sexta-feira, 7 de setembro de 2018

MEMÓRIAS DE UM PROFETA - CAPÍTULOS 18, 19 E 20

CAPÍTULO DEZOITO
A temperatura caiu bastante, com o chegar da noite. A lareira foi acesa, e a conversa se estendeu até depois da meia-noite. Regada a chá com biscoitos e um pão de centeio feito na hora com a manteiga derretida, Gibran contou o que lhe era permitido relatar sobre a guerra do futuro, e a respeito da figura de Hitler. Helga não abria a boca, mas, de vez em quando, não conseguia evitar umas caretas, talvez de indignação ou de pavor.
Ela comentou com Gibran que achava aquela situação muito estranha, por estarem comentando fatos futuros, que o mundo ainda desconhecia. Gibran interrompeu o relato por uns instantes, e confessou-lhe que, já se acostumara de tal modo com aquela situação, que nem se deu conta de que ela tinha toda razão.
Cansados de falar e de ouvir, e muito mais de pensar e de tentar entender o que se passava na vida deles, deram a conversa por encerrada, e foram para a cama. Abraçaram-se, e logo pegaram no sono. No meio da noite, Helga despertou assustada, acordando Gibran, e balbuciando com dificuldade que sonhara com a guerra e assistira cenas horríveis.
Ela vira crianças, chinesas ou japonesas, não sabia ao certo, correndo e chorando, no meio de uma nuvem de fumaça estranha. Quando ela levantou os olhos, avistou tudo destruído ao seu redor. A sensação é que era uma cidade inteira arrasada, com muita gente morta e queimada.
Gibran procurou tranquilizá-la, consolando-a com a afirmativa de que ela imaginara um quadro de guerra, criado em sua mente. O Mestre descrevera muitas batalhas, mas nada que provocasse uma destruição devastadora, como a que ela avistara no sonho. Era melhor esquecer a guerra, e dormir em paz.
O resto da noite brindou-os com uma trégua reconfortante. Acordaram depois do sol, o que não era comum, e foram para o desjejum falando de guerra. Gibran prometera investigar o sonho de Helga, e ela pediu-lhe que se fosse verdade o que ela vira, melhor seria esquecer.
Gibran ficara intrigado com a visão das criancinhas orientais. A impressão que ele tivera com as primeiras visões da guerra e pelo relato do Mestre, as batalhas seriam travadas na Europa. Agora, surgiram novos dados, e era preciso investigar.
Mal ele sentou à mesa, sentiu aquele formigamento nos dedos e a sensação de salivação na boca, que eram sinais da canalização com o Mestre. Ele, imediatamente, pegou na pena e se preparou para receber a mensagem.
A palavra do Mestre foi contundente, pois, muito mais do que falar da guerra, suas revelações entraram no campo da espiritualidade e abordaram mistérios inimagináveis para Gibran.
O Mestre começou confirmando a visão de Helga, e disse tratar-se de um fato que fugira do controle dos guardiões da Terra. A nação que estava selecionada para receber a sagrada responsabilidade de liderar os movimentos espirituais no período de pós-guerra cometera um lamentável erro, e, por isso, perdera essa liderança.
Gibran anotava o relato com um misto de ansiedade e curiosidade. Que nação era aquela? Que erro terrível teria sido cometido? Que liderança estava reservada e para que? Ele não podia perder a linha de energia que o ligava ao Mestre, e que a desatenção poderia cortar.
Gibran redobrou a atenção. O Mestre relatou que os Estados Unidos da América eram a nação que cometeria uma ação hedionda, e que seria punida pela Hierarquia. O Mestre detalhou o atentado contra Hiroshima e Nagasaki, mencionando o uso de um armamento que fora inventado por cientistas alemães capturados e postos a trabalhar para os Estados Unidos.
Gibran pensava e o Mestre respondia ao seu pensamento. As bombas atômicas foram lançadas com a desculpa de que se destinavam a acabar logo com a guerra. O Japão, que se havia aliado aos alemães e italianos, e sendo induzido a provocar a ira dos norte-americanos, ao bombardear sua base de Pearl Harbor, no Havaí, provocou a entrada dos Estados Unidos na guerra.
Gibran não entendeu quem havia induzido o Japão a atacar os norte-americanos, e ficou aguardando a resposta do Mestre, mas esta não veio. E, o Mestre prosseguiu detalhando os acontecimentos que antecederam a decisão dos Estados Unidos de lançar as duas bombas atômicas sobre território japonês. As cidades não tinham nenhum valor estratégico, havendo uma enorme concentração de população civil, e, não houve engano algum, foi sobre elas que as duas primeiras bombas atômicas construídas pelo homem foram testadas.
Gibran parou de escrever, pois pensou ter entendido errado. O Mestre repetiu que as duas bombas foram testadas nas cidades japonesas. Gibran entendeu, então, a crueldade que fora cometida contra pessoas inocentes, inclusive com as crianças, como Helga vira no sonho.
O Mestre passou, a seguir, um segredo para Gibran que só foi revelado, entre os ocultistas, muitos anos após Gibran haver reencarnado no Brasil. Os Estados Unidos seriam a nação-líder do movimento cíclico de evolução da Obra da Hierarquia, e perdeu essa condição para o Brasil, que somente exerceria essa liderança depois dos norte-americanos.
Os sinais dessa condição de sediar a liderança espiritual mundial podem ser observados em algumas regiões do território norte-americanos, especialmente na Califórnia, para onde os sinais místicos indicavam o caminho.
O Mestre percebeu que Gibran não entendera bem de que liderança se estava tratando. E, o Mestre tratou de dar-lhe as explicações. De tempos em tempos, escolhe-se uma região no planeta, onde vão reencarnar os discípulos dos Mestres e os postulantes mais adiantados em suas jornadas iniciáticas.
A última região havia sido a França, durante a Revolução Francesa, ocasião em que os Estados Unidos conquistaram a sua condição de liderança futura, após a sua declaração de independência.
A Obra na França não conseguira atingir os ideais pretendidos, por conta de uma monarquia enfraquecida política, moral e socialmente. O Mestre lembrou a Gibran que, ele, Saint Germain, atuou pessoalmente, na tentativa de salvar o império, mas, fora tudo em vão.
Gibran já estava cansado, e o Mestre percebeu, dando por encerrada a conversa. Mas, não antes de lembrar a Gibran que ele teria um papel importante a exercer no Brasil, por receber todas aquelas revelações secretas, que deveriam ser utilizadas na preparação da humanidade para uma nova era de Luz, após o ano de 2012.
Gibran estava tonto com tanta informação. Ele bebeu uma caneca de água, respirou fundo, e saiu à procura de Helga. Ela estava na cozinha a preparar uma deliciosa sopa, que aqueceria ainda mais o ambiente, antes da noite chegar.
Eles se olharam nos olhos, e Helga entendeu que ele tinha a resposta para o seu sonho. E a narrativa rendeu mais uma noite, e diversos sonhos. A guerra do futuro foi tema de conversa por semanas a fio, antes de se esgotar o assunto.




CAPÍTULO DEZENOVE
Os dias na vida de Gibran e Helga se passavam em função, muito mais, do futuro do que do presente. O Mestre tinha muito a revelar a Gibran, e este, mais ainda, a aprender. Helga vivia em estado de graça, satisfazendo toda a sua curiosidade, diante de mistérios sem fim.
Ela nem se dava conta de uma guerra que estava a começar, e que tomaria conta da atenção mundial, nos próximos cinco anos. Chegara o ano de 1914, e como o Mestre havia informado a Gibran, a primeira guerra mundial estava começando.
O recanto onde moravam, fora do centro de Stuttgart, seria preservado das agonias da guerra, como havia sido revelado a Gibran. E o casal pôde continuar levando a vida na sua rotina normal, como se, para os dois, todo dia nascesse e morresse sem novidades no fronte.
Karl e Karine, graças ao passaporte de filhos dos dois, cruzavam o mundo, preservados do conflito mundial, mesmo quando tinham de pisar em solo ameaçado pelos combates. Karl assumia, a cada dia, a sua condição de artista celebrado em galerias da França. Karine, menos ocupada com as criações artísticas, nem por isso desprezava a inspiração, em suas buscas frenéticas por acessar o mundo da magia espiritual, entre o místico vislumbrado e o oculto desconhecido.
Karl, na França, e Karine, em algum lugar do Oriente, viviam vidas descompromissadas com tudo que se passava à sua volta. O mundo parecia sorrir para os dois, assim como seus pais sorriam para o mundo. Não haveria guerra que deles retirasse o bom humor e a vontade de viver.
Vez por outra, eles se comunicavam com os pais. Cada carta retratava uma perene declaração de independência, reconhecida por todas as nações da Terra. Nada de mau lhes atingia, como se uma barreira de proteção separasse suas vidas do restante da humanidade. Muitos lutavam nos campos de batalha, outros tantos choravam as mortes de seus filhos amados. A população mundial, direta ou indiretamente, era atingida pelos estilhaços vindos da guerra, menos Gibran e Helga, e seus dois filhos.
Enquanto a humanidade tentava digerir a sua primeira guerra mundial, Gibran e Helga destrinchavam e consumiam, bem antes da hora, as atrocidades e os desatinos da segunda conflagração mundial. As mensagens do Mestre ocupavam os dias do casal, Gibran anotando, e Helga ouvindo.
Gibran quis saber do Mestre, quais seriam as consequências do primeiro conflito, e como ficaria o mundo depois do segundo, que o Mestre anunciara como o último em idênticas proporções. O Mestre, com seu bom humor característico, respondeu-lhe que o primeiro seria uma preparação para o segundo, e este, o limiar de uma nova guerra, menos óbvia em sua violência, mas não menos destruidora para a sociedade humana.
Gibran não entendeu a tirada jocosa do Mestre, para retratar o domínio que os Estados Unidos da América viriam a exercer sobre os países que se insurgissem contra sua política de tirania econômica. No mundo de pós-guerra, pequenas, às vezes nem tanto, e localizadas guerras, aconteceriam sempre que o controle econômico ameaçasse sair das mãos dos norte-americanos.
O dinheiro americano seria imposto como moeda padrão. O poderio militar seria imposto ao resto do mundo, como se cada território estrangeiro fizesse parte do império norte-americano. O petróleo seria o ouro do amanhã, e a água, do depois de amanhã.
Ditadores seriam apadrinhados pela democracia americana, para garantir seus domínios à distância. A corrupção político-financeiro internacional promoveria figuras poderosas e violentas que governariam seus povos com ameaças e torturas. E tudo sob as bênçãos e graças dos Estados Unidos.
A sociedade financeira internacional e as grandes indústrias sem pátria, como as chamavam o Mestre, formariam um núcleo de força com uma única finalidade, a de manter o controle e o poder sobre os recursos econômicos do planeta. Quem se opusesse a esses ideais seria afastado do caminho, por bem ou por mal.
O governante que não obedecesse às ordens vindas da cúpula internacional seria retirado do poder. O seu país seria invadido, ou uma rebelião e crise seriam fomentadas, com recursos ou armas, apoiadas por ações de militares estrangeiros ou civis mercenários. E tudo isso sob a batuta dos Estados Unidos da América, que sairão da segunda guerra com a imagem de salvador do mundo ou justiceiro dos fracos e oprimidos.
O Mestre relatou a Gibran o assassinato de um grande estadista norte-americano, que inspirado pela Hierarquia, devia mudar o cenário internacional, acabando com as guerras celebrando a reconstrução do mundo, através de parcerias honestas e comprometidas com a paz mundial. A sua morte impediria a consecução do projeto.
Gibran ficou imaginando que o Mestre estivesse relatando uma guerra civil nos Estados Unidos, como ocorrera na época do presidente Lincoln, quando o Norte e o Sul lutaram, fazendo correr sangue entre irmãos.
O Mestre tratou de corrigir os pensamentos de Gibran, mostrando-lhe como a conspiração viria a ocorrer, envolvendo militares, órgãos de segurança e serviço secreto, instigados e financiados pelos poderes econômicos internacionais e pela indústria bélica.
O presidente Kennedy se elegera para acabar com as pequenas guerras espalhadas pelos quatro cantos do mundo, que eram patrocinadas pelas elites do poder mundial, que zelavam por seus interesses financeiros e comerciais.
O Mestre falou da vergonhosa derrota que seria imposta aos Estados Unidos por um pequeno país do sudeste asiático, o Vietnã. Invadido barbaramente por tropas norte-americanas, e tendo o seu povo trucidado por armas de destruição em massa, ainda assim, os guerrilheiros vietnamitas, chamados vietcongues, venceriam a empáfia bélica norte-americana.
O presidente Kennedy tentou acabar com esse conflito, propondo a retirada das tropas norte-americanas do território vietnamita. A resistência da indústria bélica, associada aos seus cúmplices, os chefes militares, foi decisiva, e formou-se um complô para matar o presidente. E, isso veio a ocorrer com a participação da cúpula militar e dos órgãos de segurança, mancomunados num plano vergonhoso que serviu para manchar ainda mais a imagem da nação norte-americana como pretensa defensora da ordem mundial.
Mataram o presidente, inventaram um bode expiatório e a farsa foi celebrada com as bênçãos do povo americano. A seguir, mataram o assassino, numa farsa pior ainda, e logo, depois, o assassino do assassino, para que não desse com a língua nos dentes.
E, para que os caminhos ficassem, definitivamente, livres e os verdadeiros governantes da nação americana pudessem continuar agindo sem correr riscos, eles, também, mataram o irmão do presidente Kennedy, candidato à sucessão.
Gibran escrevia tudo aquilo sem conseguir esconder a revolta que sentia na alma. O Mestre detalhou os pormenores, e aconselhou-o a guardar seus escritos a sete chaves. Ninguém poderia ter conhecimento daquelas revelações, que eram segredos velados para a raça humana.
Gibran ainda pensou em consultar sobre o final da trama e se os culpados seriam punidos, mas, percebeu que o Mestre já encerrara os trabalhos. Agora, era reler o que havia sido escrito e contar tudo para Helga. De repente, o Mestre voltou para ordenar a Gibran que não o fizesse, pois, somente ele, Gibran, poderia ter conhecimento dos fatos relatados.
Gibran tomou todos os cuidados para juntar aquelas páginas a algumas outras guardadas num arquivo à parte, onde repousavam outras revelações a serem mantidas no mais absoluto sigilo.
CAPÍTULO VINTE
Trinta anos se haviam passados, desde que Gibran e Helga se mudaram de Berlim para Stuttgart. Estamos no ano de 1920, e a guerra já acabou. A idade pesava nas costas de Gibran e Helga, mas, eles aparentavam menos vinte anos do que tinham na realidade.
Ele perguntava ao Mestre, quando morreria e em que ano reencarnaria no Brasil. O Mestre negava-se a falar disto, e jamais Gibran obteve essa informação. As mensagens se sucediam e, com o passar dos anos, as revelações se tornavam cada vez mais proféticas, como se Gibran precisasse saber de tudo aquilo, para que pudesse utilizar aqueles conhecimentos em sua vida seguinte. E, sem dúvida, não era outra a intenção do Mestre, como Gibran foi informado numa das mensagens.
Gibran, certa vez, perguntou ao Mestre sobre o futuro da Europa, e em especial da Alemanha, após a segunda guerra. A resposta trouxe consigo imagens de crises e sofrimentos, com o povo alemão subjugado pelas nações vencedoras. Berlim surgiu dividida, com o povo alemão humilhado com a construção de um muro imenso, que impedia a passagem de um lado para outro. Muitos morreriam, na tentativa de alcançar o outro lado, para se juntar à família.
Um dia, o muro seria posto abaixo, por interferência da Hierarquia, e para a surpresa dos que julgavam essa possibilidade impossível de acontecer. O muro cairia, do dia para a noite, mas, nem por isso o povo alemão obteria uma liberdade completa. O estigma da guerra acompanharia a nação alemã por séculos, antes que a sua soberania fosse recuperada de fato e de direito.
O Mestre aproveitou para relatar sobre a nova crise financeira que abalaria o mundo depois do ano 2000, com mais uma tentativa dos banqueiros internacionais de manipular a economia das nações, de modo a mantê-las endividadas sobre o domínio de uma instituição poderosa com a sigla FMI.
Gibran foi informado que os banqueiros de diversas nações, mas principalmente os norte-americanos, se reuniriam num Banco Mundial e criariam um Fundo para emprestar dinheiro às nações mais pobres. Esses empréstimos permitiriam a intromissão nos negócios internos dessas nações, estabelecendo regras e obrigando-as a seguir ordens que favoreceriam os interesses das grandes empresas ligadas aos bancos.
Os países mais pobres receberiam empréstimos em troca de permitir a extração de suas riquezas minerais, e contrairiam dívidas que não teriam condições de quitar. Dessa forma, o controle de sua política interna e externa seria manipulado pelos países credores, que se tornariam legítimos donos dessas nações.
O mundo aceitaria essa farsa, como se o Fundo pudesse dar uma condição de vida mais digna para as nações devedoras. Na prática, as nações seriam exploradas e escravizadas, ameaçadas pela dívida, que cresceria de modo incontrolável.
Esses e outros assuntos seriam discutidos por todos os países, reunidos numa Assembleia Internacional de um organismo a ser criado após a segunda guerra sob a sigla ONU. Todos teriam direito de manter representantes na Organização, mas, as decisões seriam tomadas de acordo com a vontade dos países mais ricos e poderosos.
A sede dessa Organização ficaria em Nova Iorque, nos Estados Unidos, e funcionaria como um verdadeiro quartel-general da elite internacional, sob o comando dos Estados Unidos. Se uma nação mais fraca estivesse incomodando ou dificultando os interesses dos poderosos, seria aprovada a intervenção da Organização, e para lá se dirigiriam os exércitos de diversos países para subjugá-la.
Entre esses poderosos também havia rivalidades, com um tentando passar o outro para trás. E, tudo sob a batuta dos banqueiros internacionais, que tomavam suas decisões e as comunicavam aos governantes dos países que formavam a cúpula da Organização. E, desse modo, o mundo seria governado por mais de um século, até que um plano estratégico fracassaria, ameaçando o futuro de algumas tradicionais nações, que se colocariam contra os acordos celebrados na ONU.
Tudo começaria como uma trama dos banqueiros e das grandes multinacionais, com o apoio do Tesouro norte-americano, numa tentativa de controlar as riquezas dos países europeus. Seria criada uma moeda única para circular entre os países europeus que se reuniriam em torno de um ideal comum, com a criação da União Europeia.
A moeda chamada euro substituiria as moedas nacionais, e seria a moeda oficial circulante, aceita por todas as nações da Europa. Moedas fortes seriam desativadas, o que acarretaria o caos econômico dentro da União Europeia. Os países não teriam seus programas econômicos individuais, mas, atrelados à supervisão e fiscalização de um grande Banco Europeu, centralizando nele os planos econômicos de cada nação.
A tentativa de uma moeda única europeia escondia uma intenção de fortalecer o dólar que estava sendo sustentado pela pressão do governo norte-americano junto aos seus aliados. A moeda americana perdeu o lastro, devido à inflação provocada por uma emissão abusiva, a fim de financiar guerras e intervenções políticas dos Estados Unidos em países dominados por ditaduras a serviço do governo norte-americano.
Desvios de recursos milionários para alimentar guerras, financiar acordos e subornar governos, tudo somado à ganância dos banqueiros e dos empresários que detinham o poder das multinacionais, provocariam a quebra do sistema, gerando uma crise incontornável, que viria a estourar após 2020. Todo o sistema ruiria e a crise seria mais grave do que a de 1929.
Gibran ficou tentando imaginar a grandeza dessa crise, o que era impossível, considerando-se o que se conhecia de comércio internacional e das influências dos bancos sobre as diversas nações, naquela época de 1920.
Gibran tratou de copiar o que as mensagens diziam, e absteve-se de tentar entender a profundidade da crise. Achou melhor esperar a sua nova encarnação no Brasil, para procurar entender com maior clareza, o que o Mestre estava relatando.
Gibran cansou-se, e esperou que o Mestre finalizasse os trabalhos por aquela noite. Helga já estava dormindo, e ele precisava muito se estirar na cama, e repousar mais a mente do que o corpo. Ele largou a pena, esticou o corpo, juntou os papéis e foi dormir.
Era preciso descansar, pois, no dia seguinte, eles receberiam um dos casais amigos para jantar. E esses jantares costumavam entrar pela madrugada, tantos eram os assuntos postos à mesa. Os temas iam da política de pós-guerra aos pés de frutas que estavam carregadinhos dessa ou daquela espécie. Os homens discutiam os efeitos da guerra, as mulheres, as receitas dos doces. E, sem separações, os casais falavam dos filhos distantes e das saudades que sentiam.
Gibran já pegou no sono, afinal os assuntos na ordem do dia foram exaustivos. Os sonhos, talvez, não o deixem descansar a mente, pois há de ter levado para a cama, os polêmicos relatos do Mestre, que tanto mexeram com os seus sentimentos. Amanhã é um novo dia, e novas mensagens hão de ocupar, em sua mente, os espaços deixados vazios de véspera.


4 comentários:

  1. Incrível!

    A vida, as predições, as confirmações, os acontecimentos vão se denrolando à nossa frente com que confirmando o que St. Germain disse a Gibran. Agora, resta confirmar com a Numerologia o que o futuro nos reserva. Muito trabalho temos que fazer.

    Um grande abraço!
    Jorge

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  2. O pior de tudo, meu caro, Jorge Vicente, é que a história se repete.
    Quando se pensa que tudo já passou, nova onda se abate sobre todos nós, trazendo de volta o tempo novo, que só atualiza o velho.
    Os acontecimentos são cíclicos, eles sempre se repetem num padrão acima dos fatos passados.
    Quem acompanha a história prediz o futuro.
    O Mestre ensinava esta verdade ao discípulo, e nos tratemos de aprender com a história.
    Abraço.
    Gilberto.

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  3. O curioso da história, Memórias de um Profeta, como também acontece com todos os bons livros que temos oportunidade de conhecer, é que retornando para reler os capítulos, descobrimos detalhes que, à primeira vista, passaram um tanto desapercebidos.
    Gilbran tornara-se um ávido leitor em busca de conhecimentos. Lia muito e “Um desses livros chamou-lhe a atenção mais do que os demais, por ensinar o discípulo a se conectar com o Mestre’’. Que livro seria esse?
    O caminho parece ter sido escrever um diário no qual registrava uma conversa com o Mestre na expectativa de em algum momento obter uma resposta e ela veio de uma maneira intensa. O nosso Mestre enfatiza sempre essa necessidade de escrever, registrar a cada dia nossas impressões e questionamentos.
    Gilbran também foi orientado, da mesma maneira que nós, a nos utilizarmos criteriosamente do pêndulo para obter as respostas que necessitamos.
    Então observamos que a leitura de Memórias de um Profeta não é simplesmente acompanhar uma história bem encadeada, mas um aprendizado e a aquisição de informações sobre diversas ferramentas que podemos utilizar para descobrir paulatinamente esse mundo oculto.
    Um grande abraço
    Avelino

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  4. É isso mesmo, Avelino, este não é um livro que conta uma história, mas, uma história que está contando muito mais do que está escrito.
    Ela narra fatos, enquanto trata das legítimas causas universais, que são atemporais, e que, sempre, provocam conflitos e guerras.
    Continue a buscar nas entrelinhas, e, talvez, aprenda bem mais do que nas aulas.
    Abraço.
    Gilberto.

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