domingo, 13 de junho de 2010

A GRANDEZA DO INTANGÍVEL

Com esta postagem, estou participando da blogagem coletiva do Blog da Orvalho do Céu, cujo tema é FéxEspiritualidade.
Anotem o link : www.espiritual-idade.blogspot.com



A GRANDEZA DO INTANGÍVEL
O desafio da semana é falar da fé. Mas como falar do intangível? O que será de fato a fé?
Existem certos temas, meus fervorosos seguidores, que é fácil mencioná-los, difícil, quase impossível, dimensioná-los.
Eu poderia afirmar pelo poder da palavra que sou um homem de fé. Mas como comprovar?
Eu posso confessar a minha fé em Deus, e o que isso iria querer dizer? Que para mim Deus existe, e mais nada? Ter fé é somente acreditar na existência do ser em quem depositamos fé, ou será algo mais?
Existem certos momentos na vida de um numerólogo que se torna impraticável ajudar a quem nos consulta, ainda mais se a consulta é dirigida a questões amorosas.
Hoje, a confissão é de um amor eterno. Amanhã, o amor se extinguiu. E como o eterno se esvai de um momento para outro, sem deixar rastros?
O casal discute sobre quem sente mais amor, quem ama com maior intensidade. Os cientistas medem seus conhecimentos, para provar quem sabe mais. Os devotos oram e pagam promessas, para comprovar a fé.
O casal de hoje já não é o mesmo de amanhã, porém eles continuam falando de amor. A prova científica de hoje sucumbe diante das novas teorias descobertas amanhã, mas eles continuam medindo seus conhecimentos. Os devotos de hoje já não entram no mesmo templo de ontem, mas afirmam com a mesma convicção a fé na sua Igreja.
A realidade só me parece clara, se eu consigo medir a grandeza das alegações. Os valores dos presentes do casal no Dia dos Namorados são bem mais caros neste ano do que no ano passado. A força magnética de uma fonte de energia é maior do que da outra. A esmola dada pelo devoto a esta Igreja é bem maior do que a que dava para a outra.
Essas afirmativas mensuráveis são fáceis de serem comprovadas, mas como falar de valores que são intangíveis que não podem ser tocados nem medidos?
Já sei que alguns dos meus leitores alegarão que estou complicando uma coisa simples de tratar, afinal para que medir o amor, a verdade ou a fé?
A minha resposta talvez os surpreenda, mas eu não estou preocupado em saber o tamanho do sentimento, estou apenas buscando uma forma de comprovar a consistência desses sentimentos.
Seria amor, o sentimento que movia o casal, que já trocou de par? Seria exata a fórmula científica aprovada num teste e reprovada no outro? Seria fé o sentimento do devoto que mudou de crença?
A minha mente se nega a raciocinar sobre questões que não possam ser mensuradas por estarem fora do domínio da razão. É claro que eu sei o que é o amor, a ciência e a fé, mas eu as conheço pela minha ótica pessoal.
O meu amor não é o mesmo amor que outra pessoa sente, nem a minha verdade científica coincide com as verdades que são anunciadas de tempos em tempos. Dentro do mesmo raciocínio, a minha fé não é a mesma fé dos templos e igrejas apinhados por esse mundo afora.
A fé é intangível, incomensurável e inatingível, por ser um estado de consciência individual. Eu não posso falar da fé de alguém além da minha, por se tratar de um sentimento alheio ao meu conhecimento. Assim, não se trata de medir o tamanho da fé, mas comprovar a existência da fé.
A fé nos ensinamentos do pastor ou do padre difere da fé nos ensinamentos do rabino ou do monge budista. Mas, todos alegam ter fé em Deus, e suas religiões pregam a fé na Divindade como a razão de ser de suas existências. Mas, e se eles mudarem suas crenças, a fé persistiria a mesma, ou haveria o surgimento de uma nova fé?
O amor que eu sinto por alguém não tem sinônimo em nenhum outro dicionário, ele é uma palavra similar a dos outros amores, mas a sua definição há de ser diferenciada, pois ninguém o sente da mesma forma que eu.
Percebo, agora, a luz nos olhos de muitos dos meus leitores, diante dessa alusão ao amor. Faço-a também em relação à fé, pois assim como muitos se negam a amar certas pessoas a quem amo, certamente se negarão a ter fé em verdades que professo nas minhas crenças. Então, eu chego à questão central das minhas indagações, se não posso definir a fé, nem calcular a sua grandeza, e muito menos comprovar a sua veracidade, de que outra fé tratar além da minha?
Perdoem-me, meus crentes e religiosos leitores, por talvez falar de uma fé estranha para muitos, mas é a única que efetivamente conheço. As outras nem me pertencem, nem as conheço.
Amo uma Divindade que vive dentro de mim, que me fortalece, elogia e critica. Creio no poder dessa presença divina que me ensina o bem e o mal, o certo e o errado, e que me perdoa ou me condena, sem que eu possa interferir no seu julgamento.
Quando pratico essa minha fé, não olho para os céus, mas para dentro de mim mesmo. Sou o único sacerdote que tem acesso ao templo onde pratico meus rituais de fé, mas não são minhas as palavras enunciadas por meus lábios.
A minha fé não é a única, mas uma minúscula fração de uma fé universal que desconheço a essência, por não ser capaz de identificar cada uma de suas partículas. As partículas seriam a fé de cada um, conforme o nível de consciência de quem crê. E todas as manifestações de fé são por mim respeitadas, não por fazerem parte das minhas crenças, mas pela certeza de que fazem parte de legítimos caminhos individuais que conduzem os peregrinos para a mesma meta que eu.
Se a fé está num livro, o livro, qualquer que ele seja, se torna sagrado. Se a fé está numa imagem, não há crente que me convença do contrário, a imagem é sagrada. Se a fé está numa palavra mágica ou num gesto de poder, a palavra e o gesto são sagrados.
Creio na Humanidade como o corpo físico da Divindade, com todas as fraquezas e imperfeições de nossos corpos físicos individuais. Creio numa Alma do Mundo, somatório de todas as nossas almas em processo de evolução planetária. Creio na reencarnação como a forma divina de fazer justiça a essas almas. Creio na Lei do Karma como a Lei de Deus, em que causas produzem efeitos e efeitos produzem causas, num processo interativo e permanente.
Creio em tudo isso, mas não sou católico, nem evangélico, nem budista e, ao contrário do que os mais ingênuos possam imaginar, também não sou espírita.
A minha fé rejeita rótulos e dispensa comandos, mas defende o direito da fé rotulada e do poder dos líderes templários. Ninguém tem o direito de impedir ou interferir na fé alheia. A fé é indefinível e por isso mesmo pessoal e intransferível.
A minha fé é só minha, a tua, caro leitor, só a ti pertence. Mais do que isso, eu não digo.



10 comentários:

  1. Prezado Gilberto
    Ao ler seu posicionamento, recordei-me do meu padrinho de Batismo... se expressa como vc, vai a fundo mesmo... mas não pertence a nenhuma denominação religiosa...
    Sabe explanar bem sobre o tema que queiramos interagir com ele... tem fé como vc, apesar de ninguém achar que tem, porque é diferente e pessoal o seu jeito de crer... como vc bem descreve...
    Gosto de gente educada e competente... vc é uma delas que nos fazem abandonar viseiras e viver mais o DOM DA ESCUTA onde chegamos a essência das pessoas sem condená-las e amando-as com esse Amor que vem do Alto direto para o nosso coração.
    Com amor fraterno lhe desejo ótima semana!
    Abraços cheios de fé em nossa amizade que se inicia.

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  2. É isso aí, Orvalho, vc definiu bem, muito bem mesmo, a minha ótica religiosa.
    Poucos sabem que a palavra religião vem do latim religare, que quer dizer religar, no caso, o homem a Deus.
    Pense bem, se o papel das religiões é religar o homem a Deus, ela não pode desligar um homem do outro, não é mesmo?
    O meu avô materno era chamado de ateu, numa época em que ou se era católico ou ateu, não havia meio-termo. Quando morreu, ele deixou por escrito uma profissão de fé em Deus que a maioria dos religiosos não é capaz de confessar.
    A Divindade que existe em nós não pode ser explicada ou comprovada, ou se crê nela ou não, apenas sente-se a sua presença e sabe-se que ela existe, pois sem ela nada existiria.
    Um abraço carinhoso e boa viagem.
    Gilberto.

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  3. Gilberto, é muito bom dialogar com pessoas que respeitam as crenças alheias. Esse foi o ponto-chave do meu posicionamento nessa blogagem coletiva.
    Sou a favor da união entre as pessoas, mas a religião, por vezes, separa, segrega, embota o raciocício...
    Às vezes se "ama ao próximo como a si mesmo", desde que seja da mesma religião. Essa não é uma postura de fraternidade.
    Um abraço.

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  4. Religião e Política não se discute, diz o ditado, mas vivemos discutindo sobre temas intangíveis, inintendíveis, incompreendíveis (acho que estou criando palavras, como a Cláudia fazia...).

    Acho que Fé é como já disse alguém: não tem tradução. Temos ou não temos.

    Como sempre, meu querido, seus textos são profundos, e belamente complexos.

    Beijo

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  5. Minha amiga, Gina:
    É sempre bom também poder-se dialogar com pessoas que têm bom senso e colocam a paz universal acima de intransigências pessoais.
    Fé, religião, amor, crenças e sentimentos não devem ser motivos de ódios e violências, mas de união e paz.
    Amar a Deus não pode ser comprovado, a não ser por atos de amor ao próximo, amor à natureza, fraternidade e solidariedade humana, em toda e qualquer situação.
    Saudações ecumênicas.
    Gilberto.

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  6. Minha querida, Flora, como sempre sensata e generosa.
    A profundidade e complexidade dos textos servem para tocar a alma das pessoas, deixando a visão personalista e racional meio de lado.
    A verdade, minha querida, é que eu já não aguento mais com tanta bobagem que está sendo escrita em nome da ordem econômica e do progresso social.
    A filosofia e o espiritualismo, nos seus conceitos mais íntimos e herméticos, acabam sendo as únicas saídas para se falar de coisas sérias sem os preconceitos materialistas do mundo moderno.
    E vamos em frente, cada um na sua, Alma Mater e Flora da Serra numa busca compartilhada por objetivos comuns.
    Beijos com muita fé e amor.
    Gilberto.

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  7. Oi Gilberto!
    A cada nova postagem, você se supera.
    Adorei sua explicação de fé e de como evitar uma "senhora" perda de tempo em discuti-la.
    Parabéns!!
    Abraço

    Karen

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  8. Grato, minha querida Karen, a cada comentário vc também se supera em palavras gentis e numa percepção cada vez mais profunda de até onde eu quero chegar.
    Procure usar esse conceito de "perca de tempo inútil" para tudo na vida. Ele não se aplica somente à fé, mas ao amor, ao estudo e à vida profissional.
    Se alguma coisa não é importante para a sua vida, por que perder tempo com ela, não é mesmo?
    Reflita sobre isso, e tire as suas próprias conclusões, sem medo de errar.
    Um abraço muito carinhoso.
    Gilberto.

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  9. Olá Mestre , Nossa algumas partes deste texto havia pensando à dias ou a meses atrás , hoje me encontra sem uma religião , a nossa fé(como chama) individual tem que ser a fé ao nosso espírito ao nosso deus interior está deveria ser a nossa verdadeira fé , fé na existência e , na energia que criou todos os seres , tenho fé também em minha própria sabedoria(pensamento refletido e concluído) adquirida , não a pensamentos(meras teorias) enfim a fé hoje e sinônimo de acreditar. Enquanto a Lei do Karma hoje mesmo pensei nesta uma causa que gera um efeito e este efeito é em si uma causa(..) Pensei esta mesma coisa hoje.

    Abraços..
    JF

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  10. Bom sinal, Fabrício!!!
    Está pensando e pensando, e refletindo no que pensa.
    Continue assim.
    Um abraço.
    Gilberto.

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