
A numerologia nos ensina que mudar é tarefa para o número 5, uma energia impulsiva e inquieta, difícil de ser controlada e impossível de ser contida. Uma coisa é aceitar mudanças e outra, bem distante, é realizar as mudanças.
Confesso-vos que poderia mencionar uma infindável relação de processos de mudança que começam e ficam estagnados pelo meio do caminho. Os motivos são diversos, e todos eles dizem respeito a medos do desconhecido.
Mudar é enfrentar o medo e arriscar no futuro, pronto a recomeçar toda vez que fracassar. Ousadia é um atributo dos que foram capazes de mudar suas vidas e saírem das mesmices que os prendiam às rotinas repetitivas do dia-a-dia. Mas, não pretendo vos enfadar com discursos de auto-ajuda, pois desses, eu já cansei, antes mesmo de tê-los começado.
Ah, amáveis leitores, peço-vos paciência e tolerância, não para mim que, como afirmei, não hei de vos exigir mais do que atenção, mas para aqueles que se dizendo esotéricos e espiritualistas não conseguem mudar suas vidas, vivendo num eterno limbo entre o consumismo e as buscas espirituais.
Quantos de vós tendes, entre seus amigos, membros de seitas secretas ou simples estudiosos da literatura esotérica? Estou a me referir a pessoas deslumbradas e cheias de mistérios que se consideram muito evoluídas e conhecedoras de segredos que não podem ser revelados. Não precisais responder, contento-me com o vosso silêncio.
Pergunto-vos, e como todo bom advogado eu já sei a resposta. Essas pessoas são inconstantes ou inconscientes, entrando e saindo de sintonia com o Divino, com a mesma naturalidade que entram e saem do shopping, carregadas de bolsas, depois de confessar que estão vivendo uma fase de grande aperto financeiro.
Essas de quem vos falo são consumistas espirituais, conhecem todas as religiões e seitas, por já terem entrado e saído de todas elas, sem saber muito bem porque fizeram uma coisa e outra. Elas costumam adorar conversas sobre assuntos estranhos e se mostram curiosas a respeito de novidades ritualísticas que entram e saem da moda, mas de espiritualistas elas têm muito pouco ou quase nada.
Existem outras, meus atentos leitores, que, diante de uma novidade, são capazes de largar tudo e se dedicar ao estudo, até que os chamados do mundo material atraiam novamente suas atenções, fazendo-as desistir de aprender aquilo que parecia ser a salvação das suas almas.
Detenho-me nestas inconstantes e ansiosas transeuntes das vias espirituais, que percorrem seus caminhos por algum tempo e logo desistem. Elas ouvem o chamado da alma e se curvam diante do caminho iniciático. Mas, só por algum tempo.
Digo-vos, caros leitores, com toda a tristeza que, dentre essas, muitas seriam fiéis aprendizes e futuras discípulas, se fossem capazes de se desapegar dos bens materiais e cuidar mais da alma do que do corpo. Infelizmente, a grande maioria não consegue abrir mão dos seus sestros e badulaques, que penduricalham no corpo como Carmens Mirandas modernas.
As místicas e badaladas espiritualistas apegadas estão, de tal forma, ao plano físico que não têm coragem de trocar o consumismo duvidoso pela espiritualidade certa. Elas falam como seres espiritualizados, mas agem como infiéis profanas, que saem dos templos para as modas, como se essas fossem meras extensões dos outros.
Lamento muito por elas, amigos leitores, que ficam agoniadas, quando se afastam da sua vidinha presa à matéria, e, por algum curto espaço de tempo, se dedicam à alma mais do que ao corpo. Elas não conseguem resistir por muito tempo a esse afastamento da vida material, que lhes dá segurança, e acabam esquecendo os seus compromissos com os Mestres dos seus Raios e retornam ao Deus Dinheiro.
Quando percebo que isso começa a acontecer com quem estava começando a se empolgar com o seu aprendizado espiritual, realmente me entristeço e lamento por ela, mas nada posso fazer para obrigá-la a perseverar no caminho iniciático, pois cada qual tem o seu livre arbítrio para escolher a que Deus servir.
A maioria, quase a totalidade, daqueles que despertam para a vida espiritual, arrasta consigo um fardo pesado, de ser tentada pelas ambições do mundo materialista e estar sujeita às seduções das riquezas e do poder. E sucumbem à matéria, e a ela retornam mais afoitos e gananciosos do que antes, numa espécie de compensação pelo tempo perdido.
Ah, o medo, meus assíduos seguidores, o medo causa, senão todos esses estragos, a maioria deles! Medo de ficar pobre ou de perder o status social. Medo de ser despedido e ficar desempregado. Medo de não ganhar o suficiente e de depender dos outros. Mas, quase ninguém tem medo de não cumprir sua missão espiritual e transformar em fracasso a sua volta a este mundo.
Pobres seres humanos, que temem o secundário e desprezam o principal! Eles se esquecem que o que importa mesmo é a sua capacidade de enfrentar a vida sem medo e de confiar que a justiça divina irá proporcionar-lhes o que necessitam para sobreviver. Mas, para a maioria, isso é muito pouco, e entre a missão espiritual e a ambição material, não há dúvida em escolher o dinheiro e o progresso econômico.
Pobres e frágeis criaturas, julgando optar pela força, entregam-se a práticas que só as enfraquecem e as afastam do processo de evolução espiritual, que é a verdadeira razão por que estão no mundo! Mas, elas não confiam em si, nem crêem nos ensinamentos ocultos, e preferem lutar pelo ouro que podem perder, do que pela sabedoria e conhecimentos, que ninguém jamais poderá retirar-lhes.
E tu, meu curioso leitor, por onde andas? O que te deixa angustiado? Sentir-te pobre de dinheiro ou carente de espírito? O que te incomoda? Não ser tão espiritualizado quanto aparentas, ou não possuir toda a riqueza com que sonhas?