Estamos
vivendo num lixão, e não mais nos apercebemos do mundo poluído ao
nosso redor. As pessoas não se dão conta do que seja lixo, e não
percebem que provocam e promovem a poluição.
O
que é lixo? Seriam resíduos de restos inúteis que não queremos ou
somos induzidos a não querer mais? Ou seriam coisas velhas, que os
meios de comunicação anunciaram estar fora de moda? Ou ainda, tudo
que atrai moscas e mosquitos, cheira mal e pode transmitir doenças?
Todas
estas afirmações podem e devem ser atribuídas ao lixo, mas as
definições omitem o verdadeiro conteúdo do lixo, o desperdício,
as mentiras, as hipocrisias, as falsidades e o imprestável. Nestas
realidades encontram-se os significados mais próximos do que, de
fato, seja o lixo.
Lixo
é o desperdício com desvios e superfaturamentos, quando se tem
pouco para aplicar pelo bem-estar de um povo. Lixo é o que está por
debaixo das aparências honestas das ações políticas e jurídicas.
Lixo é elogiar o crime e a mentira, em nome de interesses
comerciais. Lixo é o valor recebido pela privatização de nossas
riquezas. Lixo é o que está por baixo do tapete dos interesses das
grandes corporações.
Muitos
dos leitores, talvez, estranhem estas conceituações do lixo, tão
distantes do que estão acostumados a ouvir. Elas são, no entanto,
as causas que antecedem o lixo físico, que, em nossa ingenuidade,
aceitamos como sendo apenas os monturos de dejetos expelidos pela
criatura humana, que são visíveis ao olhar humano.
O
lixo começa muito antes dos detritos atirados na natureza, da fumaça
lançada no ar, por chaminés e canos de descarga, e de lama tóxica
que rompe barreiras, como aconteceu em Mariana. O lixo termina, quase
sempre, sendo encoberto ou desviado para refúgios, longe dos nossos
olhos.
O
lixo está nas causas que antecedem a entrada em campo da seleção
de futebol. O lixo também antecede o desfile inaugural das
Olimpíadas. O lixo está nos locais de honra, nos palácios da
política e nos templos da justiça. O lixo está em nossa casa, nas
telas da TV e no Face dos nossos computadores.
Nós,
seres humanos, somos os fabricantes do lixo e os produtores da
poluição. Nós estimulamos as indústrias a sujar, sempre que somos
levados pela onda consumista, que é promovida por empresas de
marketing a serviço da mentira dos fabricantes, que só querem
vender e lucrar com seus produtos, muitos deles inúteis e nocivos.
O
lixo também está nas prateleiras das drogarias e dos supermercados,
nas vitrines de roupas e sapatos, nos salões das agências de
automóveis e nos esgotos que correm por baixo do chão até serem
lançados nas águas do rio, que corre para o mar. O lixo está onde
não se vê, onde ele é escondido ou queimado pelo fogo.
A
poluição está no ar, na fumaça das queimadas e nos
congestionamentos do trânsito das grandes cidades. A poluição está
na chaminé das fábricas que produzem quantidades imensas de
produtos e de fumaças tóxicas. A poluição está nos gabinetes que
autorizam os desmatamentos. A poluição está na corrupção que não
se vê, porque não é delatada, e não é delatada por ser
encoberta, antes que chegue ao conhecimento da população. A
poluição está no jornal de notícias que deforma as notícias, em
vez de informar.
Estamos,
sem dúvida, num mundo dominado pelos produtores do lixo. Eles são
os grandes poluidores da natureza. E os que aceitam os seus golpes
são seus cúmplices. Aqueles para os quais as propagandas são
dirigidas são meros e ingênuos culpados, que trocam as lâmpadas da
sua casa, com o intuito de economizar energia, e provocam mais e mais
lixo. Enquanto, se julgam heróis por gastar menos luz, os vilões
multiplicam seus consumos, com suas fábricas funcionando noite e
dia, para produzir mais lixo, para ser consumido por mais cúmplices.
Diria
o leitor mais crédulo do que ingênuo, que, para isto, existe
justiça. Eu convido a este e a todos que se amparam em ações desse
tipo, que olhem em volta, procurem os defensores da lei, da ordem e
do progresso, e me digam onde encontrá-los.
Aconselho
a todos que sejam seus próprios juízes, não esperando de fora o
que deve ser aguardado a partir da consciência de cada um. Se o lixo
existe, que ele não seja produzido pelo seu consumismo. Se a
poluição está no ar, que não seja da sua chaminé e nem da
fogueira do seu quintal. E se a natureza chora, que não sejamos nem
vítimas e nem vilões, mas cidadãos responsáveis que,
simplesmente, fazemos a nossa parte.
Neste
mês 8, publico a Teia Ambiental, não num dia 7, como é tradição,
mas, num dia 8, o número que melhor expressa o equilíbrio perfeito
entre o mundo material e o espiritual. Não pode haver sucesso
material sem o correspondente progresso espiritual. E quem revela
esta relação com a mais absoluta clareza pitagórica é o número
8.
Finalizo,
alertando a todos que não busquem o lixo somente no chão, e a
poluição apenas no ar, mas dentro de cada um de nós, consumistas,
comodistas ou egoístas. Como afirmou o índio Seattle, a humanidade
branca, um dia, despertará sufocada nos seus próprios dejetos. Será
que vamos dar razão a ele?
queria entrar em contato com o senhor poderia me ajudar?
ResponderExcluirMeu caro leitor, Jamerson:
ResponderExcluirO meu e-mail é gilbertodacunhagoncalves@gmail.com
Pode me escrever que eu respondo.
Abraço.
Gilberto.
muito obrigado, entrarei em contato.
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