Meu querido amigo, minha querida amiga, nada nos deixa mais sensíveis do que a aproximação do Natal. Uns, vivem o ano inteiro, à espera desse dia, outros, pelo contrário, alegam detestá-lo. Mas, todos, de alguma forma, estão ligados nele.
Há muito tempo atrás, surpreendi um diálogo silencioso, entre minha Alma e minha Personalidade. Silenciei minha mente, para ouvir o que diziam. A Personalidade fazia planos para a festa e contabilizava os presentes a ganhar. Minha Alma chamou-lhe a atenção, censurando os apegos materiais.
A Personalidade retrucou que adorava as festas natalinas e que gostava de ganhar presentes. Ela falou do prazer nas surpresas dos presentes e na fartura da mesa na hora da ceia. E, ela ouviu mais críticas e censuras, vindas da Alma.
Dei razão à Alma, afinal de contas, o Natal é uma celebração sagrada e não esse consumismo em que foi transformado nos tempos modernos. A Personalidade defendeu-se com argumentos místicos. Ela acusou a Alma de ser insensível com a sua condição de existência passageira. Dizia ela que, enquanto a Alma tem vida eterna, ela só vive uma única vida. Assim, é mais do que natural querer aproveitar o máximo que pode. E, neste caso, era um consumismo comedido, alguns presentes a mais e um prato cheio com direito a repetição. Está bem, ela reconhecia que uns dois ou três copos de vinho, mas nada além.
A Alma passou-lhe uma descompostura, lembrando-lhe que ela estava ao seu serviço, e qualquer deslize iria repercutir na sua próxima existência. A Personalidade não se fez de rogada e acusou a Alma de explorar o seu trabalho e não lhe dar o direito de lazer ou férias.
A Alma ainda teve de ouvir acusações de que todas as conquistas futuras seriam frutos da dedicação da Personalidade à Missão. E que ela, a Alma, passava-lhe suas experiências, é verdade, mas quem tinha de executar as tarefas e correr riscos de fracassos, era ela, a pobre e sacrificada Personalidade.
Eu já estava quase interferindo, quando ouvi uma voz mansa e suave, vindo lá do fundo da mente, dizendo: “Está bem, minha esforçada Personalidade, para manter a nossa harmonia, eu e tu celebraremos juntas este Natal. Mas, eu ficarei de olho nos teus excessos. Cada garfada e cada copo de vinho a mais poderá significar um crédito a menos na minha evolução. Cada ambição por um presente mais caro e um desprezo por outro mais simples pode provocar retrocessos e karma”.
A Personalidade agradeceu e deu um abraço virtual na Alma. Ambas celebraram a harmonização dos opostos e a certeza de que não provocariam doenças no corpo físico. E daquele Natal em diante, nunca mais o fato se repetiu. Assim deveriam agir todas as Almas e Personalidades, abraçando-se umas às outras, e todas com todas.
A minha Alma se junta à minha Personalidade para abraçar os meus amigos e inimigos. Sim, eles existem, sempre existem, por mais que tentemos evitar que aconteça. Desejo um Natal muito feliz e pacífico para meus conhecidos e desconhecidos. E, por fim, desejo uma bela e solidária festa de confraternização para a minha e para as vossas famílias.
Sempre existirão Almas e Personalidades em conflito, cada qual ocupada com os seus interesses pessoais, mas todas deverão buscar uma integração de ideais, até porque elas não podem divergir, já que uma não existe sem a outra. Aliás, meus amigos, isto não é nenhuma novidade, ou não deveria ser.
Assim como as Almas e Personalidades dependem uma da outra, uma não existe, se a outra não existir, nós humanos também não podemos viver uns sem os outros. Nós precisamos uns dos outros.
É uma pena que muitos só parem para refletir sobre isto a cada Natal!
Vamos fazer de cada dia de 2012, uma celebração natalina? Vamos desejar de coração a todos um feliz ano novo? Assim, estaremos unidos o ano inteiro, celebrando a vida, renascendo a cada dia e proporcionando à nossa Personalidade o gostinho da eternidade.
Felicidades a todos os meus irmãos em humanidade.
FELIZ NATAL E UM 2012 COM MUITA PAZ E AMOR.