Meus queridos leitores, já tem tempo que não ocupo este meu
espaço sagrado para tratar de assuntos que não sejam os ambientais. Pois bem,
faço-o agora. E o faço por uma justa causa. Não posso e nem devo me omitir, diante
de certa hipocrisia reinante, e que está tomando corpo na educação das nossas
crianças.
E me entendam bem que, quando falo das nossas crianças, eu não me
refiro apenas às brasileiras, mas a todas as crianças do mundo, que, daqui a um
tempo, serão os adultos de amanhã. Por enquanto, elas são aprendizes e nós, os
mestres. E o que temos ensinado a elas?
A minha reflexão se inspirou na reação de uma das minhas mais dedicadas
e conscientes aprendizes do curso de Numerologia da Alma. Estando prestes a
concluir o Curso Superior, e iniciar o Curso de Mestrado, ela se confessou
despreparada para se tornar uma mestra passando conhecimentos para uma turma de
aprendizes, e talvez, até mesmo, sem a menor motivação de vir a se tornar uma
tradicional instrutora de numerologia.
Diante dessa situação, percebi o quanto somos condicionados a rótulos e
chavões, do tipo que nos leva a instituir espaços onde devemos ou podemos ensinar.
Este espaço é denominado escola ou mais especificamente sala de aula.
Nesses espaços, ensinamos e aprendemos, e saindo dali não seríamos
responsáveis nem por uma coisa e nem pela outra. Dentro da sala de aula, o
professor tem a obrigação de ensinar e o aluno de aprender, fora dela, não
seria dever de quem passou conhecimento dar o seu exemplo e nem estender os
seus ensinamentos para parentes e amigos.
Expliquei à minha aprendiz que, no trabalho e no lar, ela é uma exímia
e carinhosa mestra, passando conhecimentos e dando exemplos pessoais que
ensinam seus parentes e pacientes aquilo em que ela acredita e pratica. Ela é
uma terapeuta dedicada e delicada, amorosa e generosa, e cada palavra sua tem
um alcance que vai muito além de uma simples teoria ou de uma mera consulta.
Ela entendeu onde eu quis chegar, e assumiu a sua condição de mestra.
Ela percebeu que o Curso de Mestrado não faz o mestre, mas busca aperfeiçoar os
seus métodos e conhecimentos, de modo que ele tenha cada vez maiores subsídios
para a sua sagrada função de passar conhecimentos.
Agora, abandonemos os casos pessoais e entremos no mundo global, onde
nos metemos não por acaso, mas por consequência dos nossos atos. Abram os seus
computadores, e não importa qual seja a sua preferência, notícias ou rede
social, lá estarão os professores desta juventude que está sendo formada à
custa de deboches, ofensas, mentiras, grosserias e ódio.
Os jornalistas não mais se ocupam de notícias, eles dão suas opiniões
que, na maioria das vezes, não passam de meros palpites. Eles assumem posições
pessoais e as transformam em verdades absolutas, graças ao renome do veículo
para os quais escrevem. Renome esse, diga-se de passagem, obtido através de
mentiras e propagandas enganosas, que tentam convencer, e até conseguem com
certo êxito, convencer à maioria dos leitores que eles reportam a verdade,
somente a verdade.
A massa, enganada pelas aparências, que nossos ancestrais já sabiam desde
os tempos mais remotos, que elas enganam, se deixam levar por boatos e intrigas,
fabricados nas salas de edição e orquestradas pelos poderosos donos da
informação.
Essa massa, por se sentir todo-poderosa diante da telinha do seu
computador, passa a denegrir imagens e difundir mentiras e ódios, que foram
engendradas por manipuladores da verdade, banqueiros, empresários da mídia e
seus cúmplices mais próximos. Ingênuos e tolos, os propagadores da mentira,
escrevem no seu Face tudo que julgam ser um direito deles, e até dever, para
que todos possam se indignar e fazer o mesmo que ele acaba de fazer, denunciar
e acusar pessoas.
A verdade, porém, como tudo na vida, como nos confirmou a ciência einsteiniana,
não é absoluta, mas relativa. E no caso das ofensas e acusações que têm
circulado pela rede esta relatividade é inteiramente desprezada pelos “donos da
verdade”. Figuras públicas não são apenas criticadas, mas ofendidas e execradas
social e politicamente, com palavreado chulo e, em certos casos, inapropriado para
ser usado por quem se diz culto ou, pior ainda, religioso.
Estas atitudes e palavras rasteiras, indignas de serem pronunciadas
diante de filhos e de alunos, são usadas de forma abusiva por pais e
professores. E, muitos demonstram ignorância sem saber de onde vem tamanha
agressividade e falta de respeito das crianças e jovens, diante de disciplinas
no lar e na escola.
Os pais e professores são os mestres da juventude e responsáveis pela
formação da sociedade. E não somente na hora de uma reprimenda em casa ou de
uma reprovação no colégio. Os mestres não têm folga, eles atuam vinte e quatro
horas por dia, o ano inteiro e por toda a vida.
Não existe o mestre temporário ou o local onde eventualmente se aprende
lições, mas que não precisem ser praticadas em outros ambientes. Não existem
outros ambientes, tudo é um só ambiente. Não existem mentiras úteis, todas as
mentiras têm como objetivo distorcer os fatos.
As redes sociais destilam veneno, os meios de comunicação estimulam o
ódio. Nas redes, a verdade pouco importa, ela foi retirada de algum texto
redigido por um esquizofrênico ou psicopata, e como caiu na rede ganhou o aval
da verdade.
As crianças ouvem os pais e professores destilarem seu ódio falando
contra as autoridades constituídas, e tratando-as com termos pejorativos que
desqualificam suas funções. Quando não se gosta de alguém, não se medem as
palavras ofensivas. E tudo na frente das crianças, dos filhos, dos netos.
Educação, como muitos pensam, é coisa do passado. Qualquer palavra pode
e deve ser pronunciada, numa demonstração de liberdade verbalizada com termos
ofensivos, e que são alimentados não mais nos bares e nas esquinas da vida, mas
nos lares e nas salas de aula.
A palavra respeito pertence ao passado, pois todos se julgam livres
para dizer o que bem entendem. E por entenderem tão pouco, tudo que dizem pode
ser esquecido por não ter a menor serventia.
Os religiosos, aqueles que falam de Deus e condenam a promiscuidade
sexual, alimentam promiscuidades outras que são traduzidas, menos nos atos, e muito
mais nos pensamentos e palavras. Os filhos que vêm bondade nos pais passam a
acreditar que aquelas condenáveis atitudes do pai e da mãe são abençoadas por
Deus. E assim as repetem em sinal de respeito aos pais.
Um dia, os pais são convocados na escola ou na delegacia, e chamados à
atenção por atos indisciplinados ou criminosos dos seus filhos. E, sem ter o
que dizer, dizem bobagens, atacando a escola e a polícia. Eles esqueceram as
ofensas que dirigiram aos métodos de disciplina da escola do filho ou a negação,
diante do filho, em fazer o teste do bafômetro quando voltava de uma das
festinhas em família, em que o álcool foi consumido como água.
A criança que testemunha as atitudes dos pais é a mesma que vai
imitá-los no dia a dia e, mais tarde, já quando adulto. Os pais mentem em casa,
os pais são agressivos e mal educados ao se referirem a autoridades. E esperam
que seus filhos sejam cumpridores da lei e honestos, por oferecerem a eles uma
educação rígida e religiosa. E os exemplos?
De repente, conversando com os amigos, ou numa rodinha após o culto ou
a missa, o nosso “homem de bem” exclama: “onde tudo isso vai parar?” A resposta
depende de cada um de nós, pois tudo isso está onde só podia estar. Será que
ainda se tem dúvida disto!
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