Caros leitores:
Nos
meus tempos de criança, os mata-mosquitos chegavam a pé, penduravam
uma bandeirinha amarela para sinalizar sua presença e despejavam
inseticidas em ralos e monturos de lixos. Com o passar do tempo, e a
tecnologia moderna, os mosquitos ganharam um grau mais elevado de
combatentes – os aviadores.
Num
ato de rara infelicidade, o governo acaba de autorizar o combate aos
mosquitos nas cidades, mediante a pulverização de inseticidas, por
aviões, como é costume fazer-se nas lavouras. Lendo a notícia, as
pessoas de bom senso, que não se deixam levar pelas artimanhas
enganosas da Rede Globo, se questionam sobre os perigos de
contaminação que tal medida pode provocar.
Os
noticiários, a serviço dos grandes anunciantes, os fabricantes de
agrotóxicos e inseticidas, não se insurgiram contra a medida,
trataram-na como uma atividade emergencial de combate à dengue e à
zika. Os órgãos de saúde, bem que protestaram, mas um protesto
tímido, como o de todos que comprometidos com o golpe têm medo de
se opor aos atos insanos, que se sucedem a cada dia.
Jogar
inseticida na nossa cabeça, enquanto estamos na rua ou no quintal de
casa? Pulverizar com veneno os reservatórios de água das cidades?
Contaminar os rios e lagos, os ares e mares? Espalhar veneno sobre
produtos alimentícios expostos em feiras e calçadas? Cobrir de
veneno os corpos de crianças e idosos, pegos desprevenidos em filas
ou relaxando numa praça pública?
Será
que eu entendi direito? Estamos autorizando o envenenamento das
cidades, por causa de um bando de mosquitos? Quem está ganhando com
isto? – é a pergunta que se faz? O povo não é, disto podemos ter
certeza.
A
que ponto chegou a ambição humana para ganhar dinheiro a qualquer
custo! As empresas de aviões especializadas em pulverizar plantações
já se manifestaram a favor do decreto presidencial. Pudera, serão
elas uma das grandes beneficiadas!
Os
organismos de saúde internacionais relacionam o veneno usado nessas
pulverizações com o crescimento de casos de cânceres, nas regiões
onde ele é usado e nas pessoas que o manipulam. Houve uma grita
geral, entre os sanitaristas que sabem dos riscos seríssimos que as
populações das cidades pulverizadas correriam, caso sejam
contaminadas por esses voos criminosos.
Onde
estamos com a cabeça? Parece que a ambição por dinheiro e poder
mexeu com os parafusos das cabeças de governantes e empresários,
deixando-os meio frouxos. Quem em sã consciência pode imaginar-se
caminhando pela rua da sua cidade, e, de repente, ouvindo sirenes de
ataque aéreo, procurar uma estação do metrô para se proteger das
bombas de veneno lançadas sobre suas cabeças? Isto é loucura!
O
nosso país perdeu o rumo! Não há mais limites para nada, quando o
interesse maior seja o dinheiro. Surgirão guarda-chuvas para
inseticidas, roupas de proteção antivenenos, protetores de pele,
óculos de isolação contra pulverização e um sem número de
artigos de ocasião, lucrando com a medida, enquanto os postos de
saúde não terão mãos a medir para tratar de tantos casos de
contaminação.
Isto,
sim, é um golpe, e que golpe! O golpe se configura como tal, quando
não há meios ou leis que nos protejam de medidas absurdas e
ditatoriais, que se sustentam em pretensos combates contra doenças.
Será que já não bastavam as vacinas que matam, os remédios cujos
efeitos colaterais são mais perigosos que as próprias doenças e
outras drogas que enchem os bolsos dos empresários das doenças?
Era
preciso inventar uma desculpa, ainda maior, para envenenar mais do
que as frutas, os legumes e as verduras cultivadas na base dos
agrotóxicos? Era preciso trazer o inseticida a domicílio? E o pior,
lançá-lo diretamente nos reservatórios de água potável!
Estamos
vivendo um momento de escuridão, na vida da nação. Ou de cegueira,
como diria José Saramago, em seu emblemático ensaio. Todos se
calam, com medo do desconhecido. Perdeu-se a noção dos limites
permitidos pela Constituição. Só se conhece a pena da Inquisição
do Lava Jato, que se tornou a lei maior desta nação.
Vivemos
o ressurgimento da caça às bruxas. Todos se encolhem e se calam. Ou
se falam, todos se fazem de surdos, como se a população além de
cega, tivesse ficado muda. E enquanto o medo se instala na alma do
povo, um medo, não menor, percorre as ruas das cidades, de olhos no
céu.
E
a denúncia em jornais? Não há porque não mais possuímos jornais,
ou nunca os tivemos. E as estações de televisão com seus
noticiários, não protestam? O Jornal Nacional abafa os demais,
afinal quem manda na verdade ainda é a Globo.
As
redes até que se esforçam, mas não são suficientemente poderosas
para confrontar-se com o Sistema Globo, e acabam criando aquela
pequena comunidade, que troca informações entre si, mas nada além
que possa criar uma indignação nacional.
Corre-se
o risco de acabarmos com a dengue, acabarmos com a zika, e acabarmos
com tantas e tantas vidas, se não como nas câmaras de gás
nazistas, mas a médio prazo, como ocorre com as contaminações
nucleares, que vão matando aos poucos.
E
agora, será que se batermos panelas, muda alguma coisa?
A
que ponto chegamos!
Nenhum comentário:
Postar um comentário