Meus
caros leitores e leitoras:
Se,
como creem os estudiosos do ocultismo, os mistérios de natureza
divina e humana estão contidos na obra complexa e esotérica da
Doutrina Secreta, não seria menos verdade, considerar que essas
revelações são de difícil interpretação e, para os leigos,
costumam mais confundir do que esclarecer.
A
leitura da obra completa de Helena Blavatsky deve ser feita, assim
como se recomenda aos leitores da Bíblia, fora da ordem cronológica
com que surge nas páginas desses livros. Eu recomendaria aos noviços
do ocultismo, que começassem com o Volume V, da Doutrina Secreta,
que trata de Ciência, Religião e Filosofia.
E
fisgando, na Seção X desse Volume, algumas alusões aos números e
a Pitágoras, pesquei certos conceitos, e os trouxe para que os
leitores percebam que há afirmações antigas e semelhantes, em
todas as religiões, que, apenas pela vaidade humana, se conflitam e
geram polêmicas e cisões.
Começo
com uma afirmação preciosa para todos nós numerólogos, que diz
que todos os seres têm o seu número particular, que distingue cada
um deles, e que é a fonte de seus atributos, qualidades e destinos.
Segundo Cornélio Agripa, um influente escritor alemão esoterista da
Renascença, nascido em 1486, o acaso não é senão um termo
desconhecido da progressão, e o tempo não passa de uma sucessão de
números.
Pitágoras
afirmava que, entre os deuses e os números há uma relação
misteriosa, em que a alma é um mundo dotado de movimento próprio.
Em seus estudos matemáticos e geométricos, Pitágoras fazia a
relação perfeita entre os números, as criaturas e os
acontecimentos, não só no esquema planetário, mas em todo o
Cosmos.
Em
geometria, não se pode obter uma figura absolutamente perfeita com
somente uma ou duas linhas retas, porém, três linhas retas em
conjunção produzem um triângulo, considerada a figura
absolutamente perfeita. Daí porque, o triângulo sempre simbolizou o
Eterno – a primeira perfeição.
O
hexágono, formado por dois triângulos que se entrecortam, era
considerado por Pitágoras como o símbolo da criação. Os egípcios
o viam como a união do fogo e da água, ou da própria geração. Os
essênios o reconheciam como o símbolo de Salomão. Os judeus, como
o escudo de David.
Os
signos são de fundamental importância, em todas as religiões, que
os consagram em seus ritos sagrados. A consagração dos signos se
reveste de um ritual mágico, que lhes concede um poder divino, a ser
exaltado e incorporado à vida dos seguidores de cada religião.
No
início da existência da raça humana, só havia uma Ciência: a
Ciência Divina. O surgimento das diversas religiões provocou o
conflito da fé, a confrontação entre os seus seguidores, cada qual
atribuindo valores e poderes maiores e absolutos aos seus signos e
dogmas.
A
união do Estado com a Religião acirrou os ânimos entre os
divergentes, resultando em perseguições e guerras, que perduram até
os dias de hoje. A religião oficial de cada país, sempre e em todos
os tempos, se desembaraçou facilmente dos credos rivais, fazendo
crer que eram perigosas heresias.
Os
antigos feiticeiros e seus descendentes manifestam ódio a todos que
não seguem seus ritos e crenças, considerando-os adversários, e
perseguindo-os, em alguns casos com atos cruéis e violentos. Nos
tempos de hoje, tais atitudes, em nada se diferenciam, do que ocorre
em países fundamentalistas ou, até mesmo, naqueles em que as
crenças são livres, mas o ódio sempre está presente.
Muitos,
em sua ignorância, alimentada pelos seus líderes religiosos,
empregam conceitos e palavras que não retratam a realidade,
julgando-se, deste modo, mais dignos do amor de Deus ou da salvação
de suas almas. Agindo assim, alimentam crendices e fazem julgamentos
completamente absurdos, condenando os que pensam diferente,
acusando-os de bruxos, feiticeiros e seres malignos, sem ter o
conhecimento exato do que seja a Magia Branca e a Magia Negra.
Para
o teósofo, não existem milagres, nem divinos e nem satânicos. Para
ele, não existem Santos, Feiticeiros, Profetas ou Adivinhos, mas,
somente, Adeptos, que são os homens capazes, de produzir fatos de
caráter fenomenal, e que devem ser julgados segundo os seus atos e
palavras. A distinção a ser feita se relaciona aos resultados
obtidos, se foram benéficos ou prejudiciais às pessoas sobre quem o
Adepto exerceu os seus poderes.
O
estudioso do ocultismo não deve pertencer a nenhum credo ou seita,
mas, deve manifestar o maior respeito por todas as crenças e
religiões, se aspira tornar-se um Adepto da Boa Lei. Cada um deve
ter suas próprias convicções e opiniões, sem se deixar envolver
por pressões e intimidações.
Como
espero ter demonstrado, neste primeiro estudo direcionado à obra
doutrina Secreta, os conceitos emitidos por Blavatsky não são
complexos e nem de difícil compreensão, desde que sejam lidos com a
mente aberta e destituídos de preconceitos.
Continuarei
preparando novas análises e avaliações sobre os escritos de
Blavatsky, com a intenção de desmitificar a dita complexidade dos
ensinamentos da Doutrina Secreta. Sem dúvida, esta dificuldade com
que se depara o leitor deve-se mais à linguagem recebida dos
escritos orientais, em que Blavatsky foi buscar as explicações
transmitidas em sua obra.
Com
a familiarização dos termos e dos costumes religiosos orientais, a
leitura se torna menos densa e o entendimento bem mais fácil. No
entanto, a interpretação preconceituosa das afirmações pode ser
um fator dificultador do entendimento e da aceitação dos
ensinamentos passados, especialmente quando se conflitam com as
questões da fé religiosa de cada leitor.
A
minha palavra final é que não há razão para alimentar
preconceitos, a verdade é una, e por qualquer dos caminhos
escolhidos, desde que honesta e sinceramente, todos chegarão à
Divindade. Creiam no que lhes pareça verdadeiro, mas respeitem as
crenças alheias, pois este é o caminho da Iluminação. Assim falou
Zaratustra, Pitágoras, Gautama, Maomé, Jesus e todos os Grandes
Mestres Iniciados, através da História.
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