Meus ecológicos
leitores:
Vou tratar neste dia 7 de uma bazófia sem fim, que corre o mundo, e é
coisa de tecnocratas, criados em salas de universidades com visões cartesianas,
ultrapassadas e fora do contexto quântico do futuro.
Estou a me referir a previsões de crescimento, sacadas por
especialistas de visão curta, que não conseguem enxergar o contexto, e tiram
suas conclusões na regra de cálculo ou em compêndios superados.
Sábias palavras de quem disse que economia não é ciência, mas pura
política, e às vezes uma banal politicagem. Acho que li isto num dos livros do
físico Fritjof Capra, um sábio estudioso do desenvolvimento sustentável.
A bazófia de que falo, e que não é nem um pouco original, vem de uma
entrevista dada por um agrônomo que comanda o lado brasileiro da Itaipu. Ele
ataca os que são contra as mega hidrelétricas do tipo Belo Monte e afins. Ironizando
os defensores ambientalistas como Al Gore e o cineasta James Cameron, o cidadão
todo-poderoso ataca quem é contra o progresso, que ele considera que tem que
ser atingido com cada vez mais e maiores hidrelétricas.
Deixo de lado essa opinião pessoal dele, para entrar no que me deixa
indignado, pela falta de bom senso desses proclamadores do progresso econômico
a qualquer preço. Estou me referindo aos tais crescimentos de 4 a 5% ao ano que
o governo brasileiro alardeia já há algum tempo.
Meus sábios, e os nem tanto, sonhadores, todos nós deveríamos saber que
não há como crescer a economia nesse índice, pois a natureza não suportaria
proporcionar os recursos energéticos necessários.
E, mesmo que atingíssemos esses índices num ano, não teríamos como
repeti-los nos anos seguintes. E se crescêssemos tanto assim, certamente que
outras nações também estariam crescendo, e não dá para que o mundo cresça nesse
padrão como um todo.
Será que os Estados Unidos, a China, o Japão, a União Europeia, a
Rússia e os demais países industrializados não gostariam de crescer nesses
altos índices? E o que aconteceria com a natureza, diante desse crescimento
mundial coletivo? Quem acredita nessa utopia de crescimento só por parte do Brasil?
Quando será que vamos parar de nos enganar, ou de enganar o povo com
estas promessas fantasiosas? Encaremos a realidade, que não se pode continuar
atribuindo o progresso simplesmente ao crescimento econômico. Isto pode nos levar
a desastres ambientais sérios, que se tornarão irreversíveis, se não agirmos
com bom senso.
Os nossos rios vão ser desviados e represados, as estações de chuva
alteradas, as ocupações das áreas das usinas serão feitas à custa de devastações
ambientais. A energia hidráulica é limpa, dizem os técnicos. A construção com a
ocupação das áreas é suja, digo eu.
Mais usinas mais energia, mais energia mais indústrias. E as indústrias
são limpas e não poluidoras? Onde vamos parar, qual é o limite de ocupação dos
nossos mananciais e destruição das florestas? Ninguém tem a menor ideia, pois o
crescimento na cabeça dos visionários do progresso ilimitado não tem fim. Eles
acreditam que podem explorar toda a energia disponível no planeta, e ordenar à
Terra que continue fabricando matéria-prima para os seus desmandos. Loucos,
ingênuos ou mal intencionados?
Presidenta, progresso não é esse PIB maluco que os banqueiros estimulam
para que se apossem de mais recursos dos que trabalham para eles se tornarem
mais ricos. O verdadeiro PIB tem de incluir valores novos, como preservação
ambiental, energia limpa, qualidade de vida, segurança urbana, padrão superior
de saúde, arte e cultura.
Crescimento industrial é dinheiro no bolso dos ricos e promessa de
melhorias na tela de TV dos pobres. Quanto mais rica a nação, mais ricos os
ricos e mais bem remediados os pobres. É isto que o Brasil tem a oferecer de
exemplo para o mundo? Os nossos pobres são menos pobres. Seria essa a imagem
suficiente?
As nossas terras têm de receber nosso povo de volta ao campo,
encontrando lá os recursos para que possam viver com conforto e segurança. Nas
favelas dos grandes centros, eles podem ter emprego, barraco próprio, carteira
assinada, mas falta saúde, segurança e qualidade de vida.
Vamos acabar com esse engodo, de casa própria a juros baixos, UPP que dá
proteção, Copa do Mundo e Olimpíadas que geram emprego. E a vida, Presidenta,
que tipo de vida o povo pode esperar para a geração futura? E a qualidade de
vida, com todo mundo aglomerado nas cidades, e os industriais esbravejando por
mais energia e represando rios, a agroindústria derrubando florestas para
plantar e exportar, e os banqueiros explorando com juros abusivos, que graça
tem isso?
Crescer 4 a 5% ao ano, todos os anos? Que tolice! Será que já
combinaram com os outros países industrializados, para permitir esse
crescimento? O planeta já não comporta a China e os Estados Unidos crescendo num mesmo ritmo, imaginem os emergentes com a mesma pretensão!
Essa história, de crescer sem combinar com os outros, me faz lembrar o
nosso emblemático craque Mané Garrincha, que driblava a todos sem respeitar
ninguém, pois para ele todos eram João. Estava ele a receber instruções muito
técnicas de como devia fazer, tocando ali e recebendo mais adiante. Dribla para
a direita e toca na esquerda, coisas de treinador que sabe falar muito, mas não
entende nada na prática.
Mané ouviu tudo meio confuso, e quando foi perguntado se havia
entendido, ele respondeu com a pergunta: O senhor já combinou tudo isso com o
meu marcador?
E eu faço a mesma pergunta à nossa Presidenta e seus Ministros. Será que já se combinou tudo direitinho com os nossos importadores e investidores? E não se esqueçam de ouvir a Natureza!
E eu faço a mesma pergunta à nossa Presidenta e seus Ministros. Será que já se combinou tudo direitinho com os nossos importadores e investidores? E não se esqueçam de ouvir a Natureza!
Olá, Gilberto
ResponderExcluirParabéns pelos 3 anos da Teia Ambiental!!!
Sempre com excelentes posts vc e Flora...
Bjs fraternos de paz e bem
E a Eco 92,no que resultou? Abraços.
ResponderExcluirAdorei seu texto. Já adicionei teu blog aos favoritos. Cheguei aqui por indicação da Cacau Gonçalves. Abraço
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