde
sairiam essas pessoas? Dos diversos recantos do planeta, de
continentes que deixarão de ser reconhecidos como regiões da Terra,
de nações que perderão seus limites e de cidades que se integrarão
aos reinos, unidas em condados e ducados como nas antigas monarquias.
</b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>A realidade é que o governo do mundo caberá a seres reintegrados
à esfera planetária, por decisão da Hierarquia. Esses seres vão
reencarnar entre nós, como qualquer ser humano normal. Desde
crianças, porém, revelarão seus poderes sobrenaturais e serão
preparados para se tornar reis de cada um dos quatro reinos da Terra.
</b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>A proximidade de 2050 determinará o maior êxodo das grandes
cidades, em direção a regiões pouco habitadas, não somente nos
campos e nas montanhas, mas também em áreas desérticas e
consideradas impróprias para a vida. Essas regiões serão
preparadas pelos elementais da natureza, sob o comando das
Hierarquias Celestiais, de modo que desertos se transformem em terras
férteis e regiões geladas em terras propícias ao repouso e a busca
de inspiração superior. As terras altas serão destinadas a
construções de mosteiros e templos. As terras baixas serão
reflorestadas e despertarão nascentes, as quais formarão rios e
lagos. E, no meio de todas essas mudanças e aperfeiçoamentos
geográficos, geológicos e hidrológicos, os seres formadores de uma
nova mentalidade, ocuparão seus lugares. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>As cidades irão esvaziando-se à medida que a falta de energia
elétrica e de combustível para os veículos for se agravando.
Cidades se tornarão ruínas a serem visitadas no futuro, como parte
da história de um mundo que não deu certo, e que teve de recomeçar
o seu projeto. Os turistas visitarão as ruínas como antes eram
visitados o Coliseu romano, as pirâmides egípcias e o Parthenon
grego.</b></span></div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Os recursos energéticos serão extraídos da natureza sem
esgotá-los. As terras serão ocupadas sem agredir a natureza. Os
poderes espirituais serão responsáveis por solucionar questões que
estarão acima da lógica e da razão. A obediência às leis será
uma atitude natural, pois todas as regras serão expressas por uma
consciência coletiva, estimulada pelos governantes, inspirada pelos
Mestres e transmitida ao povo através de uma vibração superior que
alimentará o inconsciente coletivo. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Durante muitos séculos, a humanidade vai ser preparada para
retomar o seu livre arbítrio, desta vez com maior segurança e com
menos riscos do descontrole e do caos, observados na experiência
anterior. Os futuros governantes serão preparados, dentre os que
mais se destacarem por seu senso individual e pela iniciativa própria
para favorecer o bem-estar coletivo.</b></span></div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Os reinos ficarão localizados nos quatro pontos cardeais
planetários, sendo reservadas, as regiões intermediárias, à
preservação de florestas e de espécies animais selvagens. Os
habitantes de cada reino desenvolverão atividades diferentes,
orientados por Adeptos que estimularão vocações e talentos
herdados de outras vidas e que sirvam para a prosperidade das
regiões. A concorrência não será estimulada e a rivalidade entre
classes, condenada aos primeiros sinais do seu redespertar.</b></span></div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>As terras serão divididas em três setores, habitações,
plantações e escolas. Todos trabalharão para todos. Todos serão,
ao mesmo tempo, mestres e aprendizes, ensinando sobre suas
especialidades e aprendendo o que ainda desconhecem. O comércio como
é conhecido será substituído pela troca de serviços, com a
abolição do dinheiro e da prática de estabelecer preços para
serviços e mercadorias. Todos terão plena consciência de que não
importa o que façam ou forneçam, os valores serão sempre os mesmos
para os que dão e para os que recebem.</b></span></div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>As habitações serão de madeira, retiradas das florestas com o
máximo cuidado, para que a reposição se faça num prazo adequado,
sem prejuízo para o equilíbrio ecológico da região. As plantações
agrícolas serão de produtos orgânicos sem qualquer adubo ou
veneno. A alimentação será basicamente vegetariana, com a prática
carnívora sendo erradicada dos hábitos alimentares, por volta de
2080.</b></span></div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>As escolas ensinarão arte e cultura, estimulando os jovens a
desenvolver naturalmente a sabedoria que trouxeram de outras vidas.
As aulas serão dadas ao ar livre, com ações práticas que
desenvolvam a mente e o físico. As especializações serão
ensinadas conforme os talentos de cada um, e proporcionalmente às
necessidades da sociedade. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>As práticas espirituais serão promovidas em ambientes que
favoreçam a expansão do nível de consciência, e que conduzam à
abertura da visão astral. O mundo físico e o astral se unirão e
passarão a fazer parte de uma única percepção humana, o corpo
físico-astral. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Depois do ano 2100, a humanidade não mais fará distinção entre
a visão física e a visão astral, e quem enxergar a matéria também
será capaz de ver as entidades e as imagens do plano astral. Todos
serão médiuns e videntes, uns mais evoluídos e outros menos, de
acordo com o histórico kármico de cada um. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>As guerras farão parte de um passado que todos desejarão
esquecer. Mas, elas serão relembradas, de tempos em tempos, para que
seus horrores e destruições sirvam de estímulos à sua completa
erradicação das relações humanas. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>As músicas serão suaves e harmônicas, com ritmos diferenciados,
cada qual estimulando um centro energético e desenvolvendo-o com
intenções criativas e construtivas. A arte fará parte de todas as
famílias, desde o teatro, a música e a dança, até a pintura e a
arquitetura. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;">
<b>Gibran suspirava encantado, e se sentia mais lá do que cá. O
cansaço das outras ocasiões não aparecera naquele dia, sentindo-se
mais descansado, após horas de trabalho, do que quando iniciara a
escrever. Desta vez, foi o Mestre que interrompeu o fluxo de energia.
Gibran ficou meio desconsolado, e até esboçou um princípio de
reação, mas se controlou, ao relembrar o comportamento humano no
mundo do futuro. </b></span>
</div>
<div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
</div>
Gilberto Gonçalveshttp://www.blogger.com/profile/13146396337468632847noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-2108976697604275591.post-24389618813447104612018-09-14T07:30:00.001-03:002018-09-14T07:30:38.043-03:00MEMÓRIAS DE UM PROFETA - CAPÍTULOS 21, 22, 23 E 24
<div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>CAPÍTULO VINTE E UM</b></span></div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Helga acordou falastrona, contando suas experiências com novas
espécies de ervas, que davam um sabor inenarrável ao seu molho para
massas. Ela pegou Gibran, puxando-o pelo braço, e levou-o até os
canteiros, onde viçosas, as ervas de nomes estranhos, vinham sendo
cultivadas. Ela prometeu um prato saboroso de massa, regado a molho
com uma mistura daquelas ervas. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Gibran ouvia calado, pois o seu pensamento estava distante. Nos
últimos tempos, ele estava vivendo fora do tempo, com o seu corpo na
Alemanha e sua alma percorrendo o mundo, numa viagem espiritual sem
fim. O Mestre era seu guia, e o Brasil, o seu destino final. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Ele sentia necessidade de saber mais sobre a sua futura pátria.
Gibran se cercara de livros que falavam das Américas, buscando
alguma alusão à nação brasileira, mas, eram poucas as
informações que vinha obtendo das obras encontradas na biblioteca
municipal. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Helga percebeu que ele estava muito longe dali, e passou um galho
de uma das novas ervas aromáticas junto ao seu nariz. O forte e
perfumado odor da erva fê-lo despertar da sua abstração,
provocando uma gargalhada de Helga. Ele fez uma cara de espanto, como
se quisesse espirrar ou chorar, tanto que lágrimas afluíram aos
seus olhos, como efeito do forte aroma da erva. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Gibran acabou entrando na brincadeira, deu um abraço apertado em
Helga e demonstrou um enorme desejo de saborear o tal prato de massa,
por ela prometido, enquanto falava de suas novas ervas. Helga não se
fez de rogada, se encaminhou para a cozinha, pôs água para
esquentar e tratou de escolher a massa a ser usada. As ervas
escolhidas a dedo foram apertadas numa das mãos, e na outra arrastou
Gibran para dentro de casa. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Sentados em volta da mesa, à espera que fervesse a água, Helga
puxou conversa sobre os seus escritos e as mensagens do Mestre. Já
fazia algum tempo que ela procurava saber das minúcias contidas nas
mensagens, ao perceber que muitas delas não poderiam ser reveladas.
No início, ela ficou contrariada com a restrição, mas, depois
procurou não aprofundar o assunto, já que entendeu serem ordens
superiores, que Gibran respeitava com uma disciplina exemplar. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>A conversa girou nos acontecimentos de pós-guerra, que acabara
fazia um ano, e que, como toda guerra, deixou rastros de mortes e
misérias. Helga fez-se de desentendida, e perguntou: O que se ganha
com a guerra, Gibran? Ou melhor, quem ganha?</b></span></div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Gibran reagiu com surpresa à pergunta, e custou a responder. Mas,
com bom senso e sutileza, deixou clara a sua posição de que guerras
não eram para ser entendidas ou justificadas, mas, para serem
lutadas e lamentadas. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Ela se esforçou para tentar entender o sentido daquele
pensamento, e ficou entre o direito e o dever. O direito de não se
encontrar razões para começar, e o dever de não poder deixar de
lutar. Mas, se lutar, não ter porque se envaidecer, pois guerras não
promovem heróis ou covardes, nem determinam vencedores ou vencidos.
Ela ficou satisfeita com a sua conclusão, que guardou para si. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Gibran, calado e pensativo, recordava as mensagens sobre a próxima
guerra, mais violenta, mais cruel e mais destrutiva do que a
anterior. Se Helga soubesse dos detalhes, o prato de massa não
ganharia o sabor esperado. Ninguém consegue produzir um alimento
saboroso, sob a influência de vibrações negativas ou emoções
violentas. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>A mesa estava pronta, com os pratos e talheres nos lugares, e a
tigela apetitosa e perfumada no centro. Lavadas as mãos, jogada uma
água no rosto, ambos se prepararam para saborear o que prometia ser
o manjar dos deuses. E foi mais do que isto, foi simplesmente divino.
</b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Gibran jamais provara algo tão saboroso, e, a cada garfada, ele
suspirava de satisfação. Helga sorria, e se virando para ele,
provocou-o: Eu não disse? Eu descobri a fórmula mágica para mudar
o paladar da humanidade. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Gibran gostou da imagem, um prato mudando o gosto da humanidade.
Seria possível isso? E, se a humanidade, realmente, mudasse suas
atitudes pelo prazer de uma comida gostosa ou pelo sabor de um molho!
Ele ficou pensativo, imaginando a paz mundial sendo celebrada em
torno de uma mesa, onde era servido um prato ao molho de Helga, com
seus poderes mágicos. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Eles riram com as várias fantasias que foram criando em torno do
tema, e, assim encerraram o almoço saudando Helga, como a criadora
do prato da paz, a grande pacificadora da humanidade. Cada qual
seguiu para o seu canto, Gibran para os seus estudos e Helga, para as
suas ervas. Eles estavam sentindo-se mais felizes do que o habitual,
e, cada um a seu modo atribuiu seus sentimentos ao sabor mágico das
ervas. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Gibran pôs-se a rever os escritos da véspera para se situar por
quantas andavam as suas anotações. Havia muitas perguntas a fazer e
outras a calar. Era assim que ele agia em seus diálogos com o
Mestre. Ele sabia quando não era para insistir, diante de uma
curiosidade ou uma revelação mal entendida. O Mestre, nessas horas,
simplesmente, desconhecia a dúvida, e seguia adiante.</b></span></div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b> CAPÍTULO VINTE E DOIS </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Gibran ficara muito intrigado com o relato do Mestre sobre a
influência dos Estados Unidos sobre a Europa e o resto do mundo. Ele
não conseguia imaginar como em tão pouco tempo, um país pudesse
assumir a liderança do mundo, exercendo uma influência esmagadora
sobre os países europeus. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>A resposta veio imediatamente, obrigando-o a correr atrás de suas
folhas de papel e mal teve tempo para pegar na pena. O mestre deu
sequência às informações sobre o futuro econômico do mundo do
futuro. E dizer que tinha gente que acreditava que o mundo ia acabar
no ano 2000!</b></span></div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Gibran anotava com dificuldade a mensagem que chegava numa alta
velocidade, e se não fosse a sua prática, ele perderia muitas
informações importantes. O Mestre decidiu detalhar as causas da
crise financeira, o que respondia aos questionamentos de Gibran.</b></span></div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Gibran identificou o ano de 2025, e soube que, em face da crise
que assolou o mundo econômico, provocada pela inflação do dólar,
que perdeu todo o lastro, devido a emissão incontrolável para
saciar a ânsia de poder americano, os países europeus criaram uma
moeda internacional de comércio. A nova moeda foi adotada por toda a
Europa, pela América do Sul, pela África e pelos principais países
asiáticos. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Com o abandono do dólar para as transações comerciais, a
economia norte-americana não suportou, e a nação entrou numa
profunda decadência. Livres da manipulação exercida pelos Estados
Unidos, pelo fato do dólar ser usado como moeda internacional, os
países europeus se fortaleceram e os sul-americanos também, em
especial, o Brasil, a Argentina e o Paraguai. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Os países árabes tentaram assumir uma liderança forte, pelo
poder do petróleo sobre a economia, mas, a tecnologia do biodiesel,
logo reverteu o quadro, e as empresas de petróleo começaram a
quebrar, gerando sérias crises nos países produtores de petróleo. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>A OPEB – Organização dos Países Exportadores de Biodiesel
tomou o lugar da OPEP, e passou a influir na produção industrial do
terceiro milênio. A poluição por queima de combustível reduziu-se
a níveis bem inferiores aos limites recomendados pelos órgãos
controladores, e com isso ocorreu uma grande redução das doenças
relacionadas à poluição atmosférica. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>O Brasil tornou-se o grande exportador de bioenergia, presidindo a
OPEB, e passou a adotar uma política de estímulo ao progresso dos
países mais pobres. Com isso, as nações latino-americanas tiveram
um grande impulso econômico, passando a auxiliar os países mais
pobres africanos e asiáticos. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>A economia mundial passou a oferecer um quadro muito mais
equilibrado, com a ascensão dos mais pobres e o declínio dos mais
ricos. Até 2050, esse equilíbrio terá alcançado o estágio ideal,
projetado pela Hierarquia, obrigando todos os povos a esquecer das
guerras e se preocupar com o trabalho.</b></span></div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>A ONU passou a ser um centro de pacificação de conflitos,
perdendo a sua antiga função de fomentadora das guerras e da
exploração das riquezas minerais dos países miseráveis. Todas as
nações possuíam a mesma representatividade e as decisões mais
importantes eram assumidas por consenso de um Conselho formado por 21
membros, eleitos por três anos. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>As mulheres passarão a chefiar a maioria das grandes nações do
mundo, sendo elas as responsáveis pelo fim das guerras e da
exploração abusiva exercida pelos mais ricos sobre os mais pobres.
As instituições financeiras internacionais – FMI, BID E BANCO
MUNDIAL – passarão a emprestar dinheiro para a recuperação das
lavouras dos países africanos e asiáticos, que assumirão a
distribuição de alimentos no cenário mundial. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>A qualidade dos produtos agrícolas passará a ser mais valorizada
que a quantidade produzida, através de projetos de cultura orgânica
e da erradicação de todas as plantações de transgênicos. Com
isso, a saúde dos povos alcançará índices invejáveis, quando
comparados aos observados no início do século. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>A força da mão de obra mundial passou a se concentrar sobre a
produção de alimentos e de equipamentos para a agricultura familiar
e para a geração de energia limpa. As novas formas de energia
passaram a ser financiadas pelos Bancos de Desenvolvimento a juros
zero e a custos baixos. Assim, o mundo passou a emitir menos gases
poluidores e a atingir um elevado grau de desenvolvimento
sustentável. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>A meta da Hierarquia era chegar ao ano de 2100 com poluição
quase zero, e com uma recuperação de mais de 50% das áreas que
haviam sido degradadas até o início do milênio. Outra meta era a
erradicação das doenças degenerativas, que provocariam uma
economia de incalculáveis recursos, a ser destinados às atividades
artísticas e culturais. Por sinal, arte e cultura passaram a ter
prioridade nos orçamentos de todas as nações do mundo, elevando o
padrão cultural de países que eram tratados como atrasados e com a
predominância de analfabetos. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Gibran estava esgotado, quando o Mestre cessou o contacto, e
deixou sua mente silenciosa. Era tarde da noite, passaram-se horas,
desde que ele começara a anotar as mensagens, sem ter interrompido
para se alimentar. Helga deixara um chá em sua mesa, que ele bebeu
num único gole, e foi só. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Ele procurou por Helga, e encontrou-a adormecida na sala, com um
livro no colo. Ele recolheu o livro com cuidado, e não pôde conter
sua admiração ao perceber que ela estava lendo um dos poucos livros
que encontrara na biblioteca, falando do Brasil. Os dois foram
abraçados para a cama, e assim despertaram na manhã seguinte, como
se tivessem passado a noite, trocando energias e sonhando juntos com
a futura vida no Brasil. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>E, assim, passou-se mais um dia na vida do casal. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-size: large;"><br /></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b> CAPÍTULO VINTE E TRÊS</b></span></div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Gibran passava dias seguidos envolvido com as mensagens do Mestre.
As plantações de Helga tomavam conta de toda a área ao redor da
casa. Ela plantava ervas e ele, o futuro. Os dois se dedicavam aos
seus ideais mais nobres, ambos amavam o que faziam.</b></span></div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Na hora do almoço, sentavam-se ao redor da mesa e conversavam
enquanto comiam. Após um repouso para pôr a conversa em dia, eles
voltavam às suas tarefas, até o cair da tarde. Eles sentiram a
necessidade de disciplinar os seus trabalhos, e estabeleceram
horários para o início e o fim das tarefas diárias. A noite era o
tempo que dedicavam a relatar seus feitos, cada qual na sua área.</b></span></div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>A vida poderia parecer rotineira e sem maiores novidades, mas,
enganavam-se os que assim pensavam. Isto, eles tratavam de explicar
aos amigos, com quem ainda mantinham o hábito de se reunir as sextas
à noite. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Os amigos alegavam que eles viviam muito sozinhos, e não
participavam da vida na comunidade. Havia festejos e jogos, concursos
poéticos e encontros musicais. Um coral de moradores se apresentava
todos os domingos na igreja. Eles foram convidados a participar, mas
declinaram do convite. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Apesar desta vida recolhida, o casal demonstrava muita alegria,
quando se reunia com os amigos. As conversas eram em torno dos
interesses e afazeres de cada um, e serviam como um coquetel de
cultura, pois cada um tinha muito a acrescentar à bagagem pessoal do
outro, com a narrativa de suas experiências e desafios.</b></span></div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>A troca de experiências abria a mente de Gibran, quando o assunto
era política e espiritualidade. Helga ficava com seus olhinhos
brilhando, ao se falar de arte e natureza. As ervas cultivadas no seu
quintal eram temperos indispensáveis nas panelas da vizinhança.
Gibran é que não tinha muito a compartilhar, com seus estudos
herméticos e muitos deles, a pedido do Mestre, mantidos no mais
absoluto sigilo.</b></span></div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Sábio e bem-falante, Gibran não se atrapalhava com essas
limitações, já que sua vasta cultura, colhida na literatura
disponível na biblioteca municipal, servia para que ele ilustrasse
suas narrativas com fatos e descrições que transportavam os
ouvintes para cenas e locais distantes. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Os amigos riam de suas histórias e da forma como ele as contava.
Ele aproveitava diversos ensinamentos espirituais, para introduzir
nas conversas, práticas e ensinamentos contidos em diversas seitas e
religiões. Ele falava do significado das parábolas usadas por Jesus
para ensinar a sua doutrina. Ele utilizava palavras que as
explicavam, como bíblia alguma jamais o fizera. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>De cada religião, ele trazia uma passagem ou tradição
interessante que surpreendia os amigos. Os koans, enigmas paradoxais,
empregados pelos mestres sufis para obrigar seus monges a meditar e
abrir suas consciências. Os versos de ouro, que narravam em poemas a
doutrina filosófica de Pitágoras. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>A conversa se estendia até tarde da noite, mas sempre terminava
antes da meia-noite. Essa regra fora estabelecida, depois do dia em
que perderam a noção do tempo, e ainda estavam em torno da mesa,
quando despontaram os primeiros raios de sol. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-size: large;"><br /></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b> CAPÍTULO VINTE E QUATRO</b></span></div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Gibran soube que reencarnaria no Brasil numa época pouco antes do
final da segunda grande guerra. Ele nasceria no início do ano,
Helga, no final. Suas famílias seriam de origem portuguesa, a dele
com mistura de sangue índio. Educados dentro de padrões
semelhantes, tudo seria cuidado para que se sentissem atraídos, um
pelo outro, pela identificação de princípios e afinidade de
ideais. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Ele não resistiu o impulso, se levantou e foi contar tudo para
Helga. Ela ficou meio assustada com a história, talvez por ainda
usar outro corpo, e se imaginar perdendo-o, para ganhar um corpinho
de bebê.</b></span></div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Helga era assim mesmo, muito sonhadora e criativa, mas
essencialmente prática, quando analisava fatos concretos. Ela quis
saber de cada detalhe, que nome ela teria, e os seus pais, quem eles
seriam, e como ela e Gibran se conheceriam, e as perguntas não
tinham mais fim. A maioria delas, Gibran não soube responder, mas
anotou-as para consultar o Mestre.</b></span></div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Passada a agitação inicial, Gibran achou por bem voltar à sua
mesa de trabalho, pois, deixara seu Mestre a falar sozinho, num
sentido figurado, é claro! Helga é que não mais conseguiu se
concentrar nas suas ervas. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Mal sentou à mesa, a vibração do Mestre já foi restaurada, e a
mensagem, que fora interrompida, prosseguiu como se nada houvesse
acontecido. Gibran bem que tentou obter mais detalhes da sua vida
futura, mas, o Mestre mudou o rumo da prosa, e passou a relatar fatos
do mundo que tinham a ver com as mudanças de paradigmas da nova era.</b></span></div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Gibran soube que ele teria um papel a desempenhar de grande
importância na vida de alguns discípulos do Mestre Saint Germain.
Esses discípulos seriam encaminhados até Gibran, em busca de
conhecimentos, ajuda e conselhos. A sua missão seria passar adiante
os conhecimentos, adquiridos em vidas passadas, e os ensinamentos que
o Mestre estava lhe passando por escrito. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Gibran percebeu que perdera o controle sobre os temas que estavam
sendo abordados. Antes, ele pensava, o Mestre respondia. Agora, o
Mestre não respondia a perguntas, só relatava o que entendia ser
importante, desconhecendo os questionamentos e as dúvidas que se
contorciam na mente de Gibran.</b></span></div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Gibran percebeu que o Mestre estava passando-lhe uma mensagem
pessoal, de que cada um vive a sua vida, mas o destino traça o rumo
da história da humanidade. Não se pode afirmar o que será o futuro
na vida de alguém, mas, certamente, o destino do mundo está
traçado. E, cada qual se movimenta no espaço oferecido pelo
destino, do seu jeito e como achar melhor. Há tendências, jamais
certezas. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Gibran caiu em si, e percebeu que o Mestre só revelou como seria
a sua futura encarnação até onde era previsível, e dali para
frente ele se calou. Então, começou o relato sobre o futuro da
humanidade, e este sim, estava traçado desde o início dos tempos, e
ficaria gravado no seu inconsciente, para que pudesse utilizar na
vida futura.</b></span></div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Os fatos narrados diziam respeito a ocorrências a partir do ano
2000, e tratavam de situações que mudariam a vida na Terra. Era uma
espécie de um antiapocalipse e de uma negação de todas as
previsões de desgraças, destruições e fim de mundo. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>A energia acelerou, e Gibran passou a ter dificuldade para
acompanhar as mensagens. Ele escrevia com muita rapidez, e ainda
assim perdia algumas observações. De repente, o Mestre enviou-lhe
uma explicação do que estava ocorrendo. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>No futuro, a energia planetária seria acelerada, o padrão
vibratório do planeta se expandiria, e a humanidade teria de se
adaptar a esse novo padrão, para que os corpos se sutilizassem. A
matéria cederia, lentamente, o seu espaço para o espiritual. Antes,
a dificuldade da criatura humana era se sutilizar para elevar o
físico ao espírito. No futuro, a situação se inverteria, as
pessoas mais sutis, bem mais espiritualizadas, teriam de praticar a
densificação do corpo de energia, para se amoldar a certas
experiências de vida. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Gibran tentava entender essa história de aumento do padrão
vibratório, mas, sentia muita dificuldade para interpretar
corretamente os ensinamentos do Mestre. Mas, o Mestre não se
preocupava em prestar esclarecimentos, e prosseguia relatando os
eventos futuros. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Gibran ficou meio assustado ao saber que muitos morreriam por não
suportar a pressão exercida sobre o corpo físico pelo novo padrão
vibratório. Os atletas e artistas estariam entre os mais
sacrificados com a mudança do padrão. Acostumados a ir aos extremos
em jogos e apresentações musicais, eles não perceberiam que os
limites eram outros, e que não poderiam ultrapassar determinados
parâmetros sem afetar o coração e as ondas cerebrais. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>A humanidade também ficaria assustada com tantas mortes sem
explicações por parte da medicina, que não seria capaz de
diagnosticar o que não entenderia e nem estaria preparada a avaliar.
Os atletas teriam paradas cardíacas e derrames cerebrais, e as
alegações mais comuns ficariam por conta de choques ou práticas
mais violentas. Os artistas morreriam no palco ou após suas
apresentações, alegando-se que tudo ficava por conta das drogas,
dos desregramentos sexuais ou, simplesmente, da fatalidade. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>A sobrevivência da humanidade dependeria da capacidade de cada um
para processar e aceitar a evolução espiritual. A resistência a
essa evolução provocaria depressões, estresses e mortes. A
insistência de muitos, ou da maioria, de não abrir mão dos
prazeres sensuais, e de ir buscar nas drogas a fuga dos medos e da
falta de objetivos, provocaria uma considerável redução da
população planetária. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Os venusianos kumaras vão reencarnar novamente para dar
assistência aos naturais da Terra. Os kumaras tinham vindo de Vênus,
quando a raça humana encontrava dificuldade para evoluir mental e
espiritualmente. Isto já fazia milhares e milhares de anos. Muitos
deles permaneceram na Terra, por obrigação ou vocação, já que
foram preparados para amar o povo da Terra, e não se conformavam em
ver tanto sofrimento naquele povo. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Encarnando de tempos em tempos, os kumaras trabalhavam com os
Mestres Ascensionados dos diversos Raios, passando ensinamentos,
transmitindo conhecimentos e aconselhando os que buscavam entender o
caminho da iluminação. Eles atuavam não só no corpo físico, mas
também em corpos de energia, despertando a consciência dos mais
evoluídos, que buscavam respostas para a vida através das
religiões. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>As religiões sempre abrigaram os mais conscientes e evoluídos,
que depois de uma espécie de estágio religioso, saíam em busca de
maiores explicações sobre a natureza humana e a vida após a morte.
Nesses momentos, entravam em ação os kumaras, introduzindo-se na
vida dos postulantes, para orientá-los e passar-lhes conhecimentos. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Gibran ouviu do Mestre que, depois do ano 2000, essa realidade
seria cada vez mais flagrante, ainda que prosseguissem as
resistências em aceitar as revelações ocultas que chegavam por
sonhos e intuições. A população do planeta se reduziria aos
poucos, até que no final do primeiro século do novo milênio, o
número de habitantes estivesse próximo aos dois bilhões de
habitantes. Quando isso acontecesse, uma nova onda de progresso
tomaria conta da Terra, bastante semelhante ao que ocorrera na época
da Atlântida, mas, desta vez, sob a severa vigilância dos Mestres e
dos seus Adeptos. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>As crianças evoluídas, e que nasceram no início do milênio,
terão assumido a governança do mundo, ocupando posições
estratégicas nos governos da Terra. A divisão do planeta em quatro
reinos será feita segundo novos padrões estabelecidos pela
Hierarquia Planetária, e retificando os antigos critérios que,
comprovadamente, não deram certo. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Gibran estava cansado daquela correria entre o pensamento e a
escrita. O Mestre deu-lhe uma trégua, e interrompeu abruptamente as
mensagens. Ele soltou a pena, afastou os papéis e esticou as pernas
e os pensamentos. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Ele se levantou lentamente, se achou mais cansado do que o normal.
Respirou profundamente, e saiu à procura de Helga. Nessas horas, uma
conversa com Helga resgatava parte das energias despendidas.</b></span></div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Lá estava ela, mexendo a panela, preparando uma sopa de ervas. O
cheiro no ar era sedutor, e o sabor, na certa, confirmaria todas as
suposições que provocavam aquela água na boca. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;">
<b>Deixemos o casal conversar sozinho, sem a nossa presença. Existem
momentos em que contar todos os fatos é exagero dos escritores, e
bem mais do que o estritamente indispensável ao bom entendimento da
realidade descrita. </b></span>
</div>
<div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<br />
<br />
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhugHJbzU7HiB5F11fwLU3WrUdCAao2DPmc9QdJYGgulQl4nk-tlKQYwq-bpeggVk-xODoKQtHUmFleekqt-4gacGO3brQeM_01KUppS-KAdh2ZJ9hgfMs7zOL-d7ubxE25H6m26HDHbarX/s1600/conhe%25C3%25A7a-o-livro.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="200" data-original-width="600" height="106" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhugHJbzU7HiB5F11fwLU3WrUdCAao2DPmc9QdJYGgulQl4nk-tlKQYwq-bpeggVk-xODoKQtHUmFleekqt-4gacGO3brQeM_01KUppS-KAdh2ZJ9hgfMs7zOL-d7ubxE25H6m26HDHbarX/s320/conhe%25C3%25A7a-o-livro.png" width="320" /></a></div>
Gilberto Gonçalveshttp://www.blogger.com/profile/13146396337468632847noreply@blogger.com9tag:blogger.com,1999:blog-2108976697604275591.post-91723200199609196422018-09-07T07:49:00.001-03:002018-09-07T07:49:18.563-03:00MEMÓRIAS DE UM PROFETA - CAPÍTULOS 18, 19 E 20
<div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>CAPÍTULO DEZOITO</b></span></div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>A temperatura caiu bastante, com o chegar da noite. A lareira foi
acesa, e a conversa se estendeu até depois da meia-noite. Regada a
chá com biscoitos e um pão de centeio feito na hora com a manteiga
derretida, Gibran contou o que lhe era permitido relatar sobre a
guerra do futuro, e a respeito da figura de Hitler. Helga não abria
a boca, mas, de vez em quando, não conseguia evitar umas caretas,
talvez de indignação ou de pavor. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Ela comentou com Gibran que achava aquela situação muito
estranha, por estarem comentando fatos futuros, que o mundo ainda
desconhecia. Gibran interrompeu o relato por uns instantes, e
confessou-lhe que, já se acostumara de tal modo com aquela situação,
que nem se deu conta de que ela tinha toda razão. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Cansados de falar e de ouvir, e muito mais de pensar e de tentar
entender o que se passava na vida deles, deram a conversa por
encerrada, e foram para a cama. Abraçaram-se, e logo pegaram no
sono. No meio da noite, Helga despertou assustada, acordando Gibran,
e balbuciando com dificuldade que sonhara com a guerra e assistira
cenas horríveis. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Ela vira crianças, chinesas ou japonesas, não sabia ao certo,
correndo e chorando, no meio de uma nuvem de fumaça estranha. Quando
ela levantou os olhos, avistou tudo destruído ao seu redor. A
sensação é que era uma cidade inteira arrasada, com muita gente
morta e queimada. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Gibran procurou tranquilizá-la, consolando-a com a afirmativa de
que ela imaginara um quadro de guerra, criado em sua mente. O Mestre
descrevera muitas batalhas, mas nada que provocasse uma destruição
devastadora, como a que ela avistara no sonho. Era melhor esquecer a
guerra, e dormir em paz.</b></span></div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>O resto da noite brindou-os com uma trégua reconfortante.
Acordaram depois do sol, o que não era comum, e foram para o
desjejum falando de guerra. Gibran prometera investigar o sonho de
Helga, e ela pediu-lhe que se fosse verdade o que ela vira, melhor
seria esquecer.</b></span></div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Gibran ficara intrigado com a visão das criancinhas orientais. A
impressão que ele tivera com as primeiras visões da guerra e pelo
relato do Mestre, as batalhas seriam travadas na Europa. Agora,
surgiram novos dados, e era preciso investigar. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Mal ele sentou à mesa, sentiu aquele formigamento nos dedos e a
sensação de salivação na boca, que eram sinais da canalização
com o Mestre. Ele, imediatamente, pegou na pena e se preparou para
receber a mensagem.</b></span></div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>A palavra do Mestre foi contundente, pois, muito mais do que falar
da guerra, suas revelações entraram no campo da espiritualidade e
abordaram mistérios inimagináveis para Gibran. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>O Mestre começou confirmando a visão de Helga, e disse tratar-se
de um fato que fugira do controle dos guardiões da Terra. A nação
que estava selecionada para receber a sagrada responsabilidade de
liderar os movimentos espirituais no período de pós-guerra cometera
um lamentável erro, e, por isso, perdera essa liderança. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Gibran anotava o relato com um misto de ansiedade e curiosidade.
Que nação era aquela? Que erro terrível teria sido cometido? Que
liderança estava reservada e para que? Ele não podia perder a linha
de energia que o ligava ao Mestre, e que a desatenção poderia
cortar. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Gibran redobrou a atenção. O Mestre relatou que os Estados
Unidos da América eram a nação que cometeria uma ação hedionda,
e que seria punida pela Hierarquia. O Mestre detalhou o atentado
contra Hiroshima e Nagasaki, mencionando o uso de um armamento que
fora inventado por cientistas alemães capturados e postos a
trabalhar para os Estados Unidos. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Gibran pensava e o Mestre respondia ao seu pensamento. As bombas
atômicas foram lançadas com a desculpa de que se destinavam a
acabar logo com a guerra. O Japão, que se havia aliado aos alemães
e italianos, e sendo induzido a provocar a ira dos norte-americanos,
ao bombardear sua base de Pearl Harbor, no Havaí, provocou a entrada
dos Estados Unidos na guerra. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Gibran não entendeu quem havia induzido o Japão a atacar os
norte-americanos, e ficou aguardando a resposta do Mestre, mas esta
não veio. E, o Mestre prosseguiu detalhando os acontecimentos que
antecederam a decisão dos Estados Unidos de lançar as duas bombas
atômicas sobre território japonês. As cidades não tinham nenhum
valor estratégico, havendo uma enorme concentração de população
civil, e, não houve engano algum, foi sobre elas que as duas
primeiras bombas atômicas construídas pelo homem foram testadas. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Gibran parou de escrever, pois pensou ter entendido errado. O
Mestre repetiu que as duas bombas foram testadas nas cidades
japonesas. Gibran entendeu, então, a crueldade que fora cometida
contra pessoas inocentes, inclusive com as crianças, como Helga vira
no sonho. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>O Mestre passou, a seguir, um segredo para Gibran que só foi
revelado, entre os ocultistas, muitos anos após Gibran haver
reencarnado no Brasil. Os Estados Unidos seriam a nação-líder do
movimento cíclico de evolução da Obra da Hierarquia, e perdeu essa
condição para o Brasil, que somente exerceria essa liderança
depois dos norte-americanos. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Os sinais dessa condição de sediar a liderança espiritual
mundial podem ser observados em algumas regiões do território
norte-americanos, especialmente na Califórnia, para onde os sinais
místicos indicavam o caminho. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>O Mestre percebeu que Gibran não entendera bem de que liderança
se estava tratando. E, o Mestre tratou de dar-lhe as explicações.
De tempos em tempos, escolhe-se uma região no planeta, onde vão
reencarnar os discípulos dos Mestres e os postulantes mais
adiantados em suas jornadas iniciáticas. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>A última região havia sido a França, durante a Revolução
Francesa, ocasião em que os Estados Unidos conquistaram a sua
condição de liderança futura, após a sua declaração de
independência. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>A Obra na França não conseguira atingir os ideais pretendidos,
por conta de uma monarquia enfraquecida política, moral e
socialmente. O Mestre lembrou a Gibran que, ele, Saint Germain, atuou
pessoalmente, na tentativa de salvar o império, mas, fora tudo em
vão. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Gibran já estava cansado, e o Mestre percebeu, dando por
encerrada a conversa. Mas, não antes de lembrar a Gibran que ele
teria um papel importante a exercer no Brasil, por receber todas
aquelas revelações secretas, que deveriam ser utilizadas na
preparação da humanidade para uma nova era de Luz, após o ano de
2012. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Gibran estava tonto com tanta informação. Ele bebeu uma caneca
de água, respirou fundo, e saiu à procura de Helga. Ela estava na
cozinha a preparar uma deliciosa sopa, que aqueceria ainda mais o
ambiente, antes da noite chegar. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Eles se olharam nos olhos, e Helga entendeu que ele tinha a
resposta para o seu sonho. E a narrativa rendeu mais uma noite, e
diversos sonhos. A guerra do futuro foi tema de conversa por semanas
a fio, antes de se esgotar o assunto. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-size: large;"><br /></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-size: large;"><br /></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b> CAPÍTULO DEZENOVE</b></span></div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Os dias na vida de Gibran e Helga se passavam em função, muito
mais, do futuro do que do presente. O Mestre tinha muito a revelar a
Gibran, e este, mais ainda, a aprender. Helga vivia em estado de
graça, satisfazendo toda a sua curiosidade, diante de mistérios sem
fim. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Ela nem se dava conta de uma guerra que estava a começar, e que
tomaria conta da atenção mundial, nos próximos cinco anos. Chegara
o ano de 1914, e como o Mestre havia informado a Gibran, a primeira
guerra mundial estava começando.</b></span></div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>O recanto onde moravam, fora do centro de Stuttgart, seria
preservado das agonias da guerra, como havia sido revelado a Gibran.
E o casal pôde continuar levando a vida na sua rotina normal, como
se, para os dois, todo dia nascesse e morresse sem novidades no
fronte. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Karl e Karine, graças ao passaporte de filhos dos dois, cruzavam
o mundo, preservados do conflito mundial, mesmo quando tinham de
pisar em solo ameaçado pelos combates. Karl assumia, a cada dia, a
sua condição de artista celebrado em galerias da França. Karine,
menos ocupada com as criações artísticas, nem por isso desprezava
a inspiração, em suas buscas frenéticas por acessar o mundo da
magia espiritual, entre o místico vislumbrado e o oculto
desconhecido.</b></span></div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Karl, na França, e Karine, em algum lugar do Oriente, viviam
vidas descompromissadas com tudo que se passava à sua volta. O mundo
parecia sorrir para os dois, assim como seus pais sorriam para o
mundo. Não haveria guerra que deles retirasse o bom humor e a
vontade de viver.</b></span></div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Vez por outra, eles se comunicavam com os pais. Cada carta
retratava uma perene declaração de independência, reconhecida por
todas as nações da Terra. Nada de mau lhes atingia, como se uma
barreira de proteção separasse suas vidas do restante da
humanidade. Muitos lutavam nos campos de batalha, outros tantos
choravam as mortes de seus filhos amados. A população mundial,
direta ou indiretamente, era atingida pelos estilhaços vindos da
guerra, menos Gibran e Helga, e seus dois filhos.</b></span></div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Enquanto a humanidade tentava digerir a sua primeira guerra
mundial, Gibran e Helga destrinchavam e consumiam, bem antes da hora,
as atrocidades e os desatinos da segunda conflagração mundial. As
mensagens do Mestre ocupavam os dias do casal, Gibran anotando, e
Helga ouvindo. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Gibran quis saber do Mestre, quais seriam as consequências do
primeiro conflito, e como ficaria o mundo depois do segundo, que o
Mestre anunciara como o último em idênticas proporções. O Mestre,
com seu bom humor característico, respondeu-lhe que o primeiro seria
uma preparação para o segundo, e este, o limiar de uma nova guerra,
menos óbvia em sua violência, mas não menos destruidora para a
sociedade humana.</b></span></div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Gibran não entendeu a tirada jocosa do Mestre, para retratar o
domínio que os Estados Unidos da América viriam a exercer sobre os
países que se insurgissem contra sua política de tirania econômica.
No mundo de pós-guerra, pequenas, às vezes nem tanto, e localizadas
guerras, aconteceriam sempre que o controle econômico ameaçasse
sair das mãos dos norte-americanos. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>O dinheiro americano seria imposto como moeda padrão. O poderio
militar seria imposto ao resto do mundo, como se cada território
estrangeiro fizesse parte do império norte-americano. O petróleo
seria o ouro do amanhã, e a água, do depois de amanhã. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Ditadores seriam apadrinhados pela democracia americana, para
garantir seus domínios à distância. A corrupção
político-financeiro internacional promoveria figuras poderosas e
violentas que governariam seus povos com ameaças e torturas. E tudo
sob as bênçãos e graças dos Estados Unidos. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>A sociedade financeira internacional e as grandes indústrias sem
pátria, como as chamavam o Mestre, formariam um núcleo de força
com uma única finalidade, a de manter o controle e o poder sobre os
recursos econômicos do planeta. Quem se opusesse a esses ideais
seria afastado do caminho, por bem ou por mal. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>O governante que não obedecesse às ordens vindas da cúpula
internacional seria retirado do poder. O seu país seria invadido, ou
uma rebelião e crise seriam fomentadas, com recursos ou armas,
apoiadas por ações de militares estrangeiros ou civis mercenários.
E tudo isso sob a batuta dos Estados Unidos da América, que sairão
da segunda guerra com a imagem de salvador do mundo ou justiceiro dos
fracos e oprimidos. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>O Mestre relatou a Gibran o assassinato de um grande estadista
norte-americano, que inspirado pela Hierarquia, devia mudar o cenário
internacional, acabando com as guerras celebrando a reconstrução
do mundo, através de parcerias honestas e comprometidas com a paz
mundial. A sua morte impediria a consecução do projeto.</b></span></div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Gibran ficou imaginando que o Mestre estivesse relatando uma
guerra civil nos Estados Unidos, como ocorrera na época do
presidente Lincoln, quando o Norte e o Sul lutaram, fazendo correr
sangue entre irmãos. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>O Mestre tratou de corrigir os pensamentos de Gibran,
mostrando-lhe como a conspiração viria a ocorrer, envolvendo
militares, órgãos de segurança e serviço secreto, instigados e
financiados pelos poderes econômicos internacionais e pela indústria
bélica.</b></span></div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>O presidente Kennedy se elegera para acabar com as pequenas
guerras espalhadas pelos quatro cantos do mundo, que eram
patrocinadas pelas elites do poder mundial, que zelavam por seus
interesses financeiros e comerciais. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>O Mestre falou da vergonhosa derrota que seria imposta aos Estados
Unidos por um pequeno país do sudeste asiático, o Vietnã. Invadido
barbaramente por tropas norte-americanas, e tendo o seu povo
trucidado por armas de destruição em massa, ainda assim, os
guerrilheiros vietnamitas, chamados vietcongues, venceriam a empáfia
bélica norte-americana. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>O presidente Kennedy tentou acabar com esse conflito, propondo a
retirada das tropas norte-americanas do território vietnamita. A
resistência da indústria bélica, associada aos seus cúmplices, os
chefes militares, foi decisiva, e formou-se um complô para matar o
presidente. E, isso veio a ocorrer com a participação da cúpula
militar e dos órgãos de segurança, mancomunados num plano
vergonhoso que serviu para manchar ainda mais a imagem da nação
norte-americana como pretensa defensora da ordem mundial. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Mataram o presidente, inventaram um bode expiatório e a farsa foi
celebrada com as bênçãos do povo americano. A seguir, mataram o
assassino, numa farsa pior ainda, e logo, depois, o assassino do
assassino, para que não desse com a língua nos dentes. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>E, para que os caminhos ficassem, definitivamente, livres e os
verdadeiros governantes da nação americana pudessem continuar
agindo sem correr riscos, eles, também, mataram o irmão do
presidente Kennedy, candidato à sucessão.</b></span></div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Gibran escrevia tudo aquilo sem conseguir esconder a revolta que
sentia na alma. O Mestre detalhou os pormenores, e aconselhou-o a
guardar seus escritos a sete chaves. Ninguém poderia ter
conhecimento daquelas revelações, que eram segredos velados para a
raça humana. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Gibran ainda pensou em consultar sobre o final da trama e se os
culpados seriam punidos, mas, percebeu que o Mestre já encerrara os
trabalhos. Agora, era reler o que havia sido escrito e contar tudo
para Helga. De repente, o Mestre voltou para ordenar a Gibran que não
o fizesse, pois, somente ele, Gibran, poderia ter conhecimento dos
fatos relatados. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Gibran tomou todos os cuidados para juntar aquelas páginas a
algumas outras guardadas num arquivo à parte, onde repousavam outras
revelações a serem mantidas no mais absoluto sigilo. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b> CAPÍTULO VINTE</b></span></div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Trinta anos se haviam passados, desde que Gibran e Helga se
mudaram de Berlim para Stuttgart. Estamos no ano de 1920, e a guerra
já acabou. A idade pesava nas costas de Gibran e Helga, mas, eles
aparentavam menos vinte anos do que tinham na realidade. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Ele perguntava ao Mestre, quando morreria e em que ano
reencarnaria no Brasil. O Mestre negava-se a falar disto, e jamais
Gibran obteve essa informação. As mensagens se sucediam e, com o
passar dos anos, as revelações se tornavam cada vez mais
proféticas, como se Gibran precisasse saber de tudo aquilo, para que
pudesse utilizar aqueles conhecimentos em sua vida seguinte. E, sem
dúvida, não era outra a intenção do Mestre, como Gibran foi
informado numa das mensagens. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Gibran, certa vez, perguntou ao Mestre sobre o futuro da Europa, e
em especial da Alemanha, após a segunda guerra. A resposta trouxe
consigo imagens de crises e sofrimentos, com o povo alemão subjugado
pelas nações vencedoras. Berlim surgiu dividida, com o povo alemão
humilhado com a construção de um muro imenso, que impedia a
passagem de um lado para outro. Muitos morreriam, na tentativa de
alcançar o outro lado, para se juntar à família. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Um dia, o muro seria posto abaixo, por interferência da
Hierarquia, e para a surpresa dos que julgavam essa possibilidade
impossível de acontecer. O muro cairia, do dia para a noite, mas,
nem por isso o povo alemão obteria uma liberdade completa. O estigma
da guerra acompanharia a nação alemã por séculos, antes que a sua
soberania fosse recuperada de fato e de direito. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>O Mestre aproveitou para relatar sobre a nova crise financeira que
abalaria o mundo depois do ano 2000, com mais uma tentativa dos
banqueiros internacionais de manipular a economia das nações, de
modo a mantê-las endividadas sobre o domínio de uma instituição
poderosa com a sigla FMI.</b></span></div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Gibran foi informado que os banqueiros de diversas nações, mas
principalmente os norte-americanos, se reuniriam num Banco Mundial e
criariam um Fundo para emprestar dinheiro às nações mais pobres.
Esses empréstimos permitiriam a intromissão nos negócios internos
dessas nações, estabelecendo regras e obrigando-as a seguir ordens
que favoreceriam os interesses das grandes empresas ligadas aos
bancos.</b></span></div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Os países mais pobres receberiam empréstimos em troca de
permitir a extração de suas riquezas minerais, e contrairiam
dívidas que não teriam condições de quitar. Dessa forma, o
controle de sua política interna e externa seria manipulado pelos
países credores, que se tornariam legítimos donos dessas nações. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>O mundo aceitaria essa farsa, como se o Fundo pudesse dar uma
condição de vida mais digna para as nações devedoras. Na prática,
as nações seriam exploradas e escravizadas, ameaçadas pela dívida,
que cresceria de modo incontrolável.</b></span></div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Esses e outros assuntos seriam discutidos por todos os países,
reunidos numa Assembleia Internacional de um organismo a ser criado
após a segunda guerra sob a sigla ONU. Todos teriam direito de
manter representantes na Organização, mas, as decisões seriam
tomadas de acordo com a vontade dos países mais ricos e poderosos. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>A sede dessa Organização ficaria em Nova Iorque, nos Estados
Unidos, e funcionaria como um verdadeiro quartel-general da elite
internacional, sob o comando dos Estados Unidos. Se uma nação mais
fraca estivesse incomodando ou dificultando os interesses dos
poderosos, seria aprovada a intervenção da Organização, e para lá
se dirigiriam os exércitos de diversos países para subjugá-la.</b></span></div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Entre esses poderosos também havia rivalidades, com um tentando
passar o outro para trás. E, tudo sob a batuta dos banqueiros
internacionais, que tomavam suas decisões e as comunicavam aos
governantes dos países que formavam a cúpula da Organização. E,
desse modo, o mundo seria governado por mais de um século, até que
um plano estratégico fracassaria, ameaçando o futuro de algumas
tradicionais nações, que se colocariam contra os acordos celebrados
na ONU. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Tudo começaria como uma trama dos banqueiros e das grandes
multinacionais, com o apoio do Tesouro norte-americano, numa
tentativa de controlar as riquezas dos países europeus. Seria criada
uma moeda única para circular entre os países europeus que se
reuniriam em torno de um ideal comum, com a criação da União
Europeia. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>A moeda chamada euro substituiria as moedas nacionais, e seria a
moeda oficial circulante, aceita por todas as nações da Europa.
Moedas fortes seriam desativadas, o que acarretaria o caos econômico
dentro da União Europeia. Os países não teriam seus programas
econômicos individuais, mas, atrelados à supervisão e fiscalização
de um grande Banco Europeu, centralizando nele os planos econômicos
de cada nação. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>A tentativa de uma moeda única europeia escondia uma intenção
de fortalecer o dólar que estava sendo sustentado pela pressão do
governo norte-americano junto aos seus aliados. A moeda americana
perdeu o lastro, devido à inflação provocada por uma emissão
abusiva, a fim de financiar guerras e intervenções políticas dos
Estados Unidos em países dominados por ditaduras a serviço do
governo norte-americano. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Desvios de recursos milionários para alimentar guerras, financiar
acordos e subornar governos, tudo somado à ganância dos banqueiros
e dos empresários que detinham o poder das multinacionais,
provocariam a quebra do sistema, gerando uma crise incontornável,
que viria a estourar após 2020. Todo o sistema ruiria e a crise
seria mais grave do que a de 1929.</b></span></div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Gibran ficou tentando imaginar a grandeza dessa crise, o que era
impossível, considerando-se o que se conhecia de comércio
internacional e das influências dos bancos sobre as diversas nações,
naquela época de 1920.</b></span></div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Gibran tratou de copiar o que as mensagens diziam, e absteve-se de
tentar entender a profundidade da crise. Achou melhor esperar a sua
nova encarnação no Brasil, para procurar entender com maior
clareza, o que o Mestre estava relatando. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Gibran cansou-se, e esperou que o Mestre finalizasse os trabalhos
por aquela noite. Helga já estava dormindo, e ele precisava muito se
estirar na cama, e repousar mais a mente do que o corpo. Ele largou a
pena, esticou o corpo, juntou os papéis e foi dormir. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Era preciso descansar, pois, no dia seguinte, eles receberiam um
dos casais amigos para jantar. E esses jantares costumavam entrar
pela madrugada, tantos eram os assuntos postos à mesa. Os temas iam
da política de pós-guerra aos pés de frutas que estavam
carregadinhos dessa ou daquela espécie. Os homens discutiam os
efeitos da guerra, as mulheres, as receitas dos doces. E, sem
separações, os casais falavam dos filhos distantes e das saudades
que sentiam.</b></span></div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Gibran já pegou no sono, afinal os assuntos na ordem do dia foram
exaustivos. Os sonhos, talvez, não o deixem descansar a mente, pois
há de ter levado para a cama, os polêmicos relatos do Mestre, que
tanto mexeram com os seus sentimentos. Amanhã é um novo dia, e
novas mensagens hão de ocupar, em sua mente, os espaços deixados
vazios de véspera. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;">
<br />
</span><br />
</div>
Gilberto Gonçalveshttp://www.blogger.com/profile/13146396337468632847noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-2108976697604275591.post-48343668570262970332018-08-31T08:38:00.001-03:002018-08-31T08:38:40.104-03:00MEMÓRIAS DE UM PROFETA - CAPÍTULOS 14, 15, 16 E 17
<div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>CAPÍTULO QUATORZE</b></span></div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Os estudos esotéricos de Gibran seguiam por diversos rumos, sem
limitações ou preconceitos. Teosofia, taoismo, budismo e, agora,
xamanismo. Nada conseguia surpreender Gibran, ele absorvia os novos
conhecimentos com absoluta naturalidade. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Gibran ficou encantado com o fato de que os xamãs acreditam que
todos podem se comunicar com os Espíritos das coisas ou pessoas. Ele
aprendeu que é possível ser ouvido pelo vento, pela chuva, pela luz
e pelo calor. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Essas estranhas verdades eram confirmadas em livros escritos por
cientistas que repetiam os mesmos conceitos. Num livro sobre anjos,
Gibran soube que os devas revelaram isso para uma mulher que
conseguia se comunicar com eles. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>O xamã usa a imaginação para exercer o seu poder, e o faz com
plena convicção de que o fato pensado ou a imagem visualizada é a
verdade inquestionável. Não se trata de promover uma ilusão ou
criar uma fantasia, mas de aceitar como uma realidade física a
vontade projetada pela mente. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Os primeiros passos sobre o poder da visualização criativa
estavam sendo experimentados, e dando os primeiros bons resultados.
No tratamento de doenças psíquicas, área de sua especialização,
ele já ouvira falar de curas. Mas, em tratamentos de doenças no
corpo físico, já se ousava imitar os rituais xamânicos. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Gibran se aprofundou nas práticas xamânicas, e se impressionou
com os conceitos que ele mesmo defendera na faculdade, que a doença,
psíquica ou física, é um desvio do que seria a saúde natural de
todos nós. Tratá-las com drogas seria uma anomalia e uma agressão
ao corpo físico. O correto seria o uso da força da mente e dos
rituais mágicos. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>A reconquista da saúde exige mudança de hábitos e novas
posturas mentais. A saúde é o efeito perfeito de hábitos saudáveis
na forma de se alimentar e de pensar. A cura de todos os males está
dentro da mente de cada um de nós. Os xamãs creem nisto, e Gibran
caiu em si que ele também acreditava nessa realidade. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Enquanto refletia sobre o que lia, Gibran adormeceu, ou julgou que
o fez. Quando despertou, viu que havia escrito uma saudação que
tinha sido dirigida a ele, e fora assinada como de autoria do Grande
Chefe Xamã. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Ele esfregou os olhos, num ato típico de quem acabou de acordar,
e pôs-se a ler. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Respeita o teu Criador, Irmão, entendendo ser Ele o criador de
todas as coisas. Ama o ar que tu respiras com o respeito que deves
ter por tudo que representa vida. E nada é mais simbólico do que o
ar, quando se deseja mostrar um sinal do que é a vida. Ama o solo
onde pisas, lembrando-te que nele habita a força que rege o alimento
que te mantém vivo. Ama a água que brota pura do interior da terra.
Ama o fogo que aquece as tuas noites e que cozinha o teu alimento,
tornando-o sagrado para o teu corpo. Ama o teu irmão, o bom e o mau,
o feio e o bonito, o sábio e o estulto, o rico e o pobre. Ama o teu
Deus e com Ele estarás comungando com tudo o mais que te cerca. Ou,
se preferires, ama a Natureza, e com ela estarás amando os teus
irmãos de todos os reinos, e o teu Criador que é a síntese de
tudo. Os dias são cristais que nascem no interior do coração do
Grande Senhor do Mistério da Vida. As noites são os mantos que
cobrem a luz, para que os Mestres da Sabedoria meditem em paz sobre o
dia que passou e sobre aquele que está chegando. Entrega os teus
pensamentos ao sabor do vento que traz a mensagem do Grande Chefe
Espiritual. Sente o perfume do ar, pois é ele o sinal das boas novas
trazidas por teu irmão, o Vento. Ouve os pássaros que cantam as
suaves canções que descem das Altas Esferas para despertar os
sentimentos adormecidos nos corações da humanidade. As sete cores
no céu são como um arco pronto para disparar a flecha sagrada que
há de atingir os sentimentos mais profundos da humana criatura.
Depois deste ritual, desperta os teus sentidos e olha em volta de ti,
e reconhece entre os que vivem ao teu redor as energias sagradas que
se desprendem de teus irmãos, filhos da Natureza. Somos todos
irmãos, e nada existe entre o céu e a terra, e além dos limites da
tua imaginação que não tenha sido criado pelo Grande Senhor da
Criação, o Grande Chefe de todos os Universos. Reconhece a tua
divindade, e a fraternidade que deves a todos os que te cercam, pois
são teus irmãos. Ora em silêncio para ti mesmo, porque tu és o
centro das consolações das tuas dores. Pede ao teu Mestre que te
alce ao infinito das alturas para que possas admirar o espetáculo da
Terra, irmanada em amor após a tua oração, e a tua energia
estendendo-se até os limites das terras deste planeta. Tu és o Deus
tão sonhado por tantos fiéis. Tu és o bem e o mal. Tu és o feio e
o bonito. Tu és o início e o fim desta raça. Porque tu és um
deus. És parte do Todo e, por isto, és o Todo. A Mãe Natureza está
em ti. A Mãe-Terra está em ti. Os filhos da Terra estão em ti.
Tudo está em ti. Porque tu és abençoado, o Deus está em ti.
Assim, eu te digo, ama a tudo, e todos te amarão. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Gibran suspirou fundo, e buscou Helga, no fundo do quintal, para
recitar o texto em voz alta, e fazê-la envolver-se também em toda
aquela magia. Helga ouviu-o calada, balançou a cabeça, como que
aprovando o que ouvira, e voltou ao seu trabalho na terra. Gibran
retornou ao seu gabinete de leitura, e prosseguiu nos seus estudos. A
mensagem fora absorvida pelo casal, cada qual em sua área de
trabalho. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-size: large;"><br /></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b> CAPÍTULO QUINZE</b></span></div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>O tempo passava, Gibran estudava e Helga cuidava da terra. A magia
de Gibran estava na mente e de Helga nas mãos. Ele celebrava rituais
no astral, ela no físico. Ambos entravam em êxtase a cada
celebração, entusiasmados com seus progressos espirituais. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Os anos se passaram sem que eles percebessem muito bem o que
estava acontecendo no mundo lá fora. A cada ano que se aproximava da
época prevista pelo Mestre para o início de uma grande guerra, o
mundo fervilhava com conflitos e alianças. Países se uniam contra
outros, alianças eram feitas e desfeitas, ao sabor de interesses
desta ou daquela nação. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>As anotações de Gibran formavam pilhas de folhas manuscritas,
umas assinadas por ele, outras pelo Mestre. Nas dele, Gibran anotava
o que lia e fazia seus apontamentos sobre os ensinamentos do Mestre.
Nas que recebiam a assinatura do Mestre, apareciam orientações,
conselhos e previsões de fatos a ocorrer naquela vida e na próxima
vida do casal. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>De uns tempos em diante, as mensagens do Mestre passaram a se
voltar para a preparação dos dois, para a próxima encarnação. O
Mestre dava detalhes e oferecia explicações sobre como Gibran e
Helga deveriam agir quando se dessem conta que haviam reencarnado no
Brasil. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>O ano seria de 1944, um nasceria no início e outro no fim. Seriam
educados sob os mesmos princípios de ética, moral e religião, por
pais de origem portuguesa. O Mestre justificava cada previsão, e
pedia a Gibran que passasse os esclarecimentos para Helga. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Antes da futura reencarnação, havia os fatos que iam ocupar seus
últimos anos na Alemanha. Juntos e felizes, eles não seriam
afetados pela guerra, mas sofreriam os medos e angústias dos
habitantes do planeta. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Os seus filhos não participariam da guerra, pois seus karmas não
os comprometiam com as causas que envolveriam as nações em luta.
Apesar da garantia do Mestre, Gibran e Helga não ficavam muito à
vontade, quando sentiam a aproximação do momento previsto pelo
Mestre para o início das hostilidades. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Corria o ano de 1912, quando as mensagens do Mestre se tornaram
mais constantes, intensas e tensas. Gibran passava o dia inteiro,
desde manhã até, às vezes, pela madrugada, escrevendo sem
descanso. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>O Mestre passou a lhe contar o que estava programado para o futuro
da humanidade. O Mestre avisou-lhe que esses relatos ficariam
adormecidos no seu inconsciente, e que seriam recordados aos poucos.
A nossa alma, disse-lhe o Mestre, guarda tudo que a personalidade vê,
ouve ou sente, mas a lembrança não fica no nível do consciente,
nas vidas seguintes. Mas, são ativadas, à medida que ocorre a
expansão do nível de consciência. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Dia após dia, durante mais de um ano, Gibran anotou tudo que lhe
chegava à mente, e que recebia a assinatura do Mestre Saint Germain.
As revelações não se referiam somente à futura encarnação do
casal, mas, também, aos fatos que viriam a ocorrer antes e durante
esses tempos futuros. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Gibran recebeu todas as explicações sobre as causas e os efeitos
da guerra que se aproximava, e que ia provocar muitas mortes e
destruições em diversas nações. A Alemanha estaria diretamente
envolvida na luta, mas os sinais da guerra não seriam percebidos em
Stuttgart, na região onde eles moravam. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>De 1914 a 1919, o mundo conheceria os dramáticos efeitos do que
seria conhecida como a primeira guerra mundial. O mundo estaria, pela
primeira vez, envolvido com uma guerra que afetaria não uma região
ou alguns poucos povos e nações, mas o mundo inteiro. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>O Mestre passou-lhe algumas recomendações, que não deveriam ser
comentadas com ninguém, nem mesmo com Helga. Esse tipo de
recomendação passou a acontecer, a partir daí, por diversas vezes.
Gibran tomava cuidados especiais, marcando com uma tarja vermelha os
escritos que continham tais recomendações. E os guardava separados
dos outros, para não correr o risco de comentá-los com Helga,
quando conversavam à noite sobre as misteriosas mensagens. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b> CAPÍTULO DEZESSEIS</b></span></div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Helga começou a desconfiar que Gibran recebera revelações mais
importantes, sem que ele as contasse para ela. O seu sentido feminino
dizia que se tratava de fatos assustadores, e que ele queria
poupá-la. Em parte, ela tinha razão, mas não completamente. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>O Mestre era o responsável pelos segredos. Ele não queria pôr a
vida de Gibran em risco. Se soubessem que ele tinha o dom de
profetizar o que viria a acontecer no futuro, logo seria assediado e
teria a sua vida ameaçada. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Gibran percebeu as desconfianças de Helga, e tratou de
tranquilizá-la. Explicou-lhe as razões do Mestre, e pediu-lhe
paciência, enquanto ele processava as informações. Prometeu-lhe
revelar o suficiente para que entendesse o que viria a acontecer num
futuro próximo. Mas, principalmente, comprometeu-se a deixá-la a
par de tudo que tivesse a ver com a vida deles na próxima
encarnação. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Os detalhes da guerra ficaram sob o selo secreto, e nada foi
comentado. Helga também não se interessou pelo assunto. Ela
preferia não se inteirar de fatos que provocariam tantas desgraças
e sofrimentos. A única informação dada foi sobre o período em que
o mundo viveria a conturbação do conflito. Em 1914, as batalhas
teriam início, e em 1919, tudo teria terminado. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Helga queria saber apenas o que seria deles e dos filhos. Ele
tranquilizou-a, informando que o Mestre afirmara que eles
desconheceriam os pavores da guerra. Como isso ia acontecer, o Mestre
não revelara, mas, pediu-lhe que confiasse em suas palavras. E foi o
mesmo que Gibran pediu a Helga. Ela confiou no marido, tanto quanto
ele confiara no Mestre. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Os tempos de guerra se prenunciavam para os alemães, mas a vida
do casal seguia a mesma rotina, com estudos espirituais e trabalhos
na terra. Gibran lia muito, e não menos escrevia. Helga cuidava da
casa e da terra, fazendo de ambas as tarefas uma motivação para a
sua fé. Gibran era um místico, e sua fé se voltava para os mundos
ocultos. Helga, uma naturalista convicta, e que via na Natureza a
presença divina na matéria. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Depois da guerra, o fato mais marcante seria a grande depressão
econômica que abalaria a sociedade mundial. Ricos ficariam na
pobreza da noite para o dia. Impérios e fortunas desapareceriam num
piscar de olhos. As riquezas conquistadas sem trabalho e através de
especulações e explorações desapareceriam. A miséria tomaria
conta do mundo. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Helga ficou muito assustada com o relato sobre a depressão
econômica, e quase a antecipou para si, não economicamente, mas
psicologicamente. Gibran consolou-a com as palavras do Mestre: “são
papéis que serão queimados, para obrigar a humanidade a valorizar o
trabalho”.</b></span></div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Helga acalmou-se, quando entendeu que aqueles que retiravam seus
sustentos do trabalho, e não da exploração da cobiça alheia,
seriam preservados. Eles não viviam de investimentos ou especulação
financeira, mas de plantar e colher seus alimentos. A vida deles era
simples, e podiam viver da terra e no campo. E, a vida continuou, sem
mudanças. Os dias passavam, e eles trabalhavam. A guerra chegaria e
a guerra acabaria. Os filhos ficariam bem, como o Mestre havia
antecipado. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>A depressão econômica seria para bem mais tarde, dez anos após
o fim da guerra. Nesse meio-tempo, Gibran escreveria sem parar,
preenchendo calhamaços de folhas de papel. Helga ganharia calos nas
mãos de tanto mexer na terra. Ambos eram muito felizes. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>O tempo passava. Gibran e Helga passavam com o tempo. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-size: large;"><br /></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b> CAPÍTULO DEZESSETE</b></span></div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Gibran se reunia com os poucos amigos que se interessavam pelos
mesmos mistérios que tomavam grande parte do seu dia. Às noites de
segunda e sexta, ele e mais seis se encontravam para falar de suas
experiências. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Uns descreviam trechos de livros que tinham lido após a última
reunião. Outros descreviam sonhos misteriosos, em que símbolos e
vozes se misturavam para revelar fatos futuros ou, simplesmente,
ofertar conhecimentos. O centro das atenções, porém, era Gibran,
que mostrava as anotações feitas, em suas conversas com o Mestre. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>As reuniões entravam pela noite, e quase sempre acabavam na
primeira hora da madrugada. Helga já dormia, quando, esgotado física
e mentalmente, Gibran deitava-se ao seu lado, e mal tinha tempo de
abraçá-la, antes de pegar no sono. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>As mensagens do Mestre tornavam-se, a cada dia, mais intensas e
profundas, abordando os fatos presentes, mas, dando mais ênfase ao
tempo futuro, quando Gibran reencarnaria no Brasil. A justificativa
era que, Gibran deveria reencarnar sabendo de tudo que viria a
acontecer, ainda que sem a consciência perfeita da lembrança e sem
saber explicar as origens dessas recordações. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>No sábado seguinte à última reunião, o Mestre falou-lhe da
segunda grande guerra que ia começar antes de Gibran reencarnar,
terminando cerca de um ano depois de renascer. Seria um conflito
terrível que envolveria muitas nações, a maioria delas lutando
contra a Alemanha e a Itália. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Gibran recebia essa mensagem com indignação, à medida que ia
escrevendo e tomando conhecimento de um confronto sangrento, bem pior
do que seria o primeiro. A revolta dele vinha do fato de que partiria
da Alemanha a agressão aos países vizinhos e, a seguir, a invasão
de nações mais distantes. Adolf Hitler seria o líder do povo
alemão que levaria a nação para uma desastrosa aventura, que tinha
como meta dominar o mundo. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Gibran foi informado de todas as razões alegadas por Hitler para
convencer a nação alemã a deflagrar essas agressões a povos
despreparados para reagir às invasões. As alegações contra a raça
judia foi explicada detalhadamente pelo Mestre, que abordou suas
origens, muitas delas desconhecidas do mundo, e que jamais seriam
reveladas. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>O Mestre falou dos estudos místicos de Hitler, e que havia muito
mais mistério por trás das suas incursões de guerra do que se
poderia imaginar. Hitler detinha conhecimentos sobre o uso de poderes
de magia e pretendia expandir o seu domínio sobre os mundos ocultos,
apossando-se de regiões e recantos da Terra que irradiavam energias
alimentadoras desses poderes.</b></span></div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>A ira de Hitler contra o povo judeu não tinha suas causas
relacionadas a uma sua possível origem judia, como alguns imaginam.
Ele sabia que o povo judeu era uma raça cósmica que, assim como os
maias, se transportavam de um mundo para outro, cada qual com suas
razões próprias. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Enquanto os maias surgiam num planeta com a missão de preparar a
raça para futuros processos de evolução, os judeus tinham
propósitos evolutivos voltados para si mesmos, sem a mistura
genética, que caracterizara a proposta dos kumaras venusianos e sem
as revelações projetadas pelos maias.</b></span></div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Mestre Saint Germain detalhou para Gibran as existências de povos
desse tipo, que visitam os planetas, de tempos em tempos, e depois
vão embora, deixando resíduos e sinais de suas passagens.
Comparou-os aos ciganos, que são conhecidos como precursores de
novos tempos ou de sérias mudanças numa região da Terra. Eles
anunciaram o nascimento de um novo Cristo, quando Jesus nasceu. Três
reis ciganos foram levar presentes ao novo Cristo, e reverenciá-lo
em nome de toda a nação cigana.</b></span></div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Gibran escrevia sem parar, e tentava acompanhar os segredos
revelados com a mente aberta para o infinito, sem filtragens ou
censuras. Se tentasse racionalizar, sua mente não suportaria a
pressão, se procurasse entender com os seus parcos conhecimentos
psicológicos ou científicos, seria incapaz de prosseguir.</b></span></div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Voltando à guerra, que teria início em 1939, e que perduraria
até 1945, o Mestre revelou as verdadeiras razões para que o povo
alemão viesse a entregar o poder nas mãos de Hitler, e do ditador
ter perseguido com tamanho ódio o povo judeu. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Hitler era um homem medíocre, porém um espírito ambicioso. Por
trás da mediocridade humana, existia uma poderosa grandeza
espiritual, sobrecarregada de karmas passados e ressentimentos
presentes.</b></span></div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Ele sabia toda a verdade sobre os riscos representados pelos
judeus à nação alemã. A economia alemã se submeteria ao jugo dos
interesses judeus, ficaria atrelada para sempre ao seu domínio,
como viria a ocorrer com a sociedade norte-americana. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Muitas das revelações eram veladas, e não puderam ser expostas
nas reuniões de Gibran, e nem poderão ser anunciadas aqui, pois, os
mistérios são para ser desvendados, no entanto, os segredos não
são para ser contados. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Com o final da segunda guerra, o povo alemão seria humilhado
pelas nações vencedoras, que repartiriam o seu território,
distribuindo uma fatia para cada um. Irmãos seriam separados por um
aviltante muro, que os fariam prisioneiros de sua vergonha. Um povo,
que já havia sido tão poderoso e respeitado, se tornaria um
aglomerado de derrotados, aprisionados em suas próprias casas.</b></span></div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Hitler, contrariando a história oficial, foi assassinado por seus
oficiais mais próximos, encarregados da sua defesa. Morto o ditador,
seus guarda-costas se despojaram de suas vestes militares, e se
misturaram com o povo, à espera da chegada das tropas aliadas. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>O mistério da morte de Hitler tornou-se a segurança de
sobrevivência desses oficiais quase desconhecidos, por exercerem
funções secretas, desconhecidas até mesmo dos principais
comandantes nazistas. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Gibran, esgotado e com dificuldade de processar todas essas
revelações, pediu uma trégua ao Mestre, que o atendeu de pronto,
interrompendo o circuito que os unia. Gibran dedicou aquela tarde a
uma longa caminhada ao lado de Helga, tratando de se entregar à bela
natureza à sua volta, que admirou como nunca antes o fizera,
provocando comentários elogiosos de Helga.</b></span></div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>A mente dele precisava de chão, de terra e de matéria física,
para que pudesse se sentir vivo e no tempo certo em que estava
encarnado. Helga olhava-o admirada, sem saber o que se passava na
mente dele. De repente, ele se voltou para ela: “Em que ano nós
estamos?” Helga arregalou os olhos, e respondeu: “A sua pergunta
me assusta, eu acho que é 1913, mas já nem tenho tanta certeza”.</b></span></div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Gibran suspirou um suspiro cansado, e disse-lhe: “Eu precisava
ouvir isto, pois não conseguia me livrar dos campos de batalha e dos
campos de concentração, que me prendiam a uma trágica época que
só vai terminar depois que eu houver renascido.” Helga não
entendeu muito bem, mas abraçou-o, e desviou a conversa para um
bosque em flor, que refletia o amarelo das flores aguçado pelo
dourado do sol de fim de tarde. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>E, era o fim de mais um dia.</b></span></div>
<span style="font-size: large;">
</span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;">
</span><br />
<br />
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjG8-eVHgauaDa1E-EXmNAj_0wut9ncQwNvbMT2GYsTnMyQo0lupHxd8C2UZpRCIvI0oYxmDXVH49AYmk1zCSJ9_WcdJ4aHC7fZ_fNmrsX2XNdCT4GWwlbvb2Kryp6e2T_DnLyBU7CI2AOU/s1600/conhe%25C3%25A7a-o-livro.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="200" data-original-width="600" height="106" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjG8-eVHgauaDa1E-EXmNAj_0wut9ncQwNvbMT2GYsTnMyQo0lupHxd8C2UZpRCIvI0oYxmDXVH49AYmk1zCSJ9_WcdJ4aHC7fZ_fNmrsX2XNdCT4GWwlbvb2Kryp6e2T_DnLyBU7CI2AOU/s320/conhe%25C3%25A7a-o-livro.png" width="320" /></a></div>
Gilberto Gonçalveshttp://www.blogger.com/profile/13146396337468632847noreply@blogger.com8tag:blogger.com,1999:blog-2108976697604275591.post-7390726653352267382018-08-24T08:12:00.001-03:002018-08-24T08:20:48.339-03:00MEMÓRIAS DE UM PROFETA - CAPÍTULOS 11, 12 e 13<div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>CAPÍTULO ONZE</b></span></div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span>
<div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Os dias se passaram, Karl veio visitá-los, e foi uma festa, em
tudo semelhante aos momentos mágicos vividos ao lado de Karine. Karl
contou dos seus progressos na pintura. Ele havia conseguido o apoio
de um grande mestre francês, e exibiria seus quadros numa galeria
famosa. Os pais ficaram orgulhosos. E, a despedida veio acompanhada
por novas e sentidas lágrimas, nem mais e nem menos sentidas do que
as vertidas por Karine. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span>
<div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Gibran prosseguiu nos estudos, conversando com o Mestre, ora
através do pêndulo, ora através das mensagens escritas. Helga
tornou-se a deusa das ervas, que se espalhavam ao redor da casa,
mesmo quando nem eram semeadas ou plantadas. Bastava que ela
expressasse o desejo de tê-las num lado ou no outro, e começavam a
brotar suas primeiras folhinhas. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span>
<div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Joseph falecera dois anos após eles terem mudado, e deixara muita
saudade, privando-os de seus conhecimentos e bom humor. Gibran já
fora duas vezes a Berlim para visitar a Loja da Sociedade Teosófica,
em busca de mais informações sobre Madame Blavatsky, que falecera
em Londres, pouco depois dele ter ido morar em Stuttgart.</b></span></div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span>
<div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Em suas visitas ao centro de Stuttgart, Gibran conhecera alguns
interessados no estudo da teosofia e da filosofia, e com eles passou
a manter encontros, todas as vezes que se deslocava em busca de
livros ou de correspondências. Durante os encontros, as conversas
versavam sobre as experiências de Gibran, envolvendo karma,
reencarnação, vidas passadas e poderes para se comunicar com o
Mestre. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span>
<div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>O Mestre Saint Germain, na última mensagem, havia falado de uma
encarnação futura de Gibran, que aconteceria no Brasil, quando ele
e Helga dariam prosseguimento à vida de casal que já tinha tido
início há milênios e, pelo jeito, prosseguiria por muitas e muitas
vidas sem fim. Gibran estava interessado em obter informações sobre
o Brasil, e um dos novos amigos já havia viajado pelas terras
brasileiras, e se ofereceu a lhe falar sobre o que viu.</b></span></div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span>
<div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Gibran ouvia com atenção a descrição do amigo sobre a nova
república desde 1889, quando o rei descendente da nobreza portuguesa
foi deposto, e retornou para Portugal. O Brasil e Portugal
tornaram-se objetos de pesquisa de Gibran, e o amigo Peter o seu mais
próximo consultor. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span>
<div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Peter passou a visitar a casa de Gibran, e Helga, ciente da
mensagem que reencarnaria no Brasil em sua vida seguinte, crivava o
pseudoespecialista em terras brasis com perguntas que nem mesmo um
experiente historiador saberia responder. E, assim, um novo interesse
surgiu na vida do casal, para preencher suas vidas tão emocionantes
quanto amorosas. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span>
<div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Gibran prometeu a Helga que ia procurar saber com o Mestre Saint
Germain, ou através do pêndulo, tudo que fosse possível sobre onde
viriam a nascer, como se conheceriam e o que mais fosse possível
descobrir. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span>
<div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>O tempo passava e os fatos se precipitavam, tornando a vida do
casal cada dia mais emocionante. Cada dia era um fato novo, uma
revelação inesperada ou um aprendizado inusitado. Eles não
saberiam explicar de onde surgiam tantas novidades e como
processá-las, sem tropeçar na fantasia ou na condenável ansiedade
de pôr a carroça na frente da égua, que é mais simpático do que
o carro na frente dos bois. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span>
<div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b> CAPÍTULO DOZE</b></span></div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span>
<div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Gibran lia, pesquisava e escrevia. Helga plantava, cuidava das
ervas e ouvia as histórias de Gibran. O tempo passava. Os amigos
foram surgindo aos poucos, trazidos por Peter, que se tornou íntimo
do casal. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span>
<div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Peter e Karol formavam um casal jovem e simpático. Cultos,
sociáveis e descontraídos, os dois transformaram a vida de Gibran e
Helga, acabando com o isolamento a que se tinham condenado desde que
chegaram a Stuttgart. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span>
<div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>O tempo passava. As reuniões à noite, uma ou duas vezes na
semana, mantinham os dois informados dos acontecimentos na
vizinhança. Peter era biólogo, especialista na cultura de frutas.
Ele lidava com todas as famílias da redondeza, e participava de suas
vidas e plantações. Karol era uma tradicional dona de casa, ótima
cozinheira e hábil na costura. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span>
<div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Gibran, naquele momento, escrevia em seu diário secreto, como ele
o chamava. Aproveitemos a ausência dele, que foi atender a um
chamado de Helga, para tomar conhecimento do que prendia a sua
atenção. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span>
<div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Numa leitura rápida, chegamos ao terceiro parágrafo, onde Gibran
fala de suas experiências naqueles primeiros anos de vida no campo.
Confesso que interromperei a leitura, caso me defronte com alguma
anotação particular, cujo conteúdo deva ser preservado. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span>
<div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>
– A espiritualidade é um caminho muito árduo para quem se
propõe segui-lo. Ele começa com muitos sinais e diversas
expectativas, porém, à medida que vai sendo percorrido, o ritmo vai
decrescendo e as novidades vão desaparecendo, até que uma calmaria
irritante se instala na vida do caminhante. Em verdade, não é a
calmaria que irrita, mas a falta de respostas, ou quem sabe, de
perguntas, tornando os dias repetitivos, tendo como pano de fundo o
silêncio, onde antes se ouvia muito barulho. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span>
<div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>
– O erro é nosso, está dentro de nós. Tudo que incomoda é
uma ausência interior, já que externamente o mundo continua o
mesmo. Às vezes, sinto-me apático, diante da vida. No entanto,
quando falo ou escrevo sobre a espiritualidade, sobre a vida, sobre a
natureza, sinto-me cheio de entusiasmo, vibrante mesmo. Afinal, onde
está o erro? O que será que está faltando? Se é que falta alguma
coisa. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span>
<div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>
– Há cinco anos que estou envolvido pela magia de verdades
ocultas, por afirmativas sem comprovações no mundo físico, por
situações oriundas de causas intangíveis. Começou de repente e se
alastrou como uma fogueira quando encontra palha seca à sua frente.
Aprendi verdades impensáveis, passei a conhecer um mundo até então
desconhecido e lancei-me em busca de novidades. Talvez, esteja aí a
causa dos momentos por que venho passando. Tantos eram os fatos
desconhecidos no início da caminhada que, dia após dia, eu me
deparava com desafios novos, questões intrigantes que me despertavam
o sentido de busca. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span>
<div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>
– Chega um tempo que os fatos já não são desconhecidos, e
novidades, só de tempos em tempos. Só nos resta, o estudo. Mais
nada, além do estudo e da fé. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span>
<div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>
– Todas essas coisas, eu já sabia, já me haviam dito. Mas, a
personalidade é a grande traidora dos ideais da alma. E, por mais
que busquemos sintonizar nossa mente com a alma, a todo instante,
somos traídos pela força da matéria, que degrada os pensamentos
mais sutis, racionalizando-os e colocando-os a serviço do ego
inferior. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span>
<div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Gibran prosseguia na sua confissão ao diário. Mas, aqui nós
saímos fora, e deixamos preservada a continuação dos seus
lamentos. Colheremos esses lamentos mais adiante, durante a conversa
que ele terá com Helga, enquanto tomam uma xícara de chá bem
quente.</b></span></div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span>
<div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Helga havia perguntado ao marido, o que mais o preocupava. Ele
respondeu-lhe que se sentia como que apertado contra o tempo. Era
como se o espaço fosse reduzido, e mesmo assim precisasse
movimentar-se e realizar tarefas gigantescas, as quais ele não
saberia explicar quais eram, pois se passavam em outros níveis de
consciência. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span>
<div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Helga interrompeu-o para saber o que ele estava esperando receber
como mensagem do Mestre. Gibran disse-lhe que ele pedia sinais que
revelassem o seu trabalho. Os sinais não chegavam, mas ele se sentia
atrasado, sem saber para que. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span>
<div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Helga sugeriu que ele tentasse uma atividade que o distraísse
durante uma parte do dia. E, que, talvez, conseguisse obter algum
dinheiro, que sempre ajuda. Gibran balançou a cabeça, desconsolado.
</b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span>
<div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Ele explicou a Helga que já vinha pensando nisto, tendo
conversado com alguns dos amigos que os visitavam. Muitas promessas,
nada de efetivo. Ele complementou afirmando que toda vez que buscava
trabalho para ganhar dinheiro, se punham barreiras na sua frente, e
ele não obtinha êxito. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span>
<div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Gibran deixou claro que não estava sofrendo e nem se sentindo
desanimado com a situação que eles estavam vivendo, nestes últimos
cinco anos morando distante de Berlim. Ele confessou a sua
felicidade, como jamais se sentira antes. Estava sentindo-se mais
forte e confiante do que nunca se sentira antes. Mas, um silêncio
interior o incomodava, e ele não sabia definir com segurança o que,
de fato, ele sentia. Não sei o que fazer, além do que já faço, e
nem sei se há algo mais a fazer, concluiu ele, a sua confissão. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span>
<div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Gibran resistiu à ideia de levar essa confissão mais adiante.
Mas, não se conteve, e por uma questão de hábito, baixou a voz
para revelar um segredo. Helga chegou-se mais perto, para ouvir que
ele estava recebendo mensagens que falavam de acontecimentos futuros.
</b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span>
<div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Ela pensou que ainda se tratava da próxima encarnação no
Brasil, mas ele disse que não, que aquilo ele já deixara para trás,
pois de nada adiantaria pensar em algo que somente aconteceria na
próxima vida. Eram fatos que estavam para acontecer, e que diziam
respeito à vida que eles estavam vivendo. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span>
<div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Helga arregalou os olhos, e se preparou para ouvir. Ela adorava
mistérios. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span>
<div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b> CAPÍTULO TREZE</b></span></div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span>
<div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Gibran começou a sua revelação pedindo a Helga que não se
assustasse com o que seria dito. Ela não se conteve, e perguntou-lhe
se era alguma desgraça. Ele balançou a cabeça afirmativamente, mas
garantiu-lhe que eles estariam seguros em Stuttgart.</b></span></div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span>
<div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Gibran abre o seu diário, e lê para Helga a mensagem recebida do
mestre Saint Germain alertando-o para a proximidade de um sério
conflito entre a Alemanha e o império Austro-húngaro que resultaria
na que seria conhecida nos anais da história como a Primeira Guerra
Mundial. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span>
<div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>O Mestre informava a Gibran que a guerra tinha sido a principal
razão de haver sido retirado de Berlim, e conduzido para Stuttgart
que seria preservada da violência das batalhas. Todo o histórico da
pré-guerra foi contado pelo Mestre, e a notícia final era que a
Alemanha seria derrotada. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span>
<div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Helga ficou chocada com o que ouviu. Ela pediu detalhes, esses não
foram revelados. Quis saber mais, e mais não existia para ser
contado. Ela, por fim, perguntou quando a guerra aconteceria. O
início ocorreria em 1914, e deveria durar até 1919. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span>
<div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>As mortes, quantos alemães morreriam? Muitos, mas, não se sabia
quantos. Helga não conseguia parar de pensar, ela queria fazer
perguntas, mas, não conseguia concatenar as ideias, e assim, não
sabia o que perguntar.</b></span></div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span>
<div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Gibran acalmou-a, lembrando-lhe que ainda faltavam cerca de vinte
anos, e até lá o Mestre passaria outras instruções. Ela
tranquilizou-se, diante das palavras do marido, e passou a falar da
guerra futura com mais naturalidade. Então, chegou a hora de Gibran
demonstrar preocupação, pedindo-lhe que não mencionasse o que
ouvira para ninguém. Helga concordou com um gesto afirmativo, e sem
palavras.</b></span></div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span>
<div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Gibran deu a impressão que ainda havia o que contar. E, de fato,
havia mesmo, e Helga logo veio a comprovar. O Mestre falara de outra
guerra, ainda mais violenta, pois seriam usados armamentos que só
seriam projetados nos próximos 40 anos. E a Alemanha, perguntou
Helga, também estaria envolvida nesta outra guerra? </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span>
<div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Gibran suspirou fundo, e respondeu que, não só envolvida, mas,
seria ela a provocadora da guerra, invadindo nações vizinhas e
tentando estender seus domínios por toda a Europa. Os detalhes foram
sendo passados, assim como ele os recebera do Mestre. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span>
<div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>E, o pior é que nesta segunda grande guerra, Stuttgart estaria
diretamente envolvida, com prisioneiros judeus sendo aprisionados em
campos de concentração, e mulheres, velhos e crianças sendo
sacrificados. Gibran evitou maiores detalhes, ao perceber que Helga
estava perdendo muita energia. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span>
<div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Ele fechou o diário, e deu o relato por concluído. Helga tinha
os olhos cheios d’água, e abraçou-o como se pedindo uma prévia
proteção, com a antecedência de vinte anos. Gibran consolou-a, com
palavras e afagos. Ela adormeceu. E, era a noite de mais um dia.</b></span></div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span>
<div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>
<br />
</b></span></div>
Gilberto Gonçalveshttp://www.blogger.com/profile/13146396337468632847noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-2108976697604275591.post-76204559987761887232018-08-17T16:20:00.001-03:002018-08-24T08:17:51.383-03:00MEMÓRIAS DE UM PROFETA - CAPÍTULOS 8, 9 e 10<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjzzV1RpCuKtzKPUPb2ji8tY9dQAh5KyfTCEIZ7dpgveP_eByrAK7nbYpUksiahxrhBkyuN4A2nCVkiQS6REcpXgE6ukXWjq8H8vNeyv8pX61JU4Qvi3K3sAKRMmwBH5tZnWVWPq5Kbie0p/s1600/conhe%25C3%25A7a-o-livro.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="200" data-original-width="600" height="106" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjzzV1RpCuKtzKPUPb2ji8tY9dQAh5KyfTCEIZ7dpgveP_eByrAK7nbYpUksiahxrhBkyuN4A2nCVkiQS6REcpXgE6ukXWjq8H8vNeyv8pX61JU4Qvi3K3sAKRMmwBH5tZnWVWPq5Kbie0p/s320/conhe%25C3%25A7a-o-livro.png" width="320" /></a></div>
<br />
<div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>CAPÍTULO OITO</b></span></div>
<span style="font-size: large;">
</span>
<div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Gibran passou a semana seguinte mergulhado em estudos e pesquisas.
Estudou o manuseio do pêndulo e se comprometeu a só usá-lo quando
exercesse domínio completo sobre o processo de perguntas e
respostas. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span>
<div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Ele passava as tardes escrevendo cartas ao mestre. Cartas que não
obtinham respostas. Ele permanecia parado com a pena sobre o papel,
aguardando um contacto com o mestre. Nada aconteceu, nos três
primeiros dias, porém, no quarto dia, ele sentiu um estranho
incômodo, uma espécie de vibração nos dedos da mão. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span>
<div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>A mente de Gibran foi se expandindo, e passando a acumular fortes
energias. Ele sentiu ímpeto de escrever, mas não sabia o que. De
repente, ele percebeu que se começasse a escrever as primeiras
palavras, uma energia mais forte completaria o texto. Assim ele fez,
e começou escrevendo como se o mestre estivesse do lado dele. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span>
<div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Ao começar a redigir o segundo parágrafo, Gibran se sentiu
tomado de uma força mental muito intensa, e começou a escrever, sem
ter noção até onde poderia chegar. As palavras foram chegando, e
ele as transferia para o papel. Perguntas que haviam sido feitas há
dias apareciam respondidas.</b></span></div>
<span style="font-size: large;">
</span>
<div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Ele escrevia, sem ter a sensação exata do que estava redigindo.
Duas folhas e meia foram preenchidas, e depois de um longo suspiro,
ele interrompeu a redação. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span>
<div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>O texto era uma resposta às suas cartas ao Mestre, e ganhara uma
assinatura identificando o remetente. Lá estava a assinatura de
Saint Germain. Gibran arrepiou-se, ao perceber que o Mestre assinara
a carta. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span>
<div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>A leitura do conteúdo era ainda mais arrepiante, pois discorria
sobre situações desconhecidas para Gibran, que ganharam forma
através dos seus dedos enquanto manipulavam a pena.</b></span></div>
<span style="font-size: large;">
</span>
<div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Gibran leu a resposta do Mestre por diversas vezes, e ficou
refletindo como era possível ele ter escrito tudo aquilo,
desconhecendo o sentido da explicação. Ele entendia as respostas,
mas desconhecia como se chegar a elas.</b></span></div>
<span style="font-size: large;">
</span>
<div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Gibran lembrou-se do pêndulo, e acreditou que era a hora de
consultá-lo. Concentrado no Mestre Saint Germain, ele fez sucessivas
perguntas ao pêndulo, e para todas obteve respostas. O Mestre
esclareceu suas dúvidas, e fez revelações que o deixaram
emocionado.</b></span></div>
<span style="font-size: large;">
</span>
<div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Havia fortes ligações entre eles, que foram confirmadas por
imagens projetadas na tela mental de Gibran. Ele teve percepções de
encontros com o mestre em locais e épocas diferentes. O pêndulo
girava intensamente, enquanto a visão mental de Gibran captava as
imagens e assimilava as explicações. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span>
<div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Tudo aconteceu em fração de segundos, que pareceu uma
eternidade. Gibran sentiu uma energia contagiante envolvendo-o num
misto de admiração, amor e respeito. A energia cessou
repentinamente, e ele como que despertou de um sonho. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span>
<div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Ele agradeceu mentalmente ao Mestre, e como num ritual curvou-se
diante da mesa onde repousavam as folhas com as mensagens de Saint
Germain. Sensibilizado pela celebração do encontro com o Mestre,
ele ainda permaneceu sentado por um tempo até sentir um suave
relaxamento em todo o corpo.</b></span></div>
<span style="font-size: large;">
</span>
<div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>A esta altura, Helga se aproximou e se dirigiu a ele com um olhar
curioso, como que adivinhando que algo misterioso tinha ocorrido. Ele
a abraçou, e ainda sob o impacto da experiência, puxou-a para junto
de si, e ficou agarrado com ela em silêncio.</b></span></div>
<span style="font-size: large;">
</span>
<div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Ela não conseguiu conter a ansiedade por muito tempo, e
voltando-se para ele com o seu conhecido olhar curioso, abriu os
braços e balançou a cabeça, convocando-o para apresentar o
relatório da noite. A tarde já se fora havia hora e meia, e agora
chegara o momento de resumir os acontecimentos do dia. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span>
<div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Helga não fazia ideia do que ia ouvir, e Gibran não sabia como
começar. Depois das primeiras palavras, porém, difícil foi
interromper a narrativa e impossível controlar as intermináveis
perguntas e questionamentos de Helga. A noite foi mais uma daquelas
que só termina quando a luz do dia se anuncia.</b></span></div>
<span style="font-size: large;">
</span>
<div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-size: large;"><br /></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span>
<div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b> CAPÍTULO NOVE</b></span></div>
<span style="font-size: large;">
</span>
<div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Sucediam os meses, e com eles as cartas de Gibran para o Mestre
Saint Germain, e deste para o discípulo. Gibran descrevia para o
Mestre os seus sentimentos, o Mestre narrava suas vidas passadas,
quando se encontraram por diversas ocasiões. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span>
<div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Numa das cartas, Gibran pediu ao Mestre que explicasse melhor a
ligação entre os dois, e o que queria dizer a anulação dos
karmas. Ele lera num livro que alguns seres encarnam com seus karmas
suspensos, em razão de haver prestado serviço ao Mestre, numa das
encarnações. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span>
<div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Ele sabia que pela numerologia e astrologia, seus mapas não
continham karmas. Ele consultou o Mestre, e aguardou a resposta.
Passaram-se minutos, quase uma hora, sem que percebesse qualquer
presença do Mestre. De repente, sua mão começou a apresentar o
formigamento que anunciava a mensagem do Mestre. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span>
<div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Caneta na mão, mente vazia, papel em branco, Gibran aguardou o
sinal. Pousou a caneta sobre o papel, e as explicações foram
surgindo. Como sempre, começava com uma saudação, e terminava com
uma despedida afetuosa. Gibran começou a escrever: </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span>
<div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Meu amado filho, ainda não me ocorrera te contar sobre as nossas
ações noutras vidas. Acho que está na hora. As tuas curiosidades
iniciais já parecem estar satisfeitas, agora precisas obter mais
detalhes sobre nossos vínculos espirituais. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span>
<div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Como não poderia deixar de acontecer, eu me aproximei de ti, numa
das minhas visitas ao plano físico. É sempre o Mestre que entra em
contacto com o discípulo, ao percebê-lo preparado para assumir
missões. E, foi esta a razão de cruzarmos nossos caminhos em 1400,
na Inglaterra, pouco antes do assassinato do rei Ricardo II.</b></span></div>
<span style="font-size: large;">
</span>
<div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Tu havias reencarnado na Inglaterra, e eu lá estava em missão,
tentando pacificar o reino. Tu me ajudaste a resolver certas
pendências na corte, e tive facilitado o meu trabalho. Antes disso,
em torno de 1200, nos havíamos encontrado na Índia, mas em corpos
não físicos, na realização de compromissos iniciáticos, em
atividades separadas. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span>
<div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>O próximo encontro deu-se em França, na época da revolução
francesa, quando ambos procuramos evitar a queda da monarquia e a
violência nas ruas de Paris. A tua condição de médico do casal
real facilitava o teu trânsito junto aos ministros, fazendo chegar
ao conhecimento deles, vários planos que eu tinha em mente. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span>
<div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Trabalhamos juntos, na tentativa de alertar a rainha que o reino
estava por um fio. Usei a ti e a Condessa d’Adhemar para fazer
chegar minha mensagem a Maria Antonieta, que eu precisava conversar
com o rei, e informá-lo da necessidade de tomar sérias medidas para
preservar o império. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span>
<div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Como bem sabes a conversa não aconteceu, e a revolta popular foi
inevitável. E, tu morreste pisoteado pela massa enfurecida que
invadiu o castelo, enquanto pedias calma e tentavas evitar o
derramamento de sangue. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span>
<div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Naquele momento, deu-se uma de tuas Iniciações, a mais grandiosa
de todas. Oferecendo a tua vida pela Obra, mereceste ascender a uma
posição superior na escala iniciática. E, eu incorporei-te ao meu
Raio, e te fiz meu discípulo.</b></span></div>
<span style="font-size: large;">
</span>
<div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>O nosso próximo encontro será aqui na Alemanha. Temos uma nova
missão a cumprir, e eu te convocarei no tempo certo. Por enquanto,
recomendo que continues os teus estudos. Se precisares de mim, basta
chamar-me que atenderei. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span>
<div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Agora, terei de me ausentar. Outros deveres me aguardam. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span>
<div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Deixo-te a minha saudação e admiração. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span>
<div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Saint Germain. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span>
<div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>E, assim, a conexão se desfez, e Gibran encerrou a escrita. Como
sempre fazia, ele leu a mensagem, que nem sempre era inteiramente
compreendida, quando a estava redigindo. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span>
<div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Lágrimas afloraram aos olhos de Gibran, ele não conteve a emoção
de se sentir tão íntimo do seu Mestre. As revelações tornaram-no
mais consciente do seu papel no mundo. Ele entendeu, enfim, o que
estava fazendo em Stuttgart, numa região de bosques e montanhas,
distante do centro urbano de Berlim. Era preciso paz e sossego para
processar todas aquelas informações em sua mente. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span>
<div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Gibran sabia que ainda havia muitos mistérios a serem revelados.
Ele sabia que o seu Mestre sempre responderia às suas mensagens,
pois um Mestre jamais se afasta do seu discípulo.</b></span></div>
<span style="font-size: large;">
</span>
<div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Era hora de descansar. Ele precisava dormir cedo, para recuperar o
desgaste com tantos estudos e pesquisas, e que havia culminado com
aquela revelação, vinda do seu Mestre espiritual. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span>
<div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Ele, então, pensou em Joseph, o seu mestre físico, e imaginou
como ele receberia o relato desta conversa com o Mestre. Gibran
refletiu, e visualizou o semblante sorridente do mestre, olhando-o
meio de lado, como se já soubesse de tudo que acontecera. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span>
<div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Joseph era um poço de mistérios, nunca se sabia se ele
adivinhava os fatos ou lia os pensamentos dos que dele se
aproximavam. A verdade é que a sensação era de que ele sempre
sabia o que havia acontecido, mas fazia questão que os fatos lhe
fossem relatados. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span>
<div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>E, era isto mesmo que ele faria na manhã do dia seguinte. Joseph
ia ouvir a mensagem e poderia complementá-la com maiores detalhes
sobre suas vidas passadas. Nesta expectativa, ele foi até a sala,
onde Helga cochilava na confortável cadeira de braços almofadados,
tomou-a em seus abraços, e conduziu-a para o quarto. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span>
<div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Desta vez, ele não ficaria pela madrugada contando-lhe os
misteriosos momentos que passara, recebendo a mensagem do Mestre
Saint Germain. Ele deixaria o relato para a manhã seguinte, antes de
sair para se encontrar com Joseph. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span>
<div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>O sono encontrou-o no meio desses pensamentos. Dos sonhos nada se
pode dizer, pois eles pertencem somente aos que sonham. E, nós
ficaremos só imaginando-os, e olhe lá! </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span>
<div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b> CAPÍTULO DEZ</b></span></div>
<span style="font-size: large;">
</span>
<div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Gibran mergulhou nos estudos e leituras sobre a revolução em
França, o Conde de Saint Germain e a Sociedade Teosófica. Na
Alemanha, a Sociedade era muito forte, e a grande médium Helena
Petrovna Blavatsky, era conhecida pessoalmente dos membros da Loja de
Berlim. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span>
<div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Gibran começou a fazer planos para visitar a sede da Loja em
Berlim. A visita ao mestre Joseph foi sendo adiada, e a própria
conversa com Helga sobre as mensagens recebidas de Saint Germain
foram breves e superficiais. Todo o seu tempo era dedicado aos
estudos e às conversas com o Mestre, através de cartas em que ele
perguntava ou expressava a sua dúvida, e o Mestre lhe respondia. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span>
<div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Helga também não tinha muito tempo a perder, pois seus canteiros
de ervas estavam sendo multiplicados, e tomando toda a terra em volta
da casa. As ervas eram não somente consumidas em temperos e
saborosos chás, mas, as de aromas mais suaves e envolventes serviam
para a produção de perfumes, incensos e cremes para a pele.</b></span></div>
<span style="font-size: large;">
</span>
<div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>As visitas ao mestre Joseph escassearam de vez, sendo trocadas
pelas idas e vindas à biblioteca e à livraria no centro de
Stuttgart. Nessas visitas, ele aproveitava para passar no correio, à
espera de uma carta ou telegrama dos filhos. Numa dessas passagens
pela caixa postal, encontrou uma carta da filha Karine, avisando que
viria visitá-los daí a duas semanas. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span>
<div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Gibran chegou de volta eufórico, no bolso, a carta da filha, e
nos braços novos livros, falando de teosofia e iniciação
espiritual. Helga, como sempre o esperava na varanda, depois de ter
cuidado das ervas e preparado o jantar. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span>
<div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Ele entregou-lhe a carta de Karine, e esperou que ela lesse as
primeiras linhas, para se deliciar com a expressão de entusiasmo que
adivinhava tomaria conta do semblante de Helga. E, bastaram alguns
segundos, para que ela abrisse um belo sorriso, e pulasse no seu
pescoço, comemorando a próxima chegada da filha. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span>
<div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Gibran deixou-a ler o restante da carta, e foi pousar os livros na
sua mesa de trabalho. Uma pilha de outros livros recebeu os novos e
compuseram duas colunas harmônicas, uma de cada lado da mesa. No
centro, papel e caneta, em frente um belo cristal de ametista e à
esquerda um rústico incensório construído artesanalmente por
Helga, onde ele queimava os perfumes das ervas cultivadas nos
canteiros do quintal. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span>
<div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Os preparativos para receber Karine ocuparam as duas semanas
seguintes do casal, preparando o quarto de hóspede para a filha, com
aquele bom gosto que só mesmo Helga era capaz de transformar numa
decoração simples e perfeita. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span>
<div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>O dia chegou, e lá foram os dois numa bela charrete que haviam
adquirido de um vizinho, que se mudara para Berlim. Confortável e
com detalhes de esmerado luxo, os dois se sentiram rei e rainha a
caminho da coroação. Enquanto conduzia a égua Ligeira, que eles
tratavam com o mesmo carinho que Helga dedicava às ervas e Gibran
aos livros, conversavam sobre a beleza do campo e se deixavam
acariciar pela brisa que atravessava a primavera e se aproximava do
verão. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span>
<div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Estavam felizes, e se aproveitaram daquele raro momento de
descanso e passeio, para rememorar os meses que haviam passado desde
a mudança de Berlim para Stuttgart. Como sempre costumava acontecer,
Helga falava com vibrante entusiasmo e Gibran a ouvia, encantado com
sua capacidade de transformar um simples detalhe num nobre e
requintado acontecimento.</b></span></div>
<span style="font-size: large;">
</span>
<div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Eles eram embalados pelo balanceio da charrete, que a cada curva
atirava-os um para cima do outro, fazendo-os dar gargalhadas e se
abraçar para se sentir mais firmes e seguros. O trem deveria chegar
dentro de uns trinta minutos, e eles já estavam bem próximos do
centro da cidade, quando Gibran começou a contar detalhes da sua
troca de mensagens com o Mestre Saint Germain. Helga se calou e
pôs-se a ouvi-lo com redobrada atenção. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span>
<div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>A chegada à estação interrompeu o relato que havia deixado
Helga fascinada, pois Gibran ainda não havia detalhado os fatos
daquela maneira. Ela cobrou-lhe o fim da história, assim que
voltassem para casa. E, quem sabe, Karine também teria interesse em
participar daqueles diálogos escritos do pai com o Mestre. Afinal,
ela estava chegando de uma longa viagem à Índia, terra dos cultos e
das seitas místicas. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span>
<div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>De mãos dadas, caminharam até um banco, e ali ficaram calados,
na expectativa da chegada da filha. Eles não se viam há quase um
ano, e a saudade era muito forte. O apito do trem despertou-os para a
realidade, os sonhos se transformariam em fatos concretos, a filha
seria abraçada e beijada, e Helga não garantia que controlaria o
choro. E, de fato, não controlou. As lágrimas rolaram pelo rosto,
mal ela avistou aquela moça bonita, com meio corpo fora da janela do
vagão, acenando para eles. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span>
<div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Que dias, meus leitores! Que dias! Encantamento e magia. Histórias
da Índia e das experiências místicas de Gibran. As comidas
indianas e as ervas de Helga sugerindo misturas e receitas
semelhantes às que Karine descrevia com entusiasmo. Vestidos
coloridos e esvoaçantes para a mãe. Livros raros de estudos
filosóficos para o pai.</b></span></div>
<span style="font-size: large;">
</span>
<div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Durante dez dias, Karine permaneceu com os pais, e foram todos
eles envolvidos por aventuras na Índia e deslumbramentos com a vida
nos campos de Stuttgart. Chegada a hora da partida, beijos, abraços
e promessas tomaram conta dos últimos instantes daquela família
feliz, cuja felicidade só não era completa pela ausência do filho
Karl, que ainda permanecia com seus estudos de pintura em Paris.</b></span></div>
<span style="font-size: large;">
</span>
<div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Daquela mesma janela de trem, que emoldurou a jovem acenando na
chegada, via-se um vulto distanciar-se e desaparecer numa curva mais
adiante, e levando com ela saudades muitas saudades de seus pais. Os
dois retornaram tristes pela mesma estrada que, dias atrás, parecia
prometer felicidade eterna a quem cruzasse aqueles campos perfumados.
</b></span>
</div>
<span style="font-size: large;">
</span>
<div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Aquela noite foi triste, e os dois aproveitaram para dormir mais
cedo, abraçados como se compensassem um no outro, a ausência dos
filhos. Mas, na manhã seguinte, novos sonhos ocupariam suas vidas, e
eles transformariam cada sonho numa bela e inesquecível realidade.</b></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgwi_xl1FTKIZM1IQtOzdPIiukVRwb9kFjKlwoIW-R_VPMZ96fF-WYbFTvRAU98OoViTHiufOpj2zQZ5Y6pywbiQ0trB0tQsOlGiAZ4vyRV1YKKmfjN6YsqW87CRluu8IBCQwAvFupvrqGW/s1600/conhe%25C3%25A7a-o-livro.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="200" data-original-width="600" height="132" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgwi_xl1FTKIZM1IQtOzdPIiukVRwb9kFjKlwoIW-R_VPMZ96fF-WYbFTvRAU98OoViTHiufOpj2zQZ5Y6pywbiQ0trB0tQsOlGiAZ4vyRV1YKKmfjN6YsqW87CRluu8IBCQwAvFupvrqGW/s400/conhe%25C3%25A7a-o-livro.png" width="400" /></a></div>
<div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<br />
<br /></div>
<div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
</div>
Gilberto Gonçalveshttp://www.blogger.com/profile/13146396337468632847noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-2108976697604275591.post-90486705268928336572018-08-10T10:57:00.002-03:002018-08-10T10:57:29.648-03:00MEMÓRIAS DE UM PROFETA - CAPÍTULOS 4, 5, 6 e 7<span style="font-size: large;"><b>Meus queridos leitores:</b></span><br />
<span style="font-size: large;"><b>Diante de tamanha aprovação e de sinceros pedidos para uma aceleração em nossa narrativa sobre o casal Gibran e Helga, dou-lhes, hoje, 4 capítulos, esperando que, assim, controlem a ansiedade.</b></span><br />
<span style="font-size: large;"><b>Sem mais delongas, voltemos à Alemanha, do final do século XIX e início do século XX.</b></span><br />
<span style="font-size: large;"><b>Boa leitura!</b></span><br />
<span style="font-size: large;"><b>Abraços.</b></span><br />
<span style="font-size: large;"><b>Gilberto.</b></span><br />
<span style="font-size: large;"><b><br /></b></span>
<span style="font-size: large;"><b>MEMÓRIAS DE UM PROFETA - CAPÍTULOS 4, 5, 6 E 7.</b></span><br />
<span style="font-size: large;"><b><br /></b></span>
<div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>CAPÍTULO QUATRO</b></span></div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>A casa do mestre, escondida por trás de árvores, era uma
construção simples de pedra, como a maioria da região. Eles foram
seguindo a trilha, abriram um portão quase despencado e bateram à
porta. O mestre atendeu-os com um largo sorriso, que parecia um misto
de satisfação e surpresa. Eles pensaram que, talvez, tivessem
surpreendido o mestre, que não esperava que cumprissem o compromisso
assumido no restaurante. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Entraram na casa, que tinha uma sala apertada, mas suficiente para
comportar uma mesa com dois bancos de madeira e uma cadeira estofada,
que parecia ser exclusiva do mestre. Sentaram-se nos bancos, e o
mestre se acomodou na cadeira. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>O mestre comandou a conversa, e falou por mais de uma hora de
assuntos banais, que não despertaram a atenção dos dois
visitantes, que ouviam calados e sem entender muito bem o que faziam
naquela casa. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Helga resolveu parar com aquela conversa fiada, e interrompeu o
mestre com uma pergunta direta sobre os mistérios que tinham ouvido
no centro de Stuttgart. Ele parecia esperar a intervenção, e com um
sorriso no canto dos lábios, começou a responder a Helga. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Os assuntos foram se sucedendo, e se aprofundando nos mistérios
do ocultismo e da teosofia. O casal ouvia calado, e Joseph, este era
o nome do mestre, falava sem parar, e dava a impressão de se
deliciar com o espanto estampado no rosto dos dois atentos ouvintes. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Eram 10 horas de uma manhã de sol, quando eles chegaram à casa
de Joseph, e foi no lusco-fusco de fim de tarde que de lá eles
saíram. Percorreram o caminho de volta, calados e pensativos. Um ou
outro murmúrio interrompia o silêncio, de tempos em tempos. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>A noite foi longa. A conversa entre os dois estendeu-se pela
madrugada. Helga foi dormir e Gibran ainda ficou tomando nota de uns
dados para pesquisar no dia seguinte. Era quase manhã, quando ele
deitou. O repouso, porém, não passou de três horas.</b></span></div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Ele disse a Helga que ia até o comércio comprar uns livros.
Preparou a charrete, e confrontando o tempo, já estava de volta,
quando mal havia saído. Abraçado a um monte de livros, Gibran
entrou na sala, e pousou tudo sobre a mesa. Helga arregalou os olhos,
mas, sem perda de tempo, ele começou a desfolhar o primeiro dos três
que ocupariam o seu dia. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Gibran se trancou no seu recanto, meio escritório, meio templo.
Quinze minutos para o almoço interromperam a leitura, que somente
foi dada por concluída com a chegada da noite. Enquanto comiam, a
conversa foi posta em dia. Helga falou do livro que estava lendo, e
de revelações estranhas, que ela nunca tinha ouvido antes. Gibran
deu a sua opinião, e também relatou algumas afirmações
misteriosas, contidas no livro que havia devorado de manhã à noite.</b></span></div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b> CAPÍTULO CINCO</b></span></div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Durante todo o mês, o ritual se repetia. Acordar cedo, ler por
todo o dia e troca de opiniões, antes de dormir. Um dia na semana,
visita a Joseph, de onde voltavam mais confusos do que esclarecidos.
Eles anotavam as questões a perguntar, e traziam outras tantas de
volta. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Joseph falava dos Pequenos e Grandes Mistérios, detalhava os
rituais de Iniciação da Teosofia e revelava as experiências
místicas encerradas nos secretos rituais do templo. Gibran ouvia
calado e pensativo. Helga não se continha, e pedia detalhes e
explicações. Ele intuía os fatos. Ela cobrava detalhes, não
deixando nada sem uma resposta lógica e concreta. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Joseph bem que tentava atender os questionamentos de Helga, mas,
por mais que justificasse que certos mistérios não poderiam ser
entendidos pela razão, Helga não se conformava em aceitar verdades
sem provas. Assim, eram os dias de visita ao mestre. Eles chegavam
pela manhã e saíam à noite. Levavam o que comer e o mestre
oferecia o que beber. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>De volta ao aconchego do lar, alongavam-se as noites. E, nos dias
seguintes, eram leituras e anotações, conferindo os ensinamentos do
mestre e preparando novas perguntas. A horta ficou esquecida no meio
do quintal. As flores meio murchas rogavam atenção. Gibran e Helga,
seduzidos pelos conhecimentos e mistérios da teosofia, buscavam
explicação. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Transcorrido um mês de peregrinação à casa do mestre, os dois
decidiram espaçar as visitas, de modo a buscar as respostas nos
livros e dar descanso ao mestre. Joseph andava um pouco adoentado, e
sua filha tinha vindo cuidar-lhe da saúde, por uns tempos. Era uma
boa justificativa para dar uma trégua ao mestre. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b> CAPÍTULO SEIS</b></span></div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>O adoecimento do mestre mexeu com o emocional do casal. Helga
levantou a questão da causa da doença estar relacionada ao fato do
mestre comer alimentos gordurosos e insistir no hábito de fumar.
Gibran pesquisou livros sobre alimentação vegetariana, adotada por
seres espiritualizados, em todas as fases da história da humanidade.
De uma conversa informal, surgiu a decisão do casal. Abolir carnes e
gorduras, e se tornarem vegetarianos.</b></span></div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Alimentação saudável e leitura espiritualizada fizeram-nos
sadios no corpo e na alma. Gibran lia muito e Helga retornara aos
poucos a cuidar da terra. Disposição não lhes faltava, o tempo
sim, este era curto e insuficiente. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Encerrada a pesquisa num lote de livros, Gibran se dirigia à
biblioteca, e de lá retornava com uma nova coleta de títulos
teosóficos e místicos. Um desses livros chamou-lhe a atenção mais
do que os demais, por ensinar o discípulo a se conectar com o
Mestre.</b></span></div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Gibran estudou todos os detalhes e se preparou para iniciar a
prática. O livro fornecia um modelo de carta ao Mestre, a ser
redigida diariamente pelo discípulo que buscasse o contacto com seu
Mestre.</b></span></div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Durante as primeiras duas semanas, Gibran repetia
disciplinadamente a mesma escrita, sem alterar uma vírgula sequer.
Ele se concentrava no teor da carta como se estivesse visualizando o
destinatário. Ele quase era capaz de sentir a presença do Mestre,
ou, melhor seria dizer, a imagem do Mestre, para não incorrermos em
exageros.</b></span></div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Helga procurava se inteirar do processo, e até tentou redigir
umas cartas, mas não foi além da terceira, e mesmo assim, deixando
a última incompleta. Ela não era chegada a estudos mentais e a
práticas repetitivas, ou qualquer experiência que exigisse uma
disciplina muito rígida. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Gibran prosseguiu seus estudos, buscando informar-se sobre os
Mestres Ascensionados, e suas governanças sobre a humanidade
terrestre. Ele Inteirou-se sobre os Sete Raios, e ficou muito
impressionado com a ligação de cada Mestre com um grupo de
discípulos que ficava sob o foco da sua atenção. O Mestre
controlava a evolução dos seus discípulos através dos seus
Adeptos, que eram seres muito evoluídos ligados a cada um dos Sete
Raios.</b></span></div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Gibran copiou diversos trechos do livro sobre os Sete Raios. Ele
queria consultar Joseph sobre a relação de Mestre e discípulos, já
que sentia um forte desejo de reconhecer o seu Raio e saber a que
Mestre estava ligado. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>No dia seguinte pela manhã, Gibran colocou dois livros debaixo do
braço e os apontamentos no bolso da camisa. Deu um beijo no rosto de
Helga, deixando-a plantando suas ervas aromáticas, e se pôs na
estrada. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Enquanto caminhava, Gibran pensava sobre as questões que
pretendia formular ao mestre. Ele pensava em tudo que lera, e nas
cartas que vinha escrevendo para um Mestre que ainda não lhe
respondera. Ele sabia que obteria resposta, só não sabia como ou
quando. Joseph devia ter a resposta que ele vinha procurando
encontrar nos livros. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Já fazia um bom tempo que ele não visitava o mestre, não por
falta de vontade, mas para não prejudicar sua convalescença de um
distúrbio hepático que fora agravado pelos maus hábitos
alimentares. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Em sua última visita à biblioteca, ele encontrara a filha de
Joseph, que lhe deu boas notícias sobre a saúde do pai, já
recuperado e apto a receber visitas. Daí a um convite formal para
uma visita foi uma questão de dois quarteirões de caminhada lado a
lado. Despediram-se, e ele se comprometeu que logo visitaria o
mestre. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Era a prometida visita que ele estava a ponto de cumprir,
caminhando por aquela estradinha margeada de árvores e aves, umas
silenciosas e inertes, as outras, barulhentas e em contínuos
movimentos. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Gibran puxou o ar, enchendo os pulmões e oxigenando o cérebro,
numa prévia para acalmar os nervos que ficavam mais agitados à
medida que se aproximava da casa de Joseph. A sua mente estava tomada
de perguntas e sem espaço para mais nada. Era preciso acelerar o
passo.</b></span></div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b> CAPÍTULO SETE</b></span></div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Joseph recebeu Gibran com um forte abraço e um largo sorriso.
Sentaram-se frente a frente, e depois das trocas de gentilezas
formais, perguntas sobre a saúde do mestre e às ervas de Helga,
Gibran tomou a palavra e deixou transbordar toda a sua ansiedade. O
mestre ouviu-o atentamente, com um olhar entre espanto e admiração.
</b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Concluído o rosário de questões e dúvidas que atormentaram
Gibran nos últimos dias, coube ao mestre tomar a palavra e saciar a
curiosidade do discípulo. Gibran não desgrudava o olhar do rosto do
mestre, que parecia mudar de feições a cada instante. A sensação
é que o mestre tornava-se mais moço, à medida que discorria sobre
os mistérios da vida e da morte. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Gibran prestava atenção, e vez por outra, usava a própria
explicação do mestre para emendar em outra pergunta. Joseph a tudo
respondia, como se houvesse estudado a lição, e estivesse bem
preparado para a prova a que estava se submetendo.</b></span></div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Gibran pediu detalhes sobre a lei do karma e a reencarnação. E o
mestre detalhou as diversas teorias a esse respeito. O discípulo
quis saber se era possível saber sobre suas vidas passadas, e o
mestre respondeu que sim, exceto quando se tratasse de uma vida
velada. Gibran quis entender o que seria uma vida velada, e Joseph
explicou-lhe que, algumas pessoas exerceram uma função que não
poderia ser revelada nas vidas seguintes. Por isso, quando os
videntes acessavam a aura dessas pessoas, não era possível obter
informação daquela encarnação, ou de todas, se estivessem
relacionadas entre si.</b></span></div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>A curiosidade de Gibran chegou ao auge, quando provocado pelo
mestre, soube que havia sido um mártir na época da revolução
francesa. Joseph, com um sorriso meio zombeteiro, meio provocativo,
sorria e olhava para Gibran, observando em detalhes suas incontidas
reações de espanto e ansiedade.</b></span></div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Gibran ouviu, então, a narrativa do mestre sobre a sua vida na
França. Soube ter sido um médico que frequentava a corte e cuidava
da saúde dos reis. Íntimo da nobreza, e desafeto de muitos
ministros que conspiravam contra os monarcas, e que não se sentiam à
vontade com a sua presença, que gozava da simpatia e da confiança
do casal real.</b></span></div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Joseph sorvia cada revelação, diante de um Gibran extasiado com
a ideia de ter frequentado a corte de Luís XVI e Maria Antonieta, e
haver sido seu médico de cabeceira. E, de Maria Antonieta, parece
ter frequentado mais a cabeceira do que a do rei. Não por ser a
rainha mais doente que o rei, mas, por certa intimidade que havia
entre os dois. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>O mestre olhava com um olhar de soslaio para Gibran, e, com um
sorriso, se desculpava da intriga, mas era o que corria pelos
corredores de Versalhes. Houve paixão, mas a rainha era pródiga na
oferta de amor, e ele não fora o seu único amante. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Gibran sentiu-se transportado para Paris, ouviu valsas e dançou
um minueto com a Condessa d’Adhemar, amiga da rainha e íntima do
conde de Saint Germain. Gibran vinha lendo com um enorme interesse o
papel de Saint Germain junto aos reis de França, tentando salvar a
monarquia, no que não obteve êxito.</b></span></div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>A voz do mestre, pronunciando o nome do grande místico, despertou
Gibran, que sonhava com a corte, com a rainha e com o conde de Saint
Germain. De volta à realidade, Gibran mal teve tempo de se recuperar
do susto, quando ouviu Joseph afirmar que ele, Gibran, fora muito
amigo de Saint Germain. E concluir que tivera uma participação
muito ativa nos acontecimentos que culminaram com a queda da
Bastilha.</b></span></div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Joseph ensinou Gibran a consultar o pêndulo para encontrar
respostas sobre os fatos ocorridos na França e em suas outras vidas
anteriores, na Itália, em Portugal, na Inglaterra e por inúmeras
vidas passadas, que lhe foram sendo reveladas, enquanto conversavam. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>O mestre mostrou-lhe o processo de segurar o pêndulo, se
concentrar no seu Mestre Espiritual e pedir-lhe ajuda para acessar os
registros do Akasha. Se o pêndulo girasse no sentido horário, a
resposta seria sim, no sentido inverso, a resposta seria negativa. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Gibran interrompeu o mestre, com a alegação de que não sabia
quem era o seu Mestre Espiritual, que não tinha como solicitar-lhe
ajuda. Joseph soltou uma gargalhada, e perguntou a Gibran se ele
ainda não percebera que Saint Germain era o seu Mestre. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Gibran engasgou, e não sabia o que responder. O mestre concluiu
afirmando que, pelo fato de terem realizado trabalhos conjuntos na
Inglaterra, em Portugal, na França e dentro de mais alguns anos, ali
mesmo na Alemanha, o Mestre o adotara como seu discípulo, passando a
orientá-lo e protegê-lo. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Gibran pediu mais detalhes, mas Joseph alegou cansaço, e prometeu
novas revelações, em suas próximas visitas. Levantou-se, abriu uma
caixinha de madeira com um cristal rubi na tampa, e de lá retirou um
belo pêndulo de ametista com um cordão dourado e prateado, e
presenteou-o a Gibran.</b></span></div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Gibran ficou em estado de graça, mal acreditando que, depois de
todas as revelações sobre suas vidas passadas e as intimistas
minúcias sobre sua passagem pela história da França, ainda seria
presenteado com aquele mimo que responderia suas perguntas sobre os
mundos ocultos. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Gibran agradeceu sensibilizado a Joseph, abraçou-o e se despediu.
A tarde já estava caindo, o tempo se passara sem que ele percebesse
que conversara por horas com o mestre. Helga devia estar preocupada,
mas ela sabia que conversas com Joseph não costumavam ter hora
marcada. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Apressou o passo, e quase experimentou correr pela estrada que
separava sua casa da casa do mestre. O ar estava morno, havia uma
estranha brisa soprando em seu rosto, as folhas se mexiam como se
acenassem à sua passagem.</b></span></div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Ele chegou ofegante em casa, e já encontrou a mesa posta e um
cheiro no ar de uma deliciosa sopa com ervas, que Helga vinha
aprimorando a cada dia. Ele abraçou-a, beijou-a, e se sentiu bem por
viver naquela casa, naquele lugar.</b></span></div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Ela sorriu para ele, retribuiu o carinho, e intimou-o a sentar-se
à mesa, e entre um gole e outro, contar tudo que ouvira, sem deixar
de lado uma vírgula sequer. Ele só pediu um tempo para jogar água
no rosto, lavar as mãos e descansar os pés da bota empoeirada, que
o conduzira por caminhos bem mais distantes do que aquele que
percorrera, entre sua casa e a do mestre. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Cumprido o ritual de purificação, os dois saborearam a sopa
eucarística que operara o milagre de saciar a fome e purificar a
alma. A conversa serviu de sobremesa, transformou-se em chá da
meia-noite e quase virou café da manhã. </b></span>
</div>
<span style="font-size: large;"><b>
</b></span><div align="justify" class="western" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<span style="font-size: large;"><b>Gibran não conseguiu pegar no sono antes das 4 horas da
madrugada, e Helga teve um sono agitado com muitos sonhos, alguns
quase pesadelos. Os dias seguintes prometiam grandes surpresas, e
surpresas eram tudo com que eles mais sonhavam.</b></span></div>
Gilberto Gonçalveshttp://www.blogger.com/profile/13146396337468632847noreply@blogger.com4