CAPÍTULO VINTE E UM
Helga acordou falastrona, contando suas experiências com novas
espécies de ervas, que davam um sabor inenarrável ao seu molho para
massas. Ela pegou Gibran, puxando-o pelo braço, e levou-o até os
canteiros, onde viçosas, as ervas de nomes estranhos, vinham sendo
cultivadas. Ela prometeu um prato saboroso de massa, regado a molho
com uma mistura daquelas ervas.
Gibran ouvia calado, pois o seu pensamento estava distante. Nos
últimos tempos, ele estava vivendo fora do tempo, com o seu corpo na
Alemanha e sua alma percorrendo o mundo, numa viagem espiritual sem
fim. O Mestre era seu guia, e o Brasil, o seu destino final.
Ele sentia necessidade de saber mais sobre a sua futura pátria.
Gibran se cercara de livros que falavam das Américas, buscando
alguma alusão à nação brasileira, mas, eram poucas as
informações que vinha obtendo das obras encontradas na biblioteca
municipal.
Helga percebeu que ele estava muito longe dali, e passou um galho
de uma das novas ervas aromáticas junto ao seu nariz. O forte e
perfumado odor da erva fê-lo despertar da sua abstração,
provocando uma gargalhada de Helga. Ele fez uma cara de espanto, como
se quisesse espirrar ou chorar, tanto que lágrimas afluíram aos
seus olhos, como efeito do forte aroma da erva.
Gibran acabou entrando na brincadeira, deu um abraço apertado em
Helga e demonstrou um enorme desejo de saborear o tal prato de massa,
por ela prometido, enquanto falava de suas novas ervas. Helga não se
fez de rogada, se encaminhou para a cozinha, pôs água para
esquentar e tratou de escolher a massa a ser usada. As ervas
escolhidas a dedo foram apertadas numa das mãos, e na outra arrastou
Gibran para dentro de casa.
Sentados em volta da mesa, à espera que fervesse a água, Helga
puxou conversa sobre os seus escritos e as mensagens do Mestre. Já
fazia algum tempo que ela procurava saber das minúcias contidas nas
mensagens, ao perceber que muitas delas não poderiam ser reveladas.
No início, ela ficou contrariada com a restrição, mas, depois
procurou não aprofundar o assunto, já que entendeu serem ordens
superiores, que Gibran respeitava com uma disciplina exemplar.
A conversa girou nos acontecimentos de pós-guerra, que acabara
fazia um ano, e que, como toda guerra, deixou rastros de mortes e
misérias. Helga fez-se de desentendida, e perguntou: O que se ganha
com a guerra, Gibran? Ou melhor, quem ganha?
Gibran reagiu com surpresa à pergunta, e custou a responder. Mas,
com bom senso e sutileza, deixou clara a sua posição de que guerras
não eram para ser entendidas ou justificadas, mas, para serem
lutadas e lamentadas.
Ela se esforçou para tentar entender o sentido daquele
pensamento, e ficou entre o direito e o dever. O direito de não se
encontrar razões para começar, e o dever de não poder deixar de
lutar. Mas, se lutar, não ter porque se envaidecer, pois guerras não
promovem heróis ou covardes, nem determinam vencedores ou vencidos.
Ela ficou satisfeita com a sua conclusão, que guardou para si.
Gibran, calado e pensativo, recordava as mensagens sobre a próxima
guerra, mais violenta, mais cruel e mais destrutiva do que a
anterior. Se Helga soubesse dos detalhes, o prato de massa não
ganharia o sabor esperado. Ninguém consegue produzir um alimento
saboroso, sob a influência de vibrações negativas ou emoções
violentas.
A mesa estava pronta, com os pratos e talheres nos lugares, e a
tigela apetitosa e perfumada no centro. Lavadas as mãos, jogada uma
água no rosto, ambos se prepararam para saborear o que prometia ser
o manjar dos deuses. E foi mais do que isto, foi simplesmente divino.
Gibran jamais provara algo tão saboroso, e, a cada garfada, ele
suspirava de satisfação. Helga sorria, e se virando para ele,
provocou-o: Eu não disse? Eu descobri a fórmula mágica para mudar
o paladar da humanidade.
Gibran gostou da imagem, um prato mudando o gosto da humanidade.
Seria possível isso? E, se a humanidade, realmente, mudasse suas
atitudes pelo prazer de uma comida gostosa ou pelo sabor de um molho!
Ele ficou pensativo, imaginando a paz mundial sendo celebrada em
torno de uma mesa, onde era servido um prato ao molho de Helga, com
seus poderes mágicos.
Eles riram com as várias fantasias que foram criando em torno do
tema, e, assim encerraram o almoço saudando Helga, como a criadora
do prato da paz, a grande pacificadora da humanidade. Cada qual
seguiu para o seu canto, Gibran para os seus estudos e Helga, para as
suas ervas. Eles estavam sentindo-se mais felizes do que o habitual,
e, cada um a seu modo atribuiu seus sentimentos ao sabor mágico das
ervas.
Gibran pôs-se a rever os escritos da véspera para se situar por
quantas andavam as suas anotações. Havia muitas perguntas a fazer e
outras a calar. Era assim que ele agia em seus diálogos com o
Mestre. Ele sabia quando não era para insistir, diante de uma
curiosidade ou uma revelação mal entendida. O Mestre, nessas horas,
simplesmente, desconhecia a dúvida, e seguia adiante.
CAPÍTULO VINTE E DOIS
Gibran ficara muito intrigado com o relato do Mestre sobre a
influência dos Estados Unidos sobre a Europa e o resto do mundo. Ele
não conseguia imaginar como em tão pouco tempo, um país pudesse
assumir a liderança do mundo, exercendo uma influência esmagadora
sobre os países europeus.
A resposta veio imediatamente, obrigando-o a correr atrás de suas
folhas de papel e mal teve tempo para pegar na pena. O mestre deu
sequência às informações sobre o futuro econômico do mundo do
futuro. E dizer que tinha gente que acreditava que o mundo ia acabar
no ano 2000!
Gibran anotava com dificuldade a mensagem que chegava numa alta
velocidade, e se não fosse a sua prática, ele perderia muitas
informações importantes. O Mestre decidiu detalhar as causas da
crise financeira, o que respondia aos questionamentos de Gibran.
Gibran identificou o ano de 2025, e soube que, em face da crise
que assolou o mundo econômico, provocada pela inflação do dólar,
que perdeu todo o lastro, devido a emissão incontrolável para
saciar a ânsia de poder americano, os países europeus criaram uma
moeda internacional de comércio. A nova moeda foi adotada por toda a
Europa, pela América do Sul, pela África e pelos principais países
asiáticos.
Com o abandono do dólar para as transações comerciais, a
economia norte-americana não suportou, e a nação entrou numa
profunda decadência. Livres da manipulação exercida pelos Estados
Unidos, pelo fato do dólar ser usado como moeda internacional, os
países europeus se fortaleceram e os sul-americanos também, em
especial, o Brasil, a Argentina e o Paraguai.
Os países árabes tentaram assumir uma liderança forte, pelo
poder do petróleo sobre a economia, mas, a tecnologia do biodiesel,
logo reverteu o quadro, e as empresas de petróleo começaram a
quebrar, gerando sérias crises nos países produtores de petróleo.
A OPEB – Organização dos Países Exportadores de Biodiesel
tomou o lugar da OPEP, e passou a influir na produção industrial do
terceiro milênio. A poluição por queima de combustível reduziu-se
a níveis bem inferiores aos limites recomendados pelos órgãos
controladores, e com isso ocorreu uma grande redução das doenças
relacionadas à poluição atmosférica.
O Brasil tornou-se o grande exportador de bioenergia, presidindo a
OPEB, e passou a adotar uma política de estímulo ao progresso dos
países mais pobres. Com isso, as nações latino-americanas tiveram
um grande impulso econômico, passando a auxiliar os países mais
pobres africanos e asiáticos.
A economia mundial passou a oferecer um quadro muito mais
equilibrado, com a ascensão dos mais pobres e o declínio dos mais
ricos. Até 2050, esse equilíbrio terá alcançado o estágio ideal,
projetado pela Hierarquia, obrigando todos os povos a esquecer das
guerras e se preocupar com o trabalho.
A ONU passou a ser um centro de pacificação de conflitos,
perdendo a sua antiga função de fomentadora das guerras e da
exploração das riquezas minerais dos países miseráveis. Todas as
nações possuíam a mesma representatividade e as decisões mais
importantes eram assumidas por consenso de um Conselho formado por 21
membros, eleitos por três anos.
As mulheres passarão a chefiar a maioria das grandes nações do
mundo, sendo elas as responsáveis pelo fim das guerras e da
exploração abusiva exercida pelos mais ricos sobre os mais pobres.
As instituições financeiras internacionais – FMI, BID E BANCO
MUNDIAL – passarão a emprestar dinheiro para a recuperação das
lavouras dos países africanos e asiáticos, que assumirão a
distribuição de alimentos no cenário mundial.
A qualidade dos produtos agrícolas passará a ser mais valorizada
que a quantidade produzida, através de projetos de cultura orgânica
e da erradicação de todas as plantações de transgênicos. Com
isso, a saúde dos povos alcançará índices invejáveis, quando
comparados aos observados no início do século.
A força da mão de obra mundial passou a se concentrar sobre a
produção de alimentos e de equipamentos para a agricultura familiar
e para a geração de energia limpa. As novas formas de energia
passaram a ser financiadas pelos Bancos de Desenvolvimento a juros
zero e a custos baixos. Assim, o mundo passou a emitir menos gases
poluidores e a atingir um elevado grau de desenvolvimento
sustentável.
A meta da Hierarquia era chegar ao ano de 2100 com poluição
quase zero, e com uma recuperação de mais de 50% das áreas que
haviam sido degradadas até o início do milênio. Outra meta era a
erradicação das doenças degenerativas, que provocariam uma
economia de incalculáveis recursos, a ser destinados às atividades
artísticas e culturais. Por sinal, arte e cultura passaram a ter
prioridade nos orçamentos de todas as nações do mundo, elevando o
padrão cultural de países que eram tratados como atrasados e com a
predominância de analfabetos.
Gibran estava esgotado, quando o Mestre cessou o contacto, e
deixou sua mente silenciosa. Era tarde da noite, passaram-se horas,
desde que ele começara a anotar as mensagens, sem ter interrompido
para se alimentar. Helga deixara um chá em sua mesa, que ele bebeu
num único gole, e foi só.
Ele procurou por Helga, e encontrou-a adormecida na sala, com um
livro no colo. Ele recolheu o livro com cuidado, e não pôde conter
sua admiração ao perceber que ela estava lendo um dos poucos livros
que encontrara na biblioteca, falando do Brasil. Os dois foram
abraçados para a cama, e assim despertaram na manhã seguinte, como
se tivessem passado a noite, trocando energias e sonhando juntos com
a futura vida no Brasil.
E, assim, passou-se mais um dia na vida do casal.
CAPÍTULO VINTE E TRÊS
Gibran passava dias seguidos envolvido com as mensagens do Mestre.
As plantações de Helga tomavam conta de toda a área ao redor da
casa. Ela plantava ervas e ele, o futuro. Os dois se dedicavam aos
seus ideais mais nobres, ambos amavam o que faziam.
Na hora do almoço, sentavam-se ao redor da mesa e conversavam
enquanto comiam. Após um repouso para pôr a conversa em dia, eles
voltavam às suas tarefas, até o cair da tarde. Eles sentiram a
necessidade de disciplinar os seus trabalhos, e estabeleceram
horários para o início e o fim das tarefas diárias. A noite era o
tempo que dedicavam a relatar seus feitos, cada qual na sua área.
A vida poderia parecer rotineira e sem maiores novidades, mas,
enganavam-se os que assim pensavam. Isto, eles tratavam de explicar
aos amigos, com quem ainda mantinham o hábito de se reunir as sextas
à noite.
Os amigos alegavam que eles viviam muito sozinhos, e não
participavam da vida na comunidade. Havia festejos e jogos, concursos
poéticos e encontros musicais. Um coral de moradores se apresentava
todos os domingos na igreja. Eles foram convidados a participar, mas
declinaram do convite.
Apesar desta vida recolhida, o casal demonstrava muita alegria,
quando se reunia com os amigos. As conversas eram em torno dos
interesses e afazeres de cada um, e serviam como um coquetel de
cultura, pois cada um tinha muito a acrescentar à bagagem pessoal do
outro, com a narrativa de suas experiências e desafios.
A troca de experiências abria a mente de Gibran, quando o assunto
era política e espiritualidade. Helga ficava com seus olhinhos
brilhando, ao se falar de arte e natureza. As ervas cultivadas no seu
quintal eram temperos indispensáveis nas panelas da vizinhança.
Gibran é que não tinha muito a compartilhar, com seus estudos
herméticos e muitos deles, a pedido do Mestre, mantidos no mais
absoluto sigilo.
Sábio e bem-falante, Gibran não se atrapalhava com essas
limitações, já que sua vasta cultura, colhida na literatura
disponível na biblioteca municipal, servia para que ele ilustrasse
suas narrativas com fatos e descrições que transportavam os
ouvintes para cenas e locais distantes.
Os amigos riam de suas histórias e da forma como ele as contava.
Ele aproveitava diversos ensinamentos espirituais, para introduzir
nas conversas, práticas e ensinamentos contidos em diversas seitas e
religiões. Ele falava do significado das parábolas usadas por Jesus
para ensinar a sua doutrina. Ele utilizava palavras que as
explicavam, como bíblia alguma jamais o fizera.
De cada religião, ele trazia uma passagem ou tradição
interessante que surpreendia os amigos. Os koans, enigmas paradoxais,
empregados pelos mestres sufis para obrigar seus monges a meditar e
abrir suas consciências. Os versos de ouro, que narravam em poemas a
doutrina filosófica de Pitágoras.
A conversa se estendia até tarde da noite, mas sempre terminava
antes da meia-noite. Essa regra fora estabelecida, depois do dia em
que perderam a noção do tempo, e ainda estavam em torno da mesa,
quando despontaram os primeiros raios de sol.
CAPÍTULO VINTE E QUATRO
Gibran soube que reencarnaria no Brasil numa época pouco antes do
final da segunda grande guerra. Ele nasceria no início do ano,
Helga, no final. Suas famílias seriam de origem portuguesa, a dele
com mistura de sangue índio. Educados dentro de padrões
semelhantes, tudo seria cuidado para que se sentissem atraídos, um
pelo outro, pela identificação de princípios e afinidade de
ideais.
Ele não resistiu o impulso, se levantou e foi contar tudo para
Helga. Ela ficou meio assustada com a história, talvez por ainda
usar outro corpo, e se imaginar perdendo-o, para ganhar um corpinho
de bebê.
Helga era assim mesmo, muito sonhadora e criativa, mas
essencialmente prática, quando analisava fatos concretos. Ela quis
saber de cada detalhe, que nome ela teria, e os seus pais, quem eles
seriam, e como ela e Gibran se conheceriam, e as perguntas não
tinham mais fim. A maioria delas, Gibran não soube responder, mas
anotou-as para consultar o Mestre.
Passada a agitação inicial, Gibran achou por bem voltar à sua
mesa de trabalho, pois, deixara seu Mestre a falar sozinho, num
sentido figurado, é claro! Helga é que não mais conseguiu se
concentrar nas suas ervas.
Mal sentou à mesa, a vibração do Mestre já foi restaurada, e a
mensagem, que fora interrompida, prosseguiu como se nada houvesse
acontecido. Gibran bem que tentou obter mais detalhes da sua vida
futura, mas, o Mestre mudou o rumo da prosa, e passou a relatar fatos
do mundo que tinham a ver com as mudanças de paradigmas da nova era.
Gibran soube que ele teria um papel a desempenhar de grande
importância na vida de alguns discípulos do Mestre Saint Germain.
Esses discípulos seriam encaminhados até Gibran, em busca de
conhecimentos, ajuda e conselhos. A sua missão seria passar adiante
os conhecimentos, adquiridos em vidas passadas, e os ensinamentos que
o Mestre estava lhe passando por escrito.
Gibran percebeu que perdera o controle sobre os temas que estavam
sendo abordados. Antes, ele pensava, o Mestre respondia. Agora, o
Mestre não respondia a perguntas, só relatava o que entendia ser
importante, desconhecendo os questionamentos e as dúvidas que se
contorciam na mente de Gibran.
Gibran percebeu que o Mestre estava passando-lhe uma mensagem
pessoal, de que cada um vive a sua vida, mas o destino traça o rumo
da história da humanidade. Não se pode afirmar o que será o futuro
na vida de alguém, mas, certamente, o destino do mundo está
traçado. E, cada qual se movimenta no espaço oferecido pelo
destino, do seu jeito e como achar melhor. Há tendências, jamais
certezas.
Gibran caiu em si, e percebeu que o Mestre só revelou como seria
a sua futura encarnação até onde era previsível, e dali para
frente ele se calou. Então, começou o relato sobre o futuro da
humanidade, e este sim, estava traçado desde o início dos tempos, e
ficaria gravado no seu inconsciente, para que pudesse utilizar na
vida futura.
Os fatos narrados diziam respeito a ocorrências a partir do ano
2000, e tratavam de situações que mudariam a vida na Terra. Era uma
espécie de um antiapocalipse e de uma negação de todas as
previsões de desgraças, destruições e fim de mundo.
A energia acelerou, e Gibran passou a ter dificuldade para
acompanhar as mensagens. Ele escrevia com muita rapidez, e ainda
assim perdia algumas observações. De repente, o Mestre enviou-lhe
uma explicação do que estava ocorrendo.
No futuro, a energia planetária seria acelerada, o padrão
vibratório do planeta se expandiria, e a humanidade teria de se
adaptar a esse novo padrão, para que os corpos se sutilizassem. A
matéria cederia, lentamente, o seu espaço para o espiritual. Antes,
a dificuldade da criatura humana era se sutilizar para elevar o
físico ao espírito. No futuro, a situação se inverteria, as
pessoas mais sutis, bem mais espiritualizadas, teriam de praticar a
densificação do corpo de energia, para se amoldar a certas
experiências de vida.
Gibran tentava entender essa história de aumento do padrão
vibratório, mas, sentia muita dificuldade para interpretar
corretamente os ensinamentos do Mestre. Mas, o Mestre não se
preocupava em prestar esclarecimentos, e prosseguia relatando os
eventos futuros.
Gibran ficou meio assustado ao saber que muitos morreriam por não
suportar a pressão exercida sobre o corpo físico pelo novo padrão
vibratório. Os atletas e artistas estariam entre os mais
sacrificados com a mudança do padrão. Acostumados a ir aos extremos
em jogos e apresentações musicais, eles não perceberiam que os
limites eram outros, e que não poderiam ultrapassar determinados
parâmetros sem afetar o coração e as ondas cerebrais.
A humanidade também ficaria assustada com tantas mortes sem
explicações por parte da medicina, que não seria capaz de
diagnosticar o que não entenderia e nem estaria preparada a avaliar.
Os atletas teriam paradas cardíacas e derrames cerebrais, e as
alegações mais comuns ficariam por conta de choques ou práticas
mais violentas. Os artistas morreriam no palco ou após suas
apresentações, alegando-se que tudo ficava por conta das drogas,
dos desregramentos sexuais ou, simplesmente, da fatalidade.
A sobrevivência da humanidade dependeria da capacidade de cada um
para processar e aceitar a evolução espiritual. A resistência a
essa evolução provocaria depressões, estresses e mortes. A
insistência de muitos, ou da maioria, de não abrir mão dos
prazeres sensuais, e de ir buscar nas drogas a fuga dos medos e da
falta de objetivos, provocaria uma considerável redução da
população planetária.
Os venusianos kumaras vão reencarnar novamente para dar
assistência aos naturais da Terra. Os kumaras tinham vindo de Vênus,
quando a raça humana encontrava dificuldade para evoluir mental e
espiritualmente. Isto já fazia milhares e milhares de anos. Muitos
deles permaneceram na Terra, por obrigação ou vocação, já que
foram preparados para amar o povo da Terra, e não se conformavam em
ver tanto sofrimento naquele povo.
Encarnando de tempos em tempos, os kumaras trabalhavam com os
Mestres Ascensionados dos diversos Raios, passando ensinamentos,
transmitindo conhecimentos e aconselhando os que buscavam entender o
caminho da iluminação. Eles atuavam não só no corpo físico, mas
também em corpos de energia, despertando a consciência dos mais
evoluídos, que buscavam respostas para a vida através das
religiões.
As religiões sempre abrigaram os mais conscientes e evoluídos,
que depois de uma espécie de estágio religioso, saíam em busca de
maiores explicações sobre a natureza humana e a vida após a morte.
Nesses momentos, entravam em ação os kumaras, introduzindo-se na
vida dos postulantes, para orientá-los e passar-lhes conhecimentos.
Gibran ouviu do Mestre que, depois do ano 2000, essa realidade
seria cada vez mais flagrante, ainda que prosseguissem as
resistências em aceitar as revelações ocultas que chegavam por
sonhos e intuições. A população do planeta se reduziria aos
poucos, até que no final do primeiro século do novo milênio, o
número de habitantes estivesse próximo aos dois bilhões de
habitantes. Quando isso acontecesse, uma nova onda de progresso
tomaria conta da Terra, bastante semelhante ao que ocorrera na época
da Atlântida, mas, desta vez, sob a severa vigilância dos Mestres e
dos seus Adeptos.
As crianças evoluídas, e que nasceram no início do milênio,
terão assumido a governança do mundo, ocupando posições
estratégicas nos governos da Terra. A divisão do planeta em quatro
reinos será feita segundo novos padrões estabelecidos pela
Hierarquia Planetária, e retificando os antigos critérios que,
comprovadamente, não deram certo.
Gibran estava cansado daquela correria entre o pensamento e a
escrita. O Mestre deu-lhe uma trégua, e interrompeu abruptamente as
mensagens. Ele soltou a pena, afastou os papéis e esticou as pernas
e os pensamentos.
Ele se levantou lentamente, se achou mais cansado do que o normal.
Respirou profundamente, e saiu à procura de Helga. Nessas horas, uma
conversa com Helga resgatava parte das energias despendidas.
Lá estava ela, mexendo a panela, preparando uma sopa de ervas. O
cheiro no ar era sedutor, e o sabor, na certa, confirmaria todas as
suposições que provocavam aquela água na boca.
Deixemos o casal conversar sozinho, sem a nossa presença. Existem
momentos em que contar todos os fatos é exagero dos escritores, e
bem mais do que o estritamente indispensável ao bom entendimento da
realidade descrita.
Gostaria de realçar este paragrafo:
ResponderExcluir"Gibran percebeu que o Mestre estava passando-lhe uma mensagem pessoal, de que cada um vive a sua vida, mas o destino traça o rumo da história da humanidade. Não se pode afirmar o que será o futuro na vida de alguém, mas, certamente, o destino do mundo está traçado. E, cada qual se movimenta no espaço oferecido pelo destino, do seu jeito e como achar melhor. Há tendências, jamais certezas."
Me parece claro que o Arquiteto tem seu projeto perfeito que será realizado. Os operários terão suas oportunidades na obra e terão que dar o melhor de si e para isso suas vidas também terão que ser planejadas por eles mesmos para acompanharem o ritmo da obra. Caso contrário os engenheiros irão substituí-los para suas funções por outros mais competentes.
Abs
Querido mestre, finalmente cheguei para iniciar leitura das memorias de um profeta. Nossa!! Já tem muito para ler.
ResponderExcluirAbraço transatlântico.
Rute
Bela interpretação, João Sérgio, do que se chama os desígnios divinos ou, apenas, destino.
ResponderExcluirO Arquiteto convoca os operários, e mostra-lhes a planta da obra, e espera que, cada um, aplique nela as suas habilidades.
Quem não estiver à altura, será substituído.
A obra, porém, tem de seguir adiante, conforme foi projetada.
Abraço.
Gilberto.
Seja bem-vinda, querida Rute!
ResponderExcluirGibran deixou-nos muitos ensinamentos, por isto, as suas memórias são longas.
Boa leitura.
Abraço.
Gilberto.
Gilbran conversava com seu mestre Saint Germain sobre um tempo que lhe era presente e muito sobre outro, um tanto assustador pelas previsões antecipadas, que lhe representava o futuro. Para nós, vivendo nosso presente, tudo se passava em um passado. Alguns desses acontecimentos, de acordo com nossas idades, também tivemos possibilidades de vivencia-los em um presente, hoje já distante em um passado.
ResponderExcluirNa semana que passou surge uma novidade, pois as comunicações entre os dois ultrapassam nosso momento presente e passa a falar sobre um tempo que também para nós se localiza no futuro.
Depois de uma crise mundial o mundo começa a se organizar em torno de outros valores, buscando cooperação, preocupação com meio ambiente, alimentação mais sadia e no aspecto humano, a valorização crescente da mulher.
São tempos que parecem distantes dos previstos por Aldous Huxley em ‘’Admirável Mundo Novo’’ ou por George Orwell em ‘’1984’’.
É um futuro que talvez possamos começar a ver parte do início dele, mas esperamos que as próximas gerações possam de fato presenciar todas essas previsões.
No entanto o que mais chamou a atenção e motivou fazer um exercício estimulando os sentidos visuais, olfativos e gustativos, foi nos imaginarmos na companhia de Gilbran e Helga saboreando a massa temperada com as diversas erves aromáticas, colhidas no quintal. Helga bem que poderia ter fornecido a receita.
Estas viagens entre o passado e o futuro têm as suas estações de parada, no tempo presente.
ResponderExcluirPor isto, Avelino, não se lastime de não ter ao seu dispor as receitas de Helga, pois, ela pode surgir no tempo presente, trazendo de um passado distante, não as receitas, mas, massas prontas e temperadas com ervas aromáticas.
Vale a pena acreditar em tudo, quando uma alma não é pequena.
Abraços.
Gilberto.
Meu querido Mestre,
ResponderExcluirEste seu texto me está trazendo uma grande esperança na humanidade. Se bem que muitas dificuldades têm surgido, a energia que as novas gerações vão entregar ao planeta é de uma força enorme. Muitas vezes, essa força é tremendamente subtil e só uns poucos poderão notar, mas elas estão aí, prontas a se revelar.
Nos anos 60, a geração hippie tentou, através das drogas, chegar a essa experiência culminante. O engano foi tal que muitos de desiludiram e optaram por abdicar dessa espiritualidade. Mas a nova geração hippie, que nasceu nos anos 80, 90, 2000 já tem esse conhecimento e essa sabedoria incorporada, já sabe que não precisamos roubar de fora aquilo que temos cá dentro e está optando por uma via mais digna e espiritualmente mais elevada.
Serão esses que, junto connosco, irão tornar a Terra (Gaia - Urantia) um paraíso para viver.
Muitos beijos a todos
Jorge
Meu querido, Jorge Vicente:
ResponderExcluirNão há nenhum motivo para descrer do futuro da humanidade.
A geração que assumirá o progresso espiritual do planeta está nascendo hoje, e transformará o dia de amanhã.
Atualmente, ocorre um imenso resgate kármico, que purificará a humanidade do futuro.
Abraço.
Gilberto.
Sim, é verdade, querido Mestre.
ResponderExcluirO que acontece, porém, é que existem poucos textos verdadeiramente espiritualizados que consigam incutir nas pessoas essa força de esperança e amor que todos nós precisamos. E, por isso, a imensa alegria de ler um texto como o seu, em especial, capítulos tão especiais como estes.
Muitos abraços
Jorge