terça-feira, 14 de abril de 2009

As virtudes da dor

Longe de mim, meu caro leitor, fazer uma apologia à dor. A dor nada tem de agradável ou prazerosa. Ah, mas é um santo remédio para a preservação da saúde, e da própria vida! E não me refiro somente à saúde física, mas também à espiritual.
Pitágoras ensinava que a dor é um fator indispensável de aprendizado e proteção - "guia os ignorantes, protege os inexperientes, adverte os inatentos, castiga os culpados, brutaliza os rebeldes".
O livre-arbítrio oferece a qualquer um o direito de escolher o seu
caminho e de tomar suas próprias decisões. Mas, ao se extraviar, seremos avisados. E, certamente, os avisos virão acompanhados da dor.
Doenças, dores, desgraças, apresentar-se-ão,
forçando-nos a parar, refletir, investigar e, finalmente, a descobrir os motivos dos nossos sofrimentos, e a encontrar a cura para os nossos males.
Se não fosse a dor, que obriga a recuos e reflexões, o desvio seria indefinido, e in
evitável a queda, até o fracasso da missão.
Em seu livro "Vida Perfeita", o Dr. Paul Carton, um profundo estudioso da filosofia de Pitágoras, nos lembra que, se o contato com o fogo não provocasse uma dolorosa queimadura, nunca aprenderíamos a conhecer a natureza do fogo, a preservar o corpo da sua ação destruidora e a saber utilizá-lo para o seu
progresso.
Lembra o autor que, quando a gente se conserva na linha reta e se submete às leis divinas, se entregando ao fiel cumprimento da missão, no lugar da dor e do sofrimento, encontramos um prolongado bem estar e alegria interior.
Diante disso, poderíamos concluir que, alegria ou tristeza, bem estar ou sofrimento, saúde ou doença, não passam de efeitos de nossas decisões , aproximando-nos da missão ou dela nos afastando.
Pitágoras ensinava aos seus discípulos que as doenças
tinham um significado esotérico, que explicava e justificava as suas verdadeiras causas. Dizia ele que as doenças são desequilíbrios resultantes da ruptura da harmonia do homem com as leis da Natureza. Antes de adoecer, o organismo apresenta sintomas que têm a intenção de alertar e proteger. Esses sintomas podem provocar dores e sofrimentos que, apesar de resultarem, à primeira vista, numa reação desfavorável
no corpo, constituem-se em seus agentes de proteção e de progresso para o espírito.

Pitágoras ía ainda mais além, afirmando que as doenças não são consequências do acaso ou de agentes externos, como o frio, o calor, a umidade e os micróbios, mas da desarmonia entre o corpo e a alma.
Todo erro de conduta, que contrarie as leis da natureza e vá contra a evolução do espírito "resulta em desarmonia orgânica, imperfeições humorais e enfraquecimento das resistências, que acabam por provocar as doença
s no corpo físico".
Esses conceitos, emitidos há cerca de 2.600 anos atrás, vêm sendo confirmados pelas pesquisas modernas, aliadas a princípios descobertos pela física quântica, que desmentem as teses materialistas da tradicional medicina ocidental e dão razão à antiga medicina oriental.
Ensina o Dr. Paul Carton, com b
ase nas teorias pitagóricas, que os contatos infecciosos não são capazes de contaminar fatalmente os organismos mais resistentes, que se manteriam imunes a essas influências maléficas. Com base nesse diagnóstico, as doenças não são mais do que aparências terminais de um longo trabalho preparatório de degradação do organismo.
O homem, e somente ele, seria o criador da saúde e da doença. A saúde ganha-se por merecimento, ao se obedecer às leis da vida. A doença é a punição dos erros da má conduta física ou mental. E, assim sendo, somos nós mesmos, e mais ninguém, os únicos responsáveis por tudo que nos acontece, de bom ou de mau. Por essa razão, todas as vezes que enfrentamos dissabores ou sofrimentos, não temos o direito de nos queixarmos, senão de nós mesmos.
No lugar de reclamarmos de Deus, de acusarmos a natureza ou as ações alheias, o mais acertado é olharmos para trás e sobre nós mesmos, e investigarmos
as origens dos males que nos afligem, sejam eles físicos, psíquicos ou espirituais.
Quando descobrirmos as causas das nossas doenças e sofrimentos, c
onvém tirarmos lições e não repetirmos nunca mais os erros causadores de nossos males.
Mas, e as epidemias, as catástrofes e os flagelos coletivos, como explicar as desgraças de uns, enquanto outros são preservados ?
As explicações dadas por Pitágoras são as mesmas adotadas na análise das
causas das doenças humanas. A coletividade se comportou mal e de maneira prejudicial aos aspectos físicos e morais, provocando desequilíbrios e desarmonias na vida planetária. Os povos de um determinado país, região ou continente contrariaram as mais simples leis universais que regem a vida do planeta e da humanidade.
Houve desprezo pela alimentação pura e sadia, deixou-se de la
do os exercícios físicos que atuam na disciplina do corpo e abandonou-se as práticas naturais que harmonizam o homem com a natureza. Ocorreu um descaso pelas condições ambientais, prevaleceu o egoísmo e desprezou-se a espiritualidade. Espalhou-se, então, a devassidão, os vícios e a corrupção, permitindo-se que se instalasse a degradação moral. Com isso, enfraqueceram-se as resistências coletivas, o sistema imunológico da humanidade fraquejou, e as epidemias, violências e guerras transformaram-se nas doenças físicas, morais e espirituais de toda a coletividade.
A sociedade, em tais situações, costuma reagir da mesma forma que o indivíduo que se sente afetado pelas doenças, ela também adoece e começa a morrer.
A criatura humana, por conseguinte, não só provoca a sua desgraça pesso
al, como causa ainda a degeneração social e as catástrofes coletivas.
Afastada da natureza, presa à matéria e desprovida dos princípios básicos da ética, da moral e da espiritualidade, a humanidade se desespera com os efeitos das guerras e se debate em crises sociais e econômicas. O medo toma conta de todos, diante de um tremor de terra, um abalo financeiro ou um vírus descontrolado, enquanto o inconsciente coletivo cria um sentimento de que o fim do mundo está próximo.
As medidas de combate a esse caos financeiro, ambiental, político e social, traduzem-se em ações externas e medidas que atuam somente sobre os efeitos, sem atacar as verdadeiras causas dos problemas.
Tentando encontrar as causas fora de si, a humanidade se defronta com uma assustadora e insuperável fragilidade, que sempre toma conta dos que abdicam dos seus valores espirituais em favor das conquistas materiais.
No combate às doenças, recorre-se aos remédios químicos e à medicina materialista, por se julgar possível combater as fraquezas do organismo humano com vacinas, cirurgias e drogas pesadas, sem antes eliminar as verdadeiras causas dessas doenças, que dependem, antes de qualquer outro tratamento, da mudança de consciência e de uma profunda revisão da postura espiritual.
Se a crise é política , recorre-se às ameaças de sançã
o econômica e às guerras. Se a crise é econômica, busca-se encontrar soluções, com financiamentos, créditos e liberação de recursos, incentivando-se a indústria a produzir e a sociedade a consumir. Tudo errado, tudo na contra-mão da evolução espiritual, que é a única que pode oferecer bons resultados.
A economia mundial está doente, porque se apoia no desperdício e no consumo abusivo das reservas energéticas do planeta. A
política mundial está doente, porque acredita no poder da força e do dinheiro para gerar uma sociedade próspera e feliz. A saúde da humanidade está doente porque acredita nas panacéias curadoras, e não nos esforços pessoais de cada criatura para ser sadia e irradiar saúde.
A globalização acabou por se transformar num instrumen
to de propaganda de que tudo é possível, e que riqueza e felicidade estão ao alcance de todos. E isso não é verdade, se antes não considerarmos os encargos kármicos de cada um e suas missões diversificadas.
A humanidade ainda insiste no "ter", antes do "ser", e com isso todo
s "teremos" de enfrentar guerras, doenças e violências, antes de "sermos" sábios, sadios e felizes. Por quanto tempo ainda?
Bem, isso só depende de cada um de nós. Afinal, a humanidade é a
soma de todos nós.
Que tal se dermos as mãos e começarmos a caminhar juntos na mesma direção ?
Dois, para começar. Depois, três, quatro e assim pouco a pouco, até nos transformarmos numa massa crítica capaz de mudar a consciência da humanidade.
A contagem regressiva já começou. Dê a mão a alguém, e peça-lhe que estenda a mão para um outro alguém mais próximo.
Vamos dar as mãos !











14 comentários:

  1. Belo texto, muito inspirado, e particularmente, atual.

    Beijo
    Flora Maria

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  2. Eu que o diga, minha querida Flora, eu que o diga !
    Inspiração não me faltou, quanto à beleza, deixo-a por sua conta.
    Um beijo indolor.
    Gilberto.

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  3. Oi Gilberto, realmente um belo texto sincronico mais uma vez. Sabe que a recusa em mudar ou desapegar de um aspecto que já não mais faz sentindo na vida também faz adoecer, e como dói. física, mentalmente, emocionalmente. Descobri isso recentemente Rsrs. Mas vejo as situações de dor e doença pelas quais passei não como castigo, mas como uma lição de amor. A lição foi interiorizada, a minha saúde restabelecida, a minha vida transformada. Não é uma verdadeira benção da vida?
    Um grande abraço.

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  4. Oi, Daniele !
    Seja bem-vinda em seu retorno ao Alma Mater.
    A gente sabe como é difícil aceitar as mudanças. A dor é a maneira mais fácil que o Destino encontrou para nos convencer a aceitá-las.
    Quantos no momento de desespero, pediram perdão e se reconciliaram consigo mesmos !
    A dor é uma graça divina, ainda que nos seja muito difícil aceitá-la como tal.
    É como vc diz, não existe castigo, quando não se insiste no erro, mas somente a certeza de que era preciso aprender a lição.
    Um abraço.
    Gilberto.

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  5. Oi Gilberto!!
    Fui agraciada com seu texto no dia de hoje, ja havia visto a postagem mas so hoje li, e q bom deixei pra hoje...!!!
    Obrigada

    Abraços a vc e Flora

    Patricia

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  6. Oi, Patrícia !
    Há sempre o dia e a hora certa, para tudo na vida.
    E que bom que eu pude proporcionar esse seu momento especial, com o meu texto.
    Volte sempre. Que tal, escolher um tema, para uma nova postagem ?
    Aguardo sua sugestão.
    Um abraço.
    Gilberto.

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  7. Querido Gilberto,
    Qdo li q queria uma sugestão pra uma próxima postagem fiquei bastante animada... só que vieram tantos temas, pelo meu momento atual, mas acho q gostaria mesmo de ler sobre o número carmico 16, tenho esse número na personalidade e acho q saber mais sobre agora iria me ajudar muito...
    beijos a todos
    Patricia

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  8. Minha querida, Patrícia !
    Anotei o seu pedido, e considero o tema escolhido muito propício para o momento que está sendo vivido por toda a humanidade.
    Aguarde a postagem, mas antes deverá estar recebendo o seu mapa, pois deverei estar trabalhando nele durante este final de semana.
    Assim, o tema deverá ficar mais interessante ainda, pois será uma extensão da análise que vai constar no estudo do seu mapa.
    Agradeço a sugestão, e pode dar outras...não há limites.
    Abraços.
    Gilberto.

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  9. Emendando na sugestão da Pat, quero lembrá-lo que quando for falar da personalidade 16, que minha alma é 16/7. Realmente acho um tema muito interessante que vai nos ajudar bastante. Grata e um grande abraço.

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  10. Oi, Daniele !
    Os karmas são sempre provações a serem experimentadas e vencidas.
    Se estão na alma, incomodam mais, pois ainda repercutem fortemente em nossa vida. Se estão na personalidade,é hora de serem enfrentados e superados.
    Os karmas da alma nem sempre são simples de serem encarados de frente, porque os atos cometidos, e que os geraram, ainda nos machucam muito e as feridas se encontram em tratamento para a cicatrização. Se já passaram para a personalidade, então o processo já entrou em fase adiantada de cura.
    Aguarde a postagem, quando vou aprofundar o assunto.
    Um abraço.
    Gilberto.

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  11. Só agora consegui passar aqui, meu querido amigo Gilberto!!

    Entao vamos ao comentário;

    Fantásticooooooooo. A foto da epidemia me bateu forte na memória!! Estive lá... com tda certeza!! Obrigado por resgatar algo existente ainda pra mim, foi mto importante!!! Como sempre "acertando na mosca"!!

    Abraços saudosos!!

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  12. Oi, minha querida Bárbara !
    A sua passagem por aqui sempre deixa a marca do seu estilo.
    As dores, as epidemias e as guerras fazem parte de nossas tristes memórias espirituais.
    Passamos por todas essas más experiências, mas certamente aprendemos muito com elas.
    As cicatrizes dessas antigas feridas serão as eternas testemunhas de que estivemos lá e que trouxemos de lá as lições bem aprendidas.
    Tomara que não precisemos repetir nunca mais as mesmas provações de outras vidas ! Não é mesmo ?
    Abraços.
    Gilberto.

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  13. "A globalização acabou por se transformar num instrumento de propaganda de que tudo é possível, e que riqueza e felicidade estão ao alcance de todos." - A verdade , nossa mestre sua sabedoria é linda , queria alcança-la , mas sei que preciso de muito estudo. Estou Aprendendo a refletir sobre a humanidade como um todo , o individualismo de cada um transformar as coisas mais dificieis de serem resolvidas , sonho com uma sociedade que trabalhe com coletividade apesar das diferenças e com Amor , mas para isso ainda falta muitas seleções e evoluções enquanto a humanidade , haja dor.

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  14. Isto que acabaste de fazer, meu caro José Fabrício, chama-se reflexão.
    Refletir é pensar em silêncio e concluir calado.
    Aquietar a mente, para poder receber ondas de sabedoria que vêm do Espírito em direção à Alma.
    Enquanto não aprenderes a ouvir tua voz interior e refletir serenamente, não encontrarás resposta para tuas dúvidas.
    Continua estudando e refletindo.
    Um abraço.
    Gilberto.

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