terça-feira, 7 de dezembro de 2010

FOGO! OU MATO OU MORRO

TEIA AMBIENTAL - Incêndios Florestais
Rede de Conspiradores Preservacionistas


Meus conscientes e fiéis leitores, eu vos confesso que chego a esta última postagem ambiental do ano, um pouco mais cansado do que deveria, ou gostaria de estar. Acontece que são poucos, muito poucos, a carregar nas costas a responsabilidade de manter a vida na Terra.
Existem certos momentos que me sinto como se tivesse de tomar conta de um bando de suicidas. Uma pequena distração, e lá está um deles querendo atirar-se de cima da ponte. Salvo este, e mal tenho tempo de salvar outro, prestes a se atirar na linha do trem. E assim, nesse corre-corre, alguns são salvos, mas não todos.
Os que se perdem deixam-nos o consolo de que ainda resta esperança para os que ficaram. Creio que melhor seria dizer, consolo para mim que estou mais do que ninguém precisando de um fio de esperança para prosseguir na luta.
Liga-se a televisão e se vê florestas sendo consumidas por incêndios que parecem querer devorar tudo à sua volta. Acessa-se a internet, e lá vem notícia de incêndios que matam e que acabam com a vida animal numa vasta extensão de terra.
Há pouco tempo, um incêndio dizimou uma grande concentração de árvores na serra da Mantiqueira, na altura de Itatiaia. O responsável foi um pobre coitado que se desculpou, pois ele só estava limpando o pasto. O que fazer com uma criatura dessas?
Agora, acabo de saber que um incêndio gigantesco devastava tudo à sua frente, em Israel. E lá estava a responsável pelo fogo, uma mulher que, sabe-se lá, porque motivo resolveu acender um foguinho num local impróprio.
A humanidade não agüenta mais, tantas desculpas e tamanhas irresponsabilidades. Os ignorantes e pobres coitados lavradores ainda acreditam que queimar o pasto é o caminho mais rápido para preparar a terra para o plantio. Os pecuaristas, homens com dinheiro e sem coração, devastam o que encontram no caminho de suas criações, botando fogo em florestas e destruindo reservas ambientais sem dó, nem piedade.
As leis punem os ricos com multas irrisórias, que eles preferem pagar e prosseguir queimando tudo, por representar um custo muito menor do que contratar máquinas para limpar os terrenos.
Confesso-vos, meus caros leitores, que eu já nem estou questionando essas práticas nocivas e criminosas de criar animais para serem sacrificados e terem seus cadáveres nas mesas dos homens, para saciarem seus ímpetos de carne e sangue.
A minha cansativa ladainha, que se repete a cada ano, é para que não se permita a limpeza de pastos e de campos agrícolas, mediante a queima do capim. O clima seco da época em que todos resolvem fazer a sua limpeza, encarrega-se de transformar uma fogueirinha num incêndio de grandes proporções, acabando com mais uma área de florestas.
Na Califórnia, os incêndios ameaçam as casas dos ricos, mas quem senão o homem tem culpa dessas queimadas! Depois da terra em cinzas, não adianta chorar a mansão torrada, nem a nascente destruída. As florestas estão diminuindo, enquanto os incêndios não param de crescer.
As autoridades ameaçam com leis, mas não parecem ter muita convicção de que um incêndio aqui e outro ali seja tão prejudicial assim. Na prática, criam-se leis, na teoria acredita-se que a situação foi resolvida. E, a cada ano, são menos florestas, e mais pastos.
Muitos fingem acreditar que por uma estranha coincidência, o incêndio destruiu uma floresta exatamente na terra de um pecuarista que estava doido para espalhar o gado no meio da Reserva. Queimada a floresta, nada mais impede o dono da terra de nela espalhar o seu gado. E ano que vem tem mais.
Esses pretensos cidadãos ou empresários do caos ainda acreditam que o que é bom para eles, é bom para a nação. E defendem o seu direito de destruir florestas e incendiar as matas na forma da Lei, através de seus representantes no Congresso.
Eles e seus deputados não passam de incendiários, que destroem Reservas Ambientais por conta da ganância que alimenta os seus ideais de lucro a qualquer preço.
Eu realmente cansei de ficar repetindo este lengalenga todo dia 7, e abrir a página dos noticiários e encontrar discursos de empresários defendendo a ocupação de extensas áreas da Amazônia, por conta de crescimentos econômicos e progressos industriais.
Quando não é o agricultor é o pecuarista. E quando não é um nem outro, vem o Governo com uma nova usina hidrelétrica que precisará acabar com não sei quantos acres de florestas e desviar quilômetros e mais quilômetros de rio.
Cansei sim, mas não desisto de lavrar o meu protesto. Que pelo menos um dia no mês, alguém leia o meu edital de condenação desses piro-maníacos, que querem mesmo é ver o circo pegar fogo. E nesse incêndio circense, o ambientalista faz sempre o papel do palhaço.
Por esse ano, chega de falar de coisas ruins na escala ambiental. A Amazônia foi menos atacada durante o ano de 2010, do que vinha acontecendo nos últimos 15 ou 20 anos. E nem importa o período correto, pois em questões ambientais comemoram-se meses, dias e horas.
Deixo-vos na certeza de que a Teia Ambiental fez a sua parte durante o ano de 2010. Somos poucos, mas somos fiéis aos nossos ideais preservacionistas. E, tu que estás calado e pensativo, meu indeciso leitor, quando virás incorporar-te ao nosso grupo?


14 comentários:

  1. Tantas são as vezes em que faço as mesmas reflexões.
    Os protestos fazem tanto efeito como uma gota de água a cair no meio da chuva.
    Mas não podemos calar-nos, porque calar é consentir.
    Sempre que há oportunidade para protestar... protestemos!

    Seguramente, vou passar este legado ao meu filho, para que ele depois continue quando crescer.
    Quem sabe um dia as coisas mudam.

    ResponderExcluir
  2. Olá, Gilberto
    "E nesse incêndio circense, o ambientalista faz sempre o papel do palhaço".
    A palhaça aqui prosseguirá, como vc, nessa incansável Teia Ambiental ainda que pareça inútil.
    Não desanimemos!!!
    Atiremos água da consciência no fogo dos irresponsáveis...
    Abraços fraternos e bjs de paz.

    ResponderExcluir
  3. Minha amiga, Hazel:
    Existem, pelo menos, dois tipos de protestos: os gritos e as atitudes.
    A maioria dos protestos se extingue no momento em que os ecos dos gritos cessam. E isto acontece rapidamente.
    As atitudes, porém, permanecem vivas, mesmo quando ficamos calados.
    As pessoas nos reconhecem por nossas atitudes, e se sentem pressionadas por nossas presenças a adotar atitudes corretas.
    As crianças são excelentes nessa questão de postura correta, por falarem e agirem sem nenhum constrangimento, dizendo o que pensam e se comportando como acreditam ser o ideal.
    Ensinando o seu filho a seguir suas ações, ele multiplicará as suas ações de protesto e provocará mudanças de comportamento entre os seus colegas e amigos.
    Vale a pena tentar, é claro!
    Abraços.
    Gilberto.

    ResponderExcluir
  4. A Teia veio para ficar, Orvalho:
    Ela é formada por fios muito fortes que somos nós, e tecida por mãos amigas,irmanadas nas mesmas crenças, o que a faz firme e resistente.
    Vamos prosseguir falando e agindo.
    A ação tem de ser coerente com a palavra.
    Um abraço.
    Gilberto.

    ResponderExcluir
  5. Gilberto,
    encontrei seu site após pesquisar no google algo que pouco tinha a ver com tudo o que você escreve sobre a Espiritualidade...
    Quando vi que você morava em São Lourenço, eu decidi acreditar que talvez isso seja um sinal, sei lá.
    Enfim- Estou interessada em fazer uma consulta/analise contigo, moro em São Lourenço, também, se isso serve para alguma coisa... Como posso entrar em contato?
    Agradeço desde já.

    ResponderExcluir
  6. Minha leitora C.:
    A minha sugestão é que me escreva um email, para que eu possa orientá-la sobre o que deve fazer.
    Anote: gilbertodacunhagoncalves@gmail.com
    Aguardo o seu contato.
    Um abraço.
    Gilberto.

    ResponderExcluir
  7. Gilberto
    Saudações verdes!
    como vai?

    É com um certo atraso que compareço ao tema deste mês, mas não com menos carinho.
    Sou muito grata por participar da teia e de ter acesso a essas informações e opiniões.

    Pra variar, eu acredito muito na educação, mais do que na ética dos adultos de hoje ou no governo.

    Através do exemplo, com o apreço que temos pela natureza, é que vamos conseguir que os incêndios causados por humanos sejam banidos no futuro.

    Um verde abraço!

    ResponderExcluir
  8. Seja benvinda a este espaço, Renata, que é de todos nós.
    O bom da Teia é que ninguém nunca esta atrasado, a gente está sempre na hora certa, no lugar certo.
    O verdadeiro ambientalista não cobra atitudes, ele toma atitudes.
    O exemplo de quem ama e respeita a natureza irá mudar a imagem do nosso planeta.
    Estamos juntos nessa viagem.
    Um abraço ecológico, Renata.
    Gilberto.

    ResponderExcluir
  9. É certo que por vezes dá um cansaço na gente, uma vontade de desistir...como o compreendo Mestre!

    Cansada de tentar acordar consciências... exausta de repetir o óbvio, sistematicamente... é claro que não sou perfeita, cometo meus erros mas aprendo com eles e não os repito.

    Estou de momento a ler um livro dum neurocientista, intitulado "O livro da consciência" onde explica como é que ela se forma e evolui. Supostamente deveria evoluir com a experiência e a aprendizagem, mas o que constato é que muitos negam essa aquisição de conhecimento, ignoram-na.

    Bom, venho avisar que postei hoje meu contributo na Teia de DEZ. Resolvi falar-vos da cabra-bombeiro que por sinal também foi um método adoptado na California (pais referido no seu texto).

    Abraço além-mar.
    Rute

    ResponderExcluir
  10. Ah, minha querida aprendiz, o que me cansa mesmo, sabe Rute, não é ter de repetir a mesma lição, mas conviver com a falta de perseverança.
    Quantos assumem compromissos com um entusiasmo de fim de semana, e já na segunda-feira não estão nem ai para seus deveres e obrigações.
    Isto cansa, mas muito mesmo!
    Gasta-se um tempo enorme, fazendo discursos e tentando mostrar todos os efeitos dos maus hábitos. Uns passam e vão em frente, porque não estão nem aí para o futuro do seu vizinho, da sua cidade ou do seu país, quanto mais do mundo.
    Outros, param e juram fidelidade e amor eterno à natureza e a toda humanidade. Mas, quando chamados a adotar ações preservacionistas, eles saem pelos cantos, pois isso dá muito trabalho.
    Mas, as questões de consciência não são negociáveis, nós não podemos desligar a consciência, e dizer agora eu não ligo mais.
    Assim, lá vamos nós, vendo o circo pegar fogo. Ou, quem sabe tentando ajudar as cabras a prevenir o fogo.
    Abraços minha parceira ambiental.
    Gilberto.

    ResponderExcluir
  11. Embora não seja possivel desligar a consciência, há consciências que pesam mais do que outras. Não em termos de quantidade, mas em termos de sensibilidade.

    Sentir aquele peso na consciência do não cumprimento, segundo as regras pessoais de conduta de cada qual.

    Talvez as regras para uns sejam mais flexiveis do que para outros. No meu caso, quando me comprometo, cumpro. Posso ser intemporal mas dificilmente faltosa. E dada a minha impulsividade caracteristica e entusiasmo notório, sou frequentemente catalogada de maneira injusta.

    Mas sei que eu e tu já estamos entendidos e do seu lado só posso esperar ser bem compreendida.

    Fiquei com dúvida quanto à Teia 2011. Como vai mesmo funcionar? Sem tema fixo...
    Abraço,
    Rute

    ResponderExcluir
  12. Podes ficar tranqüila, Rute, que eu já te entendo bem, não completamente mas quase.
    Quanto à Teia, eu e Flora desejamos experimentar um método espontâneo de cada qual se inspirar num tema, e a cada dia 7 escrever sobre o assunto.
    Uma sugestão seria explorar-se um assunto muito discutido durante o mês anterior na internet, e dar a nossa opinião.
    Vamos tentar, e ver no que dá.
    Assim, evita-se pressão, e dá-se mais responsabilidade, sem aquela sensação de cobrança.
    Um abraço.
    Gilberto.

    ResponderExcluir
  13. "Eu realmente cansei de ficar repetindo este lengalenga todo dia 7" - Olá Mestre , todo dia 7 de um modo geral exponho comentários semelhantes , sobre a humanidade , tenho que ir para a ação e já estou fazendo isso individualmente com pequenos gesto de "limpeza" analisando seus respectivos efeitos , bom enquanto a incêndios já presenciei um na serra da que de minha cidade foi horroroso , um grande pasto sendo queimado , aquilo que era verde trocou de cor e agora se assemelha a uma cor negativa o Preto , a cor do efeito da catástrofe resultante , Cada vez fico indignado com essa educação malicioso e competitiva da humanidade que gera vários efeitos catastróficos , fico imaginando com meus pequenos olhos o efeitos e suas determinadas causas que em si não existe amor na sua essência e sim ódio violência , e os efeitos tem a mesma essência e visão da causa , ainda tenho muita a pensar.

    Abraços..
    JF

    ResponderExcluir
  14. É muito triste, sim, Fabrício. Mas, é errando que se aprende. E o homem tem sofrido muito, e irá sofrer ainda mais, por tantas bobagens que tem cometido contra o planeta e a natureza.
    Cada um tem de fazer a sua parte, e esperar que o planeta faça a sua. Terremotos, furacões e tsunamis são as respostas mais recentes do planeta às agressões que tem sofrido.
    Aguardemos o futuro.
    Um abraço.
    Gilberto.

    ResponderExcluir