CAPÍTULO QUATORZE
Os estudos esotéricos de Gibran seguiam por diversos rumos, sem
limitações ou preconceitos. Teosofia, taoismo, budismo e, agora,
xamanismo. Nada conseguia surpreender Gibran, ele absorvia os novos
conhecimentos com absoluta naturalidade.
Gibran ficou encantado com o fato de que os xamãs acreditam que
todos podem se comunicar com os Espíritos das coisas ou pessoas. Ele
aprendeu que é possível ser ouvido pelo vento, pela chuva, pela luz
e pelo calor.
Essas estranhas verdades eram confirmadas em livros escritos por
cientistas que repetiam os mesmos conceitos. Num livro sobre anjos,
Gibran soube que os devas revelaram isso para uma mulher que
conseguia se comunicar com eles.
O xamã usa a imaginação para exercer o seu poder, e o faz com
plena convicção de que o fato pensado ou a imagem visualizada é a
verdade inquestionável. Não se trata de promover uma ilusão ou
criar uma fantasia, mas de aceitar como uma realidade física a
vontade projetada pela mente.
Os primeiros passos sobre o poder da visualização criativa
estavam sendo experimentados, e dando os primeiros bons resultados.
No tratamento de doenças psíquicas, área de sua especialização,
ele já ouvira falar de curas. Mas, em tratamentos de doenças no
corpo físico, já se ousava imitar os rituais xamânicos.
Gibran se aprofundou nas práticas xamânicas, e se impressionou
com os conceitos que ele mesmo defendera na faculdade, que a doença,
psíquica ou física, é um desvio do que seria a saúde natural de
todos nós. Tratá-las com drogas seria uma anomalia e uma agressão
ao corpo físico. O correto seria o uso da força da mente e dos
rituais mágicos.
A reconquista da saúde exige mudança de hábitos e novas
posturas mentais. A saúde é o efeito perfeito de hábitos saudáveis
na forma de se alimentar e de pensar. A cura de todos os males está
dentro da mente de cada um de nós. Os xamãs creem nisto, e Gibran
caiu em si que ele também acreditava nessa realidade.
Enquanto refletia sobre o que lia, Gibran adormeceu, ou julgou que
o fez. Quando despertou, viu que havia escrito uma saudação que
tinha sido dirigida a ele, e fora assinada como de autoria do Grande
Chefe Xamã.
Ele esfregou os olhos, num ato típico de quem acabou de acordar,
e pôs-se a ler.
Respeita o teu Criador, Irmão, entendendo ser Ele o criador de
todas as coisas. Ama o ar que tu respiras com o respeito que deves
ter por tudo que representa vida. E nada é mais simbólico do que o
ar, quando se deseja mostrar um sinal do que é a vida. Ama o solo
onde pisas, lembrando-te que nele habita a força que rege o alimento
que te mantém vivo. Ama a água que brota pura do interior da terra.
Ama o fogo que aquece as tuas noites e que cozinha o teu alimento,
tornando-o sagrado para o teu corpo. Ama o teu irmão, o bom e o mau,
o feio e o bonito, o sábio e o estulto, o rico e o pobre. Ama o teu
Deus e com Ele estarás comungando com tudo o mais que te cerca. Ou,
se preferires, ama a Natureza, e com ela estarás amando os teus
irmãos de todos os reinos, e o teu Criador que é a síntese de
tudo. Os dias são cristais que nascem no interior do coração do
Grande Senhor do Mistério da Vida. As noites são os mantos que
cobrem a luz, para que os Mestres da Sabedoria meditem em paz sobre o
dia que passou e sobre aquele que está chegando. Entrega os teus
pensamentos ao sabor do vento que traz a mensagem do Grande Chefe
Espiritual. Sente o perfume do ar, pois é ele o sinal das boas novas
trazidas por teu irmão, o Vento. Ouve os pássaros que cantam as
suaves canções que descem das Altas Esferas para despertar os
sentimentos adormecidos nos corações da humanidade. As sete cores
no céu são como um arco pronto para disparar a flecha sagrada que
há de atingir os sentimentos mais profundos da humana criatura.
Depois deste ritual, desperta os teus sentidos e olha em volta de ti,
e reconhece entre os que vivem ao teu redor as energias sagradas que
se desprendem de teus irmãos, filhos da Natureza. Somos todos
irmãos, e nada existe entre o céu e a terra, e além dos limites da
tua imaginação que não tenha sido criado pelo Grande Senhor da
Criação, o Grande Chefe de todos os Universos. Reconhece a tua
divindade, e a fraternidade que deves a todos os que te cercam, pois
são teus irmãos. Ora em silêncio para ti mesmo, porque tu és o
centro das consolações das tuas dores. Pede ao teu Mestre que te
alce ao infinito das alturas para que possas admirar o espetáculo da
Terra, irmanada em amor após a tua oração, e a tua energia
estendendo-se até os limites das terras deste planeta. Tu és o Deus
tão sonhado por tantos fiéis. Tu és o bem e o mal. Tu és o feio e
o bonito. Tu és o início e o fim desta raça. Porque tu és um
deus. És parte do Todo e, por isto, és o Todo. A Mãe Natureza está
em ti. A Mãe-Terra está em ti. Os filhos da Terra estão em ti.
Tudo está em ti. Porque tu és abençoado, o Deus está em ti.
Assim, eu te digo, ama a tudo, e todos te amarão.
Gibran suspirou fundo, e buscou Helga, no fundo do quintal, para
recitar o texto em voz alta, e fazê-la envolver-se também em toda
aquela magia. Helga ouviu-o calada, balançou a cabeça, como que
aprovando o que ouvira, e voltou ao seu trabalho na terra. Gibran
retornou ao seu gabinete de leitura, e prosseguiu nos seus estudos. A
mensagem fora absorvida pelo casal, cada qual em sua área de
trabalho.
CAPÍTULO QUINZE
O tempo passava, Gibran estudava e Helga cuidava da terra. A magia
de Gibran estava na mente e de Helga nas mãos. Ele celebrava rituais
no astral, ela no físico. Ambos entravam em êxtase a cada
celebração, entusiasmados com seus progressos espirituais.
Os anos se passaram sem que eles percebessem muito bem o que
estava acontecendo no mundo lá fora. A cada ano que se aproximava da
época prevista pelo Mestre para o início de uma grande guerra, o
mundo fervilhava com conflitos e alianças. Países se uniam contra
outros, alianças eram feitas e desfeitas, ao sabor de interesses
desta ou daquela nação.
As anotações de Gibran formavam pilhas de folhas manuscritas,
umas assinadas por ele, outras pelo Mestre. Nas dele, Gibran anotava
o que lia e fazia seus apontamentos sobre os ensinamentos do Mestre.
Nas que recebiam a assinatura do Mestre, apareciam orientações,
conselhos e previsões de fatos a ocorrer naquela vida e na próxima
vida do casal.
De uns tempos em diante, as mensagens do Mestre passaram a se
voltar para a preparação dos dois, para a próxima encarnação. O
Mestre dava detalhes e oferecia explicações sobre como Gibran e
Helga deveriam agir quando se dessem conta que haviam reencarnado no
Brasil.
O ano seria de 1944, um nasceria no início e outro no fim. Seriam
educados sob os mesmos princípios de ética, moral e religião, por
pais de origem portuguesa. O Mestre justificava cada previsão, e
pedia a Gibran que passasse os esclarecimentos para Helga.
Antes da futura reencarnação, havia os fatos que iam ocupar seus
últimos anos na Alemanha. Juntos e felizes, eles não seriam
afetados pela guerra, mas sofreriam os medos e angústias dos
habitantes do planeta.
Os seus filhos não participariam da guerra, pois seus karmas não
os comprometiam com as causas que envolveriam as nações em luta.
Apesar da garantia do Mestre, Gibran e Helga não ficavam muito à
vontade, quando sentiam a aproximação do momento previsto pelo
Mestre para o início das hostilidades.
Corria o ano de 1912, quando as mensagens do Mestre se tornaram
mais constantes, intensas e tensas. Gibran passava o dia inteiro,
desde manhã até, às vezes, pela madrugada, escrevendo sem
descanso.
O Mestre passou a lhe contar o que estava programado para o futuro
da humanidade. O Mestre avisou-lhe que esses relatos ficariam
adormecidos no seu inconsciente, e que seriam recordados aos poucos.
A nossa alma, disse-lhe o Mestre, guarda tudo que a personalidade vê,
ouve ou sente, mas a lembrança não fica no nível do consciente,
nas vidas seguintes. Mas, são ativadas, à medida que ocorre a
expansão do nível de consciência.
Dia após dia, durante mais de um ano, Gibran anotou tudo que lhe
chegava à mente, e que recebia a assinatura do Mestre Saint Germain.
As revelações não se referiam somente à futura encarnação do
casal, mas, também, aos fatos que viriam a ocorrer antes e durante
esses tempos futuros.
Gibran recebeu todas as explicações sobre as causas e os efeitos
da guerra que se aproximava, e que ia provocar muitas mortes e
destruições em diversas nações. A Alemanha estaria diretamente
envolvida na luta, mas os sinais da guerra não seriam percebidos em
Stuttgart, na região onde eles moravam.
De 1914 a 1919, o mundo conheceria os dramáticos efeitos do que
seria conhecida como a primeira guerra mundial. O mundo estaria, pela
primeira vez, envolvido com uma guerra que afetaria não uma região
ou alguns poucos povos e nações, mas o mundo inteiro.
O Mestre passou-lhe algumas recomendações, que não deveriam ser
comentadas com ninguém, nem mesmo com Helga. Esse tipo de
recomendação passou a acontecer, a partir daí, por diversas vezes.
Gibran tomava cuidados especiais, marcando com uma tarja vermelha os
escritos que continham tais recomendações. E os guardava separados
dos outros, para não correr o risco de comentá-los com Helga,
quando conversavam à noite sobre as misteriosas mensagens.
CAPÍTULO DEZESSEIS
Helga começou a desconfiar que Gibran recebera revelações mais
importantes, sem que ele as contasse para ela. O seu sentido feminino
dizia que se tratava de fatos assustadores, e que ele queria
poupá-la. Em parte, ela tinha razão, mas não completamente.
O Mestre era o responsável pelos segredos. Ele não queria pôr a
vida de Gibran em risco. Se soubessem que ele tinha o dom de
profetizar o que viria a acontecer no futuro, logo seria assediado e
teria a sua vida ameaçada.
Gibran percebeu as desconfianças de Helga, e tratou de
tranquilizá-la. Explicou-lhe as razões do Mestre, e pediu-lhe
paciência, enquanto ele processava as informações. Prometeu-lhe
revelar o suficiente para que entendesse o que viria a acontecer num
futuro próximo. Mas, principalmente, comprometeu-se a deixá-la a
par de tudo que tivesse a ver com a vida deles na próxima
encarnação.
Os detalhes da guerra ficaram sob o selo secreto, e nada foi
comentado. Helga também não se interessou pelo assunto. Ela
preferia não se inteirar de fatos que provocariam tantas desgraças
e sofrimentos. A única informação dada foi sobre o período em que
o mundo viveria a conturbação do conflito. Em 1914, as batalhas
teriam início, e em 1919, tudo teria terminado.
Helga queria saber apenas o que seria deles e dos filhos. Ele
tranquilizou-a, informando que o Mestre afirmara que eles
desconheceriam os pavores da guerra. Como isso ia acontecer, o Mestre
não revelara, mas, pediu-lhe que confiasse em suas palavras. E foi o
mesmo que Gibran pediu a Helga. Ela confiou no marido, tanto quanto
ele confiara no Mestre.
Os tempos de guerra se prenunciavam para os alemães, mas a vida
do casal seguia a mesma rotina, com estudos espirituais e trabalhos
na terra. Gibran lia muito, e não menos escrevia. Helga cuidava da
casa e da terra, fazendo de ambas as tarefas uma motivação para a
sua fé. Gibran era um místico, e sua fé se voltava para os mundos
ocultos. Helga, uma naturalista convicta, e que via na Natureza a
presença divina na matéria.
Depois da guerra, o fato mais marcante seria a grande depressão
econômica que abalaria a sociedade mundial. Ricos ficariam na
pobreza da noite para o dia. Impérios e fortunas desapareceriam num
piscar de olhos. As riquezas conquistadas sem trabalho e através de
especulações e explorações desapareceriam. A miséria tomaria
conta do mundo.
Helga ficou muito assustada com o relato sobre a depressão
econômica, e quase a antecipou para si, não economicamente, mas
psicologicamente. Gibran consolou-a com as palavras do Mestre: “são
papéis que serão queimados, para obrigar a humanidade a valorizar o
trabalho”.
Helga acalmou-se, quando entendeu que aqueles que retiravam seus
sustentos do trabalho, e não da exploração da cobiça alheia,
seriam preservados. Eles não viviam de investimentos ou especulação
financeira, mas de plantar e colher seus alimentos. A vida deles era
simples, e podiam viver da terra e no campo. E, a vida continuou, sem
mudanças. Os dias passavam, e eles trabalhavam. A guerra chegaria e
a guerra acabaria. Os filhos ficariam bem, como o Mestre havia
antecipado.
A depressão econômica seria para bem mais tarde, dez anos após
o fim da guerra. Nesse meio-tempo, Gibran escreveria sem parar,
preenchendo calhamaços de folhas de papel. Helga ganharia calos nas
mãos de tanto mexer na terra. Ambos eram muito felizes.
O tempo passava. Gibran e Helga passavam com o tempo.
CAPÍTULO DEZESSETE
Gibran se reunia com os poucos amigos que se interessavam pelos
mesmos mistérios que tomavam grande parte do seu dia. Às noites de
segunda e sexta, ele e mais seis se encontravam para falar de suas
experiências.
Uns descreviam trechos de livros que tinham lido após a última
reunião. Outros descreviam sonhos misteriosos, em que símbolos e
vozes se misturavam para revelar fatos futuros ou, simplesmente,
ofertar conhecimentos. O centro das atenções, porém, era Gibran,
que mostrava as anotações feitas, em suas conversas com o Mestre.
As reuniões entravam pela noite, e quase sempre acabavam na
primeira hora da madrugada. Helga já dormia, quando, esgotado física
e mentalmente, Gibran deitava-se ao seu lado, e mal tinha tempo de
abraçá-la, antes de pegar no sono.
As mensagens do Mestre tornavam-se, a cada dia, mais intensas e
profundas, abordando os fatos presentes, mas, dando mais ênfase ao
tempo futuro, quando Gibran reencarnaria no Brasil. A justificativa
era que, Gibran deveria reencarnar sabendo de tudo que viria a
acontecer, ainda que sem a consciência perfeita da lembrança e sem
saber explicar as origens dessas recordações.
No sábado seguinte à última reunião, o Mestre falou-lhe da
segunda grande guerra que ia começar antes de Gibran reencarnar,
terminando cerca de um ano depois de renascer. Seria um conflito
terrível que envolveria muitas nações, a maioria delas lutando
contra a Alemanha e a Itália.
Gibran recebia essa mensagem com indignação, à medida que ia
escrevendo e tomando conhecimento de um confronto sangrento, bem pior
do que seria o primeiro. A revolta dele vinha do fato de que partiria
da Alemanha a agressão aos países vizinhos e, a seguir, a invasão
de nações mais distantes. Adolf Hitler seria o líder do povo
alemão que levaria a nação para uma desastrosa aventura, que tinha
como meta dominar o mundo.
Gibran foi informado de todas as razões alegadas por Hitler para
convencer a nação alemã a deflagrar essas agressões a povos
despreparados para reagir às invasões. As alegações contra a raça
judia foi explicada detalhadamente pelo Mestre, que abordou suas
origens, muitas delas desconhecidas do mundo, e que jamais seriam
reveladas.
O Mestre falou dos estudos místicos de Hitler, e que havia muito
mais mistério por trás das suas incursões de guerra do que se
poderia imaginar. Hitler detinha conhecimentos sobre o uso de poderes
de magia e pretendia expandir o seu domínio sobre os mundos ocultos,
apossando-se de regiões e recantos da Terra que irradiavam energias
alimentadoras desses poderes.
A ira de Hitler contra o povo judeu não tinha suas causas
relacionadas a uma sua possível origem judia, como alguns imaginam.
Ele sabia que o povo judeu era uma raça cósmica que, assim como os
maias, se transportavam de um mundo para outro, cada qual com suas
razões próprias.
Enquanto os maias surgiam num planeta com a missão de preparar a
raça para futuros processos de evolução, os judeus tinham
propósitos evolutivos voltados para si mesmos, sem a mistura
genética, que caracterizara a proposta dos kumaras venusianos e sem
as revelações projetadas pelos maias.
Mestre Saint Germain detalhou para Gibran as existências de povos
desse tipo, que visitam os planetas, de tempos em tempos, e depois
vão embora, deixando resíduos e sinais de suas passagens.
Comparou-os aos ciganos, que são conhecidos como precursores de
novos tempos ou de sérias mudanças numa região da Terra. Eles
anunciaram o nascimento de um novo Cristo, quando Jesus nasceu. Três
reis ciganos foram levar presentes ao novo Cristo, e reverenciá-lo
em nome de toda a nação cigana.
Gibran escrevia sem parar, e tentava acompanhar os segredos
revelados com a mente aberta para o infinito, sem filtragens ou
censuras. Se tentasse racionalizar, sua mente não suportaria a
pressão, se procurasse entender com os seus parcos conhecimentos
psicológicos ou científicos, seria incapaz de prosseguir.
Voltando à guerra, que teria início em 1939, e que perduraria
até 1945, o Mestre revelou as verdadeiras razões para que o povo
alemão viesse a entregar o poder nas mãos de Hitler, e do ditador
ter perseguido com tamanho ódio o povo judeu.
Hitler era um homem medíocre, porém um espírito ambicioso. Por
trás da mediocridade humana, existia uma poderosa grandeza
espiritual, sobrecarregada de karmas passados e ressentimentos
presentes.
Ele sabia toda a verdade sobre os riscos representados pelos
judeus à nação alemã. A economia alemã se submeteria ao jugo dos
interesses judeus, ficaria atrelada para sempre ao seu domínio,
como viria a ocorrer com a sociedade norte-americana.
Muitas das revelações eram veladas, e não puderam ser expostas
nas reuniões de Gibran, e nem poderão ser anunciadas aqui, pois, os
mistérios são para ser desvendados, no entanto, os segredos não
são para ser contados.
Com o final da segunda guerra, o povo alemão seria humilhado
pelas nações vencedoras, que repartiriam o seu território,
distribuindo uma fatia para cada um. Irmãos seriam separados por um
aviltante muro, que os fariam prisioneiros de sua vergonha. Um povo,
que já havia sido tão poderoso e respeitado, se tornaria um
aglomerado de derrotados, aprisionados em suas próprias casas.
Hitler, contrariando a história oficial, foi assassinado por seus
oficiais mais próximos, encarregados da sua defesa. Morto o ditador,
seus guarda-costas se despojaram de suas vestes militares, e se
misturaram com o povo, à espera da chegada das tropas aliadas.
O mistério da morte de Hitler tornou-se a segurança de
sobrevivência desses oficiais quase desconhecidos, por exercerem
funções secretas, desconhecidas até mesmo dos principais
comandantes nazistas.
Gibran, esgotado e com dificuldade de processar todas essas
revelações, pediu uma trégua ao Mestre, que o atendeu de pronto,
interrompendo o circuito que os unia. Gibran dedicou aquela tarde a
uma longa caminhada ao lado de Helga, tratando de se entregar à bela
natureza à sua volta, que admirou como nunca antes o fizera,
provocando comentários elogiosos de Helga.
A mente dele precisava de chão, de terra e de matéria física,
para que pudesse se sentir vivo e no tempo certo em que estava
encarnado. Helga olhava-o admirada, sem saber o que se passava na
mente dele. De repente, ele se voltou para ela: “Em que ano nós
estamos?” Helga arregalou os olhos, e respondeu: “A sua pergunta
me assusta, eu acho que é 1913, mas já nem tenho tanta certeza”.
Gibran suspirou um suspiro cansado, e disse-lhe: “Eu precisava
ouvir isto, pois não conseguia me livrar dos campos de batalha e dos
campos de concentração, que me prendiam a uma trágica época que
só vai terminar depois que eu houver renascido.” Helga não
entendeu muito bem, mas abraçou-o, e desviou a conversa para um
bosque em flor, que refletia o amarelo das flores aguçado pelo
dourado do sol de fim de tarde.
E, era o fim de mais um dia.
Memórias de um Profeta tem sido bastante interessante, porque nos reporta a dois mundos distintos. Neste balanço entre passado e futuro ou presente e passado, vamos nos embriagando nas nuances e sutilezas dessa história que envolve personagens e números.
ResponderExcluirQuero hoje apenas comentar um assunto, que particularmente me toca, surgido logo de início no capítulo XIV, quando Gilbran estava envolvido na possibilidade de tratar doenças psíquicas ou físicas de uma maneira diferente da tradicional, ao entender que o tratamento com drogas seria uma anomalia pela agressão ao corpo físico, produzido pelos medicamentos. O uso da força mental e de rituais mágicos seria mais adequado. A reconquista da saúde exigiria uma mudança não somente de hábitos como também de posturas mentais. É uma proposta que faz sentido.
Eu que passei grande parte de minha vida combatendo as doenças, mas de maneira tradicional, usando medicações bastante agressivas, pois se tratavam de doenças agressivas, estou tentando me desconstruir de um saber para poder absorver um outro completamente novo.
O conceito da gênese das doenças estar ligado aos maus hábitos alimentação ou de viver não poderiam estar relacionados àqueles que eu tratava por conta da faixa etária, mas certamente outros não comentados e possivelmente explicados através de heranças genéticas ou kármicas.
Também do ponto de vista pessoal tenho de reaprender o meu próprio cuidar, ver minhas mazelas sob um outro olhar. É bem provável que não tenha tempo suficiente para me recondicionar, mas não deixaremos de tentar.
Não é fácil, mas é um aprendizado desafiador. O conhecimento da Numerologia nos ajudará, como sempre enfatiza o Mestre, a conhecer a nós mesmos e certamente nos tornarmos pessoas melhores.
Gostaria de ressaltar esta parte do texto onde o autor parece estar falando diretamente conosco :
ResponderExcluir"Respeita o teu Criador, Irmão, entendendo ser Ele o criador de todas as coisas. Ama o ar que tu respiras com o respeito que deves ter por tudo que representa vida. E nada é mais simbólico do que o ar, quando se deseja mostrar um sinal do que é a vida. Ama o solo onde pisas, lembrando-te que nele habita a força que rege o alimento que te mantém vivo. Ama a água que brota pura do interior da terra. Ama o fogo que aquece as tuas noites e que cozinha o teu alimento, tornando-o sagrado para o teu corpo. Ama o teu irmão, o bom e o mau, o feio e o bonito, o sábio e o estulto, o rico e o pobre. Ama o teu Deus e com Ele estarás comungando com tudo o mais que te cerca. Ou, se preferires, ama a Natureza, e com ela estarás amando os teus irmãos de todos os reinos, e o teu Criador que é a síntese de tudo."
Meus queridos amigos, Avelino e João Sérgio:
ResponderExcluirAs considerações dos dois me mostram o valor e a extensão da Numerologia, quando buscamos um sentido na vida e em nossa presença como parte desta vida.
Ao Avelino, um agradecimento por suas sábias palavras que revelam como a inteligência e a sabedoria podem se tornar uma única verdade.
Ao João Sérgio, por destacar uma saudação e ao mesmo tempo uma oração, que me foi inspirada e quase que ditada para que eu a copiasse.
A história não é fictícia e nem real, é algo que me surgiu num certo momento da minha vida, como uma revelação do oculto para o físico.
Que cada um extraia o melhor da revelação.
Abraços.
Gilberto.
Olá Mestre, destaco desses capítulos que o que mais me chamou atenção e me fez pesquisar foi sobre o xamanismo. Sempre extraímos mais conhecimento lendo seu blog, e dessa vez através de Memórias de Um Profeta que nos faz refletir, emocionar, aprender e desfrutar de singularidades tão bonitas para nós iniciados. A parte que João Sérgio destacou mais uma vez me emocionou, senti profundamente como se fosse encaminhada e ditada por um ser superior que vigia e nos guarda, orgulhoso por valorizarmos as pequenas coisas da vida e nos preocuparmos com o mundo que é nossa casa nessa encarnação. Os caminhos se cruzam e nos envolvem numa narrativa distinta e mágica...
ResponderExcluirAbraços!
Meu querido Mestre,
ResponderExcluira história (as várias histórias) se vai (se vão) desenrolando e notamos o cumprimento da missão e o caminho que levará a uma próxima vida e a um caminho de origem que se iniciará no Brasil.
Me emocionei em vários pontos do texto: a oração do Grande Chefe Xamã me fez evocar Chefe Seattle, mas também o meu querido São Francisco de Assis e a sua maravilhosa oração das criaturas.
Acho esta história também um diálogo muito bonito entre o céu e a terra, uma espécie de axis mundi entre o mundo das plantas (Helga) e o mundo de Gibran (o céu).
Muitos abraços amorosos para todos
Jorge
Minha querida, Caroline, como eu já disse para a turma de aprendizes, esta obra é uma extensão da aula.
ResponderExcluirAqui, existem muitos mistérios e revelações, e que, em nenhuma outra leitura, são encontrados com esta clareza e simplicidade.
Leia e releia cada capítulo, e vá percebendo o mistério que se revela pouco a pouco.
Abraço.
Gilberto.
Querido amigo, Jorge Vicente, a sua percepção é muito sensível, e capta as mensagens ocultas em cada palavra.
ResponderExcluirA oração do Grande Chefe Xamã foi inteiramente recebida, com muito pouca interferência minha.
A semelhança com algumas passagens da carta do Seattle, talvez, tenha algo de minha autoria.
Esta história foi escrita em verdadeiro transe e sagrada inspiração.
Agradeço suas visitas e sábias palavras.
Abraço.
Gilberto.
Boa noite! Que linda essa saudação xamânica! Me tocou profundamente e encheu meus olhos d’agua; palavras que nos lembram que somos maiores do que o que vivemos, mas que aí memso tempo estamos aqui, e isto é um privilégio!
ResponderExcluirGratidão!