Meus
prezados leitores, não se enganem, pois a corrupção não será
combatida com prisões, e nem a devastação de nossos recursos
ambientais, impedida por leis e acordos internacionais. Tudo está
interligado, não existe uma sem a outra, assim como não existe
futuro esperançoso, para um presente decadente.
Não
acuse o político, por uma corrupção que só não envolve a sua
pessoa, porque não está no lugar dele. Quantos cidadãos, que se julgam honestos, ocupando
cargos de poder, renunciariam ao uso da força ou do privilégio,
para não se locupletar dos benefícios que a função propicie?
Como
diz a física quântica, a vida é sistêmica, eu não existo sem
você, o bem caminha ao lado do mal, a honestidade interage com a
corrupção, o poder estimula a violência, e a justiça não pune
para corrigir, mas para se vingar de quem cometeu o delito. A
corrupção é sistêmica e a devastação ambiental é estúpida.
Se
o particular melhora, o todo fica melhor. Se um número cada vez
maior de cidadãos pensar de modo mais honesto, reduz-se a corrupção
e a sociedade passa a rejeitá-la, antes de pensar em puni-la. Que se
ponha os pés no chão, e se pare de ampliar penitenciárias e
inventar leis que punem, prendendo ou matando os criminosos.
Antes
de punir, é preciso mudar a consciência da sociedade, trocando o
acúmulo pessoal pela repartição de valores, pensando no coletivo e
trabalhando pelo bem-estar comum. Paremos de incentivar a luta pelo
poder, a competitividade como forma de progresso e a violência como
forma de fazer justiça.
Tudo
que fizermos no individual retornará sobre o coletivo com as mesmas
falhas e imprecisões que adotamos em nossas vidas profissionais e
sociais. Não existe o honesto na família e o corrupto nos negócios,
a desonestidade qualifica-o como parte de um sistema corrupto, ao
qual ele alimenta e dele se beneficia.
Falar
de política ambiental, estimulando a produção e a comercialização
de automóveis é de uma incoerência tamanha, que só pode ser
levado em conta da má-fé de quem só pensa no dinheiro. Qualquer
justificativa é absurda, pois a sociedade é mantida e atraída pela
vaidade. Uma propaganda que possa sugerir que este ou aquele carro é
ultrapassado, e que há uma promoção irrecusável para a sua troca,
leva milhares às lojas e outros tantos automóveis às ruas.
De
repente, reclama-se do congestionamento das ruas e da poluição no
ar. Quem provoca os males apontados, senão o excesso de carros
transitando nas cidades! O que pensava o cidadão consumista, que
saiu correndo para aproveitar a promoção do carro novo? Onde ele
imaginava que circulariam o seu e o carro dos outros, que como ele,
aproveitaram as vantagens ofertadas?
Nesta
hora, é mais fácil pôr a culpa em alguém, do que assumi-la, para
não se sentir parcialmente responsável pelos aborrecimentos e
contrariedades que resultam do aumento cada vez maior de automóveis
circulando nos centros urbanos. O culpado é o governo, que não
ampliou as vias de acesso ao centro da cidade, ou que não melhorou o
sistema de transportes, ou que não criou áreas de estacionamento,
ou …
As
calçadas estão imundas porque o governo não providenciou a
limpeza. A propósito, quem sujou as calçadas, jogando lixo nas ruas
e se descartando de tudo que não presta, sem pensar que ia virar
lixo? O lixo é parte desse processo sistêmico, que envolve o
produtor, o comerciante e o consumidor, sem que se possa culpar uns e
isentar os outros.
Falta
água nas torneiras, os reservatórios estão vazios, mas sem água
não se vive. Procura-se um culpado. A chuva é a vilã, por se
ausentar de nossas vidas sem aviso ou um alerta que fosse. A chuva
não se ausenta à toa, ela precisa de motivos, que são encontrados
nos predadores da natureza. E quem são esses predadores, senão os
que reclamam e cobram atitudes dos governantes.
E
a energia elétrica, está muito cara, não é mesmo? Quem provoca
este aumento? O governo e a agências reguladoras. E quem permite que
isto aconteça? A população que consome e exige produtos nos
mercados, a qualquer preço. A qualquer preço quer dizer mais devastações e maiores ações poluidoras.
Governo
algum pode impor algo que o povo se nega a consumir. Se o imposto
está mais alto, deixa-se de comprar um produto mais caro, e muda-se
para outro mais barato, ou, simplesmente, deixa-se de consumir. Se
baixar o consumo, o preço abaixa, pois o fabricante e o comerciante
precisam vender seus produtos
As
ingênuas criaturas se deixam manipular, e permitem que estranhos
mandem nas suas vidas. E o resultado é que precisa-se procurar um
culpado. E a figura abstrata do governante consola e alivia a
consciência. A questão é que existem governantes que atuam numa
área e não em outras, e generalizar não resolve o problema.
O
Governo Federal propõe políticas nacionais, mas são os Governos
Estadual e Municipal que devem implementar essas políticas nos
estados e nas cidades. Quem é o responsável pelo lixão da sua
cidade? E a água, quem põe e tira da sua torneira? E a polícia que
prende, bate e mata, mas que é chamada quando a coisa aperta, quem é
que manda na polícia? E quem manda nos Bancos? Esta é uma pergunta difícil de responder. Mas quem se interessa, basta culpar o Governo!
Agora,
vamos para perguntas ainda mais difíceis de responder. E sobre a chuva, a
quem reclamar ou acusar? Quem é o dono da chuva? E o calor que seca
a terra e mata a plantação? E o frio que acaba com uma safra, e
provoca o aumento de preço de produtos agrícolas, a quem reclamar ou culpar? E as
doenças, que matam ou tornam nossas vidas mais doentias e
dependentes de atendimento médico, a quem responsabilizar?
Viver
é enfrentar desafios e vencê-los, ou perdê-los, e aceitar a morte
como solução. Tudo está relacionado, e não há crimes sem
culpados, nem culpados que sejam inocentados, por transferir culpas
ou por mera ignorância.
O
mundo caminha ladeira abaixo, sem freios ou salvação, a não ser
que as causas e efeitos se unam e se anulem, reduzindo a queda e
salvando a humanidade que desce a caminho do caos. Ninguém é mais
ou menos culpado, as culpas são culpas, e bastam para provocar as
desgraças. O corrupto não se corrompe sozinho, ele precisa do
corruptor para se tornar corrompido. O suborno precisa de mão e
contramão. O devastador de florestas precisa do receptador da lenha.
E o ladrão de quem compre o seu roubo.
O
mundo é sistêmico, tudo está relacionado. Somos culpados e
inocentes, vítimas e culpados, heróis e vilões. Se cada qual
assumir a sua parte, o mundo ficará melhor. Se deixarmos de procurar
culpados, e tratarmos de nossos deveres, um dia não será mais
necessário buscar culpas, todos estarão voltados para a solução
dos problemas.
Parece
injusto que se atribua a pessoas sem acesso ao poder, culpas que nem
ela sabe que existe, e menos ainda como resolver. Mas, são
pequeninas atitudes que mudam a regra do jogo. O jogo que está sendo
jogado está acabando com a vida do planeta, e sem um planeta vivo,
não há como viver nele. Torna-se indispensável mudar as regras
desse jogo, com cada um fazendo o que está ao seu alcance. Se puder
fazer mais, que o faça, sem esperar ganhar mais com isto.
Nós
não estamos sozinhos, mesmo quando nos sentimos solitários. O mundo
está em nós, assim como nós estamos no mundo. Paremos de reclamar,
e vamos abraçar a nossa missão na Terra. Deixemos os vizinhos de
lado, que eles tratem de fazer a sua parte, enquanto nós fazemos a
nossa.
Tudo
é parte de um Todo. Eu e todos os leitores, ainda que se pense em
contrário, estamos unidos no bem e no mal, na saúde e na doença.
Sim, estamos casados, todos nós. E seria muito bom se o nosso lar, a
Terra, pudesse abrigar uma família sadia e feliz, a Humanidade.
A corrupção é um sintoma do que se passa nos aspectos mais ínfimos do relacionamento humano. Ou, remetendo-nos para as leis espirituais, o macrocosmo reflecte-se no microcosmo. Somos carrascos e somos vítimas. Somos culpados e somos inocentes. Somos tudo e não somos nada. Somos o que está em cima e o que está em baixo.
ResponderExcluirTudo o que fizermos irá reflectir nesse todo maior que nos envolve. Mudamos o nosso mundo, mas com o nosso exemplo, mudamos quem está perto de nós e quem está perto de nós muda mais pessoas à sua volta e, assim, a corrente torna-se maior.
Muitas mudanças aconteceram dessa forma. Chama-se a isso utopia. O sol que, de tanto caminhar, será um dia nosso.
Muitos abraços
Jorge Vicente
Grato pela visita e pelo comentário, meu amigo Jorge Vicente.
ResponderExcluirUm dia, os "coitadinhos de mim" despertarão, e não mais vão transferir responsabilidades ou culpas.
As culpas serão assumidas e reconhecidas como as formas de superar os erros que parecem só existir nos outros.
Antes disto, porém, muitas águas vão rolar.
Que cada um comece a assumir a sua parte.
Abraços.
Gilberto.
´´É a mais pura verdade que Somos Um e estamos cada vez mais interligados. E não falo da conexão pelas redes sociais, apenas. Falo muito mais daquela proveniente de nossos pensamentos/sentimentos. Estes são os verdadeiros "cabos" de conexão entre nós.São eles que de fato nos aproximam de determinadas pessoas e/ou situações. A tecnologia apenas otimiza os encontros e reencontros. Somos sim, corresponsáveis por tudo o que acontece na nossa Casa, Nosso Lar, nosso Planeta Terra. Negar isso é não ter compreendido o sentido da Vida. Abraços, Helenildes
ResponderExcluirAgradeço os seus comentários, Helenildes!
ResponderExcluirAs pessoas conscientes dos seus deveres para com a Natureza são muito bem vindas ao Alma Mater.
Abraços.
Gilberto.