CAPÍTULO VINTE E CINCO
Gibran tinha a sensação de que havia pouco tempo para concluir
os seus apontamentos sobre os fatos que ia viver em sua futura
encarnação. Era uma intuição, apenas uma intuição, sem causas
nem explicações. Ele tratou de se dedicar ainda mais às mensagens,
reservando a noite para prestar contas a Helga das revelações do
Mestre.
O Mestre também acelerou o ritmo das revelações, exigindo mais
esforço de Gibran para acompanhá-lo. Com isso, o cansaço ao final
do dia tornou-se maior, e ele passou a sentir os efeitos sobre a
musculação do braço e dos dedos da mão. Helga receitou umas
compressas de ervas que se não faziam desaparecer as dores,
tornavam-nas menos incômodas.
As folhas de papel se sucediam, e iam repousar sobre os maços que
jaziam nas prateleiras de um armário, contendo todas as mensagens
recebidas, desde o primeiro dia em que teve início a conexão do
discípulo com o Mestre. Todas estavam catalogadas pelas datas e
pelos assuntos abordados. Esta era a recomendação do Mestre, e
Gibran a seguia numa dedicada disciplina.
As mensagens, a esta altura em que retomamos o contato com Gibran,
já se referiam ao ano de 2012, quando a Terra sairia de um ciclo
sombrio para um ciclo de luz. As profecias, que falavam do aumento do
padrão vibratório, eram confirmadas em todo o mundo. Pessoas
morriam, de repente, de causas ignoradas. Muitas sofriam de crises
psicoemocionais, diagnosticadas como síndrome do pânico, ou como
labirintite, pela tonteira e as náuseas que provocavam.
Os médicos não conseguiam encontrar as causas dos distúrbios
psicossomáticos, pois não se davam conta de que estavam vivendo um
momento inusitado na vida do planeta. O aumento do padrão vibratório
dava zumbido nos ouvidos, zonzeiras, dor muito forte na boca do
estômago e outros sintomas, todos relacionados com modificações no
corpo de energias e que se refletiam no corpo físico.
Os exames nada revelavam de errado com os pacientes, pois, os
sintomas eram momentâneos, passando depois de curto espaço de
tempo, quase sempre inferior a 24 horas.
O novo padrão energético estava tornando as pessoas menos
densas, menos presas à matéria e aos bens materiais. A intuição
se aperfeiçoava. Os fatos futuros começaram a sofrer as influências
dos pensamentos expressos pelos mais evoluídos espiritualmente.
Muitos passaram a controlar os acontecimentos de suas vidas, bastando
firmar na mente o que desejavam obter no dia seguinte, ou no ano que
vem.
Os chakras estariam sendo reajustados aos novos padrões, e, por
isso, conforme a sensibilidade pessoal, uns sentiam mais incômodos
nuns chakras do que em outros. Em muitas pessoas, o chakra solar
redimensionado teria de se adaptar aos novos padrões, e sofreria
fortes pressões pela subida de kundalini.
A energia cósmica, fohat, penetrando pelo coronal, iria em
direção ao cardíaco para se unir à energia telúrica, que subindo
pelo chakra raiz, tinha um encontro marcado no centro do coração. A
união perfeita de fohat e kundalini resultaria na iluminação,
tornando, cada iluminado, como um legítimo Buda, que passasse a
semear sabedoria por palavras e atos.
Essas pessoas passariam a perceber seus erros no exato momento em
que os cometessem, podendo corrigi-los antes que provocassem danos
espirituais ao futuro da alma. Os karmas, com isso, seriam
drasticamente reduzidos, só os cometendo os mais resistentes às
mudanças. Esses seriam os mais sujeitos a desencarnar na Terra e
reencarnar num planeta mais denso e num estágio de evolução mais
atrasado.
O processo se aceleraria até 2025, quando as separações já
deveriam estar encerradas. Com isso, as mudanças de hábitos iam
atingir uma fase mais intensa, tornando o planeta um local mais
preparado para receber uma nova civilização, psicologicamente mais
bem equilibrada e espiritualmente mais consciente de seus propósitos
no mundo.
Gibran estava em êxtase, entusiasmado com o que ele considerava a
confirmação da sua crença de que o mundo tinha salvação. A
separação do joio do trigo seria feita sem maiores traumas, dentro
de um processo reencarnatório natural, só que as almas teriam uma
nova opção para reencarnar. Os mais evoluídos espiritualmente, e
consequentemente mais sutis, reencarnariam na Terra, os resistentes
às mudanças e que permanecessem mais densos, reencarnariam num
planeta mais adequado à forma deles pensarem e sentirem.
Que coisa linda! Exclamou Gibran em voz alta. Helga entrou na
sala, neste exato momento em que Gibran exclamava e parecia falar
sozinho. Ela soltou uma gargalhada, que o assustou. Ela abraçou-o e
eles riram juntos. Que loucura! Eles estavam vivendo com os corpos
numa época, mas com as mentes no futuro.
Abraçados foram fazer a refeição mais substancial do dia, no
meio da tarde, quando tiravam o tempo para pôr ordem na casa e
distribuir as tarefas do final do dia. Comiam alimentos deliciosos e
saudáveis, e mantinham sadios seus corpos octogenários. Quem os
conhecesse não lhes daria mais de sessenta anos.
CAPÍTULO VINTE E SEIS
Gibran vivia muito pensativo com tantas mensagens sobre um mundo
novo, que mudaria todas as relações que se acostumara a considerar
normais. Diante das informações que chegavam ao seu conhecimento, a
mudança do que era considerado normal poderia deixar muitas pessoas
enlouquecidas, e sem saber o que fazer de suas vidas.
Helga era menos extremista, entendendo que a raça humana sempre
se acostumou com as mudanças naturais ocorridas ao longo da história
e que, no futuro, não seria diferente. Ela não confessava, mas
estava ansiosa por viver naquela época futura, descrita por Gibran.
Ela confiava na sua capacidade de se adaptar a mudanças, e de se
tornar pioneira em certas áreas, quando surpreenderia a todos com
suas ideias futuristas de tornar a vida mais sadia e mais integrada à
natureza.
As reflexões de Helga deixaram-na ainda mais convicta de suas
crenças, quando Gibran trouxe à baila, o início do movimento de
migração, nos próximos cento e cinquenta anos, com o retorno das
populações da cidade para o campo. Aquela notícia era a
confirmação, segundo pensava, de tudo que sempre imaginara vir a
acontecer, num futuro distante.
Assim como ela e Gibran saíram do centro urbano de Berlim para
viver nos campos de Stuttgart, muitos fariam o mesmo, quando
percebessem que a vida na cidade estava acabando com sua saúde. Ela
tinha tanta certeza dessa verdade que não se surpreendeu, quando
Gibran afirmou que este seria o futuro da humanidade dentro de
aproximadamente cento e cinquenta anos.
Helga já se imaginou no futuro, ela e suas ervas, ensinando
comunidades rurais a plantar seus próprios remédios e temperos. Ela
ficou tão feliz com esses sentimentos, que passou a sonhar com a sua
nova vida, noite após noite. Ela sonhava que recebia diversas
missões que influiriam nos futuros hábitos da humanidade.
Os sonhos de Helga passaram a ser constantes, transmitindo imagens
de uma época futura, onde ela se via com uma aparência diferente,
com cabelos pretos e falando uma língua estranha que, no entanto,
era capaz de entender perfeitamente tudo que dizia.
Gibran ficou encantado, quando ela lhe contou seus sonhos sobre o
mundo do futuro. Os relatos de Helga coincidiam em diversos aspectos
com as mensagens do Mestre. A sensação é que ele recebia o
roteiro, e Helga, as imagens, de um filme projetado na tela do
futuro.
A conversa deles passou a ser mais interessante, pois, cada um
falava do que chegava ao seu conhecimento, e juntos editavam script e
imagens, numa história futurista, que parecia um conto de ficção.
Não fosse a certeza que estavam projetando o futuro da humanidade,
com fatos que se confirmariam no tempo certo, eles poderiam
considerar-se escritores inspirados por uma imaginação fértil e
muito criativa.
Gibran ganhou entusiasmo novo com os sonhos de Helga. Ele acordava
e ficava aguardando o despertar de Helga, para que ela contasse seus
sonhos. Os dois, então, procuravam juntar as peças do roteiro
escrito com as imagens, e editavam o filme a ser exibido num futuro
distante. Passavam horas, na edição. Depois, Gibran saía em busca
de novos roteiros.
CAPÍTULO VINTE E SETE
Gibran não descansava na sua lida diária, de copiar os escritos
ditados pelo Mestre. As revelações se sucediam e surpreendiam.
Agora, o Mestre decidiu falar do período entre 2025 e 2050, quando a
imagem da Terra começaria a ser redesenhada e a história reescrita.
Os futuros quatro reinos começariam a se formar, com a destinação
de cerca de 500 milhões de habitantes para cada um deles. E de onde
sairiam essas pessoas? Dos diversos recantos do planeta, de
continentes que deixarão de ser reconhecidos como regiões da Terra,
de nações que perderão seus limites e de cidades que se integrarão
aos reinos, unidas em condados e ducados como nas antigas monarquias.
A realidade é que o governo do mundo caberá a seres reintegrados
à esfera planetária, por decisão da Hierarquia. Esses seres vão
reencarnar entre nós, como qualquer ser humano normal. Desde
crianças, porém, revelarão seus poderes sobrenaturais e serão
preparados para se tornar reis de cada um dos quatro reinos da Terra.
A proximidade de 2050 determinará o maior êxodo das grandes
cidades, em direção a regiões pouco habitadas, não somente nos
campos e nas montanhas, mas também em áreas desérticas e
consideradas impróprias para a vida. Essas regiões serão
preparadas pelos elementais da natureza, sob o comando das
Hierarquias Celestiais, de modo que desertos se transformem em terras
férteis e regiões geladas em terras propícias ao repouso e a busca
de inspiração superior. As terras altas serão destinadas a
construções de mosteiros e templos. As terras baixas serão
reflorestadas e despertarão nascentes, as quais formarão rios e
lagos. E, no meio de todas essas mudanças e aperfeiçoamentos
geográficos, geológicos e hidrológicos, os seres formadores de uma
nova mentalidade, ocuparão seus lugares.
As cidades irão esvaziando-se à medida que a falta de energia
elétrica e de combustível para os veículos for se agravando.
Cidades se tornarão ruínas a serem visitadas no futuro, como parte
da história de um mundo que não deu certo, e que teve de recomeçar
o seu projeto. Os turistas visitarão as ruínas como antes eram
visitados o Coliseu romano, as pirâmides egípcias e o Parthenon
grego.
Os recursos energéticos serão extraídos da natureza sem
esgotá-los. As terras serão ocupadas sem agredir a natureza. Os
poderes espirituais serão responsáveis por solucionar questões que
estarão acima da lógica e da razão. A obediência às leis será
uma atitude natural, pois todas as regras serão expressas por uma
consciência coletiva, estimulada pelos governantes, inspirada pelos
Mestres e transmitida ao povo através de uma vibração superior que
alimentará o inconsciente coletivo.
Durante muitos séculos, a humanidade vai ser preparada para
retomar o seu livre arbítrio, desta vez com maior segurança e com
menos riscos do descontrole e do caos, observados na experiência
anterior. Os futuros governantes serão preparados, dentre os que
mais se destacarem por seu senso individual e pela iniciativa própria
para favorecer o bem-estar coletivo.
Os reinos ficarão localizados nos quatro pontos cardeais
planetários, sendo reservadas, as regiões intermediárias, à
preservação de florestas e de espécies animais selvagens. Os
habitantes de cada reino desenvolverão atividades diferentes,
orientados por Adeptos que estimularão vocações e talentos
herdados de outras vidas e que sirvam para a prosperidade das
regiões. A concorrência não será estimulada e a rivalidade entre
classes, condenada aos primeiros sinais do seu redespertar.
As terras serão divididas em três setores, habitações,
plantações e escolas. Todos trabalharão para todos. Todos serão,
ao mesmo tempo, mestres e aprendizes, ensinando sobre suas
especialidades e aprendendo o que ainda desconhecem. O comércio como
é conhecido será substituído pela troca de serviços, com a
abolição do dinheiro e da prática de estabelecer preços para
serviços e mercadorias. Todos terão plena consciência de que não
importa o que façam ou forneçam, os valores serão sempre os mesmos
para os que dão e para os que recebem.
As habitações serão de madeira, retiradas das florestas com o
máximo cuidado, para que a reposição se faça num prazo adequado,
sem prejuízo para o equilíbrio ecológico da região. As plantações
agrícolas serão de produtos orgânicos sem qualquer adubo ou
veneno. A alimentação será basicamente vegetariana, com a prática
carnívora sendo erradicada dos hábitos alimentares, por volta de
2080.
As escolas ensinarão arte e cultura, estimulando os jovens a
desenvolver naturalmente a sabedoria que trouxeram de outras vidas.
As aulas serão dadas ao ar livre, com ações práticas que
desenvolvam a mente e o físico. As especializações serão
ensinadas conforme os talentos de cada um, e proporcionalmente às
necessidades da sociedade.
As práticas espirituais serão promovidas em ambientes que
favoreçam a expansão do nível de consciência, e que conduzam à
abertura da visão astral. O mundo físico e o astral se unirão e
passarão a fazer parte de uma única percepção humana, o corpo
físico-astral.
Depois do ano 2100, a humanidade não mais fará distinção entre
a visão física e a visão astral, e quem enxergar a matéria também
será capaz de ver as entidades e as imagens do plano astral. Todos
serão médiuns e videntes, uns mais evoluídos e outros menos, de
acordo com o histórico kármico de cada um.
As guerras farão parte de um passado que todos desejarão
esquecer. Mas, elas serão relembradas, de tempos em tempos, para que
seus horrores e destruições sirvam de estímulos à sua completa
erradicação das relações humanas.
As músicas serão suaves e harmônicas, com ritmos diferenciados,
cada qual estimulando um centro energético e desenvolvendo-o com
intenções criativas e construtivas. A arte fará parte de todas as
famílias, desde o teatro, a música e a dança, até a pintura e a
arquitetura.
Gibran suspirava encantado, e se sentia mais lá do que cá. O
cansaço das outras ocasiões não aparecera naquele dia, sentindo-se
mais descansado, após horas de trabalho, do que quando iniciara a
escrever. Desta vez, foi o Mestre que interrompeu o fluxo de energia.
Gibran ficou meio desconsolado, e até esboçou um princípio de
reação, mas se controlou, ao relembrar o comportamento humano no
mundo do futuro.
Que maravilha de mundo! <3 E eu nasci em 1974! Vai ser maravilhoso assistir a esse desabrochar! <3
ResponderExcluirTodos terão, no entanto, de se adequar ao novo modelo, pois, somos os reais figurantes deste roteiro traçado pelo destino.
ResponderExcluirSe usarmos a intuição, perceberemos que este tempo futuro já começou.
Ele não é simples de perceber, mas é fácil de sentir.
Forte abraço.
Gilberto.
Sim, querido Mestre, e eu sinto muito esse futuro. E sinto que caminhamos a passos lentos, mas decididos para esse futuro colectivo. Basta ver os inúmeros projectos colectivos e comunitários que se estão a concretizar um pouco por todo o mundo :)
ResponderExcluirGrande abraço!
Jorge
Estamos solidários nesta crença, que, tal qual uma criança, a humanidade vai, aos poucos, num permanente processo de amadurecimento.
ResponderExcluirFaçamos a nossa parte.
Abraço.
Gilberto.