Diante
da situação caótica que aflige a sociedade moderna, com valores
autênticos sendo trocados por soluções baratas e desqualificadas,
desfolhei o livro de Erich Fromm, TER OU SER, buscando respostas, que
nos dê uma probabilidade razoável de esperança num futuro próximo.
Confesso-lhes
que não encontrei opções animadoras, dentro do contexto atual em
que vivemos, mas, não nos custa tentar seguir as reflexões deste
humanista, psicólogo, economista e sábio pensador, em suas
profundas divagações sobre as probabilidades futuras.
Começo
este texto, indo buscar no último capítulo do livro, em que encontrei o que
considerei interessantes considerações sobre como o autor vê a
Nova Sociedade que se impõe com todas as suas formas obsoletas de
conceituar o que seja o progresso.
Tendo
em vista o poder das empresas, a apatia e a fragilidade de grandes
segmentos das populações, a incompetência dos líderes políticos
em quase todos os países, o permanente risco de guerras, os perigos
ecológicos com permanentes ameaças de sérias alterações
climáticas, que podem provocar a fome em grandes áreas do globo,
surge a questão proposta por Erich Fromm – haverá uma
oportunidade razoável de salvação?
É bom que se diga que, o livro que estamos utilizando para esta
abordagem foi escrito em 1976, há mais de 40 anos, quando poucos se
davam conta de todas essas ameaças, ou, até mesmo, nem haviam
nascido.
Esqueçamos
a sorte ou os programas econômicos que prometem transformar esses
riscos num futuro seguro e próspero, e tratemos de fazer a nossa
parte, avaliando as ponderações de um estudioso da sociedade, para
chegarmos às nossas próprias conclusões.
A
vida nem é um jogo de azar nem um negócio financeiro, e devemos
procurar outros ângulos para uma apreciação das reais
possibilidades de salvação. Façamos uma comparação com a
medicina, e vamos concluir que, se o doente tem possibilidade de
cura, por menor que seja, nenhum médico responsável dirá que já
fez o possível ou usará tratamentos paliativos. Logo, uma sociedade
doente, como a nossa, não pode esperar menos que isso.
Já
naquela época, o nosso sábio autor, concluía que, o que ele chamou
de fascismo tecnocrático, deve nos levar, inevitavelmente, à
catástrofe. O homem desumanizado se tornaria, então, tão mau que
não seria capaz de manter uma sociedade viável a longo prazo,
enquanto que, a curto prazo não seria capaz de deter o uso suicida
de armas nucleares ou biológicas.
Muitos
se sentem deprimidos, os mais desesperados se têm suicidado. O
número desses que chegam ao extremo, por absoluta desesperança, é
cada vez maior. Eles sentem a infelicidade do seu isolamento e o
vazio da sua “aglomeração”, e assim se veem impotentes, face a
falta de significado de suas vidas.
Hoje,
a vida vazia de consumo e futilidade pertence a toda a classe média,
que econômica e politicamente não tem poder nenhum e pouquíssima
responsabilidade pessoal. Começa-se a descobrir que o fato de ter
muito não proporciona bem-estar e os conceitos de qualidade de vida
estão sendo postos à prova.
Ambição
e cobiça são tão fortes não porque sejam inerentes à natureza
humana ou por serem inerentemente intensas, mas devido à dificuldade
de resistir à pressão de se tornar lobo entre os lobos. E a
tendência é que isto permaneça e se intensifique, numa sociedade
como a nossa, cuja principal orientação e para TER, e cada vez
mais.
Pensemos
numa sociedade futura que nos dê esperanças de paz, que proporcione
progresso para todos, e não restrito a uma pequena elite, que só
ela, se beneficie das conquistas humanas.
Este
nobre ideal só será possível se as atuais motivações com base no
lucro, poder e intelecto forem substituídas por novas motivações,
de ser, participar e compreender; se o ideal mercantilista der lugar
a um sentimento de compartilhar direitos e conquistas; se a religião
preconceituosa e discriminadora for substituída por uma nova prática
espiritual profundamente humanista e universal.
Deixo
para o último parágrafo a conclusão numerológica para esse
enigma, e o faço de forma clara e serena – a solução é trocar o
costume arraigado de supervalorizar o 1 e exaltar a busca do 8 por
uma ação determinada pelo 4 e pelo 6, sob a inspiração do
humanitário e caridoso 9. Sem a prática altruística e
compartilhada do 9, a humanidade não terá uma probabilidade
razoável de salvação.
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