sábado, 30 de julho de 2011

RESPEITANDO LIMITES










Meus queridos leitores, bem que eu estava saudoso desses momentos passados juntos, mas é preciso respeitar os nossos limites. Todos nós temos limites, ainda que a grande maioria desconheça-os.

Há momentos na vida, que é preciso reduzir a velocidade ou, simplesmente, estacionar e desligar o motor. Os pretensos sabichões dos cursinhos de formação de líderes ou afins prestam um enorme desserviço à humanidade, ao fazer crer que todos, com a aplicação de certas técnicas, podem tornar-se empreendedores de sucesso. Isto não é verdade.

Desde a sua época, cerca de 600 anos antes de Cristo, Pitágoras já alertava os governantes da Grécia que era preciso formar líderes para serem futuros governantes, mas, antes disso, a seleção acurada dos candidatos seria indispensável. Todos deveriam ser tratados por igual, mas nem todos estariam habilitados.

A Numerologia da Alma, seguindo os ditames da filosofia pitagórica, ensina as regras que comprovam as afirmações do Mestre. Se todos soubessem dos seus limites, e confiassem mais nas suas vocações, o mundo seria habitado por um povo feliz. Mas, quem está aí para aceitar limites!

Meus ingênuos leitores, a democracia estabelece leis que promovem a igualdade e o direito assegurado a que todos possam acessar posições de comando. Mas, nem todos sabem usar o poder, quando lhe cai nas mãos. A todos é dado o direito de reivindicar posições de liderança e o acesso a riquezas, mas nem todos vieram a esta vida para atingir esses ideais.

Eu sei que afirmando isto, eu acabo contrariando as tuas expectativas, meu sonhador leitor. E tu que freqüentas uma universidade, onde te ensinam justamente o contrário, poderás ficar meio confuso e desalentado. Não é esta a minha intenção, afianço-te com toda a minha sinceridade. Aliás, pretendo exatamente o inverso, dissipar-te a ilusão de que tu és um fracassado, por não conseguires reunir os mesmos louros de colegas teus, que celebram o sucesso, com muito menor esforço do que tu.

Os teus professores cobram-te mais estudo, e tu não te tornas um líder ou um especialista na área. Os teus chefes exigem mais dedicação e trabalho, e tu não és capaz de te tornar o líder que, um dia, assumiria o poder de chefiar o teu departamento ou de se tornar um dos diretores.

Ah, dolorosa ilusão, a do ser humano, que se imagina igual a todo mundo, sem nunca perceber que ele não é todo mundo! Os pais comparam os talentos dos filhos, os professores confrontam o saber dos alunos, as empresas estimulam a competição desigual, entre seres com habilidades diferenciadas.

Se tu nasceste para cumprir uma missão de trabalho e disciplina, em que deverás aprender a seguir ordens e a executar tarefas estabelecidas por vontades alheias, liderança não é o teu caminho. Poderás até argumentar que tu sabes comandar melhor que o teu chefe. E, isto poderá ser verdadeiro, porém, mesmo assim, não te habilita a assumir comandos.

O mal que assola a humanidade nos tempos modernos é que todos se julgam com o direito a tudo, desprezando os seus limites. E, sinto informar-vos, meus ambiciosos leitores, que todos temos nossos limites. Tentar romper os limites, até podemos, mas não devemos. Ou percebemos nossas limitações, e não seguimos em frente, ou amargaremos grandes decepções.

A Numerologia da Alma me ensinou que, uns nascem para mandar, outros, para obedecer. E isso não tem nada a ver com a famosa frase “manda quem pode, obedece quem tem juízo”. Esta afirmação pressupõe medo, o que não deve ser o que move uma criatura lúcida, diante das suas naturais limitações. Muito pelo contrário, na maioria dos casos, é preciso coragem para recuar e desistir de tentar.

Vamos a um exemplo para satisfazer a tua curiosidade, meu atento leitor, tu que estás questionando minhas palavras, desde as primeiras linhas. Compreendo-te, pois estás doutrinado a crer que todo mundo pode ser líder, ficar rico e viver de renda. Mexendo com a tua ambição, o sistema te faz trabalhar para os que já têm muito, e que admitem te oferecer algumas migalhas, desde que tu aceites servi-los sem restrições.

Se tu tens uma missão governada pelo número QUATRO, a tua alma deseja ganhar experiências através do trabalho, esperando que tu te esforces a cumprir tarefas, a obedecer e servir humildemente, sem vaidades ou recusas. Mesmo que tenhas uma alma de líder, o teu papel nesta vida deverá ser o de liderado, jamais o de comandante.

Tenta entender, meu rebelde leitor, que o mundo não funciona como te fazem crer. Não julgues que podes tudo, mas aceita que, é tua alma que te governa. E quando se é rebelde aos reclamos da alma, a depressão, as perdas e as doenças migram aos poucos da mente para o corpo físico.

Dou-te outro exemplo, meu insistente leitor, confrontando o desejo de casar com a necessidade de uma vida de solteiro. Uma alma SEIS traz para esta vida o apego aos parentes e o sonho de constituir a sua própria família. Mas, se a missão desta alma é SETE, as dificuldades para casar ou para ter um casamento harmônico serão grandes, conduzindo a personalidade para ações que a afastem das rotinas do lar. Isto porque a alma precisa assimilar novas experiências fora do casamento, para que prossiga na sua evolução espiritual.

Aceitar as limitações é a atitude mais sábia para personalidades que devem cumprir missões que contrariam anseios trazidos na alma, de vidas passadas. Essas personalidades não devem iludir-se com a propaganda enganosa de instituições que pregam o poder ao alcance de todos. Que não se negue esse poder, mas que seja ele creditado à alma, e não à personalidade. E a alma almeja o fiel cumprimento da missão, e não a satisfação dos desejos físicos e materiais, que são estimulados por esse nosso sistema materialista e perverso.

Não te deixes enganar meu sábio leitor, não caias no logro dessas pregações gananciosas que desejam igualar a todos, e colocar os mais ambiciosos a serviço dos mais espertos. Querer é poder, desde que saibamos respeitar os ideais da alma.

Tudo é possível, mas é preciso saber respeitar limites. Tu podes tudo, mas quem decide é a tua alma, a personalidade é mera serviçal da alma.

Respeitando limites, nós enriquecemos, somos felizes, temos saúde e progredimos espiritualmente. Não te deixes seduzir pelas falsas riquezas e por poderes efêmeros. Tudo isto passa, só não passam os valores que promovem a riqueza espiritual.

Cuidado meu acelerado leitor, não ultrapasses a velocidade permitida, respeita os limites, porque “a vítima pode ser VOCÊ”.

quinta-feira, 7 de julho de 2011

TEIA AMBIENTAL - O XEQUE-MATE DA TORRE


TEIA AMBIENTAL - O XEQUE-MATE DA TORRE
Rede de Conspiradores Preservacionistas

Meus progressistas leitores:

Cuidado, muito cuidado, com as torres! No tabuleiro da vida, uma torre poderá dar um xeque-mate na vida do cidadão. E pior do que ter de derrubar o rei e perder o jogo, o jogador pode perder a própria vida.

As torres em questão são essas armações de ferro que estão sendo montadas nos locais mais inconvenientes que se possa imaginar, com a intenção de reproduzir os sinais de telefonia móvel.

A notícia chega do estado de Pernambuco, onde no município de Pedra, a empresa operadora Claro foi obrigada a paralisar a construção de uma dessas torres, por possíveis riscos à população, em função da emissão de ondas radioativas, que são geradas por essas bases de retransmissão de sinais de telefones celulares, ou telemóveis, como são conhecidos em Portugal.

A ação proposta pelo Ministério Público de Pernambuco atendeu aos reclamos da população que se manifestou contrária à instalação do equipamento no local escolhido. Louvável a atitude da Promotoria Pública e, mais ainda, a corajosa iniciativa da população de Pedra, que demonstrou uma rara consciência do perigo que representa para a espécie humana, a exposição a campos elétricos, magnéticos e eletromagnéticos.

Os riscos argüidos pelo Ministério Público já há muito são alertados aos governantes por instituições ambientais, que têm protestado contra a instalação de redes de alta voltagem de energia elétrica por sobre áreas residenciais. Agora, com a expansão da telefonia móvel, essas torres estão sendo construídas em locais de alto risco, sem que população ou governantes se dêem conta do perigo que elas representam.

O promotor ressaltou que a ação não tem como finalidade impedir a expansão dos serviços de telefonia, mas garantir o fiel cumprimento da lei, no zelo à saúde do cidadão. O juiz acatou a denúncia por considerar que “há presença de elemento que pode trazer prejuízo irreparável à população”. A empresa terá que comprovar que a torre não está sendo construída em área crítica, que delimita a distância em menos de 50 metros de hospitais, clínicas, escolas, creches ou asilos.

A realidade, meus atentos leitores, é que o perigo não existe somente para essas entidades que estejam localizadas em áreas críticas, mas para qualquer construção, residencial ou empresarial, que exponha seres humanos a esses campos elétricos. E quantas torres de transmissão de energia de alta voltagem passam por sobre os telhados das casas de populações mais humildes! Quantos estão expostos a toda sorte de doenças! E quantos já contraíram essas doenças sem se dar conta!

Sabe-se de casos em que os efeitos nocivos das radiações emitidas por essas torres provocaram problemas cancerígenos. Como essas radiações eram geradas por torres de eletricidade, e não de telefonia móvel, as empresas de telefonia se aproveitam da falta de uma comprovação mais direta e conclusiva. Os efeitos são semelhantes, e a comprovação será uma questão de tempo, quando os problemas já terão provocado muitos danos à saúde das populações.

A irresponsabilidade de empresas e governantes tem provocado inúmeros e irreversíveis desastres ambientais. A ganância por lucros faz com que empresários se tornem criminosos, com a desculpa que é preciso privilegiar o progresso. Os governantes têm sido cúmplices desses crimes, no momento em que autorizam atividades perigosas, próximas a centros residenciais.

O recente desastre da usina japonesa de Fukushima, já comentado aqui na Teia, é um dos mais recentes exemplos da irresponsabilidade de governantes que foram eleitos para proteger e defender os seus governados. Depois do desastre ocorrido, todos são bonzinhos, se sentem penalizados com as desgraças, falam de fatalidade e, com os rostos consternados, apresentam sua solidariedade à família dos mortos. Isto é pouco, muito pouco!

As populações esperam que seus governantes lhes dêem progresso sim, mas com segurança. O cidadão não pode investigar o padrão de segurança de um projeto, seja ele nuclear, hidroelétrico ou de telefonia, mas espera que o seu governante seja capaz de fazê-lo.

Imagine o meu caro leitor, se cada um de nós tivesse que planejar a sua vida, em função da segurança dos recursos que são colocados à nossa disposição para que nos movimentemos de um lado para outro, nos alimentemos, cuidemos da saúde e nos sintamos seguros onde moramos! Para isto, são eleitos os governantes, numa escala maior, e criados os órgãos de fiscalização, numa escala mais técnica e mais especializada.

A vida virou um jogo, meus amigos leitores, no qual não pedimos para entrar, e do qual não somos autorizados a sair. Tudo representa risco, nada existe que nos dê a segurança de uma efetiva proteção. Por isto, fiquem atentos, diante da tecnologia moderna. O moderno é bom, o conforto, aprazível, mas sem que se exponha a própria vida no final do jogo.

Uma torre pode dar um xeque-mate e surpreender o enxadrista, mas torres que acabam com os peões, e preservam os reis, essas são perigosas demais, por ameaçar quem não quer entrar no jogo. Pensem nisso, meus cautelosos leitores, e se mantenham ligados como os habitantes de Pedra, que não se deixaram iludir e acionaram o Ministério Público.

Comunicar-se é bom, mas sem afetar a saúde. Energia elétrica em casa é confortável, mas sem ondas contaminando o nosso corpo. Progresso é ótimo, mas sem exageros, por favor!

sábado, 2 de julho de 2011

ACORDA HUMANIDADE!


Meus queridos leitores, eu vos confesso não poder deixar de manifestar a minha perplexidade diante do rumo que a humanidade insiste seguir, negando suas origens divinas e se apegando obsessivame
nte à matéria.

A cada momento da vida, sou abordado por pessoas desesperadas com a possibilidade de perder o que têm e de ficar na miséria. Desvinculadas da essência divina, que todos trazem em suas almas, essas pessoas se desesperam com seus medos, que são tantos e tão destrutivos, que elas se anulam e não sabem o que fazer.

Os apegos a tudo que diz respeito ao mundo material, dinheiro e poder em primeiro lugar, e outras inúmeras frustrações egoístas e fúteis, estão levando a humanidade a perder a fé na capacidade da criatura humana de se realizar internamente, sem depender de nada ou de ninguém.


Meus fiéis leitores, o medo é o vírus que está adoecendo a população do planeta, numa doença epidêmica que vem sendo alimentada através dos tempos pela elite do poder. Quanto maior o medo, mais submissas as criaturas humanas se tornam a temores incutidos em suas mentes, expondo-as aos riscos de misérias, doenças e violências.

Poupo-vos, meus caros leitores, de falar da morte, pois esta, que é o único remédio para o alívio de todos os medos, não pode nem ser cogitada, sem levar as pessoas ao desespero e à loucura.

Todos querem viver, e se possível fosse, para sempre, e com muita riqueza e ostentação. A pobreza é o inferno, e o trabalho duro, o próprio demônio. Facilidades e vaidades são buscas triviais, alimentadas pelo consumismo absurdo que o modernismo incutiu na sociedade contemporânea.

O corpo é tudo que conta. A alma, coitadinha, essa eterna desconhecida, fica esquecida num recanto sombrio da mente, por onde o pensamento poucas vezes transita. A personalidade se sobrepõe à alma, e busca satisfazer os caprichos do corpo, estimulada pela propaganda irresponsável, às vezes, criminosa, que promove o consumismo ilimitado.

Vende-se a futilidade do vestuário, como se a moda pudesse fazer de uma alma vazia um ser humano melhor e mais feliz. Vende-se a vacinação em massa, como se fosse possível evitar as doenças nos corpos de almas doentias e desprotegidas. Vende-se a riqueza fácil nas casas lotéricas. Ensina-se a enganar o semelhante e levá-lo a gastar mais do que deve, mediante cursos de marketing e de perversas técnicas de enganação. Vende-se a exaltação ao ego personalista e vaidoso, como meio de se alcançar a suprema felicidade.

O medo, eterno companheiros, dos apegos materiais, alimenta as ambições e afasta, cada vez mais, a humanidade do seu verdadeiro destino, o de se reencontrar com a sua origem divina. Os governantes, seduzidos pelo poder, exploram os governados com mentiras e promessas. Os governados, iludidos pela ânsia do poder e da riqueza, se deixam enganar, e se contentam em reclamar ou pintar as caras, em protestos orquestrados pelos mesmos donos do poder.

A uma simples promessa de cargo público, de benefício forjado ou de propinas espúrias, o honesto cidadão, até então um chefe de família exemplar, se deixa comprar e adere ao sistema corrupto, que antes combatia.

Em nome de Deus, líderes religiosos acumulam riquezas, à custa da ingenuidade dos seguidores de suas promessas de céu para todos e de exorcismos salvadores. A Igreja maior, sentada em trono esplêndido, acumula poderes e riquezas e promete o verdadeiro céu aos seus fiéis seguidores, sempre à espera de milagres. Gurus e falsos mestres prometem o Nirvana a peso de ouro, iludindo os que sonham com os mundos ocultos, por meio de magias e rituais, num ilusório misticismo.

Apegos e medos, unidos a uma falta de disposição crônica para o trabalho, estão levando a humanidade a uma situação que beira o caos. Todos querem chefiar, dar ordens ou simplesmente planejar, sobrando poucos dispostos a trabalhar por prazer ou convicção. Os que trabalham, sem prazer e sem a mínima convicção do que fazem, são escravizados pelo sonho de se tornar patrões, ou vir a ser ricos e viver de renda. E como não conseguem, porque os poderosos não lhes permitem, eles ficam ainda mais pobres e doentes e mais dependentes do sistema.

Esquecida da sua origem divina, a humanidade caminha sem rumo, seduzida pelo dinheiro e iludida pelo poder. Reconhecendo-se como a personalidade, e desconhecendo a alma, o seu verdadeiro ego espiritual, a criatura humana se tortura diante de um espelho, em busca de formas e trajes que possam forjar suas falsas premissas de ideais satisfeitos. Na carteira ou na conta bancária, ela se engana, imaginando possuir a segurança que lhe dará proteção por toda a vida. Com seus planos de saúde, ela se esquece de cuidar da mente, julgando ter o corpo protegido.

Dormindo, envolta em sonhos ou pesadelos, a humanidade caminha, lenta e inexoravelmente, para o caos. Quem sobreviverá? O rico que acumulou recursos para se proteger das catástrofes? O pobre que só vive contando com ajudas externas ou à espera de milagres?

Caminhando pelas ruas dos grandes centros, a humanidade num sonambulismo crônico, vive esperando salvação. Na religião, na magia, no governante ou em algum Robin Hood moderno?

O medo inibe, mas a ambição dá forças para prosseguir lutando. E quanto mais luta para ter, mais riqueza a humanidade ingênua proporciona aos que já tem. E, assim, contentando-se com os trocados que sobram, tais quais esmoleres sem teto, cidadãos de todo o mundo vivem adormecidos, distantes dos seus verdadeiros poderes, engravatados ou de sapato alto, servindo aos seus exploradores patrões.

Correndo de um lado para outro, freqüentando ambientes poluídos, estressados pelo trânsito, amedrontados pela violência e na ilusão de ficarem ricos, os seres humanos gastam seus dias na Terra, a servir a seus próprios carrascos.

Se servissem aos ideais de suas almas, estariam a cumprir suas missões, sem medo de não ter recursos para viver e sem apegos pelo que não tem valor. Despertos e ligados aos Mestres, nada poderia ameaçar a sua integridade física ou espiritual, que não estivesse ao seu alcance controlar e superar. A pobreza nunca bateria à sua porta, pois sua riqueza seria interior, e jamais estaria ameaçada.

Da maneira que caminha a humanidade, a criatura está sempre com a corda no pescoço. Sem perceber, o nó vai sendo apertado, até que, um dia, o alçapão se abre debaixo dos seus pés, e ela pendurada e sem mais nada, dá o seu último suspiro.

E tudo porque não fez uso da sua maior fortuna neste mundo, a riqueza espiritual da alma. Deixou tudo por conta da personalidade, um falso ego, que deveria servir à alma, mas que, na maioria das vezes, se serve da alma.

Por isto, meus atentos leitores, eu chamo a atenção da humanidade para a corda que cada um traz em volta do pescoço. Acorda humanidade!

domingo, 19 de junho de 2011

HOLISMO OU REMÉDIO NÃO CURA

O holismo é uma maneira que cada um pode usar para se compreender melhor e entender sua participação no mundo. A partir daí, pode-se fazer melhores opções relacionadas à saúde e à forma de viver a vida.

O holismo não é algo novo, já existe em diversas culturas, sob diferentes designações, há muitos séculos. Estamos apenas redescobrindo o que já é conhecido.

Em seu livro Viver Holístico, o autor Patrick Pietroni afirma que, desde os primórdios da existência humana, tenta-se entender o meio em que vivemos e a nossa posição em relação ao Universo. Segundo o escritor, no início, nós acreditávamos ser totalmente insignificantes, e que vivíamos conforme o humor dos deuses. Mesmo assim, numa atitude paradoxal, os seres humanos se julgavam importantes para os deuses, por morar num planeta que se situava no centro do Universo e por reinar sobre todas as criaturas vivas.

A maior parte dos ensinamentos sobre as origens humanas e o seu destino era determinada pela Igreja. Com o passar do tempo, foram surgindo resistências e rejeições ao supremo poder da Igreja, até que ocorreu nos séculos XV e XVI a separação da Igreja e do Estado, dando origem a um período denominado Renascença, sinalizando para o “renascimento” do progresso humano. Conto-vos esses fatos, meus assíduos leitores, para que possais melhor entender a seqüência do raciocínio que pretendo desenvolver, até alcançar o ponto crucial dos meus argumentos.

Prosseguindo, faço menção a uma famosa frase daquela época, enunciada pelo cientista Renée Descartes: “Penso, logo existo”. Com essa afirmação, ele conseguiu dar um sentido auto-suficiente à criatura humana, ao mesmo tempo em que separava a mente do corpo.

Daquele instante em diante, passou-se a defender a idéia do estudo em separado da mente e do corpo, enquanto se buscava a melhor maneira de obrigar o corpo a revelar os seus segredos. Os padres estavam confinados às questões do espírito. Os médicos e cirurgiões ocupavam-se do estudo do corpo. E a mente ficou à deriva, continuando a ser vista como um enigma, até que Freud, no final do século XIX, assumiu a responsabilidade por se ocupar a estudá-la.

No início do século XX, o domínio da ciência sobre a medicina era quase absoluto. Drogas poderosas foram desenvolvidas e a formação médica passou a se concentrar no estudo da bioquímica e da neurofarmacologia. No entanto, críticas à forma mecanicista e reducionista de lidar com o corpo humano nunca deixaram de ser feitas. Coube ao famoso bacteriologista Louis Pasteur deixar para a história uma frase famosa: “A bactéria nada é, o terreno é tudo”.

Na Antiga Grécia, Platão havia afirmado: “A cura das partes não deve ser tentada sem o tratamento do todo. Nenhuma tentativa de curar o corpo deve ser feita sem levar a alma em consideração, e se a cabeça e o corpo devem ser saudáveis é necessário começar pela mente, pois o grande erro dos nossos dias ao tratarmos o corpo humano é que os médicos separam a alma do corpo”.

Em 1976, o teólogo e cientista social Ivan Illich, em seu livro Limites para a Medicina, atacou o universo médico, ao afirmar que a medicina tornara-se uma grave ameaça à saúde. Ele se baseou em provas para comprovar a sua afirmação, que demonstravam o quanto o tratamento médico se mostrava inútil e potencialmente perigoso.

Na opinião de Patrick Pietroni, como ele deixou claro em seu livro Viver Holístico, Ivan Illich se esquecera de levar em consideração que as suas acusações à classe médica não poderiam ser separadas das idéias e da cultura da sociedade, em que a profissão médica havia surgido.

A realidade, meu atento leitor, é que em nossa cultura, todos os “poderes de cura” foram entregues ao médico e as doenças ficaram localizadas no paciente. Numa perspectiva holística, o correto seria o médico abandonar a sua sede de poder e a sua ânsia de controlar. E o paciente deveria abandonar a sua necessidade de ser tratado como uma criança, e passar a assumir a sua parte como responsável por sua própria saúde.

O fundamento derivado da Mecânica Quântica de que “o todo determina o comportamento das partes, e não o inverso” é a abordagem holística para o estudo da saúde e da doença. À medida que começamos a descobrir a natureza da conexão entre mente e corpo, o nível da nossa percepção começa a se modificar. A separatividade, nesses casos, esconde as causas e só expõe os efeitos.

Imaginemos que tu, meu preocupado leitor, vás ao médico e recebas como diagnóstico de tuas dores estomacais, a existência de uma úlcera. O médico identifica como causa da úlcera o excesso de acidez, receitando-te antiácidos ou, em hipótese extrema, operar-te. A análise e conclusão foi toda ela determinada por uma perspectiva física, que é correta, porém que não corresponde à abordagem completa, por desconsiderar o aspecto psicológico.

Pensamentos podem aborrecer-te, sentimentos podem causar-te ansiedades e medos, o teu casamento pode estar passando por uma fase difícil ou, quem sabe, teus negócios vão mal. Estes e outros sentimentos desempenham papéis influentes no aparecimento de doenças no aparelho digestivo. Não se trata de negar a existência da úlcera no corpo físico, mas de buscar as causas mentais e emocionais da doença.

A medicina ocidental, de uns tempos para cá, passou a aceitar melhor a conexão entre o corpo e a mente, mas o envolvimento com o espírito já é completamente diferente. Os médicos não estão preparados para admitir uma origem espiritual para explicar a saúde e a doença. No entanto, a física moderna e a mecânica quântica já incorporaram causas espirituais a fenômenos físicos, ainda que a maioria dos cientistas se sinta constrangida em adotar esta nova postura em seus trabalhos e estudos.

Voltando à tua hipotética úlcera, caro leitor, se buscarmos uma causa espiritual, ela poderia ser o resultado de uma “fome” de amor, de desejos reprimidos ou, talvez, um enorme incômodo roendo por dentro. É bom não te distraíres, quando usares certas expressões populares para definir o que sentes, pois elas podem oferecer um conteúdo profundo que te ajude a identificar a origem dos teus males.

“Carregar um peso nas costas”, “algo que cortou o coração” ou “uma situação difícil de engolir” poderão ajudar no diagnóstico de uma doença que parece não ter explicação física, quando os exames nada revelam de errado com o corpo. Cada uma dessas expressões descreve um estado de espírito ou emoção que pode manifestar-se num nível físico.

Quando a medicina aprender a decifrar as nossas doenças, pelas imagens ou expressões com que definimos o que estamos sentindo, ficará mais simples perceber o significado dos sintomas que estão presentes em nossos corpos físicos.

A verdadeira abordagem holística exige que médico e paciente atinjam esse nível complexo e profundo de exploração das origens dos males do corpo. Antes de receitar remédios ou prescrever exames, o médico precisa ouvir o paciente e entender o momento por que está passando.

A perda de um parente, ou a solidão após uma separação e ainda os conflitos familiares são precursores de doenças físicas e distúrbios psicológicos. Superadas ou corrigidas as causas, desaparecem os sintomas. Sem remédios, exames computadorizados ou operações. Simples e barato!

As pesquisas têm confirmado a tese holística que uma doença não tem uma causa única e nem pode ser curada suprimindo-se os sintomas. O fato de desaparecer a dor e os efeitos físicos, ainda que torne o tratamento eficaz, num primeiro momento, não é a certeza da cura. Remédios servem para remediar, tratamentos para tratar, cirurgias para extirpar, mas a cura só ocorre quando são eliminadas as causas que deram origem à doença.

Não te deixes iludir ingênuo leitor, tu sabes mais de ti do que o mais competente dos médicos. Não há cura para os teus males, sem que participes diretamente do processo de eliminação das causas, que poderão estar reprimidas nos teus sentimentos, na tua mente ou na tua alma. O teu médico é um agente de cura, jamais o teu curador.

Trata do teu corpo como um todo, não permitindo que ele seja repartido em fatias. A visão holística é uma postura científica, com origem na ciência quântica. Os remédios não curam, eles só aliviam a tua dor e te dão tempo para te reencontrares com a tua saúde. Mente sã, corpo são.