VINTE ANOS DEPOIS

“3 de agosto de 1991. Sábado. Dia de Saturno.

Fechamos a porta do nosso apartamento, no Rio, e rumamos para a liberdade. São Lourenço estava à nossa espera“.

Assim começa o capítulo XLIV, do meu livro “O Estranho Caminho de São Lourenço”, escrito após a minha mudança com a família para a pequena cidade de São Lourenço, no sul das Minas Gerais.

Meus queridos leitores, vinte anos depois daquele momento histórico, aqui estou vivendo em estado de graça, numa cidade que possui uma das melhores qualidades de vida deste país.

Ousadia e coragem, virtudes do número 5. Mudanças em busca de um mundo novo, inspiração do número 5. Deixar o velho para trás e assumir os desafios do desconhecido, conselhos do número 5.

Cheio de coragem, e sentindo-me o autêntico número 5, deixei o seguro, o lógico e o bom senso para trás, e me atirei em busca de mim mesmo, rompendo com tudo que, até então, eu tinha sido, a fim de encontrar um “eu” que ainda não conhecia.

Releio sobre os meus sentimentos, enquanto dirigia, e sinto-me transportar para aquele dia. “As árvores, à beira da estrada, pareciam saudar-nos, sorridentes, acenando os galhos, comemorando a nossa passagem”.

Num outro trecho, eu afirmo que “às vezes, a preocupação tentava instalar-se em mim, mas a beleza da manhã e a festa pela nossa ousadia, promovida pela Natureza, afastava qualquer mau presságio e lançava-nos num êxtase de idealismo espiritual”.

E dizer que tudo havia começado, cerca de um ano atrás, quando eu senti o cheiro da cidade de São Lourenço nas ruas do meu bairro Grajaú. Ao entrar em casa, convenci Flora a ir festejar o aniversário de casamento, não em Búzios, mas em São Lourenço. Ela, em princípio, não gostou da idéia, pois ainda não conhecíamos Búzios, e São Lourenço há muito era nossa conhecida. Mas, meus argumentos místicos mexeram com o lado dela que adora mistérios.

Hoje, vinte anos depois da nossa mudança, podemos garantir que foi a loucura mais sensata que fizemos em toda a vida. Vivemos uma vida sadia, cercados por nossos amigos da flora e da fauna local. Árvores frondosas, como eucalipto e araucária, misturam-se com pequeninos e perfumados arbustos como o assa-peixe. Os gatos se unem aos lagartinhos na luta por um prato de ração. Tucanos e pássaros de todas as cores e cantos trocam de lugar nas árvores com os macaquinhos que passam fazendo um barulho infernal. A nossa água é pura e natural, nascendo numa fonte dentro de um bosque próximo à nossa casa.

Poderíamos estar vivendo como eremitas, distantes que estamos três quilômetros do centro da cidade, mas nos integramos aos movimentos urbanos ligados à arte, cultura e turismo. Se a confusão no centro perturba, nos recolhemos no silêncio do parque onde moramos. Se nós estamos cansados, descansamos, assistindo belos filmes. Quando nós estamos cheios de disposição, fazemos uma faxina na casa ou arrumamos os jardins no quintal. A numerologia ocupa grande parte do meu tempo. Flora se ocupa com tudo um pouco, como uma legítima expressão do que seja o número 3.

As nossas almas estão em festa, no dia de hoje, e não é para menos. Podes crer meu atento leitor, que não poderia ter sido mais acertada a nossa decisão de abandonar a cidade grande e deixar a falsa estabilidade para trás. Viemos correr risco, numa vida nova e diferente de tudo que estávamos acostumados, e encontramos a verdadeira segurança. Saúde e paz de espírito. Natureza e bem estar.

Nesse refúgio sagrado, pude encontrar Deus. A religião havia colocado Deus muito longe de mim, e me ensinou que era preciso morrer para encontrá-Lo. Eu mal cheguei a Brasilan, nome do parque em que vim morar, e logo me deparei com a presença divina. Junto com Ele, conheci os Mestres que zelam para que tudo aconteça segundo a Lei Divina, e também passei a conviver com Guardiães, que tomam conta dos locais sagrados, e com os Anjos, os Elementais, os Devas e os Espíritos da Floresta, que protegem árvores e mananciais.

Seria isso o que se costuma chamar de Paraíso? Confesso-te incrédulo leitor, que eu passei a crer que sim, ainda que com uma natural desconfiança. Era tudo tão diferente do que as religiões apregoavam! A numerologia veio a me ensinar que não existe um único Paraíso, mas diversos, espalhados por esse mundo a fora. Aprendi, também, que existem muitos Filhos de Deus, que de tempos em tempos encarnam entre nós. E, por fim, que nós mesmos também somos filhos de Deus, com o F minúsculo, mas só por enquanto.

Estou, dessa maneira, celebrando meus vinte anos habitando o Paraíso. Morri, talvez sim, quando saí do Rio. E renasci, certamente, ao chegar a São Lourenço. Deixei lá, um projeto de chegar a Deus. Encontrei-me, aqui, com um Deus a me esperar.

Agradeço a todos que, solidários a esse meu encontro com a Divindade, vêm acompanhando os meus escritos nesse recanto celestial, o Alma Mater. Aqui, eu coloco o que meu Mestre Saint Germain me inspira a escrever. Ele, o Mestre da Nova Era, melhor do que ninguém, sabe muito bem, o que Deus deseja de mim.

Eu me abraço a todos vós, meus amados leitores, neste momento de celebração.

Agradeço a presença de todos, e me comprometo a prosseguir fiel à filosofia de Pitágoras, como tenho feito até hoje. A Numerologia da Alma é uma das doutrinas divinas, como muitas das que foram inspiradas a diversos Mestres, além de Pitágoras, como Sidarta, Confúcio, Lao-Tzé, Jesus, Saint Germain e outros Mestres Ascensionados.

Continuai visitando este espaço sagrado, que não vos arrependereis. Eu vos prometo.