Meus
fiéis leitores, estamos, em mais este dia 7, a falar de
desenvolvimento sustentável e de conduta ambiental. Antes disto,
porém, vamos parar para refletir sobre o perfil de quem se espera
que venha a assumir atitudes preservacionistas.
As
pessoas de um modo geral, no mundo inteiro e não somente no Brasil,
estão envolvidas em atos nocivos à sociedade, comportando-se como
corruptos, mentirosos, traidores, ambiciosos e egoístas. A maioria
delas ocupa funções de destaque e até de julgadores e
administradores das causas públicas.
O
que esperar de quem desvia o dinheiro público para suas contas no
exterior, mesmo sabendo que aquela verba foi aprovada para atender a
saúde do povo? E daquele que pactua com os que invadem terras e
destroem florestas para criar gado ou praticar a agroindústria?
Não,
não precisamos procurar nos que exercem o poder, aqueles que se
comportam de forma desastrosa em relação à sua cidade, ao seu país
e ao planeta. Eles estão nas ruas, no meio do trânsito ou
caminhando pelas calçadas. Eles estão nos escritórios, trabalhando
e sonhando em ter mais e sempre dispostos a fazer alguma coisa
imprópria para levar vantagem e se promover.
Quando
se falsifica um documento ou se falseia com a verdade na declaração
de renda, isto é crime. Quando se paga propina a um fiscal ou a um
guarda de trânsito, isto também é crime. Quando se recebe o
salário-desemprego, mesmo depois de ter conseguido um novo emprego,
isto é crime. Quando se recebe a aposentadoria ou pensão de quem já
morreu, isto é crime. Quando se dá um jeitinho para passar na
frente da fila, isto é crime.
Reclama-se
do lixo na rua, e da negligência do serviço público com a limpeza
da cidade, mas atira-se lixo nas ruas e calçadas, como se fosse algo
normal. Estaciona-se o carro em local proibido, como se a pressa
justificasse a infração, mas isto é crime.
Os
meios de comunicação mentem, ao noticiar um fato. Os empresários
pagam comissões para participar e ganhar concorrências. Os
deputados recebem doações em suas campanhas, com o compromisso de
defender os interesses dos doadores, mais do que dos seus eleitores.
Num
mundo em que há tanta corrupção e desrespeito aos legítimos
interesses da coletividade, como esperar responsabilidade no trato
com a natureza? Quem rouba, mente e destrói tudo que impede o seu
lucro, não se importará com a devastação das florestas,
contaminação dos rios e poluição do ar. E, como a grande maioria,
até os que se dizem conscientes dos seus deveres preservacionistas,
age desta maneira, o que se pode esperar do futuro?
Esta
não é uma pergunta derrotista, caro leitor, mas uma provocação à
reflexão. Não se deixe enganar por propagandas, que estão a
serviço de interesses econômicos, jamais ambientais. Não confie
nunca nos meios de comunicação, principalmente nos que tentam
vender uma imagem de confiabilidade, pois eles estão a serviço dos
seus patrocinadores e patrões.
Então,
surge a pergunta: em quem confiar? Antes de tomar a sua decisão,
pesquise sobre de quem se trata, do que fez pela natureza e quais os
interesse em jogo de cada corporação. Doação para proteção e
preservação ambiental não é garantia de se trata de uma empresa
seriamente comprometida com a natureza. Não se esqueça que são os
mais cultos e educados que estão envolvidos em corrupção e desvios
de verba para alimentar seus propósitos expansionistas.
Os
pobres, quando roubam, são pegos e humilhados. Os ricos escapam e
são exaltados. Mais do que a acusação e a punição, a delação é
a solução. O traidor entrega o cúmplice e ganha os seus cem anos
de perdão. De bandido se transforma em herói, enquanto a destruição
e a corrupção ganham força.
Diante
desse quadro, que insisto não ser privilégio do cenário nacional,
mas internacional, eu pergunto quem está, de fato, preocupado com o
futuro da natureza. Se a destruição, um dia, for total, os
degradadores se consolam com as conquistas imediatistas que obtiveram
graças aos seus crimes, que só vão apresentar seus efeitos daqui a
100 ou mais anos, quando eles julgam não mais estar por aqui. Quem
sabe, hein!
O
mundo não tem fim, a vida sempre retorna após ciclos de descanso da
natureza. E, cá entre nós, já tem tempo que a natureza está
precisando de um descanso. Se a humanidade continuar com esse
processo predatório, o descanso poderá ser antes da hora.
A
conclusão, meu leitor, é que cada um, antes de julgar e condenar,
coloque a mão na consciência e perceba como ele está envolvido até
a raiz dos cabelos, com tudo que de pior vem acontecendo na natureza.
Não se faça de inocente, e trate de conferir em quantas acusações
está enquadrado, dentre as que fiz no início do texto. Continue
protestando contra os ladrões e corruptos, mas tome cuidado, pois,
um dia, a vítima pode ser você.
Como
dizia um antigo anúncio de um produto que amenizava a dor, não
basta protestar, reclamar e condenar, é preciso participar. E, para
isto, é indispensável dar o exemplo, a começar em casa e passando
pelo trabalho, amizades e religião. A hipocrisia está solta, mas os
telhados de vidro não recomendam que as pedras sejam atiradas.
Pensem nisto, e a natureza agradece.
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