domingo, 17 de junho de 2018

O GRANDE ENIGMA DO TER E DO SER



Diante da situação caótica que aflige a sociedade moderna, com valores autênticos sendo trocados por soluções baratas e desqualificadas, desfolhei o livro de Erich Fromm, TER OU SER, buscando respostas, que nos dê uma probabilidade razoável de esperança num futuro próximo.

Confesso-lhes que não encontrei opções animadoras, dentro do contexto atual em que vivemos, mas, não nos custa tentar seguir as reflexões deste humanista, psicólogo, economista e sábio pensador, em suas profundas divagações sobre as probabilidades futuras.

Começo este texto, indo buscar no último capítulo do livro, em que encontrei o que considerei interessantes considerações sobre como o autor vê a Nova Sociedade que se impõe com todas as suas formas obsoletas de conceituar o que seja o progresso.

Tendo em vista o poder das empresas, a apatia e a fragilidade de grandes segmentos das populações, a incompetência dos líderes políticos em quase todos os países, o permanente risco de guerras, os perigos ecológicos com permanentes ameaças de sérias alterações climáticas, que podem provocar a fome em grandes áreas do globo, surge a questão proposta por Erich Fromm – haverá uma oportunidade razoável de salvação?

É bom que se diga que, o livro que estamos utilizando para esta abordagem foi escrito em 1976, há mais de 40 anos, quando poucos se davam conta de todas essas ameaças, ou, até mesmo, nem haviam nascido.

Esqueçamos a sorte ou os programas econômicos que prometem transformar esses riscos num futuro seguro e próspero, e tratemos de fazer a nossa parte, avaliando as ponderações de um estudioso da sociedade, para chegarmos às nossas próprias conclusões.

A vida nem é um jogo de azar nem um negócio financeiro, e devemos procurar outros ângulos para uma apreciação das reais possibilidades de salvação. Façamos uma comparação com a medicina, e vamos concluir que, se o doente tem possibilidade de cura, por menor que seja, nenhum médico responsável dirá que já fez o possível ou usará tratamentos paliativos. Logo, uma sociedade doente, como a nossa, não pode esperar menos que isso.

Já naquela época, o nosso sábio autor, concluía que, o que ele chamou de fascismo tecnocrático, deve nos levar, inevitavelmente, à catástrofe. O homem desumanizado se tornaria, então, tão mau que não seria capaz de manter uma sociedade viável a longo prazo, enquanto que, a curto prazo não seria capaz de deter o uso suicida de armas nucleares ou biológicas.

Muitos se sentem deprimidos, os mais desesperados se têm suicidado. O número desses que chegam ao extremo, por absoluta desesperança, é cada vez maior. Eles sentem a infelicidade do seu isolamento e o vazio da sua “aglomeração”, e assim se veem impotentes, face a falta de significado de suas vidas.

Hoje, a vida vazia de consumo e futilidade pertence a toda a classe média, que econômica e politicamente não tem poder nenhum e pouquíssima responsabilidade pessoal. Começa-se a descobrir que o fato de ter muito não proporciona bem-estar e os conceitos de qualidade de vida estão sendo postos à prova.


Ambição e cobiça são tão fortes não porque sejam inerentes à natureza humana ou por serem inerentemente intensas, mas devido à dificuldade de resistir à pressão de se tornar lobo entre os lobos. E a tendência é que isto permaneça e se intensifique, numa sociedade como a nossa, cuja principal orientação e para TER, e cada vez mais.

Pensemos numa sociedade futura que nos dê esperanças de paz, que proporcione progresso para todos, e não restrito a uma pequena elite, que só ela, se beneficie das conquistas humanas.

Este nobre ideal só será possível se as atuais motivações com base no lucro, poder e intelecto forem substituídas por novas motivações, de ser, participar e compreender; se o ideal mercantilista der lugar a um sentimento de compartilhar direitos e conquistas; se a religião preconceituosa e discriminadora for substituída por uma nova prática espiritual profundamente humanista e universal.

Deixo para o último parágrafo a conclusão numerológica para esse enigma, e o faço de forma clara e serena – a solução é trocar o costume arraigado de supervalorizar o 1 e exaltar a busca do 8 por uma ação determinada pelo 4 e pelo 6, sob a inspiração do humanitário e caridoso 9. Sem a prática altruística e compartilhada do 9, a humanidade não terá uma probabilidade razoável de salvação.



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