TEIA AMBIENTAL - UMA TRAMA A FAVOR DA VIDA
ALÔ, ALÔ, MARCIANOS,
AQUI NO BRASIL EXISTEM LEIS.
Meus caríssimos leitores, de repente, decidi falar de coisas boas na
Teia Ambiental. Confesso-vos que já estou cansado de criticar os desmandos da
humanidade, sem qualquer resultado prático.
No dia 11 de março deste ano, foi publicada a notícia que as
multinacionais Shell e Basf haviam aceitado a proposta de indenização para ex-funcionários,
que tinham sido contaminados em suas fábricas na cidade de Paulínia, no estado
de São Paulo.
A aceitação da proposta de indenização milionária só se deu pelo fato
do Tribunal Superior do Trabalho ter dado um prazo que se esgotava naquele dia
11. Bem que as duas empresas usaram de
todos os artifícios jurídicos e das artimanhas econômicas para driblar a
justiça, e deixar seus ex-funcionários morrerem à míngua. Esta é uma prática
comum entre essas empresas que instalam seus parques industriais em nossas
terras, buscando lucros máximos e comprometimentos ambientais mínimos.
As diretorias internacionais das empresas multinacionais costumam ouvir
ou ler que os países das Américas, abaixo dos Estados Unidos, são mercados
livres de responsabilidades, onde a justiça que manda é a da corrupção e do
dinheiro. Assim, elas instalam em nossas terras suas fábricas com um mínimo de
atenção para a segurança ambiental e tratando seus empregados com o descaso
típico de quem não está nem aí para a saúde deles.
Enganam-se os que julgam que o Brasil ainda é aquele mesmo país
dependente dos povos mais ricos europeus e o norte-americano, e submetidos à
escravidão do dinheiro. Nós temos leis, e rígidas leis, que podem demorar a ser
aplicadas, mas que funcionam dentro de uma visão correta de direitos e deveres.
Essas duas empresas, como já havíamos comentado aqui na Teia,
contaminaram o ar e as águas dos córregos de Paulínia. Instalada pela Shell, em
1977, a fábrica que foi, mais tarde, comprada pela Basf, produzia pesticidas e
inseticidas. Em 2002, ela foi desativada, depois de ser constatado que estava
contaminando o solo e o lençol freático.
As análises revelaram a presença na região, inclusive nos poços
artesianos, de metais pesados e substâncias organocloradas, que são
cancerígenas, e que estavam sendo absorvidas pelos organismos dos moradores que
usavam a água para beber e cozinhar.
Entre 2002 e 2012, registrou-se a morte de 61 ex-trabalhadores, todos
com doenças decorrentes da exposição aos agrotóxicos. As empresas, como sempre
costumam fazer essas poderosas fabricantes de venenos, alegavam que não há
evidências de que as doenças foram causadas pelo contato com as substâncias
tóxicas. Seriam apenas trágicas coincidências, essas mortes por contaminação,
durante a permanência da fábrica na região? Que petulância! Quanta insolência!
Essas gananciosas instituições internacionais julgam poder fazer o que
bem entendem e ganhar dinheiro fácil, e ainda contaminar as áreas onde produzem
seus venenos, e ir embora sem indenizar as vítimas. Engano, já não é mais
assim!
O Tribunal deu um prazo para que as empresas celebrassem um acordo com
os trabalhadores, que se reuniram no dia 8, e aprovaram o valor de R$ 200
milhões para uma indenização coletiva e mais R$ 170 milhões em indenizações
individuais. Além disso, mais de mil ex-empregados terão direito a tratamento
médico vitalício.
Como sempre é costume dessas empresas multinacionais, a Shell afirmou
que alguns pontos ainda precisarão ser discutidos, com a indicação de um gestor
para gerenciar a liberação de pagamentos e reembolsos de despesas de saúde.
Elas protelam o cumprimento de acordos e decisões judiciais, levando os prazos
aos seus limites máximos, antes de cumprir a lei. E, ainda corre contra as duas
empresas uma ação em que mais de 200 moradores que viviam na região afetada
pela fábrica também buscam indenizações por danos morais e materiais.
É claro que, nem a Shell e nem a Basf esperava desembolsar tanto
dinheiro, depois de contratar escritórios de advocacia caríssimos para
defendê-los, como costumam fazer essas mega-empresas. Mas, elas e tantas outras
que vivem poluindo o nosso solo e o nosso ar terão de aprender que aqui não
somos terra de ninguém, temos leis ambientais rígidas, e juízes atentos a essas
ações predatórias.
E, tu meu caro leitor, que te acostumaste ao mau hábito de falar mal do
teu país, procura respeitar mais o lugar onde nasceste ou moras. Afinal, o
exemplo tem de ser dado a partir de nós brasileiros. Que mania de falar mal do
próprio país, como se ele fosse uma entidade amorfa, dissociada dos cidadãos
que nela habitam!
Aqui existe justiça, sim, e ela é para ser aplicada contra brasileiros
ou estrangeiros que não cumpram as leis. E, em qualquer lugar do mundo,
conhece-se o lema – a justiça tarda, mas não falha. Aqui não é tão diferente de
outros países, onde julgamos que tudo é perfeito, mas, só quem mora lá é que
sabe dos seus problemas.
Que boa notícia,apesar de tudo ser muito triste,mas como a justiça
ResponderExcluirtardou mas não falhou...Espero que estas empresas gastem bem menos na prevenção,do que na indenização.
Abraços.
Infelizmente, Andréa, não dá para evitar o que já foi feito. Pessoas morreram e muitas permanecem doentes. O brasileiro precisa é reclamar menos, e aprender a reivindicar os seus direitos. Essas empresas têm de saber quanto custa poluir o planeta. Elas só entendem a linguagem do dinheiro. Elas precisam ser punidas pelo que fazem. Mas, o ideal é impedi-las de destruir, não dando permissão para que instalem suas fábricas. As pessoas se iludem com essas indústrias achando que vão trazer empregos e progresso à região. Anos depois, é só devastação, doenças e pobrezas, com todos desempregados e a cidade arrasada. A mentalidade das pessoas precisa mudar. A mensagem mensal da Teia é para que se abra os olhos para não cair nessas armadilhas de um progresso a qualquer preço.
ExcluirUm abraço.
Gilberto.