Meus queridos
leitores:

Confesso-vos a minha indignação, muito mais pela hipocrisia do que pela
violência humana. Que a raça humana é violenta e agressiva, a história não nos
deixa mentir, pois estamos metidos em guerras, desde os primórdios do surgimento
da criatura humana.
Aceitemos as guerras ou não, elas existem, e pelo jeito ainda irão
perdurar por muito tempo. Mas, que encaremos a realidade com a decência de
assumir responsabilidades pelos efeitos que tantas guerras provocam na mente
humana.
Como imaginar que um soldado que foi treinado para matar, transportado
para ambientes de guerra e induzido a assassinar seus semelhantes, com a
alegação de que são inimigos da sua pátria, venha a se comportar de volta à sua
pátria? Será que a ingenuidade há de nos fazer crer que ele, tal qual um
trabalhador aposentado, deixará a sua ferramenta de trabalho de lado, e passará
a defender os ideais de paz?
Os registros de traumas e distúrbios entre os ex-combatentes são provas
incontestes dos efeitos dessas guerras como estímulos a atos de violência. Basta
consultar a história moderna da sociedade norte-americana para que comprovemos
esta nossa afirmativa.
A nação norte-americana não somente promove a guerra nos campos de
batalha como as incentiva em suas cidades. A venda de armas não somente é
liberada a qualquer um, mas, incentivada como solução às ameaças à paz.
Defende-se a paz com o uso da violência, e tudo com o beneplácito das
autoridades que apoiam ou se curvam diante do poder da indústria de armas.
O absurdo chega ao ponto da existência de uma Associação Nacional de
Rifles, que estimula a compra e o uso de armas para a defesa das famílias,
contra as ameaças de ataques a residências. Que tolice, imaginar-se que um
desqualificado qualquer, que não preza a sua própria vida, será alvo fácil de
um chefe de família ou uma dona de casa, zelosos na defesa de sua prole!
Gostaria de me deter nos casos escabrosos de invasão de escolas e
extermínio de crianças, por loucos armados até os dentes, que saem atirando, e
quase sempre dão cabo da própria vida.
De repente, a incidência aumentou de tal forma que a sociedade
norte-americana tem reagido contra a facilidade de compra de armas, que são vendidas
em lojinhas de esquina, com um controle muito semelhante ao das farmácias na
venda de remédios de tarja preta. Com uma facilidade adicional, a de não
necessitar de receita médica.
O povo norte-americano, que a bem da verdade é o maior culpado disso
tudo, por se beneficiar calado pelas agressões armadas do seu país a outras nações, decidiu protestar contra a matança de suas crianças.
Os autores das tragédias, quando não são soldados vítimas de
distúrbios emocionais e mentais, são jovens desiludidos ou chefes de família desempregados.
Mas, todos com uma cúmplice comum, a arma de fogo, em suas diversas versões,
cada qual mais moderna e destrutiva que a outra.
Depois da última e maior mortandade de crianças, em que 26 pessoas
morreram numa escola infantil em Connecticut, surgiram críticas mais fortes
contra a proliferação de armas no estado norte-americano. Surgiram os primeiros
movimentos propondo a proibição da venda de armas, ou, pelos menos, a criação
de restrições ao seu uso.
Qual o que! A Associação Nacional de Rifles não perdeu tempo em rebater
as críticas sobre o uso de armas no país, e sugeriu como solução para se evitar
novas chacinas, colocar policiais armados em todas as escolas. Ou seja,
transformar os ambientes escolares em novos campos de batalha, estimulando o
enfrentamento dos tresloucados assassinos por policiais armados, sem imaginar
os riscos em se criar uma psicose nacional em que escolas se tornem áreas de
segurança nacional.
De acordo com um dos diretores dessa malfadada Associação, a única
coisa que impede um homem mau com uma arma é um homem bom com uma arma. Uma
declaração dessa ordem só pode vir de um ser inteiramente comprometido com a
violência e suas consequências. A indústria bélica dos Estados Unidos possui
uma força inimaginável, e patrocina entidades e pessoas para que defendam o
incentivo ao uso de armas a todo custo.
Em nosso país, ainda que se pense o contrário, nosso povo não tem a
vocação assassina que se verifica na sociedade norte-americana, que tem sangue
nas mãos de milhões de inocentes de países do mundo inteiro, para onde enviam seus
soldados com o único intento de preservar seu domínio político e econômico.
Uma nação que invade terras alheias e mata seus habitantes, numa falsa
premissa de defender a democracia ou a ordem política local, não pode esperar
outra atitude dos seus jovens senão o instinto assassino de exterminar a vida
de desconhecidos e inocentes.
Será que existe poluição mais danosa à vida da humanidade do que o uso
indiscriminado de armas? Será que alguém acredita de verdade que, um homem de
bem armado está mais bem protegido, se vier a ser atacado por um assassino sem
escrúpulos ou sem o mínimo amor à vida? Será que esses defensores da venda
liberada e estimulada de armamentos seriam capazes de enviar seus filhos para
as guerras, e se sentiriam orgulhosos de sabê-los mortos pelo inimigo?
Arma é poluição. Portador de arma é um poluidor. Fabricante de arma é
um cúmplice dos assassinatos cometidos pelas armas por ele fabricadas.
Comerciante de armas é o seu parceiro nos crimes.
Uma sociedade desarmada é uma sociedade limpa e despoluída. Cada arma
fabricada é mais lixo que vai para as ruas. Cada bala que atinge e mata alguém
incrimina não só o autor do disparo, mas todos que contribuíram para que a arma
chegasse às suas mãos.
Houve um tempo em que o policial de Londres não usava armas, somente o
cassetete. Naquela época, o bandido ou ladrão, ainda que estivesse armado, não
ousava atirar no policial, pois a mera tentativa era o suficiente para
condená-lo à pena máxima, como um assassino qualquer.
O mundo não suportou a onda mercantilista que tomou conta da vida na
Terra. Nós nos tornamos um mercado, em que tudo e todos têm preço. O dinheiro
tornou-se o deus adorado por todos, e para acumulá-lo, tudo passou a ser aceito
como normal.
Será que, um dia, perceberemos que a nossa força e o nosso poder estão
dentro de nós, e não num coldre ou num arsenal bélico? Será que teremos coragem
de proibir o uso de armas pelo povo? Será que seremos capazes de aprender a
prevenir para não ter de enfrentar as consequências de nosso descaso com as
nossas gerações futuras? Será que países imperialistas como os Estados Unidos
de hoje, a Inglaterra e a França de outros tempos, seriam capazes de conquistar
a adesão de parceiros pela generosidade e parceria, sem o uso da força?
Um dia, sem dúvida, chegaremos a essa condição privilegiada. Mas,
enquanto esse tempo não vem, nós teremos de conviver com a hipocrisia de seres
que de humanos têm muito pouco, ou quase nada. São eles os incentivadores da
pobreza e da violência, por coletarem seus lucros dos cofres de nações
empobrecidas e arrasadas pelas guerras que suas nações patrocinam com fins
comerciais.
Pobres daqueles que retiram da violência o seu sustento e da sua
família! Um dia, receberão de volta tudo que fizeram questão de fazer aos
outros. E tu, meu consciente leitor, o que me dizes dessa poluição pelas armas?
Ainda és a favor da sua fabricação e venda? Que tal pensar em desarmar nossos
espíritos, para facilitar a despoluição do nosso arsenal de guerra, que começa
na mente e termina na arma que mata.
A Teia Ambiental não pode tecer sua trama, sem condenar a violência e o
uso de armas para manifestar ódio ou vingança. Confiar nas armas para impor a
paz é acreditar que o lixo que descartamos na natureza é compensado pelo
conforto que ele nos trouxe.
Olá, Gilberto
ResponderExcluirDesarmar para viver com qualidade de vida!!!
Bjs de paz e bem em 2013
Oi, Orvalho:
ResponderExcluirDesarmar o corpo e desarmar a alma sempre oferecem ótimos resultados.
Muita paz e amor em 2013.
Gilberto.