sexta-feira, 7 de maio de 2010

TEIA AMBIENTAL - Lixo

Teia Ambiental
Rede de Conspiradores Preservacionistas




O LIXO NOSSO DE CADA DIA

Meus caros amigos leitores, nós humanos, e até os desumanos, estamos todos metidos numa tremenda encrenca. E o pior é que não sabemos como sair dessa arapuca em que nos metemos.

Estou a falar-vos do lixo que produzimos diariamente, e que precisa ser jogado em algum lixão distante. Mas, esse distante está tornando-se cada dia mais próximo de nós, aproximando-se perigosamente do portão da nossa casa.

A nossa sociedade consumista, e lamentavelmente perdulária, é uma peça indispensável dentro da engrenagem capitalista de crescimento ilimitado em busca de lucros cada vez maiores.

A equação “produção+consumo=lucro” só vem dando certo por contar com uma cumplicidade altamente irresponsável de governantes e governados.

Os governantes comemoram o aumento do PIB, os governados, a maior oferta de empregos. Esquecem, ou fingem esquecer, esses personagens da história, dos estragos provocados pelo lixo industrial e doméstico que se produz, para que esses arremedos de progresso possam ser atingidos.

As indústrias precisam produzir sempre mais, em larga escala, para se tornarem economicamente viáveis. Essa larga escala é a responsável pela necessidade de um consumo em eterno crescimento, de modo que os novos produtos sejam rapidamente absorvidos pelo mercado.

As empresas produtoras se valem das engenhosas técnicas de marketing de agências de publicidade para convencer a sociedade a trocar seus aparelhos usados por produtos mais modernos. Aparelhos “semi-novos” são considerados velhos e imprestáveis, e viram lixo. O lixo é despejado no lixo, e ninguém se dá conta de que o espaço destinado ao lixo vai roubando os espaços destinados a jardins, praças, escolas, centros de lazer, postos de saúde e, por fim, residências.

De repente, as pessoas começam a perceber que o lixão é seu vizinho, que as moscas começam a visitar suas casas e os ratos a circularem livremente por suas calçadas. A saída parece ser reclamar, protestar e ficar furioso com o descaso dos serviços públicos, incapazes de manter o lixo distante de suas vidas.

Os governantes têm suas culpas, e elas são muitas, mas não são maiores do que as dos governados, que se deixam atrair pelas propagandas e trocam seus aparelhos em perfeito funcionamento por novidades, movidos por um misto de ostentação e poder. Os supermercados oferecem alimentos industrializados com embalagens atraentes, que logo serão jogadas no lixo. As butiques têm roupas e sapatos da moda, que irão substituir os da outra estação, que dentro em breve irão para o lixo.

Os governantes estimulam esses hábitos consumistas, promovendo facilidades no crédito e redução de impostos. A sociedade impelida pela vaidade se deixa convencer que é mais econômico trocar o “velho” pelo novo, descartando-se com extrema facilidade do seu patrimônio e saindo atrás das novidades propaladas pelos meios de comunicação.

As empresas alimentícias promovem seus lançamentos com vitaminas e agregados nutritivos que, pensando bem, nossos corpos não precisam consumir. O lixo se avoluma, e o povo cobra a presença do lixeiro, acreditando que jogando o lixo no lixo o seu problema foi resolvido.

As despesas crescem com tantas compras absolutamente inúteis. Mas, a verdade, meus leitores, é que eu não estou nem um pouco preocupado com as finanças dessa sociedade perdulária, afinal cada qual tem o direito de gastar quanto quiser.

A minha verdadeira preocupação é com esse lixo que é descartado e despejado a céu aberto sem nenhum constrangimento da parte dos governantes e sem a menor noção, por parte dos governados, do risco que estão correndo.

A famigerada teoria do crescimento ilimitado e a qualquer custo ambiental vem exaurindo as reservas energéticas do planeta e poluindo seus ares, rios e mares. Os centros urbanos tomados por um trânsito infernal, os locais de trabalho aquecidos e refrigerados pela energia de suas máquinas e as residências abastecidas por produtos nocivos à saúde formam esse espectro assustador da vida moderna.

A sociedade ainda não percebeu que o aparente crescimento econômico, fomentador de todo o seu conforto, tem um limite e, a cada dia que passa, o prazo vai esgotando-se e pondo em risco o futuro da humanidade.

As grandes cidades do mundo já não sabem o que fazer com o lixo produzido, e tentam transferi-lo para cidades vizinhas e de menor porte, mediante recompensas financeiras.

A questão não pode ser tratada como uma transação financeira, por se tratar de um negócio em que não há lucros, não há compensações e nem mesmo um produto de consumo. Aceitar o lixo de uma cidade rica não é um bom negócio. Produzi-lo também não.

O mundo chegou num estágio tal de produção de lixo que não há um único lugar seguro para despejá-lo. Imaginar um lugar distante para jogar o lixo é utopia, pois os locais distantes já não existem mais. Tudo ficou mais perto, junto um do outro. Longe já não existe mais.

As máquinas das fábricas não podem parar. Os lucros não devem cessar. O consumo precisa aumentar.

E o lixo, o que fazer com o lixo?

Há não muito tempo atrás, as campanhas de educação ambiental ensinavam que se devia jogar o lixo no lixo. Hoje, porém, isto não é suficiente. Não basta jogar o lixo no lixo, é preciso saber-se para onde vai o nosso lixo, o que será feito dele, o quanto se pode vir a reciclá-lo, o quanto se poderá reduzir a sua produção. E isso já não é mais um problema só do “governo”, mas de todos nós. E o seu lixo, meu leitor, onde é despejado?

8 comentários:

  1. É bem verdade. Eu própria já tenho pensado nisso.
    Antes as televisões duravam 30 anos... hoje ao fim de 5 já passaram de moda.
    Vamos ao supermercado, um produto que poderia ter só uma embalagem às vezes tem 3.
    O lixo é de facto um problema e nós consumistas podemos dar uma grande ajuda para que ele baixe.

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  2. GILBERTO,
    De fato, está é a questão de maior
    importância!
    Aqui em Natal, no nosso bairro, o caminhão da coleta seletiva passa às terças e aos sábados, recolhendo
    de porta em porta (onde há o selo RECICLO no portão) o lixo doméstico
    (papel, plástico e alumínio/metal) destinado à reciclagem.
    Conforme aprendi com vocês, quando
    estive aí em São Lourenço, enterro
    o lixo ORGÃNICO. Aqui em NATAL, o
    mesmo vai para o quintal e para o
    jardin; a decomposição do mesmo é um adubo maravilhoso, além de uma
    sementeira das mais surpreendentes!
    Como a terra aqui já está muito adubada, esta semana comecei a enterrar o mesmo na rua; sobre o local adubado coloco algumas plantinhas/florzinhas (acredito que até JUL, quando as chuvas chegarem, já teremos uma rua mais
    verde e agradável aos moradores e transeuntes). Isto, também, eu aprendi por aí, com a FLORA.
    Lá em Brasília, como eu moro num
    apartamento, desço, todos os dias, com o lixo orgânico e o enterro embaixo do prédio e na quadra e arredores. E, somente com o meu lixo, fiz um lindo jardin no meu prédio e pela quadra diversas árvores frutíferas adultas (mangueira, abacateiro, pinha, mamoeiro, bananeira,etc) já estão
    alimentando quem precisar.
    E, com esta prática, me sinto em paz com o planeta (faço a minha parte) e, o melhor de tudo: RECEBO
    MUITA ENERGIA BOA e muito DEUS TE ABENÇOE!
    UM GRANDE ABRAÇO!

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  3. Minha assídua leitora muito Especial:
    É isso mesmo que tu disseste, de repente tudo passou a durar menos.
    Se a tecnologia está mais avançada, como explicar essa repentina redução de durabilidade?
    O nome desse fato aparentemente inexplicável, chama-se GANÂNCIA por parte das indústrias. Da parte dos senhores governantes,pode-se atribuir a omissão,cumplicidade ou ignorância. E da parte da massa consumista, há de ser um misto de ingenuidade, vaidade e irresponsabilidade.
    Em alguns locais da Europa, como me contou uma amiga tcheca que mora na Alemanha, as embalagens de muitos produtos são vendidas à parte nos supermercados. Se o comprador quiser pasta dental na caixinha paga pela embalagem. Caso contrário, leva o tubo fora da caixa.
    Em algumas cidades brasileiras, as sacolas plásticas já estão sendo proibidas ou cobradas, não podendo o supermercado fornecê-las gratuitamente.
    As leis são importantes, no combate ao lixo, mas o que resolve mesmo é uma nova postura por parte do consumidor, mais participativa, mais responsável e mais madura.
    Espero que a nossa Teia Ambiental sensibilize os amigos portugueses, engajando-os no nosso processo conspiratório a favor da vida.
    Grato por comentar, minha amiga.
    Um abraço.
    Gilberto.

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  4. Minha prima Rosângela:
    O seu depoimento foi uma autêntica lição de vida, para os que vivem num tempo de tanta reclamação e omissão.
    Eu não sabia que em Natal já existe uma prática ambiental com coleta seletiva e participação responsável dos moradores.
    A cidade de Curitiba é considerada um padrão internacional no trato com o lixo, por adotar práticas modernas e participativas. Lá, o caminhão não recolhe nas casas, é o cidadão que leva o seu lixo até um posto de coleta.
    Existem postos espalhados pela cidade, onde se deposita papel, plástico, vidro e metal, sem nenhum retorno financeiro. Mas, existem outros postos que recebem o lixo reciclável caseiro e dos catadores, e que remunera de acordo com o peso, pagando em legumes e verduras.
    As hortas que fornecem esses produtos são da periferia da cidade, e os agricultores familiares são estimulados pelo governo, que compra suas safras com o dinheiro gerado pelo lixo.
    Assim, o lixo coletado nos postos é vendido para indústrias de reciclagem, e a receita da venda é usada para comprar os produtos que serão trocados pelo lixo.
    Esse procedimento tem gerado muitos prêmios e elogios internacionais para a cidade de Curitiba.
    Esperamos receber outros testemunhos como o seu, Rosângela, que são estimulantes para quem ainda confia num próspero futuro para a humanidade.
    Todo dia 7 estaremos publicando, junto com os blogueiros que aderirem à Rede, temas ambientais. Visite o Flora da Serra, que Flora também fez a sua postagem sobre o tema.
    Volte sempre minha prima.
    Abraços.
    Gilberto.

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  5. Gilberto,
    Estou chegando meio tarde por aqui, mas deixe-me fazer alguns apontamentos sobre Curitiba.
    Temos 2 coletas de lixo, a dos orgânicos, 3 vezes por semana e a dos recicláveis, 2 vezes por semana. É chamado de "lixo que não é lixo" e são utilizados caminhões distintos. Esse programa existe há exatos 20 anos!
    De acordo com a própria prefeitura, para cada quilo de aluminínio reciclado, deixa-se de extrair 5 quilos de bauxita. Para cada 60 kg de papel reciclado, 1 árvore deixa de ser cortada.
    Na minha casa, tenho 2 lixeiras identificadas para a separação. Temos os catadores, aqui chamados de "carrinheiros", que costumam pegar papelão, latinhas, garrafas pet, por exemplo.
    Não tenho espaço para horta, por isso não dá para fazer compostagem, mas tivemos um sítio e fazíamos lá.
    Vamos fazendo a nossa parte.
    Um abraço

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  6. Agradeço o seu testemunho, Gina.
    A realidade é que sempre dá para fazer melhor do que está sendo feito por esse mundo afora.
    As pequenas atitudes podem resultar em excelentes resultados de proteção ambiental.
    Acontece que não dá mais para todo mundo ficar esperando que os governantes façam alguma coisa, pois, caso eles nada façam, as vítimas seremos nós.
    Estamos numa tremenda encruzilhada, com quase todos confusos sem saber o que fazer com o lixo que produzem e sem a água que é indispensável à vida.
    Sujamos a terra, poluimos o ar e envenenamos a água, e depois reclamamos do Governo.
    Ou cada um faz a sua parte, ou, daqui a mais algum tempo, haverá muito pouco a ser feito.
    O seu exemplo e o da minha prima Rosângela, uma em Curitiba e outra em Brasília e Natal, mostram que, não importa onde a gente more, pode-se contribuir para um mundo melhor.
    Um abraço com muita admiração.
    Gilberto.

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  7. Enquanto ao lixo , vi uma reportagem na globo sobre maneiras renováveis de se tratar o lixo uma destas era transformar este em carvão para consumo de energia e assim criar um ciclo de necessidades , existem varias possibilidades de se descartar o lixo basta pensar idealizar e produzir.

    Abraços..
    JF

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  8. Os interesses econômicos, relacionados às tradicionais fontes de energia, e o comodismo da criatura humana, acabam por inviabilizar todas as novas fontes de energia e as formas inteligentes de lidar com o lixo.
    Mas, um dia, Fabrício, isso passa, e a humanidade saberá o que fazer para sobreviver.
    Um abraço.
    Gilberto.

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