Com esta postagem, estou participando da blogagem coletiva do Blog da Orvalho do Céu, cujo tema é Tempo x Espiritualidade
Anotem o link : www.espiritual-idade.blogspot.com
UM MUNDO FORA DO TEMPO
Meus assíduos leitores, todos estamos cientes que o mundo que conhecemos e com o qual estamos acostumados é tridimensional, já que enxergamos as imagens à nossa frente não somente na sua extensão e altura, mas também em profundidade. No entanto, poucos se dão conta de que, diante da tela da TV, o mundo se torna bidimensional, ficando ao encargo da nossa mente imaginar a profundidade das imagens e identificar o volume do que nos é mostrado.
Os famosos óculos coloridos, populares na época dos primeiros filmes em terceira dimensão, tentavam de forma bastante rudimentar estimular a nossa percepção tridimensional, diante de uma tela plana. Hoje, o processo de transmissão em terceira dimensão está em fase bem mais adiantada e bastante aperfeiçoada, mas ainda não está ao alcance do consumidor em geral. Por isso, ainda assistimos filmes e programas de televisão em segunda dimensão, contando com o nosso poder de imaginação, para visualizar as cenas em diversos níveis de profundidade.
O mundo físico, portanto, é um mundo em terceira dimensão. Daí porque, diz-se que vivemos na matéria, onde o que existe é tangível, desde que, tudo aquilo que os nossos olhos vêem pode ser tocado e comprovado fisicamente.
A escritora e terapeuta espiritual Chris Griscom, no seu livro O Tempo é uma Ilusão, afirma que no tratamento de distúrbios emocionais, os seus pacientes que revivem a infância ou regridem a vidas passadas comportam-se como se o presente e o passado não estivessem separados, mas unidos no aqui e agora. Diante da sua experiência em lidar com essas formas de recuo no tempo, seja nesta vida ou em vidas passadas, ela chegou à conclusão que deu origem ao título do livro – o tempo é uma ilusão.
A afirmação dessa escritora poderia causar um compreensível mal-entendido, uma vez que a nossa vida, nesse mundo agitado em que vivemos, é toda ela controlada pelo relógio, e para tudo, ou quase tudo, sempre nos falta tempo. Se o tempo não existe, como afirmar que não temos tempo para isto ou para aquilo?
A resposta vem da ciência, o grande sustentáculo das eternas verdades espirituais. Como já mencionei, e por diversas vezes, a ciência e as antigas religiões sempre caminharam juntas e serviram, durante muito tempo, de ponte entre o mundo físico e o mundo espiritual. A cisão entre as duas deu-se na Idade Média, com a malfadada união da Igreja com o Estado, quando a ciência tornou-se materialista e a religião apoderou-se do direito de legislar sobre tudo que fugia da visão racional da época.
Conta-nos Dana Zohar, no seu livro Através da Barreira do Tempo, que no início do século passado, mais precisamente em 1905, com a publicação da Teoria Especial da Relatividade de Albert Einstein, a compreensão do tempo mudou radicalmente, e todos os conceitos de espaço e tempo jamais voltariam a ser os mesmos.
Antes da Teoria da Relatividade, o mundo seguia a afirmação dos físicos clássicos daquela época, dentre os quais o mais famoso, Isaac Newton, de que “o tempo era absoluto, fluindo sem qualquer relação com fatos externos e que o espaço, por sua própria natureza, permanece igual e imutável, sem relação com nenhum fator externo”.
De acordo com a nova teoria de Einstein, espaço e tempo absolutos não existem, e nenhum dos dois pode ser descrito separadamente. O movimento através de um espaço leva algum tempo, e a relação espaço-tempo deve ser reajustada em função do ponto de vista de cada um. E esse ponto de vista depende sempre da velocidade em que viaja o observador ao se comparar com o ponto de vista de outro.
Diante da Teoria de Einstein caia por terra os antigos conceitos newtonianos, passando o tempo a ser visto como um fator quadridimensional, sempre numa relação contínua com o espaço percorrido.
A ciência quântica, anos após a Teoria de Einstein, veio aprofundar ainda mais toda a discussão nos meios científicos, demonstrando que, se a as teses de Newton eram válidas para o mundo atômico, elas não poderiam ser aplicadas no mundo subatômico.
O mundo atômico é o mundo material que conhecemos no plano físico, enquanto o subatômico é o mundo em que os videntes e os profetas circulam em busca das precognições para o futuro e das visões dos acontecimentos de eras passadas.
Que tal conceituarmos nós, à revelia dos cientistas e religiosos, ser o mundo tridimensional o mundo dos homens e o quadridimensional, o dos deuses? Assim acabaríamos concluindo que o tempo é o elemento divino na composição da vida no plano físico.
O corpo físico seria, então, o fator determinante da nossa vida no espaço da matéria, enquanto a alma seria o fator espiritual temporal que anima a cada encarnação um novo corpo físico.
A alma, como entidade espiritual, não precisa de um corpo para existir, assim como o tempo, como uma energia divina, independe do espaço. Mas, ambos necessitam de suas contrapartes físicas, quando se manifestam na terceira dimensão. Não há vida planetária, sem o binômio corpo-alma, e sem o “continuum” espaço-tempo.
O Espírito é a essência em qualquer dimensão, pois antes da criação dos universos e das suas galáxias, Ele já existia como o Imanifestado, O que já era antes de ser, O que criou antes que qualquer coisa fosse criada. Na Numerologia da Alma, Ele era o Número Zero antes do Um.
O tempo é o intangível na relação do Espírito com a Matéria, enquanto o espaço é o tangível, o que se pode dimensionar pelo toque e pelo olhar. O tempo de um dia na Terra dura 24 horas, mas, em Vênus, cada dia corresponde a 243 dias na Terra, de onde se conclui que o tempo no planeta Vênus, para nós, seria muito lento, quase parando.
Imaginem bem, meus caros leitores, como seria um aparente absurdo para as nossas mentes, ouvir um venusiano dizer que não tem tempo para fazer alguma coisa, se o dia dele só termina depois de se passarem 243 dias na Terra.
O homem inventou o relógio para policiar o seu tempo, e com isso criou condicionamentos dos quais não consegue escapar, a não ser que rompa com todo o sistema controlador da raça humana, que tem no dinheiro a sua divindade milagreira. Se permanecer preso ao relógio, o ser humano jamais se libertará para a vida espiritual.
O tempo é a divindade na 4ª dimensão, a presença divina, mas não, a Divindade Criadora. O tempo permeia a matéria, transcende o plano físico e viaja por mundos sutis, onde se pode ver o passado, o presente e o futuro, por deslizar por um caminho circular e jamais linear.
O tempo é divino, assim como o taoísta vê a presença divina em tudo que existe, visível e invisível, presente ou ausente, falso ou verdadeiro. A doutrina do Tao se parece com a teoria quântica que reconhece influências e presenças até no que nunca chegou a se materializar, e que não passou de uma possibilidade dissipada antes de se concretizar.
Há muito a se aprender nesse mundo tecnocrático e pretensioso em que se vive. Um povo nômade, que vive no deserto, compara o passar do tempo ao rio, em que não se pode tocar na mesma água por duas vezes seguidas, porque a água que passa não voltará a passar. O divino que há no tempo oferece oportunidades que precisam ser aproveitadas num determinado espaço-tempo, pois poderão jamais se repetir.
Esse povo, denominado tuareg, recomenda que se aproveitem todos os instantes da vida, pois quem vive sem tempo, não tem tempo para viver. E quem vive repetindo que não tem tempo, nunca terá. Se viver transferindo tudo para amanhã, o amanhã nunca chegará.
A sabedoria não vem dos sacerdotes e dos escribas, mas de todos que despertarem a tempo e a hora para as verdades divinas que já existem dentro de todos nós. O tempo não espera por ninguém, nem passa correndo à nossa frente, ele é uma realidade do “continuum” espaço-tempo, que depende do observador e da velocidade dos movimentos.
Li, certa vez, no livro O Espírito esse Desconhecido, escrito por um cientista francês, cujo nome não me recordo, que Deus está nos elétrons. Muito interessante essa afirmação de um cientista, pois a física quântica afirma que os elétrons ora se comportam como partículas, e então são visíveis, e ora como ondas, quando não podem ser observados.
Meditem os meus fiéis leitores, sobre esse intrincado dilema do homem com o tempo, e procurem suas próprias respostas. Eu permaneço em minha peregrinação em busca da minha Meca, como fazem os muçulmanos, sem fundamentalismos ou exageros de homens-suicidas que querem partir para a companhia de Alá. Contento-me com o meu aprendizado ao longo da estrada, caminhando, refletindo e revendo os meus conceitos.
O tempo dirá quem está com a razão. Ou seria melhor afirmar que quando atingir a 4ª dimensão tudo ficará visível aos meus olhos? Todos nós precisamos deixar desabrochar a espiritualidade represada em nossas almas, para que não precisemos reencarnar nunca mais, e passemos, então, a viver a serviço do Tempo, num mundo fora do tempo.