terça-feira, 26 de abril de 2011

A ASCENSÃO ESPIRITUAL

Meus amáveis leitores, eu vos confesso não ser uma jornada simples e fácil, a ascensão espiritual, a que todos nós, numa época de nossas vidas, nesta ou em futuras encarnações, almejaremos, sem saber explicar as causas e os ideais que motivam as nossas transformações.


Inspirados pelo Espírito, tudo abandonaremos e ficaremos entregues a toda sorte de percalços e enfrentamentos psíquicos, ambicionando, única e exclusivamente, o nosso progresso espiritual.

O nosso ego personalista, que antes reclamava de tudo que o contrariava, sofrerá profundas mudanças, até ser capaz de aceitar e reconhecer como naturais as adversidades por que vier a passar e justas as perdas sofridas. Aquele que, antes, se rebelava contra os sofrimentos e as desgraças pelas quais ele e todas as pessoas que considerava gente de bem eram forçados a enfrentar, passa a adotar outro discurso. Ele reconhece que não há injustiça, quando uma doença ou um desastre provoca sofrimentos em nossas vidas. Ele toma consciência que não existem efeitos sem causas, e em lugar de se lamentar ou se revoltar, ele aceita a dor, como punição de um ato incorreto desta ou de outras vidas. Ele procura refletir com humildade, em busca das razões da sua dor, e não descansa enquanto não encontrar a resposta que o ajude a se corrigir, e não mais repetir o mesmo erro.

O desânimo e ocasionais desalentos são superados pela determinação da Alma de se reencontrar com o Espírito. Essa busca espiritual é o que os cristãos chamam de comungar com o Cristo, e os místicos de penetrar na noite escura da Alma. Não se pode chegar a Deus, sem passar por transformações interiores, que nos colocam diante do medo de enfrentar a escuridão ou a cegueira pela intensidade da luz divina.

Os postulantes da Tradição do Sol, antes de ser aceitos pelos mestres da magia, sempre foram abandonados à própria sorte, no meio de uma floresta, e lá passavam a noite, sozinhos e sem saber onde estavam, convivendo com seus medos físicos e espirituais. Eles temiam os animais selvagens que circulavam ao seu redor e as sombras silenciosas das árvores que se mexiam ao sabor do vento.

O Mestre Jesus teve de passar 40 dias e 40 noites no deserto, sendo tentado por seus demônios interiores, antes de começar a sua peregrinação crística. O apóstolo Paulo se deparou com a luz divina e sofreu com a cegueira física, até que fosse capaz de vencer a sua cegueira espiritual.

A realidade, meus fiéis leitores, é que não há obstáculos que possam desviar a criatura humana da sua peregrinação em busca da sua ascensão espiritual. Como afirmava Pitágoras, e tão bem reproduziu o sábio Dr. Paul Carton, na sua sagrada obra Vida Perfeita, o peregrino sabe que quanto mais severa a provação, maior será o seu aprendizado; quanto mais íngreme a escalada, mais alto ele pode subir e quanto mais penoso o esforço, maior será a recompensa.

Aquele que não se revolta diante dos reveses, não padecerá sofrimentos atrozes. E mesmo que por mais sofra, confia no seu poder de atrair o melhor para si, e rapidamente perceber a causa do sofrimento, reparando-a e libertando-se de seus efeitos.

O que possui a fé e se dispõe a seguir o caminho da ascensão espiritual passa a conviver com poderes ocultos, que lhe dão domínio sobre o mal e sabedoria para enxergar as verdades que estão distantes dos olhos dos homens comuns. Ele passa a dominar os meios de cura para os males do corpo e da alma, e se tornam imunes a doenças e maus agouros.

O peregrino, enquanto caminha, reflete seus conhecimentos adquiridos noutras vidas e absorve ensinamentos colhidos ao longo do caminho. Ele toma consciência de que nenhuma obra humana é inteiramente boa, nem completamente má. Ele percebe que nenhuma opinião é integralmente verdadeira ou falsa.

Saibam os meus atentos leitores que, nas mais sábias doutrinas, há minúcias inexatas, e sempre haverá uma parcela de verdade, nos mais graves dos erros. Nenhuma das atitudes humanas merece, por essas razões, nem aprovação absoluta, nem irredutível condenação.

O Bom, o Perfeito e o Verdadeiro só existem na Criação Divina. As criaturas humanas buscam alcançar a Verdade Única, para realizar a tão sonhada comunhão com Deus. Todo o processo de busca e peregrinação desperta sem aviso, nem efeitos especiais. Um dia, de repente, acorda-se diferente, vendo o mundo com outros olhos e sentindo-se a si como um novo ser, que morreu e renasceu em vida.

A ascensão começa aí. O processo é conhecido como Iniciação, por conduzir o impulso do despertar da Alma para dentro de si, e não para atos externos. Esta ação é a jornada solitária pela noite escura, de que falam os místicos e os magos. É a mesma caminhada para o centro do coração, onde ocorrerá a divina comunhão com o Cristo Interno.

Meu pensativo leitor, se tu te sentes incomodado com os valores mundanos e manténs distância das ambições materiais que influem nas atitudes dos teus pares, tu podes estar dando os primeiros passos na tua jornada espiritual. Não estranhes, se sofreres mais do que antes, se adoeceres mais amiúde e se padeceres as dores do parto do nascimento de um novo ser, que é gerado por ti e que será o teu novo ego.

A estrada do peregrino é longa e, nos primeiros passos, a caminhada costuma ser muito dolorosa. Os nossos erros afluem à mente, e nos confrontam ameaçadores. O corpo físico é exposto a energias mais fortes, e pode se sentir abalado ou, pelo menos, ameaçado. Nada, porém, se assemelha ao estado de conforto e bem estar que a alma passa a expressar em suas reações diante desse novo ego que está a servi-la.

A perseverança purifica a mente e cura o corpo. Os sublimes ideais que passam a alimentar a vida do peregrino tornam-no um discípulo do seu Mestre Espiritual, que se conecta com ele, e passa a zelar por sua ascensão de modo direto, sem intermediação.

Creia-me, atencioso leitor, o que aparentava ser uma fraqueza ou doença é o limiar de um processo de ascensão espiritual, que levará o peregrino a atravessar sem medo a longa e escura noite da Alma e conduzi-lo ao centro do peito, onde entrará em comunhão com o Cristo, não importa qual seja a tua religião ou em que realmente acredites.

O teu Mestre permanecerá ao teu lado, não importando por que nome hás de tratá-lo. A tua saúde se fortalecerá, dispensando médicos e remédios. A tua fé amadurecerá, sem que tenhas de declarar a que igreja pertences. Tu te tornarás dono da tua Alma, para que possas entregá-la ao Espírito, que é o teu próprio Deus.

Permanece atento, pois o nosso Mestre não marca lugar nem hora, para esse encontro. A tua ascensão pode já ter começado, e tu nem teres reparado. Logo, porém, irás perceber alguns dos sintomas mencionados, e então tu saberás que tem sido dele, a voz interior que tens ouvido na mente.

Agora, é só aprender enquanto caminhas. E não deixes de ensinar a quem peça conselhos e conhecimentos. Depois que o Mestre reata sua ligação com o discípulo, ele já pode ensinar e abençoar, em nome do Mestre.

2 comentários:

  1. Gilberto,
    descobri então o que está se passando comigo...tenho muitos desses sintomas, junto com um amor que bate no peito sem saber pelo o que ou por quem.
    Gostei!!
    Abraços

    Karen

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  2. Minha querida, Karen:
    Muita gente está passando por esse estágio em sua vida espiritual e não se dá conta do que esteja acontecendo.
    Uns pensam estar doentes e outros, deprimidos.
    Mas, não é nem uma coisa nem outra, pois o corpo físico e o emocional não estão doentes, apenas em meio a um grande e evolutivo processo de transformação.
    À medida que mudam os nossos comportamentos, através da troca dos anseios materiais por ideais de progressos espirituais, o corpo se fortalece e a alma se torna sadia e sábia.
    Fique atenta ao processo, não resista a ele.
    Um abraço.
    Gilberto.

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